Hocus Pocus To Me.

Tempo estimado de leitura: 4 horas

    16
    Capítulos:

    Capítulo 9

    Sentimento entorpecido.

    Álcool, Adultério, Heterossexualidade, Homossexualidade, Linguagem Imprópria, Nudez, Suicídio, Violência

    Olá!

    A música tema de hoje é a Love Will Leave a Mark - RED ( deixarei postado nas notas para que possam ouvir enquanto leem o capítulo)

    Link: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=b3AArSQJVWg

    Bom! É isso aí...

    Boa leitura!

    Segundos depois, quando ergueu a cabeça outra vez, voltando a encará-lo, o pânico tomou conta da face delicada, a jovem que se encontrava acolhida nos braços do rapaz percebeu que os olhos, que antes eram negros, naquele momento, vidrados nela, estavam escarlates, feito sangue vivo.

    (...)

    As palavras inexistentes, muda de medo a menina permaneceu por alguns minutos. O rapaz que a envolveu por entre seus braços deixou de fitá-la e olhou na direção do homem que aos poucos se aproximava:

    ? O que? ? o mais velho olhou para os dois jovens, furioso. ? Quem é esse aí, Sakura? ? indagou imperativo. ? Não me diga que... ? murmurou temeroso. ? A mãe não me escolheu... A filha também não? Não! Eu não vou permitir que isso aconteça... ? pensou decidido. ? Eu vou matar vocês dois! ? vociferou, finalmente conseguindo ficar de pé sobre o chão coberto de neve e passando a caminhar cuidadosamente no rumo dos dois.

    ? É ele? ? sugeriu indiferente. ? O homem que fez da sua vida um inferno? ? completou friamente ao pé do ouvido da garota, enquanto olhava para aquele estranho.

    ? É... ? ela confirmou acanhada.

    ? Hum... ? o jovem se levantou e levou a mão à empunhadura de sua katana presa ao quadril, desembainhando-a, deixando à mostra a lâmina lustrada, reluzindo à claridade daquele ambiente excessivamente branco, pondo-se em posição de ataque.

    ? E-Espere, Sasuke-kun... ? as pequenas mãos delicadas, seguraram levemente um dos braços do rapaz, como se quisessem impedi-lo. ? V-Vamos apenas fugir daqui... Não o machuque! ? ela pediu aflita.

    ? Hãn? ? o rapaz olhou-a confuso. ? Ela está com pena dele? Apesar de tudo, ela gosta daquele sujeito? ? inquiriu-se pasmo em pensamento.

    ? Por favor... ? os olhos verdes trêmulos, derrubaram algumas lágrimas.

    Naquele instante, olhando para ela, ele não conseguia definir o que estava sentindo. Na realidade, sequer compreendia o que se passava em sua mente.

    Não entedia o porquê de ela estar defendendo aquele que tanto lhe fizera mal, entretanto, o que mais lhe atormentava era o possível sentimento que ela tinha para com aquele homem, para pedir daquela forma tão desesperada que o deixasse vivo...

    ? Ciúmes, eu? ? perguntou-se mentalmente, chocado. ? Tudo bem então... ? ele não conseguiu contestar. ? Vou te levar daqui!

    Quando o garoto levou o sabre ao quadril para embainhá-lo novamente, pelos cantos dos olhos rubros, avistou lentamente o tio dela, enfiar uma de suas mãos cobertas pelas luvas cinzentas, por dentro do sobretudo e puxar para fora um revólver, apontando-o na direção dos dois:

    ? MORRA! ? o homem gritou e disparou contra a menina de cabelos róseos.

    Entretanto, mais rápido do que ela pôde notar, o rapaz empurrou-a contra a árvore conífera que havia logo atrás e afastou-se, permitindo que a bala apenas atingisse a neve ao chão.

