Casos e acasos

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    Capítulo 7

    Capítulo VII: Casamento Mal-Assombrado #Arquivo 7 Final

    Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo, Violência

    Capítulo VII: Casamento Mal-Assombrado

    #Arquivo 7 Final

    – Por Paola Tchébrikov

                — A Senhorita Taniyama-san está aqui? — perguntou a Senhora de idade apressada, atropelando algumas palavras.

                — Mai estava na cozinha fazendo chá — respondeu Naru desviando seus olhos dos papéis e encarando a mulher.

                — Não, quando cheguei do mercado fui direto para a cozinha, mas não havia ninguém. Hakuya-sama procurou-a, mas não a encontrou, por isso pediu que eu viesse procurá-la aqui — contou num único fôlego.

                — Aonde será que ela foi? — perguntou-se Ayako pensativa.

                — Isso não é bom Naru-bou, você sabe a facilidade da Mai para meter-se em confusões — comentou Bou-san preocupado. Suspirando, Naru colocou as folhas que lia sobre a mesa e levantou-se.

                — Vamos procurá-la — ordenou de modo frio, mas por dentro seu sangue corria rapidamente por suas veias, tamanha a preocupação com a empregada desatenta.

    Saíram pela porta da base, deixando Lin para trás, com Yasuhara alegrando os membros do grupo, que mesmo preocupados riam do jovem futuro médico, menos uma certa garota de cabelos escuros que apertava os punhos irritada.

    Quando o assunto era Mai, Naru não hesitava. Respondia as provocações da garota, chamava-a pelo primeiro nome e aceitava que ela o apelidasse de Naru. Só o que a inocente (?) médium não sabia era que tudo aquilo era pirraça, e que os dois adoravam alfinetar-se e irritar um ao outro.

    Andando pelos corredores, abriram todas as portas que apareciam em sua frente e chamavam incessantemente o nome da menina, mas nada. Bou-san começou a ficar desesperado e a resmungar coisas desconexas. Ayako, irritada, comentou algo sobre ele ser infantil e os dois começaram a discutir no meio do corredor, deixando completamente de lado o principal motivo por estarem ali: procurar Mai.

    Sabendo que aquilo não acabaria tão cedo, Naru mergulhou as mãos nos bolsos e continuou caminhando pelo corredor, procurando a secretária. Os únicos que viram o chefe andar para longe foram Masako, que não tirava os olhos de Naru, e Yasuhara, que ia abrindo as portas que encontrava, diminuindo o trabalhado de Noll.

    Procuraram pela casa inteira e, atentos, notaram a movimentação na mansão. Tudo havia parado, todos ajudavam a encontrar a jovem ghost hunter, mas parecia que ninguém teria sucesso. Algo estava muito errado e Naru havia notado, como eles poderiam não achá-la na mansão onde trabalhavam?

                — Sinto muito, Shibuya-san. Estamos fazendo o possível para encontrá-la — lamentou Hakuya se aproximando dos contratados para expulsarem o fantasma de seu casamento.

                — Querida, não foi sua culpa. A mansão é grande, vamos encontrá-la perdida em algum corredor ou dentro de algum quarto, não se preocupe —Yuki consolou a esposa, abraçando-a carinhosamente por trás.

    Vendo tal cena, Naru lembrou-se do que acontecera horas antes. Ele e Mai haviam se beijado, ela havia o abraçado pelo pescoço e apreciara o beijo tanto quanto ele. Como ela poderia ter sumido repentinamente? Alguma coisa estava estranha.

    Naru, vendo a aflição da Senhora da casa, suspirou fracamente e virou-se, voltando a procurar. Onde Mai poderia esconder-se em uma casa tão grande? Havia muitas possibilidades, mas Naru se recusava a aceitar que a garota havia se escondido.

    Espera. E se…

    Dando meia volta, ele caminhou de volta para onde estavam seus funcionários e os donos da mansão.

                — Tôkyo-san. — chamou atraindo o olhar de todos. — Tem algum lugar onde não foi procurado? — perguntou sério.

