Casos e acasos

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    Capítulos:

    Capítulo 2

    Capítulo II: Casamento Mal-Assombrado #Arquivo 2

    Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo, Violência

    Capítulo II: Casamento Mal-Assombrado

    #Arquivo 2

    ? Por Paola Tchébrikov

    Os olhos de sua secretária estavam opacos e isso assustava o Davis, onde estava aquele brilho alegre dos olhos dela? Mai abriu a boca e fechou sem pronunciar nada várias vezes, era como se não conseguisse por causa do choque.

    Naru se sobressaltou quando a garota o abraçou pela cintura afundando a cabeça em seu peito, o que acontecera com ela? De repente uma luz acendeu na mente de Noll, o que Mai vira na casa?

    ? Na-Naru. ? sussurrou ela tremendo, o Shibuya simplesmente deixou seu orgulho de lado e abraçou-a fortemente, esperando que ela se acalmasse; descansou a cabeça na curva do ombro dela, esperando pacientemente que o choque passasse. ? Eu vi. ? ela falou baixo, mas Naru escutou perfeitamente. ? Vi a mulher, vi o coração dela ? ele arregalou os olhos por alguns segundos antes de voltar à sua expressão normal. Mai nem sequer havia entrado na residência e já estava vendo o espírito?

    ? Calma. ? ele sussurrou no ouvido dela, era mais uma ordem do que um pedido. Mai se acalmou enquanto os dois se afastavam. ? Vamos ou eles vão ficar preocupados.

    Andaram para dentro da mansão onde viram o grupo conversando, pelo jeito não notaram que os dois entraram depois. Mai notou que Masako a encarava com um olhar assassino, parecia que alguém havia notado a "demora" deles sim, e logo quem mais podia causar problemas a ela.

    O grupo foi guiado por uma empregada até uma sala ampla e espaçosa onde havia uma mesa no centro e vários sofás, sentada em um deles se encontrava Hakuya sorrindo.

    ? Senhora, aqui estão os convidados ? informou a empregada e logo depois retirou-se, não sem antes fazer uma leve reverência para sua patroa; Mai não deixou de notar que todos os criados respeitavam a Tôkio.

    ? Entrem, meu esposo logo irá descer para ir trabalhar, mas antes ele virá cumprimentá-los ? informou enquanto levantava-se do sofá e sorria para o grupo, demorando um pouco mais em Mai.

    ? A Senhora tem uma casa bonita ? comentou Ayako, puxando saco da cliente, que apenas sorriu agradecida com o elogio, na verdade não gostava muito de aparecer, por isso a casa era simples por fora.

    ? Ha-chan? ? chamou um homem ruivo entrando no cômodo onde Naru e seus funcionários se encontravam, seus olhos esmeraldas logo se focaram na imagem pequena de Mai, e ela não pôde deixar de reparar no quanto ele era belo. O homem sorriu e andou na direção de sua mulher.

    ? Se me permitem apresentar, este é o meu esposo, Tôkio Yuki. ? a atenção de todos foi para ele, menos de Mai e Noll que encararam o homem assim que o mesmo entrou no local. ? Yuki-kun, esse é Shibuya Kazuya e o grupo que eu falei que contratei para exorcizar o espírito que persegue o nosso casamento ? falou suavemente; Mai sorriu, nunca conseguiria falar com tanta calma.

    ? É um prazer conhecê-lo, Shibuya-san. ? Naru apenas afirmou com a cabeça. ? Fiquem à vontade na minha humilde residência. ? comentou brincando, arrancando um sorriso de Mai que achara engraçada a frase. ? Preciso ir trabalhar, querida.

    O homem entrelaçou sua mão na da esposa e lhe deu leve selinho, nesse exato momento Mai sentiu inveja de Hakuya, não por ser esposa de Yuki, mas sim por receber um tratamento tão carinhoso do homem que amava.

    Quando o casal sorriu, prestes a soltar as mãos, as luzes da casa se apagaram e um barulho ensurdecedor de portas batendo pôde ser ouvido.

