Casos e acasos

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    16
    Capítulos:

    Capítulo 1

    Capítulo I: Casamento Mal-Assombrado #Arquivo 1

    Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo, Violência

    O autor deste texto, Paola Tchébrikov, diante de seus direitos impressos na lei brasileira, Lei 9.610/98, proíbe a divulgação de seu trabalho por terceiros, com ou sem permissão. Qualquer tentativa será previamente relatada ao dono do site e o autor punido. Sobre universos usados, marcas de roupas, comidas etc, dá-se os créditos aos seus devidos criadores. O texto está adaptado ao Novo Acordo Ortográfico, qualquer erro pode e deve ser relatado ao autor.

    Casos e Acasos

    da série Noites de Verão

    Capítulo I: Casamento Mal-Assombrado

    #Arquivo 1

    ? Por Paola Tchébrikov

    Abril

    Dia 1

    ? Aqui é o escritório de Shibuya Kazuya? ? perguntou uma mulher loira de olhos azuis para a recepcionista depois de entrar pela porta do Instituto de Pesquisa Psíquica Shibuya.

    ? Sim, o que deseja? ? perguntou a garota com um sorriso gentil, a loira retribuiu sorrindo docemente. Mai notou o quanto o sorriso da mulher era bonito; ela parecia ser rica.

    ? Eu preciso que o SPR resolva um caso de paranormalidade na minha casa ? respondeu fazendo Mai alegrar-se, fazia alguns dias que não recebiam nenhum caso, o que deixava Naru frustrado, irritado e insuportável.

    Ele andava furioso e respondendo ou com monossílabas ou com uma ignorância duplamente maior do que o normal, o que, sem dúvida, era assustador. Até Mai já desistira de tentar puxar assunto com Noll, e mal sabia ela que a culpa de todo aquele mal-humor não era a falta de casos, mas sim a secretária que vivia atormentando sua mente, roubando seus pensamentos e seu sono. E principalmente enchendo-o de preocupação.

    ? Espere alguns segundos, irei ver se Shibuya-sama está ? é claro que ela não gostava de chamá-lo daquele jeito, mas na frente dos clientes devia mostrar respeito.

    Preferia irritá-lo chamando-o de Naru, o apelido carinhoso, diminutivo de narcisista, que Mai havia arranjado para ele. Depois de alguns minutos a Taniyama voltou murmurando coisas desconexas, realmente o humor do chefe estava péssimo, e piorava mais e mais a cada dia que se passava, fazendo assim até mesmo as visitas surpresas dos companheiros de equipe ao escritório diminuírem, até mesmo Lin evitava Noll; e sobrava para Mai ter que suportá-lo.

    Deixando de lado todo e qualquer pensamento relacionado ao chefe, ela sorriu para a mulher, confirmando que Naru estava disponível

    ? Entre, ele está te esperando ? anunciou abrindo a porta da sala onde recebiam os clientes.

    A mulher entrou e Mai foi fazer chá. "Por que ele tem que me tratar assim? Age como se eu não fosse nada." Mai estava frustrada, Naru sempre a tratava como se ela não fosse nada importante, "é, talvez eu não seja importante!", concluiu tristemente terminando de fazer o chá.

    Há alguns meses havia se declarado para o Noll e ele simplesmente havia respondido: "Não é a mim que você ama, e sim a Gene", e caminhou, deixando Mai lá, sozinha, esquecida, sofrida. Tinha sim um grande afeto por Eugene Davis, apelidado carinhosamente de Gene, mas tinha certeza deque amava Naru, e não seu irmão gêmeo. Amava o Davis orgulhoso, autoconfiante e narcisista que Oliver era.

    Deixando tais pensamentos depressivos de lado, Mai mudou sua fisionomia de triste para sorridente quando entrou no escritório com o chá, não podia transpassar aos clientes que estava triste, desanimada. Aprendera com Naru a disfarçar seus sentimentos e estava concluindo com êxito a tarefa de atuação.

    ? Sou Tôkio Hakuya. ? identificou-se a mulher assim que Mai entrou no cômodo. ? E gostaria de contratar seus serviços ? explicou enquanto pegava a xícara que Mai lhe oferecia, a Taniyama entregou a de Naru sem nem olhar para ele, estava irritada e poderia explodir a qualquer momento só de encarar o chefe narcisista. O desconforto da secretária não passou despercebido por Noll que sorriu internamente, nunca se cansaria de irritá-la.

