A Estranha

Agora todos os meus dias eram a mesma coisa: ficar o dia inteiro no quarto lamentando minha perda, ser ignorada por Zero e depois ir para a aula onde não se aprende nada, onde, pela janela eu ficava observando Zero e torturava meu coração.

Uma certa manhã, eu estava sentada na cama, abraçando meu joelhos e olhando pela janela quando Aidou abre minha porta nem um pouco delicadamente.

- Yuuki, eu não entendo - ele parecia nervoso.

- Não entende o quê? - perguntei ainda olhando para a janela e sem nenhuma preocupação.

- Você!

- Eu? - olhei para ele surpresa. - O que você não entende em mim? Sou um garota que achava que era huamana e que descobriu do nada que era uma vampira e que fica no quarto e na dela o dia inteiro. O que tem de confuso nisso?

- Não é seu jeito de agir que eu não entendo. Eu só acho que você está... está morrendo por um motivo bobo - ele não pareceu tão alterado mais depois de sua pausa.

- Morrendo? Que motivo?

- Zero.

Quando ele disse aquele nome senti uma dor enorme em meu peito.

- Viu! Não se pode nem dizer o nome do sujeito que você se sente mal.

- O que eu posso fazer Aidou?

Ele se sentou ao meu lado.

- O cara te ignora e você fica aí... morrendo. Por causa dele ainda.

- Mas o que eu vou fazer? - eu o olhei.

- Tente... viver!

- Como?

Aidou parecia sem paciência para minhas perguntas.

- Começando por sair desse quarto.

Aidou pegou minha mão e me puxou para fora do quarto. Ele me levou para a entrada principal, abriu a porta e saiu.

- Olha em volta. Não é tão diferente de onde você ficava. Temos árvores também e temos grama, temos até... ah! - ele pareceu lembrar de algo.

Aidou pegou minha mão e me levou por dentro de uma floresta, o que lembrva o "jardim-floresta" e parou quando chegamos numa fonte de água um pouco maior que a que havia no outro "jardim-floresta".

- Temos até uma fonte também - ele disse me olhando.

Fui até a fonte e antes de tocar na água me virei para Aidou e perguntei:

- Por que está fazendo isso?

- Isso o quê?

- Isso. Me levando para conhecer as coisas e me deixar mais... feliz.

- Porque... - ele parecia não saber a resposta. - Eu não sei Yuuki. Mas sabe, eu vejo você todo dia se corroendo por dentro por causa daquele cara e... sei que Kaname não quer te ver triste também e...

- Então Kaname pediu pra você fazer isso? - eu o interrompi.

- Não! - ele disse imediatamente. - Ele nem sabe que eu fiz isso - ele deu uma risadinha. - Eu quis fazer isso, eu não estava aguentando ver você sofrer por um motivo tolo. Porque... se alguém gosta de você realmente, não vai querer te fazer sofrer Yuuki... nunca. Então não acho certo você ficar ali no quarto, trancada todo dia...

Eu o abracei e ele parou de falar.

- Obrigada Aidou.

Parei de abraçá-lo e o olhei, ele ficou um tempo parado e então se recompôs rapidamente.

- Bem.. amm.. por nada Yuuki... Então... que tal continuarmos a nossa excurssão?

Ele deu uma risadinha e eu o acompanhei.

Aidou me manteu entretida a tarde inteira. Pela primeira vez ele foi legal comigo. Na hora de irmos para a aula, esperamos até que abrissem os portões. As meninas agiram naturalmente(se é que você me entende). Novamente olhei para Zero e ele olhou seriamente para mim. Fiquei um tempo paralisada olhando-o, desejando que ele falasse comigo, que ele me tratasse da mesma maneira que me tratava antes.

- E então Yuuki - Aidou me pegou em seus braços como se estivéssemos dançando. - Que tal irmos andando? Os professores nos esperam e ... as garotas me esperam.

Aidou sorriu para elas e elas desmaiaram emocionadas, revirei os olhos e dei uma risada. Quando estávamos quase chegando na sala eu perguntei:

- Por que me puxou Aidou?

- Será por quê Yuuki? - ele disse irônicamente.

Ele estava certo, eu dei muita indireta para Zero. Aidou estava certo, eu devia parar de me torturar.

Fui para meu lugar à janela mas Aidou me guiou até um lugar ao seu lado.

- Chega dele por hoje não é mesmo? - ele disse rindo.

- É... tem razão.

E foi assim durante vários e vários dias. Aidou me ajudava a esquecer Zero e eu me sentia melhor a cada dia. Até que um certo dia eu vi uma garota ajudando Zero. Uma garota de cabelos pretos e olhos azuis. Ela parecia até ser mais útil do que eu quando eu era a parceira de Zero. Puxei Aidou do meio das garotas, elas reclamaram mas eu não liguei a mínima.

- Quem é ela? - eu perguntei sem tirar os olhos da garota.

Sentia a fúria em minha voz.

- Eu sei lá. Ela até que é bonitinha.

- Aidou - dei um tapa em seu ombro e o chinguei.

- Desculpe. Kaname deve saber. Ele e o diretor Cross conversam muito.

Comecei a andar em direção a Kaname furiosa quando alguém parou à minha frente.

- Vai matá-la agora?

Era Zero. Ele não olhava para mim e nem parecia querer proteger a garota.

- O quê? - perguntei.

- Afinal, você é uma vampira agora. Pode destruir qualquer um e...

- Escuta aqui Zero - fiquei nervosa e o obriguei a olhar para mim. - Eu posso ser uma vampira, mas ainda sou a Yuuki.

Larguei Zero e corri até Aidou. Olhei para trás para ver a expressão de Zero que era impossível distinguir. Só sei que ele ficou me olhando, depois olhei super nervosa para a garota e em seguida meus olhos voltaram para Zero e eu o fuzilei com os olhos. Voltei a olhar para frente e segui meu caminho para a sala de aula.