    ? O que é isso? ? falou Masako se assustando e parando ao lado de Naru, as luzes acenderam e logo em seguida apagaram, assustando a todos. A médium gritou, tampando a boca com a manga do quimono, e grudou-se no braço de Noll, que ficou irritado pela ousadia da mulher.

    Mai arregalou os olhos quando viu uma luz acinzentada voando na direção da sala onde encontravam-se. Olhando bem a garota notou que era um espírito e logo reconheceu-o: o espírito que acompanhara a Senhora Tôkio até o escritório do SPR.

    A mulher, dessa vez, estava mais parecida com um fantasma: pálida, os olhos fundos e escuros e a aura assassina. O espírito voava na direção do casal Tôkio até mudar de direção e vir para cima de Naru, Masako e Mai.

    ? Ela está vindo para cá ? murmurou Masako assustada, pensava que apenas ela podia ver o espírito, mas estava enganada. Mai, que estava do lado oposto ao de Masako, do outro lado de Naru, também conseguia enxergar a mulher.

    A Taniyama suspirou e andou, parando na frente do chefe, nesse exato momento a mulher parou onde estava. Mai levantou o braço e uma estranha camada densa invadiu o cômodo da casa, fazendo todos enxergarem o espírito. Hakuya escondeu-se atrás do esposo, não queria ver novamente o rosto feio daquela mulher.

    ? O que quer? ? perguntou Mai friamente ao espírito, surpreendendo a todos, até mesmo ao Oliver. "Como ela fez isso?" Se perguntou Naru. "Gene me ensinou!" respondeu Mai telepaticamente, deixando-o ainda mais intrigado.

    ? Eu quero meu coração de volta. ? sussurrou baixo a mulher. ? Eu odeio o amor, odeio você! ? gritou voando na direção de Mai, quando Naru pensou em tirar a secretária do caminho, a Taniyama andou na direção do espírito.

    Naru ficou aflito, embora não demonstrasse. O que ela pretendia fazer? Droga, se Masako não estivesse agarrada ao seu braço iria deter Mai!

    A Taniyama parou vendo o espírito voar em sua direção, quando todos pensaram que já era tarde, que o espírito havia possuído sua amiga e companheira de equipe, viram a mulher parada encarando Mai cara a cara, como se não conseguisse se aproximar mais.

    ? O que te incomoda? ? perguntou Mai enquanto tocava a testa da mulher, que fez careta. ? Por que apareceu agora? ? perguntou agora empurrando o espírito para trás pela testa, usando apenas o dedo indicador. "O que ela está fazendo?" Se perguntou Noll apenas observando.

    ? Eles me incomodam. ? exclamou apontando para o casal dono da casa. ? Você e ele me incomodam. ? soltou um olhar assassino para Naru, que não se deixou intimidar. ? O amor de vocês me incomoda ? a mulher tentou se aproximar mais de Mai, mas logo foi repelida pelo "estranho poder" que envolvia a secretária do SPR.

    ? Volte para onde veio e não volte a me perturbar. ? falou em alto e bom som, depois sussurrou apenas para o espírito ouvir. ? Irei te ajudar, mas preciso de pistas de como fazê-lo ? desfez a camada densa que instalara no ambiente e esperou o espírito da mulher ir embora para algum canto da casa. O espírito sorriu e sussurrou: "Eu apenas quero meu coração de volta!" e se foi. Mai caiu no chão ajoelhada; droga, havia gasto muita força psíquica e logo o cansaço a abateria...

    ? Mai ? chamou Naru soltando-se de Masako, que fez careta, e andando na direção da secretária, preocupado. O que foi isso que ela acabara de fazer?

    ? Eu estou bem ? respondeu Mai tentando levantar-se, mas suas pernas fraquejaram e Naru a segurou para que não caísse, ninguém estava entendo bulufas.

    ? O que houve aqui? ? perguntou Houshou encarando Mai e Naru, esperando uma resposta que lhe convencesse e que matasse sua enorme curiosidade.