    Assim, antes mesmo que o homem pudesse disparar outro tiro, com uma velocidade inimaginável, o garoto correu até o mais velho, pondo-se ao seu lado e com a lâmina fria de sua katana ele partiu o revólver ao meio levando junto com aquele pedaço da arma, o dedo indicador do homem que antes, estava posto no gatilho:

    ? DESGRAÇADO! ? urrou de dor, caindo deitado sobre a neve e levou a outra mão até aquele buraco que se formou no lugar do dedo, apertando contra o sangramento. O chão outrora branco estava sendo tingido de vermelho ao seu redor. ? Isso não vai ficar assim, seu filho da puta! ? ameaçou aos berros enquanto contorcia-se sobre o gelo.

    ? A partir do momento em que você decide matar... Você também tem de estar pronto para morrer! ? contou com a voz embargada pelo ódio, estampando um olhar assustador e levou a lâmina do sabre ao pescoço do homem. ? Tenha bons sonhos... Lá no inferno! ? proferiu erguendo a katana e rapidamente abaixando-a no rumo do pescoço do outro.

    ? NÃO! ? a menina gritou assustada, antes que o rapaz finalizasse o golpe que iria decapitar o tio, fazendo com que o moreno a olhasse. ? Ele... Ele ia mesmo matá-lo? Ele não hesitou... Ele é igual a aquele homem? Realmente, um assassino? ? pensou atemorizada.

    ? Tsc... ? ele voltou o olhar para o mais velho caído ao chão. ? Droga... Tomara que esse cara morra então por esgotamento de sangue ou hipotermia! ? desejou em pensamento, olhando para o lado.

    Agilmente ele retirou um pequeno lenço branco do bolso de seu casaco de frio e limpou a lâmina manchada de sangue, embainhando-a novamente. Após isso, passou a se aproximar da garota sentada sobre o chão congelado e notou que na medida em que ele chegava mais perto, ela se afastava mais.

    ? O que você está fazendo Sakura? ? inquiriu aumentando a velocidade dos passos.

    ? Ele é igual a aquele monstro? Eu estou... ? pensou engolindo a seco. ? N-Não aproxime-se de mim... ? ela exigiu apavorada, abandonando o casaco do rapaz, pondo-se de pé com dificuldade e começou a correr inutilmente, pois fraca, mal conseguia movimentar-se. Poucos passos depois ela sucumbiu ao chão.

    ? Você está com medo de mim? ? perguntou alcançando-a e ajoelhando-se ao redor dela, levou as mãos protegidas pelas luvas escuras até o corpo frágil da menina, levantando-se e colocando-a de pé.

    ? Por favor, deixe-me em paz! ? ela pediu com a voz embargada pelo choro.

    ? Sabe... É verdade que o mundo é cruel, Sakura! A realidade é triste... ? ele comentou apático. ? No entanto, fique tranquila... Pois eu jamais irei machucá-la! ? expôs impassível.

    ? V-Você jura? ? inquiriu sem fitá-lo, erguendo a pequena mão gelada, oferecendo o dedo mínimo envolvido pela fita azul para ele, para selar a promessa.

    ? Lógico! ? ele arrancou a luva de uma das mãos e enlaçou o seu dedo mínimo no dela. ? Agora vamos! ? vestiu a luva outra vez e pegou o casaco de neve que antes tirara, estando apenas com a espessa blusa de frio, envolvendo-o novamente na garota para aquecê-la. Em seguida pegou-a no colo e pôs-se a caminhar.

    ? Né, Sasuke-kun... ? ela começou a falar, segurando-se com mais força na blusa dele.

    ? Hum? ? ele olhou-a inexpressivo.

    ? A-Arigatou! ? corada, ela agradeceu e rapidamente escondeu o rosto, afundando-o no tecido macio da blusa de frio escura do rapaz.

    ? N-Não há de que... ? o rosto dele ficou levemente ruborizado ao vê-la envergonhada. ? Então né... É meio estranho alguém que, até a alguns dias atrás queria se suicidar, agora estar com medo de que eu a mate! ? mudou de assunto, com ironia.