    ? Explique, para o que exatamente, precisa de nossos serviços ? quando a mulher encarou o chão pensando em uma forma de contar todas as coisas "estranhas" que andavam acontecendo em sua casa, Naru encarou Mai intrigado, ela com certeza estava se controlando para não gritar e berrar na frente da cliente; a garota encarava o teto distraída, não sabia o que pensar, por que tinha que se apaixonar logo por aquele narcisista orgulhoso?

    ? Eu e meu marido nos casamos há pouco tempo, ele recebeu uma oferta irrecusável da empresa onde trabalha e nós nos mudamos para cá ? Naru bebeu um gole de seu chá calmamente, saboreando o delicioso sabor do líquido.

    Às vezes não entendia como uma garota tão distraída, burra e irritante como Mai conseguia fazer um chá tão bom como aquele, na verdade, o chá dela era o único que ele bebia com gosto. A Taniyama colocou sua xícara na bandeja e encarou a mulher loira com curiosidade, será que o caso seria fácil ou difícil com o do Urado? Será que Naru iria aceitá-lo?

    ? Mas parece que tem um espírito perturbando nosso casamento ? ela continuou e Mai se sobressaltou com a declaração repentina, a voz triste e desanimada, demonstrando todo o transtorno de ser assombrada por um fantasma, tocara Mai de tal forma que seria capaz de chorar se Naru não estivesse presente; exatamente, só não choraria porque o narcisista Shibuya estava presente no cômodo. A Tôkio levantou os olhos lentamente e encarou o chefe da SPR.

    ? Tem certeza de que não é da casa? ? perguntou ele com a voz autoritária, Mai sabia que ele não estava contente com as poucas informações que recebera. Era muito pouco para um caso interessante, e tinha certeza que Noll só pegava casos que lhe interessavam.

    ? Não, o espírito veio conosco, ele nos atormenta desde quando nos casamos ? a mulher e o Kazuya olharam para Mai quando a garota pulou e tampou a boca com a mão, ela estava horrorizada.

    O Shibuya irritou-se, se a garota não iria ajudar, que não atrapalhasse! Depois de alguns segundos observando Mai, sua mente constatou que tinha algo errado, a garota não era de se assustar assim do nada.

    ? Vocês, por acaso, já viram o espírito? ? perguntou Mai com os olhos fechados, Naru a fitou estranhando a ação da secretária. O que ela pensava que estava fazendo? Quem fazia as perguntas ali era ele! Encarou Mai com um olhar cortante, depois diria umas boas para a secretária "xereta".

    ? Sim, ela sempre aparece no corredor ? a mulher fitou Mai apreensiva. Por que será que a garota estava perguntando aquilo? Era muito estranho.

    ? E vocês já conversaram com o espírito? ? perguntou Mai de novo, ainda com os olhos fechados. Sabia que Naru estava mais irritado do que o normal, e agora ela aparecia fazendo perguntas e atrapalhando o questionário dele... Com certeza ele estava furioso consigo.

    ? Sim, ela tentou matar meu marido, quando viu que não conseguiu matá-lo ela sussurrou que voltaria e sumiu ? respondeu a mulher tristemente, abaixando a cabeça, Mai estava intrigada com os fatos.

    "Eu vou voltar para a casa dela, mas eu quero meu coração de volta." Sussurrou uma voz no ouvido de Mai, ela sabia que era o espírito, havia visto-o atrás da mulher. E, de repente, Mai não sentia mais a presença da mulher que atormentava o casal e abriu os olhos.

    ? Muito bem, iremos para a sua casa no sábado. ? concluiu o chefe, a loira apenas afirmou com a cabeça. Naru levantou-se e a acompanhou até a porta educadamente, educação esta que sumia quando se tratava de seus funcionários, principalmente Taniyama Mai. Quando a mulher partiu ele se dirigiu à secretária. ? O que foi aquilo? ? perguntou irritado.

    ? O espírito estava aqui. ? respondeu se levantando com certa dificuldade, cambaleou um pouco, mas para não cair apoiou-se no encosto do sofá, a presença do espírito muito lhe perturbara, deixando-a cansada; era como se, para aparecer para si, ela tivesse que sugar sua energia vital. ? Ele acompanhou a Tôkio-san; o espírito é uma mulher, muito bonita, mas muito machucada ? comentou tristemente, andando até a porta e abrindo-a.

    ? Esse caso não será fácil ? concluiu Mai e saiu pela porta indo embora, mesmo cambaleando e ainda tonta por causa do cansaço, sabia que Naru ficaria mais irritado do que já estava, mas se sentia tonta por causa da presença do espírito, o que será que ela quis dizer com ''eu quero meu coração de volta''?