    ? Parece que ela decidiu aparecer para dizer: "Sejam bem-vindos ao pesadelo!" ? comentou Yuki sarcasticamente. ? Eu tenho que ir, vejo vocês depois ? e saiu no exato momento em que Mai conseguiu ficar de pé sem se apoiar em Naru.

    ? Poderia responder minha pergunta? ? perguntou Takigawa ao chefe, não gostava nem um pouco de ficar "por fora" do assunto, na verdade, precisava estar "muito por dentro" do assunto ou enlouqueceria.

    ? Não é óbvio? ? perguntou secamente o Noll, todos notaram que agora o monge levaria aquelas patadas bem dadas que só Oliver Davis sabia dar. ? O espírito veio conhecer o grupo que irá exorcizá-lo para o lugar de onde nunca devia ter saído ? comentou sarcástico, fazendo Houshou encolher os ombros numa forma de demonstrar que só aquela resposta estava ótima.

    ? Naru! ? repreendeu a secretária, fazendo Noll rolar os olhos. ? Não seja grosso, ele só está fazendo uma pergunta! ? comentou brigando com o chefe, o que era bem estranho, um funcionário brigando com o chefe? Só podia ser a Mai mesmo para fazer o Naru se calar! E, por incrível que pareça, ela sempre conseguia deixar o chefe quieto e pensativo. Embora depois ele sempre desse o troco.

    ? Muito bem. ? comentou Hakuya tentando acabar com a tensão do lugar. ? Eu separei 5 cômodos da casa, 4 quartos e uma base, como o Shibuya-san pediu. ? Naru encarou a mulher enquanto Mai lutava com seu corpo para não cair no chão. ? Cada quarto tem duas camas de solteiro, como vocês estão em oito dá certinho para dois dormirem em cada quarto.

    ? Ok, mas existe algum problema com os quartos? ? perguntou Noll para a mulher que suspirou derrotada.

    ? Acontece que as camas não são iguais. Em 3 dos 4 quartos uma das camas é menor, ou seja, vocês terão que se dividir em um alto e um baixo ? sabia que isso não era o maior problema, o maior era um detalhe que talvez passaria despercebido por alguns.

    ? Nee Naru. ? chamou Mai tentando não cair no chão pelo cansaço. ? Só que tem um detalhe... ? Naru encarou Mai como se ela fosse um monstro por interromper sua linha de pensamentos. ? São 3 mulheres... ? Oliver Davis demorou alguns segundos para formular o que ela quis dizer. Exatamente, o problema é que eram três mulheres no grupo.

    ? Não posso deixar que uma de vocês durma no chão. ? falou a mulher antes que eles decidissem que uma delas deitasse num colchão no chão. ? O jeito é que uma mulher durma no mesmo quarto que um homem ? todos encararam a Tôkio.

    ? O Bou-san poderia dormir no mesmo quarto que a Ayako ? comentou Yasuhara com sarcasmo, sabendo que eles nunca aceitariam aquilo.

    ? Nem morta que eu durmo com ele! ? retrucou a Matsuzaki orgulhosa.

    ? São três camas menores, em uma pode ficar a Taniyama-san, na outra o garoto loiro e na outra a garota de quimono ? tentou ajudar Hakuya. Mai, não aguentando mais ficar em pé, deixou seu corpo cair e ficou sentada no chão, sob o olhar atento do Oliver.

    ? Ayako e Masako dormirão juntas. ? ordenou Shibuya. ? Mai pode dormir no mesmo quarto que o Takigawa-san ? Mai arregalou os olhos, então ele resolveria o problema sozinho?

    ? Se eu fosse você não deixava a Mai sozinha com esse pervertido ? comentou Ayako, Houshou se sentiu ofendido e começaram mais uma discussão "inconveniente", como Naru pensava.

    ? É okashira, se eu fosse você não deixava a Mai com o Bou-san ? comentou Yasuhara maldoso, Mai já estava irritada, eles comentavam como se ela nem estivesse ali!