                — Um lugar… onde não procuramos? — refletiu pensativa.

                — Hakuya-sama. — chamou a cozinheira principal ofegante, aparecendo no corredor. — Achamos a porta do porão aberta.

                — A porta… do porão? — repetiu hesitante.

                — Tem um porão nessa mansão? — perguntou Bou-san interessado.

                — Quando compramos a casa, havia uma porta que não se abria por nada. — começou Yuki. — Quando perguntamos ao vendedor sobre a porta, só o que ele disse é que ela não havia sido aberta e a chave havia se perdido há muito tempo — explicou o ruivo.

                — Uma porta que não abre. — refletiu Yasuhara. — Por que eu não sabia disso?

                — Não achei necessário abrir todas as portas, já que são muitas. Investi apenas nos cômodos principais. — explicou Naru. — Poderia nos levar até lá? — a mulher cozinheira da mansão olhou para os patrões e depois assentiu, virando-se e caminhando pelo corredor, sendo seguida pelos membros do SPR.

    Viraram vários corredores e passaram por muitas portas até pararem na frente de uma mais escura. O corredor escuro, sem janelas, as portas fechadas, mal-iluminado. Engolindo em seco, Yasuhara encarou o chefe com incerteza no olhar. Iriam entrar?

                — É aqui o porão, irão entrar? — perguntou a mulher virando-se para encarar Noll.

                — Vamos — respondeu sério. Masako deu alguns passos se aproximando do chefe, Ayako se encolheu ao lado de Bou-san e Yasuhara se escondeu atrás de John.

                — Tudo bem, com licença — fez uma reverência se preparando para sair.

                — Você não vai também? — perguntou o Osamu assustado.

                — Não, preciso terminar os afazeres — redimiu-se se afastando do grupo e indo embora.

    Engolindo em seco, Yasuhara viu Naru começar a descer as escadas. Masako lentamente também começou a descer e em seguida todos os outros também foram. Ficar sozinho naquele corredor escuro ou descer até um porão há muito tempo trancado? Praguejando desceu as escadas atrás do grupo.

    Estava uma penumbra. Os olhos nada viam senão a escuridão. Tateando pela parede, Naru desceu as escadas e parou onde parecia ser o centro do porão, logo todos já haviam descido e estavam parados atrás do chefe.

    Silêncio, um barulho na escada. Som de porta abrindo. Ruídos de madeira. Som de passos.

    Assustada, Ayako se pendurou em Bou-san e Yasuhara gemeu assustado. Os olhos de Naru se dirigiram para a direção do barulho esperando algo incerto.

    O som para. A luz pisca. Todos atentos.

    E então a luz acende fracamente, a figura alta se mostra aos presentes. Aliviada Ayako solta o braço do monge e Masako inspira depois de segundos de medo.

                — Lin, você nos assustou — assumiu Bou-san, descansando a mão sobre o coração, esperando ele acalmar-se.

                — O que fazem aqui? — perguntou encarando seriamente Naru.

                — Procurando a Mai — respondeu o rapaz indiferente.

                — Serve aquela? — perguntou o chinês apontando para trás do grupo.

    Em um único movimento todos viraram-se e o que viram os surpreendeu: Mai estava lá, fios negros prendiam seus pulsos na parede, suas pernas amarradas e sua boca amordaçada, parecia inconsciente.

                — Achei que a achariam mais rápido — zombou o espírito aparecendo ao lado da garota.

                — Devolva-a! — alterou-se o monge, dando um passo para frente, sendo impedido pelo braço de Naru.

                — E você — chamou apontando para o Noll que encarou-a friamente —, deveria estar cuidando dela, já lhe disse, não? Ela é um ótimo recipiente — comentou sarcasticamente tocando o rosto de Mai com a ponta dos dedos.

                — Sua… Naumaku sanmanda bazaradan kan — tentou Bou-san, mas o espírito criou uma barreira, protegendo-se do ataque.

