Sentimentos - parte 1

Voltei super nervosa da aula e segui Kaname até o escritório dele. Ele entrou calmamente e ficou olhando pela janela enquanto eu fechava a porta com a maior raiva do mundo.

- Algo lhe encomoda Yuuki? - perguntou Kaname calmamente.

- Claro que sim Kaname!

- Posso saber o que é? - ele se virou e me olhou nos olhos tranquilamente.

- Você não encherga Kaname? É aquela... aquela... garota.

- Que garota?

- Kaname, pare de se fazer de bobo e me diga quem é aquela garota.

Ele respirou fundo.

- O nome dela é Naomi. Ela é filha de caçadores de vampiros e sua família foi atacada por uma legião de vampiros Level E.

Aquelas informações me magoaram. A vida dela era muito parecida com a de Zero. O que fazia meu coração doer mais ainda e o que me fazia detestá-la mais ainda.

- Quem teve a ideia de colocá-la aqui? - eu perguntei segurando minhas lágrimas.

- Eu e o diretor Cross. Precisávamos colocar alguém no seu lugar.

Aquelas palavras doeram mais ainda. Naomi estava ali para me substituir. Para ser... eu. Minha respiração se acelerou, entrei em pânico. Eu queria chorar.

Saí correndo da sala de Kaname e fui correndo até a fonte do jardim, mas no meio do caminho alguém me pegou e me parou, não consegui ver quem era exatamente mas disse:

- Me solte! Me deixe em paz! - minha voz era de choro.

- Calma Yuuki. O que houve? - percebi que era avoz de Aidou.

- Aidou - eu o abracei e comecei a chorar mais ainda.

- O que aconteceu Yuuki? - ele fazia carinho em meus cabelos.

- Aquela garota... ela veio para me substituir.

Chorei mais ainda e Aidou me abraçou mais forte. Ele parecia compreender a minha dor. Sentamos na grama e ele me deixou chorar até que eu me acalmasse. Eu não entendia a mudança no comportamento de Aidou, antes ele só me zoava e vivia me fazendo ficar irritada, agora ele se preocupa comigo, com a minha felicidade, com o meu humor e tudo. Aquilo era estranho e ao mesmo tempo muito bom. Eu tinha alguém com quem contar na minha nova vida.

Na aula a noite, depois de ter passado pela tortura de ver Zero e... Naomi ... eu matei aula (se é que existia aula pra Turma da Noite). Fui até onde Zero estava e fiquei observando-o em silêncio para que ele não percebesse minha presença ali... o que percebi que foi em vão quando ele disse:

- Não era pra estar na aula Yuuki?

Ele não me olhou quando disse e então saí de onde estava escondida.

- Acho que você me ensinou bem como se mata aula - respondi.

Ele me olhou e deu aquele sorriso insignificante magnífico que foi super rápido.

- O que veio fazer aqui?

- Vim te dizer oi.

- Oi.

Zero mudou começou a vir em minha direção rapidamente e quando consegui vê-lo novamente ele estava atrás de mim, me protegendo de algo. Então olhei por baixo de seu braço e vi Naomi com uma arma apontando para a barriga de Zero.

- O que está fazendo garoto? - Naomi perguntou.

Olhei para o rosto de Zero e ele não disse uma palavra e nem mudou sua expressão.

- Você é muito estranho sabia? - ela o olhou parecendo com medo.

- Você não toca nela - disse Zero.

- Mas era pra ela estar na aula e ela é uma vampira. Podia ter alguém aqui e...

- Mas não tem ninguém Naomi - ele a interrompeu. - Apenas eu, você e Yuuki. E você nunca irá tocar na Yuuki.

Ela revirou os olhos. Ela saiu e então Zero se virou para mim sem mostrar nenhum carinho por mim.

- Por que me protegeu? - perguntei.

- Instinto.

- Seus instintos madam me proteger?

- Yuuki... - ele parecia sentir dificuldade para dizer. - Eu não sei o que acontece é algo que eu... simplesmente... faço. Quer dizer mais alguma coisa? Você tem que voltar para a aula.

- Eu só queria te ver e... ver essa tal Naomi .

- Ver Naomi? - ele pareceu confuso.

- É... afinal... ela me substituiu não foi?

Zero não respondeu.

- Bem... vou nessa então.

Me virei e comecei a andar.

- Yuuki - Zero me chamou e eu parei sem olhar para ele. - Em que ponto você acha que Naomi te substituiu?

- Em... tudo? - eu ainda não olhava para ele.

- Ela pode ter te substituído aqui Yuuki, mas existe um lugar que você é insubstituível.

- Existe? - minha vontade de olhá-lo era imensa mas preferi não olhar.

- Sim... em minha vida.

Aquelas palavras fizeram meu coração disparar de felicidade. Era tudo o que eu mais queria ouvir no mundo inteiro. Meus lábios sorriram involuntariamente. Não olhei para Zero, tinha medo de ver sua face gélida e acabar com o meu sonho encantado. Fui andando para a sala de aula. Cheguei na porta e não entrei, me apoiei nela e lágrimas começaram a escorrer dos meus olhos. Lágrimas de completa felicidade.

Na manhã seguinte, eu ainda estava pensando nas maravilhosas palavras de Zero. Aquelas palavras ecoavam em minha mente a todo tempo. Quer dizer que ele ainda gostava de mim.

- Você ainda é fraca Yuuki?

Olhei para o lado e vi Aidou.

- Fraca? - perguntei.

- Sim, como você acredita nas palavras daquele idiota?

- Ele não é idiota Aidou!

- É sim. Pensa Yuuki. Num momento ele está lá te ignorando aí depois ele vai e fala que você é insubstituível? Me poupe.

- Espera. Como você sabe disso?

- Eu...

- Você ouviu nossa conversa? - fiquei nervosa.

- Eu...

- Por que ainda me segue Aidou? Não preciso mais de cuidados seus agora. Sou vampira e sei me cuidar, sou forte.

- Forte? Tem certeza?

- Pelo menos fisicamente - eu disse um pouco mais calma.

- Yuuki, pense bem: por que ele mudou de ideia tão rápido?

- Não sei... - eu realmente não tinha pensado naquilo. - E por que você se importa?

- Por que eu... eu...

- Você o quê Aidou?

Ele não respondeu e começou a caminhar para o dormitório. Eu o chamei várias vezes mas ele não parou, aquilo me deixou um pouco nervosa e então decidi deixar de lado.

Olhei para o ursinho e pensei em que Zero me dissera novamente, eu o peguei e então veio o que Aidou me dissera, aquele pensamento matou meu sorriso que custara a aparecer novamente. Mas Aidou tinha razão por um lado: por que Zero mudara de opinião tão rápido? Mas outra pergunta também surgia em minha mente: por que Aidou se importou comigo? Por que ficou nervoso com a minha felicidade quando Zero disse aquelas palavras? Afinal... ele não me respondeu aquela hora...