    ? O quarto mais perto da base é o que tem duas camas grandes ? comentou a dona da casa procurando um jeito de ajudar o grupo a se acomodar na mansão.

    ? Lin ficará nele. ? disse Naru, o homem apenas afirmou com a cabeça. ? Sobram eu, Yasuhara-san, Bou-san e o Brown-san, a Mai pode dormir no quarto com o Yasuhara ? Noll sorriu internamente, sabia que ela não iria aceitar. Mai levantou-se num único movimento em total fúria e parou ao lado do chefe.

    ? Eu me recuso a dormir no mesmo quarto que ele, nada contra, trabalhamos juntos, mas não confio nele o suficiente. ? comentou cruzando os braços, uma aura forte começou a esbanjar dela e ir na direção do chefe o sufocando, mas só durou segundos até Mai sorrir para ele. ? É melhor mudar o plano, Naru ? o que fora aquela aura que prendera Oliver Davis?

    ? Ela pode ficar no mesmo quarto que o John ? comentou Yasuhara tentando achar uma solução. Naru achou a melhor das opções, afinal, não poderia deixar Mai sozinha no quarto com um homem, mas Brown-san era padre, fizera voto de celibato e não poderia fazer nada perigoso.

    ? Não dá, eles precisam ficar em quartos separados ou um de vocês altos terá que dormir numa cama pequena ? droga, era verdade. Sendo assim sobrou apenas o chefe.

    ? Então Mai, dormirá no mesmo quarto que o Yasuhara? ? perguntou para irritar a secretária, mas a resposta dela não foi a que ele pensou que seria, algo parecido com gritos de protesto.

    ? Só durmo se for ou com o Lin-san, ou com o Naru. ? Yasuhara sorriu malicioso. ? O Lin jamais faria algo comigo ? o chinês sorriu miúdo, parece que ela confiava nele ?, e o Naru, bem, ele é o Naru; o que ele poderia fazer? ? "Mais do que você imagina!" pensou o Shibuya encarando a secretária.

    ? Shibuya-san, Mai pode dormir com a Ayako ? se pronunciou pela primeira vez a médium, Naru entendeu na hora o recado seguinte: "E eu durmo com você!", não ia dar esse gosto para a Hara, agora que todos sabiam que ele era Oliver Davis, não precisava sucumbir aos desejos de Masako.

    ? E você dorme com o Yasuhara-san, é uma boa opção ? a garota encarou o Osamu com desprezo, escondendo o rosto atrás da manga do quimono.

    ? Prefiro dormir com a sacerdotisa ? comentou furiosa, distanciando-se do Oliver, Mai sorriu para a médium que por estar de costas não viu.

    ? Ok, já está decidido. ? todos encararam o chefe atentos. ? Hara-san e Matsuzaki-san dormirão em um quarto, Lin e Yasuhara dormirão no outro, Takigawa-san e Brown-san dormirão no terceiro quarto e eu dormirei com Mai no último ? Masako encarou com furia a Taniyama, que encolheu-se atrás do chefe, enquanto Houshou encarava Naru indignado.

    ? Não vou aceitar que ela durma com você ? falou o monge bancando o "irmão mais velho superprotetor", Mai sorriu e Naru fechou a cara, agora tinha mais essa?

    ? Dê uma sugestão melhor. ? o monge ficou pensativo por alguns segundos, mas, antes que ele respondesse, Naru completou. ? Se não estiver satisfeito pode ir embora, a porta está aberta ? Bou-san cruzou os braços sobre o peito emburrado enquanto Hakuya ria do grupo.

    ? Se já se decidiram, vou mostrar-lhes a casa ? a mulher saiu do cômodo sendo seguida por Ayako, Lin, Masako, Yasuhara, Bou-san e John; Naru viu que Mai ofegava e andava com dificuldade.

    ? Está cansada? ? perguntou andando lentamente ao lado da secretária, Mai o encarou surpresa, como se não tivesse notado sua presença.

