Breves Devaneios

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    Capítulos:

    Capítulo 7

    O Mar...

    Salgado...É o gosto que impregna a minha boca, porém não é a água do mar. São lágrimas...Mas de quem? Faz duas

    horas que vago pelas areias desta praia, aparentemente infinitas. È quase noite, e na melancolia inexplicável

    que dela sinto, ouço um choro. Será que é o mar? Não é apenas o mar. Desespero, dor, melancolia, todos reunidos em

    um coro uníssono chamando por ajuda. De quem é o choro? Estou impotente, sinto o sussurro que das águas provém,

    elas suplicam por minha ajuda. Eu respondo " perdoe-me, pois nada posso fazer". Olho para o ceú, refletindo...Logo

    o sol ressurgirá, iluminando essa praia, e devolverá o brilho às suas areias, e, junto com o canto dos passáros,

    restaurará o domínio da luz. Crianças que brincavam até sua eventual exaustão, voltarão revitalizadas pelo brilho

    da manhã. A tarde virá, e a vida torna-se mais demorada, e com ela a fadiga de nossos corpos. Por mais grande que

    seja a alma, sucumbe ela ao fim de nossa vitalidade, que se dissipa como a luz lentamente dominada pelo

    crepúsculo...Anoitece, e a morte vem aos nossos olhos, consolidando-se o reino de trevas. Retornam as crianças aos

    seus respectivos lares, retorna a dor e a melancolia. Em apenas um dia, a vida se resume: Na inocência das crianças

    que saem para brincar; na água já avermelhada pelo entardecer, certo sentimento de saudade; e na noite, o

    arrependimento. Um ciclo eterno. Porque a tristeza? Essa sensação que esvazia a alma e atormenta? Penso novamente

    no salgado sabor. Serão as minhas lágrimas? Ou será o mar, eminente receptor de nossas tristezas, única companhia,

    por vezes, de nossas crises existenciais. Penso, e logo encontro a resposta: Essas lágrimas são de todos, todos que

    recorreram a esse infinito azul, todos que foram gentilmente acolhidos pelo gentil afago das ondas, junto com o

    canto arrastado e calmante dele. Já é tarde, devo retornar, pois logo anoitecerá...


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