    Se Naru já estava intrigado com Mai, agora estava mais ainda. Por que ela estava agindo daquele jeito? O que ele fizera para ela tratá-lo assim? O que ela havia visto e ouvido para ficar tão apreensiva? O que será que o espírito fizera para fazê-la ficar tão pálida?

    Sentou-se no sofá e encarou a xícara de chá que ela havia deixado para trás, estranhou, alguma coisa estava acontecendo com Mai, ela não era de deixar o chá inteiro na xícara. Sempre dizia que era errado desperdiçar o que quer que fosse e, agora, havia largado a xícara intacta?

    Havia, sem dúvida algo errado; e ele descobriria, ou não se chamava Oliver Davis.

    Dia 2

    Ele sabia que combinaram de ir para a casa da Senhora Tôkio no sábado, mas parece que o espírito estava furioso e eles teriam que ir resolver o caso mais cedo. Tôkio-san havia ligado para o Instituto avisando que o espírito tentara quebrar a casa, estava descontrolado, furioso e chegara a tentar matar, pela segunda vez, seu marido.

    Intrigado, Noll decidiu que seria melhor se fossem para lá o mais rápido possível.

    Nesse momento o jovem andava calmamente na direção do colégio de sua secretária, como ela também iria, teria que ser avisada que sairiam do escritório dali a algumas horas. Parou do outro lado da rua e observou os alunos saírem, uma brisa fria passou pelo Davis fazendo seu sobretudo negro e seus cabelos escuros dançarem com o vento, criando uma imagem maravilhosa para um mangá shoujo. Várias pessoas passavam pelo portão do colégio e nada da cabeleira castanha de Mai.

    ? Shibuya-senpai? O que houve? ? perguntou Michiru, amiga de Mai, para Naru, aparecendo ao seu lado. Ele reconheceu na hora a garota que estava com Mai na primeira vez que a vira, dentro daquela sala escura e contando histórias de terror. Era até cômico pensar que Mai sempre teve "tato" para lidar com coisas como fantasmas e maldições.

    ? Estou procurando a Mai, por acaso sabe onde ela está? ? perguntou Noll calmamente, sabia que ela devia estar com as amigas, afinal, elas não andavam sempre juntas? Naru viu o rosto da garota contorcer-se em dúvida para depois ela responder prontamente:

    ? Sinceramente, Shibuya-senpai. ? falou encarando os orbes azul-cobalto do rapaz profundamente, suspirando e completando a frase. ? Ela deve estar com o Moroku. ? respondeu sorrindo. ? Preciso ir, Sayonara Shibuya-senpai ? e se foi acenando, Kazuya não saiba o que o irritava mais: a garota não ter respondido sua pergunta ou não saber quem era Moroku.

    Depois de alguns segundos a Taniyama saiu acompanhada de um garoto. "Quem é ele?? O jovem beijou a testa dela e sorriu docemente, pareciam um casal de namorados; ela riu divertida e conversaram por cerca de um minuto.

    Naru estava irritado, teria que ficar esperando até quando? O garoto que acompanhava a secretária do Dr. Oliver Davis olhou na direção de Noll e sussurrou algo que fez Mai virar o rosto na direção do chefe, ela sorriu e despediu-se do garoto com um beijo na bochecha.

    Aquilo irritou profundamente Naru, mas ele não falou nada. O que estava acontecendo com ele? Por que aquele sentimento de irritação repentino? Mai andou até ele com passos lentos e sorridente, parecia estar feliz com a companhia de alguns segundos atrás.

    ? O que houve, Naru? ? perguntou sorrindo como sempre, o Kazuya ficou intrigado, quem será que era aquele garoto que estava com ela? Não entendia porque sua mente necessitava tanto daquela resposta. Se controlando para não perguntar, acabou fazendo o que realmente viera fazer.

    ? Vim avisar que iremos para a casa dos Tôkio hoje, às cinco horas ? respondeu e começou a andar na direção de seu escritório, ouviu a secretária responder um rápido "Estarei lá!" e, quando olhou para trás, ela corria na direção de sua casa.

    O que estava havendo? Mai sempre gritava e esperneava quando ele deixava ela falando sozinha, o que estava havendo? Virou-se e voltou a andar na direção do SPR pensativo, ela estava muito, muito estranha.

    O que era aquele sentimento que se apossou dele quando a viu conversando com aquele cara? E por que se importava tanto com quem sua secretária se envolvia? E por que o fato de que ele poderia ser "algo a mais" para ela lhe irritava profundamente? Será que ela já havia deixado de amá-lo? Se arrependera e decidiu tentar algo com outra pessoa já que ele não queria nada com ela?