    ? Não ? ela tentou mentir, mas era difícil esconder algo de Naru. Encarou o chefe e suspirou derrotada; seu corpo amoleceu, e quando pensou que iria cair no chão, braços fortes envolveram sua cintura.

    ? Vamos ? Naru ofereceu o braço para sua secretária, que aceitou prontamente, sabia que estava mal, mas precisava aguentar pelo menos até Tôkio-san mostrar a casa.

    Naru andava calmamente um pouco mais atrás do grupo, afinal, não queria que os outros notassem que Mai não estava bem. Saiba que aquela camada densa que ela criara havia afetado suas forças; ele sabia, pois já havia passado por coisas como aquilo, e ainda passava, como ir parar no hospital por ter usado kikou demais contra o Okobu-sama.

    Algumas horas depois?

    A casa era luxuosa: móveis refinados, objetos caros e antigos, e quartos grandes como o que Mai estava agora. Depois que Tôkio-san mostrou a casa para os "caçadores de fantasmas", todos foram para seus respectivos quartos, menos Naru e Lin, que foram pegar os depoimentos.

    Mai não conseguia pensar em nada mais do que um banho relaxante, estava cansada e sua energia espiritual fraca, dormir seria a melhor solução depois do banho. A água quente escorreu pelo corpo feminino arrepiando todos os pelos de seu corpo, aquela sensação era perfeita para alguém que queria relaxar.

    Depois do banho Mai vestiu seu pijama ? um vestido de seda cor salmão e curto, batendo na metade da coxa ? e começou a secar os cabelos com a secadora.

    ? Vou tomar um banho ? declarou Naru aparecendo na porta, havia acabado de chegar e precisava de um banho urgente. Mai assentiu dando de ombros e continuou secando os cabelos, sentada em sua cama.

    Refletia sobre seus sentimentos. Amava aquele homem que acabara de entrar, mas ele acreditava que ela amava seu irmão gêmeo Eugene. "Ele é um burro!" comentou Gene na mente da garota. "Eu sei!", respondeu mentalmente o comentário do gentil Davis. Sua energia espiritual estava a tal ponto que não precisava dormir para conversar com Eugene Davis, irmão do homem que tanto amava.

    Sentia por Naru um sentimento reconfortante que preenchia todo seu peito como uma fumaça morna, já por Gene sentia um sentimento grande de gratidão e admiração; reconhecia que sem Eugene não chegaria até onde estava, como ele mesmo dizia: "Eu apenas te indico o caminho."

    Admirava-lhe o modo como Gene sabia exatamente tudo sobre Noll, aquele egocêntrico mal-humorado ingrato que, infelizmente ou felizmente, dependendo do ponto de vista, ela tanto amava.

    Não que não gostasse de amar Shibuya, mas o jeito como ele a tratava incomodava. Saiu de seus devaneios quando a porta do banheiro foi aberta, desligou o secador e guardou-o em sua mochila, para logo em seguida fitar seu chefe. Corou quando viu que ele usava apenas uma calça de moletom negra que deixava o cós da boxer azul-escura à mostra, sem camisa.

    Naru sentou na cama de frente para Mai e continuou secando os cabelos com uma pequena toalha branca, coisa que saiu fazendo de dentro do banheiro. Ela, num ato impensado, levantou-se e aproximou-se do moreno, tomando a toalha de suas mãos.

    Naru estava de cabeça baixa, e quando iria fitar a garota, sentiu a toalha ser colocada sobre seus cabelos e mãos gentis a movimentarem lentamente, Mai estava secando seu cabelo.

    Sorriu internamente, abrindo as pernas e aproximando a garota de si, que continuou esfregando seus cabelos com leveza; cansado, Naru descansou sua cabeça na barriga lisa da Taniyama e rodeou suas pernas, abraçando-a e mantendo-a por perto.

    Mai não entendia porque seu chefe estava agindo assim, mas sorriu quando sentiu-o abraçá-la. Era estranho, porém confortante, tê-lo tão perto. Era impossível medir o tamanho de seu amor pelo moreno, amava-o incondicionalmente e não negava a ninguém, afinal, estaria negando a si mesma se o fizesse.