    ? E-Espere aí... Não me entenda mal! ? ela exigiu, afastando o rosto delicado da blusa do rapaz, sem fitá-lo. ? Eu só não quero morrer pelas mãos de alguém! ? ela confessou chateada.

    ? Como assim? Eu acho que matar a si próprio deve ser muito mais doloroso do que ser morto por alguém... ? contestou impassível.

    ? Não é uma questão de dor e sim de condição... ? argumentou pensativa. ? Um dia a minha avó disse-me que as almas das pessoas que são assassinadas nunca descansam em paz, uma vez que elas ficam vagando, aprisionadas no nosso mundo até que o autor de sua morte seja descoberto e a justiça seja feita... ? expôs entristecida.

    ? Hum... Interessante esse ponto de vista! No entanto, se for olhar por esse lado, o suicídio ainda assim não deixa de ser tão ruim como o homicídio, já que dizem que quando uma pessoa se mata, a alma dela vai direto para o inferno sem sequer ter direito a julgamento! ? anunciou com sarcasmo.

    ? Hãaan? ? ela arregalou os olhos, transtornada. ? S-Sasuke-kun, obrigada por não ter me deixado cometer o suicídio! ? ela agradeceu engolindo a seco e escondeu o rosto novamente.

    ? Tudo bem... ? ele segurou a risada. ? Quer dizer que se eu também disser para ela que respirar é um pecado... Ela irá parar de respirar? Como ela ingênua... Ou talvez seja muito burra mesmo, para acreditar tão fácil assim no que eu digo! ? pensou incrédulo.

    Enquanto isso, lá atrás, o homem já não sentia mais dor. A ferida estava dormente por conta do frio extremo ao qual estava sujeita.

    As lágrimas possuídas pela ira caíam dos olhos que tremulavam de ódio avistando aos poucos a personificação viva da mulher que mais amara em toda a sua vida, sendo mais uma vez levada de si por outro homem:

    ? NÃO LEVE ELA! ? gritou fulo de raiva. ? Devolva-me essa maldita!

    Os berros distantes chamaram a atenção do moreno, que apenas virou-se para o lado e pelo canto olhou para trás com desprezo, esboçando rapidamente um sorriso unilateral zombeteiro e virou-se outra vez para frente, prosseguindo o caminho.

    ? Maldito... Um dia eu vou achá-lo e torturá-lo até a morte! ? murmurou levantando-se com dificuldade e seguindo na direção da casa da sobrinha, pois precisava o quanto antes pegar seu carro e ir até o hospital na cidade.

    Quase quarenta minutos se passaram e eles finalmente chegaram naquela espécie de acampamento que havia em meio àquela floresta congelada.

    Os passos pesados, sobre a neve, seguiam na direção a uma das inúmeras tendas que havia naquele local. Adentrou a cabana e deitou a menina que antes carregava em seus braços, sobre o futon:

    ? Incrível! Isso realmente não foi um sonho... ? ela constatou sentando-se cansadamente e deslizando a pequena mão sobre o cobertor dobrado ao lado. ? Embora, esteja mais frio do que antes! ? ela completou notando que o frio parecia mais intenso naquele momento do que antes.

    ? Descanse aí... ? ele empurrou-a para que se deitasse novamente e a cobriu com o espesso cobertor. ? Né, Sakura... Tudo bem em deixar o seu tio continuar a viver? ? inquiriu indiferente.

    ? Bom... Se bem o conheço ele irá destruir minha casa com todas as minhas coisas dentro e irá me procurar, mas... Não quero que o mate! ? expôs angustiada.

    ? Entendo! ? ele murmurou abatido. ? Irei até a sua casa buscar suas roupas! Afinal, está cada vez mais frio e apenas esse pijama não vai lhe proteger... ? avisou pondo-se em pé.

    ? Espere, pode ser perigoso... Aquele psicopata é louco! ? ela proferiu assustada, sentando-se rapidamente e segurou na barra da blusa do rapaz.