    Naru odiava se sentir indeciso, indefeso ou inseguro; mergulhou as mãos nos bolsos do sobretudo e seguiu o caminho para seu escritório calmamente, trataria de descobrir quem era aquele cara quando resolvessem o caso da casa do casal Tôkio.

    Algumas horas depois, todos estavam na porta do SPR: Lin, Takigawa, Matsuzaki, Hara-san, Yasuhara, John e Naru. Esperavam Mai chegar, a garota estava atrasada e isso irritava Naru profundamente. Por que ela sempre tinha que se atrasar?

    Depois de poucos minutos Mai apareceu correndo desesperadamente na direção do grupo, que se encontrava na frente do Instituto, mas o que surpreendeu todos é que ela não carregava malas, não carregava nada.

    ? Che-Cheguei ? murmurou ofegante enquanto tentava respirar. Ao ver dos companheiros, parecia que ela havia corrido até ali. Embora todos estivessem curiosos a respeito das malas dela, o mais intrigado era Oliver Davis.

    ? Mai, você não vai levar nada? ? perguntou o monge encarando desconfiado a menina. Mai sorriu fracamente para Houshou por causa da falta de ar e respondeu sorrindo:

    ? Hai ? ao longe se via um homem carregando uma mochila, ele andou calmamente na direção do grupo e parou ao lado de Mai. Naru fechou ainda mais o semblante, não fazendo muita diferença já que sempre estava de mal-humor. O que aquele cara estava fazendo ali?

    ? É aqui Mai? ? perguntou baixinho o garoto de cabelos pretos e olhos verde-escuro para somente a garota ouvir, ela afirmou com a cabeça enquanto Naru encarava desconfiado o homem.

    ? Pessoal, esse é Rikyru Moroku, ele é um amigo meu do colégio. ? informou, mas Naru não acreditou muito no que Mai informara, ele parecia, aos seus olhos, suspeito. ? Moro-kun, esses são: Masako, Ayako, Yasuhara, Bou-san, John, Lin e o Naru, meu chefe ? apontou indicando um de cada vez.

    ? Yo, bom, só vim trazer as malas dela. ? entregou a mochila na mão da amiga sorrindo, teria que correr senão chegaria atrasado. ? Já vou indo, cuide-se ? disse e beijou a testa de Mai carinhosamente, os olhos de Noll brilharam de perigo quando encarou o tal Rikyru com os olhos cerrados e as mãos fechadas em punho dentro do bolso.

    ? Você é namorado dela? ? perguntou Ayako inconformada, como Mai conseguira conquistar aquele homem? Ele era bonito e educado, um cavalheiro. Naru fechou ainda mais o semblante, franzindo o cenho, o que não passou despercebido por Bou-san, Ayako e Mai que estranhou o ato do chefe narcisista. Ele devia estar incomodado com o atraso dela. Foi a conclusão de Mai.

    ? Não, somos amigos ? sorriu, um sorriso lindo que deixou Ayako a Masako encantadas, pena que não tinha tanto efeito na Taniyama.

    Mai assumia sim que ele tinha um sorriso bonito, mas recebera um mais bonito do que o dele certa vez. Quando Naru se desculpou por não ter contado a ela o que pretendia fazer na escola Ryokuryou, o sorriso dele deixou Mai sem chão e, para ela, seria difícil aparecer alguém com um sorriso mais bonito do que o de Naru.

    ? Ela é apenas uma grande amiga. ? sorriu para Mai, que retribuiu o sorriso. ? Bom, eu realmente tenho que ir, Mihato está me esperando ? e foi embora a passos lentos e acenando para a amiga.

    ? Quem é Mihato? ? perguntou Ayako interessada.

    ? É a namorada dele. ? os olhos de Mai brilharam de tristeza, mas apenas Naru notou, pois fora no exato momento em que analisara a face pálida da secretária. ? Fugiki Mihato, loira de olhos azuis, é muito bonita ? comentou sorrindo para os parceiros de trabalho. Queria ser bonita também, não tanto quanto Mihato, mas o suficiente para prender os olhos e o interesse de seu amado.

    ? Vamos. ? se pronunciou Lin pela primeira vez. ? A limusine dos Tôkio acabou de chegar ? Mai olhou para o outro lado da rua e viu o automóvel preto estacionado, logo dois homens vestidos de preto desceram do carro e pegaram as malas para carregarem-nas até o veículo.