    Secou o cabelo azul-escuro até que não se encontrasse mais água nele; levantou os olhos e fitou o céu azul manchado por algumas nuvens brancas e viu, encostado na janela, observando o que se passava no quarto, algo acinzentado. Prestou mais atenção e viu uma cabeça e uma mão, o espírito sorriu e desapareceu, fazendo uma batida do coração feminino falhar.

    ? Acho melhor irmos dormir ? comentou Mai se distanciando de Naru, mas deixando a toalha em seu pescoço. A Taniyama deitou em sua cama e cobriu-se inteiramente com o edredom, ato esse que Naru estranhou.

    Deu de ombros levantando-se e colocando a toalha pendurada na cabeceira da cama, ligou o abajur e apagou a luz, deitando-se logo em seguida. Tentou dormir, mas os gemidos baixos de sua secretária não lhe permitiam; irritado decidiu perguntar o que estava acontecendo.

    ? Mai, o que está havendo? ? perguntou sentando-se na cama, fazendo o cobertor escorregar por seu corpo; a menina virou-se e o fitou lentamente. Os olhos vermelhos, o rosto molhado e os soluços baixos fizeram um suspiro escapar dos lábios do moreno. ? Venha. ? bateu com a mão no espaço vazio ao seu lado na cama. ? Deite-se aqui, quem sabe consegue dormir.

    Quando Mai levantou-se de sua cama hesitante, Naru deitou e abriu um espaço para a secretária deitar. Assim que a morena relaxou sobre a cama, virada de frente para o Davis, Naru sorriu fracamente e a cobriu, abraçando-a levemente, passando a ela conforto e segurança.

    Não sabia o que se passava com ela, mas estava preocupado. Desde que Tôkio-san fora no escritório Mai estava agindo estranho. Sempre parava de repente e ficava olhando para o nada com o olhar distante, ou tremia, parecendo que vira algo que não queria ver.

    Naru lembrou-se do que ela fez na sala da casa: enfrentara o espírito de frente, conversou com o mesmo, possibilitou que todos o vissem; o que estava acontecendo com ela? E por que ela não lhe contava? Não confiava nele? Estava com medo? Eram perguntas que martelavam na cabeça de Naru, que se sentia estúpido por não ter as respostas.

    ? Gene disse que meu poder psíquico está crescendo cada dia mais ? comentou Mai baixo, sabia que ele não entendia como estava conseguindo lidar com o espírito.

    ? Eugene ? sussurrou para si mesmo, por que sempre tinha um dedo de seu irmão na história? "Diga para ele não ficar com ciúmes!" sussurrou Gene na mente de Mai, ela ponderou entre falar ou não, decidiu falar.

    ? Nee Naru. ? chamou. ? Gene mandou você não ficar com ciúmes ? o Davis a encarou aflito, do que ela estava falando? Não havia dormido e sonhado para ouvir as besteiras que seu irmão dizia.

    ? Mai, você não dormiu, como pode saber que Eugene mandou que eu não ficasse com ciúmes? ? a garota ponderou novamente entre falar e não falar, era certo contar que conseguia conversar com Gene sem dormir?

    ? Eu? ? hesitou. ? Consigo conversar com seu irmão sem estar dormindo, pela mente. ? assumiu a Taniyama. ? Também estranhei no começo, mas agora já estou acostumada ? deu de ombros fechando os olhos.

    Então quer dizer que fazia tempo que ela conseguia conversar com seu irmão sem dormir? E por que ela não lhe contou? Irritado, Naru encarou sua secretária, queria que ela confiasse em si, queria que ela lhe contasse tudo o que se passava em sua vida, queria que ela fosse só sua. Isso, não dividiria ela com Eugene, nem com ninguém, nunca.

    Naru aproveitou que a garota estava de olhos fechados e subiu em cima do corpo feminino, colocando uma perna sua entre as femininas e descansando as mãos sobre a cama, ao lado da cintura fina, evitando que seu peso machucasse Mai.


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