    ? Eu não tenho medo, aliás, mesmo que o seu tio seja louco, ainda assim duvido que seja burro! Provavelmente deve ter ido correndo até algum hospital para cuidar do ?ex-dedinho?! ? contestou calmamente, em tom de deboche.

    ? M-Mas... ? foi interrompida.

    ? Fique tranquila! Logo eu voltarei... ? prometeu empurrando-a outra vez, deitando-a sobre o futon. ? E olhe só, não é para sair daqui... Está me ouvindo? ? perguntou com uma voz ameaçadora.

    ? S-Sim... ? olhou para o lado, com uma expressão duvidosa.

    ? Hum... ? desconfiado, ele deixou a tenda e seguiu até perto da floresta.

    Os olhos inchados e vermelhos da pequena menina que, por ali caminhava com alguns gravetos em mãos, denunciavam as horas que passara chorando à noite. As pernas finas e ágeis andavam sem descanso, trabalhando naquele lugar.

    ? Hey, menina descabelada! ? o rapaz a chamou.

    ? Nii-san? ? ela o olhou surpresa, afinal, raramente o mais velho dirigia-lhe a palavra.

    ? Eu trouxe a sua ?nee-san? de volta, então se quiser, pode ir lá fazer-lhe companhia... Desde que não a importune, claro! ? ele advertiu sério. ? Aliás, se possível... Não permita que aquela maluca saia de lá e vá atrás de mim... ? deu de costas e passou a caminhar.

    ? A nee-sama? Está... ? os olhos encheram-se de lágrimas. ? Arigatou, nii-san... Deixe o resto comigo! ? a pequena correu até a uma senhora sentada ao redor da enorme fogueira e deixou os gravetos ao chão, seguindo diretamente para a tenda onde se encontrava a jovem de cabelos róseos.

    Os passos leves adentraram a cabana repentinamente, os olhos verdes da mais velha deitada, fitavam o vazio no rumo do teto:

    ? Nee-sama?! ? proferiu com as lágrimas escorrendo pelo rosto pequeno.

    ? N-Nana-chan? ? sentou-se abruptamente com os olhos marejados.

    ? É você mesma... ? correu até a garota de cabelos róseos, abraçando-a.

    ? Eu senti a sua falta, Nana! ? murmurou com a voz embargada pelo choro.

    ? Pensei que você nunca mais voltaria... Senti-me muito triste! ? confessou magoada.

    ? Gomen ne... Por ter lhe feito sofrer! ? olhou para baixo, abatida.

    ? Não se preocupe nee-sama! Agora que você está aqui, já me sinto melhor! ? sorriu docemente, levando as pequenas mãozinhas até o rosto delicado de Sakura, secando suas lágrimas.

    ? Né, Nana-chan... Eu preciso ir a um lugar, é... ? buscou por palavras para explicar. ? Sabe, tenho de ir resolver uma coisa, então, você... ? foi interrompida.

    ? Aquele nii-san malvado, mandou-me justamente por causa disso! ? contou inexpressiva. ? Portanto, aquiete-se aí nee-san, do contrário serei obrigada a acorrentá-la! ? ameaçou apática, seu olhar frio era assustador.

    ? Nossa... Eu não conhecia esse lado dela! Espera... Não pode ser! Eu estou com medo dessa criança?? indagou-se chocada em pensamento. ? N-Não é como se eu fosse fazer algo imprudente, eu só... ? foi interrompida outra vez.

    ? Nee-sama! ? pronunciou firmemente. ? O nii-san mandou-me impedir-lhe de sair daqui... Então não conteste! Não é não! ? repetiu irritada.

    ? S-Sim senhora! ? engoliu a seco.

    Enquanto isso, longe dali o rapaz caminhava em meio à mata coberta de gelo na direção da casa da garota de cabelos róseos, que herdara de sua falecida avó:

    ? Atchim! ? espirrou o moreno levando uma das mãos protegidas pelo par de luvas escuras até o nariz. ? Alguém deve estar falando de mim! ? murmurou impassível, aquela superstição nipônica.