    Ayako começou seu mantra enquanto Lin chamava seus familiares e John rezava. Todos viam claramente que nada funcionava com o espírito. Então o som da porta se fechando é ouvido. Era ou exorcizar o espírito ou ficarem presos no porão.

    O que fazer? Naru olhou para Mai vendo a garota pendurada, pálida. Sabia que o espírito queria algo: um coração. Mas como conseguiria um coração? Que tipo de coração? Como saber o que era se não havia pistas, não havia nada.

    Mai corria perigo, todos seus funcionários corriam perigo. Tinha que fazer algo ou todo o caso se tornaria um caos.

    Então um gemido chega aos ouvidos do ghost hunter. Levantando a cabeça, ele vê os olhos de Mai se abrirem e se arregalarem.

                — Olhem, a princesinha acordou. — brincou a mulher deixando os presentes irritados. — Que tal? Permitirei que o príncipe dê suas últimas palavras à donzela. Aproxime-se!

    Naru deu um passo à frente, mas foi impedido por Lin, que o segurou pelo braço e acenou negativamente com a cabeça. Tentar salvar Mai ou manter-se seguro? Precisava pensar rápido.

    Não iria deixá-la desamparada, mas precisava fazer algo. Nunca fora precipitado, mas quando o assunto era Mai, o cuidado era dobrado. Tirando a mão que o segurava de seu braço ele se aproximou do corpo da secretária.

    O que fazer diante de tal situação? Começou tirando a mordaça da boca de Mai.

                — Naru. — chamou respirando com dificuldade. — Pare… Pare a Miki-san… Foi ela quem me trouxe aqui… — tentava falar, mas estava com bastante dificuldade.

                — Shii, calma — pediu Naru tentando pará-la

    O som da porta do porão sendo aberta é ouvido e pelas escadas descem Hakuya e Yuki. A mulher suspira aliviada por ver Mai, mas depois se assusta com a situação da menina.

                — Ele está aqui. — murmura baixo Mai atraindo a atenção de Naru. — Yuki! — gritou, o homem a encarou sério. — Poderia me responder algo? — ele apenas assentiu, ela virou-se para o chefe. — Pegue algo dentro do meu bolso e mostre a ele — pediu.

    E assim Noll fez, mesmo a contragosto pela ordem dela. Procurou pelos bolsos da garota algo, o que era? Nem imaginava. Mas ao achar e puxar para cima, direcionando seus olhos ao objeto, viu algo duvidoso: uma corrente com um pingente de coração.

                — Lembra-se disso, Yuki? — perguntou Mai quando Naru levantou o objeto. — O nome Miki te lembra alguma coisa? — perguntou novamente.

                — Miki… — sussurrou pensativo. — Como sabe sobre ela? — perguntou de repente.

                — Quem é Miki, Yuki? — perguntou Hakuya dando alguns passos para trás e se afastando do marido com lágrimas nos olhos.

                — Não se engane. — disse Mai. — Miki foi uma namorada de Yuki no passado — ambos os Tôkios encararam Mai.

                — Do que está falando Mai? — perguntou Naru encarando-a.

                — Meu sonho. Eu vi a cena da separação de vocês, vi você entregando esse pingente a ela e vi quando você o pegou na neve — contou encarando Yuki nos olhos.

                — Na neve? — perguntou Miki curiosa.

                — Sim, você o deixou cair e Yuki o pegou. Por isso que não foi achado por você.

                — Sempre… esteve com ele… — sussurrou para si mesma.

                — Você não sabia? — perguntou Mai supresa.

                — Não, eu só queria estragar a felicidade dele como ele estragou a minha — confessou o espírito.

                — Então acho que esse é o momento de contar, já que naquela época você não me permitiu falar. — assumiu Yuki. — Naquele dia que eu terminei com você, era porque meu pai havia me avisado que eu estava noivo. Eu estava apaixonado por você, mas não podia ir contra as ordens do meu pai. Eu levei muito tempo para aceitar que teria que me casar com uma desconhecida, mas quando a conheci, decidi dar uma segunda chance para mim mesmo e me apaixonei por ela — ele desviou seus olhos para a esposa que chorava silenciosamente, sorrindo meigamente.

