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Decide encurtar a história, então ela acaba aqui. Obrigado pra quem leu, espero que gostem.
- Sua esposa está morta!
- E seu marido, com outra!
? O silêncio dominou a cozinha enquanto os dois encaravam-se a espera de alguma ação. O homem levantou-se e foi até a geladeira, agarrou uma cerveja e começou a bebê-la. Não deveria beber, possuía sérios problemas alcoólicos e estava proibido por lei de beber. Após alguns goles, pegou uma outra garrafa e estendeu-a - Quer um pouco?
- Você sabe que eu não bebo - respondeu com um olhar de repulsa. Ele sentou-se novamente na mesa e pôs a garrafa na mesa.
- Aposto que você nem conseguiria beber tudo de uma vez.
- Eu não quero beber, Lucas.
- Fraca. - comentou uma última vez. Sua resposta foi nada além de um olhar irritado vindo da mulher. Mais alguns segundos de silêncio e um copo voou em direção a cabeça dele, que esquivou-se rapidamente, deixando-o a quebrar na parede em cima da pia. - Eita, porra!
- Porra o quê, caralho?!
- Precisava tacar a merda do copo em mim?!
- Argh, Lucas! - Num súbito movimento, agarrou a garrafa de cima da mesa e quebrou na cabeça dele, caindo da cadeira e batendo forte contra o chão, sangrand.
- Filha da puta, filha da puta, filha da puta?. - repetia sem parar.
Após o jantar, Luiza deitou no sofá para terminar o livro que começou há dois dias enquanto Lucas a observava da cozinha com uma sacola de gelo onde a garrafa quebrara em sua cabeça. É em situações como esta que ele lembra dos tempos em que sua esposa vivia.
Ela sempre soube como fazê-lo sorrir e se animar quando as coisas desandavam de seu controle. Era a ela que ele sempre recorria para conversar. O mesmo serve para Luiza, seu marido sempre soube fazer as piadas certas, embora muitas vezes estas fossem sobre ela. A situação não estava fácil para nenhum dos dois. Perder uma esposa, ser traída pelo marido.
Ela se levantou do sofá com o livro fechado em mãos, deixou-o na mesa ao lado e pôs-se a ir ao quarto, dormir. - Quer companhia? - perguntou numa tentativa de melhorar a situação com sua amiga. Mas, como resposta, apenas ganhou um olhar e assim viu toda a sua fantasia se desfazendo.
Tudo que imaginara nos primeiros minutos do jantar desfez-se em momentos, pois não é ele quem escreve o roteiro da vida, por mais triste que seja. No final da noite, se encontrou de pé entre as três portas, como imaginara. A diferença: todas as portas resultavam em cagada.
Entrou em seu quarto, caiu em sua cama e foi dormir, com o pensamento de que pode ter apenas piorado tudo, piorado uma semana que, em tese, era para ajudá-los. Dormiu culpado por deixar sua amiga pior do que estava. Dormiu infeliz por sua única fantasia ter morrido há oito meses atrás.