    Quase trinta minutos se passaram e naquela parte da trilha pôde reconhecer os vestígios do ocorrido há poucas horas antes na manhã daquele dia.

    ? Ora, ora... ? sorriu de canto ao observar o dedo ainda protegido pelo pedaço de luva, sobre o chão congelado. ? Então você esqueceu o seu amiguinho? ? agachou-se e pegou o dedo do homem. Levantou-se em seguida e com muita força jogou aquela parte do corpo do tio de Sakura para bem longe, no meio da floresta.

    Após caminhar por mais alguns minutos, finalmente o garoto chegou à casa da rosada. Calmamente ele subiu no alpendre, levou a mão à maçaneta e abriu a porta, adentrando despreocupado.

    Os olhos que, outrora, haviam tornado-se rubros, naquele momento, negros, estavam de volta ao normal e exploravam atentamente cada detalhe daquela residência.

    Os passos firmes sobre algumas partes ocas do assoalho faziam ecoar estalos pela casa vazia. Aquele cheiro suave e doce, era a prova incontestável de que aquele lugar pertencia a ela.

    Seguiu pelo corredor e rapidamente entrou no quarto que julgara ser o dela e realmente, quando analisou o lugar, constatou que era, de fato, o quarto da menina.

    Começou a procurar por alguma bolsa pelo cômodo revirado ? por conta do que ocorrera mais cedo ?, e acabou achando uma grande mala azul-escura sobre o guarda-roupa, rústico de madeira lisa.

    ? Acho que isso irá servir! ? colocou o enorme objeto sobre a cama de solteiro e o abriu.

    Foi até a cômoda jogada ao chão, erguendo-a e passou a abrir as gavetas procurando pelas roupas de Sakura. Assim que pegou as peças que julgara serem úteis da cômoda, seguiu novamente até o guarda-roupa para revirá-lo atrás de mais roupas, pois ainda tinha um bom espaço disponível na mala.

    ? C-Calcinhas... ? corou ao abrir a primeira gaveta. Levou as mãos delicadamente, pegando um exemplar das peças e passando a analisá-lo. ? Quanta infantilidade... Vou ignorar as estampas fofinhas e os babados... ? olhou para o lado, desapontado.

    Quando terminou de pegar mais algumas roupas e pôs-se de pé, observou no fundo de uma das portas do guarda-roupa, uma pequena caixa escondida por debaixo de algumas das peças.

    Curioso, ele apanhou a caixa e abriu-a delicadamente. Dentro havia um álbum de fotos e alguns livros, sendo que um deles chamou bastante sua atenção.

    ? Um diário? ? inquiriu-se surpreso. ? Interessante... ? guardou aquela espécie de caderno secreto novamente dentro da caixa, levantando-se e logo em seguida guardando-a na mala também.

    Finalmente, havia concluído sua missão com sucesso e já com a enorme mala azul-escura em mãos caminhou até a porta do quarto e pôs-se a andar rumo à saída daquela casa, no entanto, ao lado de fora, assim que se aproximou outra vez daquele lugar, onde a neve ainda estava manchada de sangue, ele parou.

    ?Não o machuque!?

    Lembrou-se daquele momento, sentindo como se realmente tivesse escutado novamente a voz da menina de cabelos róseos pedindo-lhe para que não machucasse o tio.

    Embora ele negasse a si mesmo, aquilo não havia lhe agradado nenhum pouco...

    Por mais que estampasse sua expressão vazia como o de costume e disfarçasse bem os seus sentimentos na frente de Sakura, ele sabia que aquilo havia lhe abalado de tal forma, que involuntariamente, o ódio estava formigando-lhe as mãos para sacar a katana e tirar a vida daquele homem.

    Será que mesmo após tudo, ela ainda amava aquele psicopata?