                — E nunca soube o que aconteceu comigo? — perguntou Miki, o homem acenou negativamente. — Eu passei dias difíceis, tentei me matar, fiquei louca e fui internada. Houve algumas complicações na minha saúde, pois eu já não comia, e quando eu notei, já estava em um estado lastimável. Não houve como evitar.

                — Desculpe por isso, eu não queria que as coisas tivessem acontecido assim — lamentou Yuki.

                — Eu não o culpo, o que me matou foi a falta do pingente que você havia me dado. Eu o procurei por tanto tempo que quando vi já não havia mais volta para mim — aos poucos a escuridão que envolvia o espírito foi se tornando uma luz amarelada e suave que preencheu todo o porão.

                — Quando você correu e o pingente caiu, achei que você havia o jogado fora — assumiu ele.

                — Obrigado Yuki. Você foi a coisa mais importante na minha vida, nossos momentos juntos me trouxeram muita felicidade. — sorriu para o rapaz que retribuiu enquanto lágrimas escorriam de seus olhos. — É o momento de ir, ficarei com isso. — disse pegando o pingente das mãos de Naru. — Agora que sei a verdade, finalmente meu espírito pode descansar em paz — as cordas que prendiam Mai sumiram e, rapidamente, Naru segurou-a, evitando que caísse no chão.

                — Agora preciso ir, adeus. — disse subindo para os céus. — “Cuide dela!” — sussurrou para Naru.

    Todos olharam um para o outro, incertos. O caso havia acabado? Haviam exorcizado o espírito? Deixando isso de lado, Bou-san correu até Naru e pegou Mai nos braços, carregando-a pelas escadas até seu quarto.

                — Parece que acabou — comentou Yasuhara imóvel.

                — Acabou sim — disse Masako.

                — Mas não graças a você. — respondeu o Osamu irônico, irritando a Médium. — E mais uma vez Mai foi a chave para o caso — completou.

                — Parece que sim — comentou Ayako.

                — Ela me surpreende cada dia mais — refletiu Yasuhara.

                — Reúna os equipamentos, vamos embora — ordenou Naru a Lin que assentiu e subiu as escadas se retirando.

                — Irei depositar o dinheiro direto na sua conta — disse Yuki para Naru, que acenou positivamente com a cabeça.

    Lentamente todos se retiraram e foram para seus quartos. Naru, assim que saiu do porão, foi direto para o quarto ver como sua secretária estava, e ao chegar, o que encontrou foi uma Mai sorridente, rindo e conversando com Bou-san.

                — Então já está melhor — comentou Naru entrando no quarto.

                — É o meu momento de sair — riu o monge saindo de mansinho.

                — Bou-san me contou que o caso foi finalizado, isso é ótimo! — disse feliz sorrindo para Naru. Ele caminhou lentamente até a cama e sentou-se ao lado da secretária.

                — Você me deixou preocupado — confessou erguendo a mão e colocando-a sobre a bochecha da menina.

                — Você se preocupa demais — riu divertida encarando o chefe.

    Aliviado pela secretária estar bem, Naru se inclinou sobre ela e tomou seus lábios em um beijo de início delicado, como ele sabia que ela gostava de ser tratada. Entregando-se por completo, Mai deixou-se guiar por aquele sentimento forte que sentia por Naru.

    E então a característica marcante do Oliver nesses momentos se revelou quando ele tornou o beijo em algo profundo e ardente: o controle da situação em suas mãos.

    Rindo alegremente quando os lábios luxuriosos desceram para seu pescoço, Mai se posicionou sentada no colo do chefe, aprofundando o contato dos corpos entre um beijo e outro, aproveitando que estavam sozinhos, como raramente acontecia. Curtiria o momento íntimo com seu chefe.


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