    Ela se encantou quando entrou na limusine. Era bonita, espaçosa e confortável, mas por que ela tinha que sentar-se ao lado do Naru mesmo? Ah é! Por insistência de Ayako e Bou-san! Mai sentia que eles estavam aprontando alguma coisa.

    A casa dos Tôkio era longe do escritório do Shibuya, e acabou que no caminho Ayako, Houshou, Yasuhara, Masako, John e Lin adormeceram, por mais incrível que parecesse, eles realmente pareciam cansados, ficando apenas Mai e Naru acordados. Embora o Kazuya estivesse lendo um livro, Mai notava quando ele estava a olhando, e isso a incomodava.

    Depois de alguns minutos Mai também pegou no sono, passara a noite em branco, pensando no novo caso que teriam que resolver e no espírito que vira acompanhando a cliente. Depois de minutos onde sua cabeça tombava para frente, porém sem ter onde apoiar-se voltava ao lugar, quando o carro fazia algum movimento mais brusco o processo se repetia, até seu pescoço tombar levemente para o lado inverso ao do chefe.

    ? Se ela continuar assim vai acordar com dor no pescoço ? sussurrou Naru enquanto encostava a cabeça de sua secretária em seu ombro, fazendo assim com que o pescoço dela ficasse apoiado nele.

    Não sabia porque cuidava tanto daquela garota, mas isso não importava. Desde o primeiro momento em que a vira se encantou por ela; mentiu dizendo que ela teria que pagar pela câmera que quebrara quando o objeto tinha seguro. Esteve sempre protegendo-a e cuidando para que nenhum espírito a machucasse.

    Mai era como uma irmã mais nova, ou talvez mais do que isso, talvez era porque a menina não tinha pais, ou por causa do jeito doce e o modo como sempre se preocupava com todos. Como no caso em que ela tentou impedi-lo de jogar a maldição de volta nos alunos, entendera que ela apenas queria protegê-los.

    Embora fosse difícil aceitar que seu coração batia mais rápido pela menina que estava sempre gritando, mas que no fundo era uma boa garota, sorriu, como apenas uma vez sorrira, aquele sorriso que dirigiu a Mai quando lhe pediu desculpas, um sorriso tão raro da parte dele. Aquele sentimento em seu peito o irritava, e o fato de não saber o que ele significava piorava ainda mais seu humor.

    Depois de horas chegaram na mansão dos Tôkio. Naru encarou Mai que dormia profundamente, seria um pecado acordá-la, embora sua mão coçasse para aprontar algo com a secretária que tanto gostava de irritar.

    ? Chegamos ? anunciou o motorista abrindo a porta da limusine, a voz fez com que todos acordassem.

    Mai abriu lentamente os olhos, estava tão quentinho, estava encostada no que? Olhou para cima e viu o rosto sério do chefe. Naru, quando notou que era observado, olhou para o lado e viu que Mai havia acordado.

    Lentamente a secretária ficou vermelha, e quando se deu conta que estava encostada no chefe deu um pulo, bateu a cabeça no teto do carro e caiu sentada no chão do veículo. O susto da garota arrancou risos dos companheiros e até mesmo do motorista.

    Os únicos que não riram foram Mai, que estava emburrada, Lin, que não entendia porque a secretária estava encostada no ombro do chefe e Naru, que apenas encarou a garota e fechou o semblante. Por que ela tinha que fazer tanto escândalo?

    ? O Senhor e a Senhora Tôkio estão à vossa espera. ? anunciou o homem enquanto o grupo descia do carro, parando de frente para a casa. Casa? Aquilo estava mais para mansão de tão grande que era! Mai encarou encantada a casa e sorriu. Naru, que estava ao seu lado, notou o sorriso da secretária e se perguntou o que teria de tão interessante numa casa a ponto de fazer uma pessoa sorrir tão alegremente. ? Entrem, uma empregada irá guia-los até Hakuya-sama ? falou o motorista, entrando no carro e partindo na direção da garagem da mansão.

    Todos andaram na direção da entrada da casa sorridentes e brincando, afinal, haviam pegado no sono de repente no carro e não puderam aproveitar o caminho para se divertirem. Naru deu um passo para frente e notou que Mai não saíra do lugar.

    ? Vamos? ? perguntou virando-se para a secretária que encontrava-se assustada e com os olhos arregalados. ? Mai, o que houve? ? a garota não se mexeu, muito menos falou. Noll, preocupado, aproximou-se parando na frente da garota, ergueu o rosto dela com a mão direita fazendo com que a ela o encarasse. ? O que houve?


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