    Mais do que isso, porque apenas pensar naquela hipótese, estava incomodando-lhe tanto?

    Sem respostas para satisfazer-se naquele instante, a imprudência venceu-lhe a sensatez e obrigou-o a permanecer por mais algum tempo naquele local:

    ? Nana está com ela, então acho que ficarei por aqui mais um pouquinho! ? os olhos consumidos pelo ódio, escarlates outra vez, olhavam na direção da casa da rosada.

    Encostou-se em uma das árvores coníferas daquele lugar e ansiosamente passou a aguardar.

    (...)

    A toda velocidade, o carro luxuoso seguia pela estrada parcialmente congelada na direção da casa rústica perto da floresta:

    ? PORRA! Porque eu fui esquecer aquela merda? ? indagou-se fulo de raiva. ? Preciso pegar aquele dedo a tempo, antes que um re-implante seja impossível... ? murmurou por entre os dentes cerrados. ? Aquele filho da puta... Quando eu puser as minhas mãos nele, vou espancá-lo até a morte! ? prometeu para si mesmo enraivecido.

    Os minutos transcorreram-se e o automóvel começou a aproximar-se da casa, seguindo pela lateral no rumo da mata.

    O homem desceu do carro apressadamente e correu até o local, jogando-se de joelhos ao chão coberto de neve, para caçar pelo dedo perdido:

    ? Procurando o seu amiguinho? ? perguntou o rapaz encostado na árvore, com os braços cruzados.

    ? O quê? ? murmurou o mais velho que até então não tinha notado a presença do garoto. ? Você... ? começou, olhando para o rosto juvenil do moreno.

    ? Sabe... Neste momento eu estou sentindo uma enorme vontade de te espancar até a morte! ? confessou coincidentemente igual à promessa feita a si mesmo que o homem fizera há poucos minutos atrás.

    ? Desgraçado... ? levantou-se encarando o rapaz a sua frente.

    ? Naquela hora, na frente dela... O máximo que pude, foi só o dedinho! ? contou desapontado. ? É decepcionante... Começar e não terminar! ? desabafou enfadado.

    ? Droga... ? enfiou a mão por debaixo do sobretudo e sacou o revólver, apontando-o na direção do jovem. ? Não aproxime-se maldito, do contrário lhe transformarei em uma peneira humana! ? ameaçou afastando-se na defensiva.

    ? Ora, ora... Não é você que quer me matar? Porque está tentando fugir? ? perguntou com sarcasmo.

    ? N-Não estou fugindo, eu só... ? foi interrompido pelo impacto.

    Em um rápido movimento o garoto, sem sequer utilizar o sabre afiado, tomou a arma da mão do mais velho, jogando-a para longe e o prensou pelo pescoço contra uma das árvores daquela floresta:

    ? V-Você... Se fizer isso, ela nunca irá te perdoar! Só m-mostrará que você é igual a mim... ? expôs ofegante, sendo enforcado pelas mãos impiedosas do moreno, que afrouxou por alguns instantes.

    ? Não me diga que está pedindo pela minha compaixão? ? inquiriu com deboche. ? Pois se realmente for isso... Sinto muito lhe informar, mas... ? aproximou-se do ouvido do homem. ? Eu jamais serei igual a você, pois eu já sou muito pior! ? confessou com a voz embargada pelo ódio, esboçando um passageiro sorriso de canto.

    ? O quê? Não... Espere seu desgraçado, eu não... ? contestou assustado, arregalando os olhos ao sentir a intenção assassina nos olhos rubros que pareciam que iriam devorar-lhe a qualquer instante.

    Mesmo que aquele não fosse um problema dele e que Sakura era a única pessoa que deveria ter raiva para com o próprio tio, naquele momento, Sasuke estava imerso no ódio. Entretanto, na verdade, o que mais lhe doía naquele instante, não era todo o sofrimento que aquele homem havia causado a sua própria sobrinha, mas sim, o que possivelmente ela sentia por ele.


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