Era como se eu tivesse acabado de acordar, mas acordei em um lugar novo, completamente diferente de tudo o que eu estava acostumada a ver no mundo.
Era um quarto estranho e nele estavam eu, Kaname e um casal. Eu simplesmente chamava aquela mulher de mãe, o homem de pai. Era tudo tão estranho.
A partir daí, memórias pareciam passar em minha mente em flash's, momentos felizes, momentos tristes, momentos torturantes, momentos de separação. O momento em que minha mãe me transformou em humana e fez com que Kaname prometesse me proteger de todos os perigos.
Meus olhos se abriram rapidamente e vi a face de Kaname à minha frente. Minha respiração estava mais rápida do que o normal.
- Desculpe Yuuki. Mas acredito que estava na hora de você saber a verdade sobre sua vida - disse Kaname.
Eu ainda estava um pouco atordoada com a notícia, era tudo tão novo, tão estranho. Eu estava tentando organizar as informações em minha mente. Quando mexi levemente minha mão senti o ursinho que Zero me dera.
Olhei para o ursinho e me lembrei do dia em que ele me dera o ursinho, o Dia dos Namorados mais perfeito de toda a minha vida. Então um pensamento terrível veio à minha cabeça apagando completamente o sorriso que havia em minha face: agora que eu era uma vampira, Zero ainda gostaria de mim? Afinal, ele odeia vampiros. Esse pensamento machucou meu coração, parecia que eu tinha acabado de ganhar uma facada no mesmo, uma facada profunda dolorosa e ainda girando a mesma dentro de meu peito.
Enquanto senti tal dor eu senti minha garganta muito seca, me levantei rapidamente do colo de Kaname e segurei minha garganta, aquela sede chegava a ficar insurpotável. Senti a mão de Kaname em meu ombro.
- Tudo bem Yuuki?
- Não - eu disse em pânico. - Minha garganta. Está... seca.
- Beba meu sangue.
- O que? - eu o olhei sem entender muito bem.
- Você está com sede de sangue Yuuki. Beba que você se sentirá melhor.
Kaname então fez um pequeno furo em seu pescoço, vi o sangue de Kaname escorrer e aquilo me deu muita sede, tentei impedir a mim mesma.
- Beba Yuuki.
- Eu... eu...
Então não resisti e bebi. Aquilo estava realmente muito bom, foi estranho no começo mas depois consegui facilmente. Depois de beber, Kaname me levou até meu quarto. Olhei para o espelho e vi meu cabelo diferente, ele estava comprido até a cintura.
- Hoje você irá para a aula. Mas vou conversar com o diretor Cross para decidir se você continua na Turma do Dia ou vai para a Turma da Noite - disse Kaname.
Assenti lentamente, ainda um pouco confusa. Olhei para o espelho e depois para o ursinho em minhas mãos. Se eu passasse para a Turma da Noite eu ficaria longe de Zero e ele iria me odiar. Senti uma lágrima sair de meus olhos e percebi que Zero significava mais do que tudo para mim.
Na manhã seguinte , me arrumei para ir para a aula lentamente e comecei a andar em direção à sala de aula. Olhei para frente e lá estava Zero, no mesmo lugar de sempre, me esperando. Quando cheguei perto dele, ao invés de bom dia ele disse:
- O que houve Yuuki? - ele parecia preocupado. - O que aconteceu? Você está diferente.
Eu o olhei com dor nos olhos, o chamei para se aproximar de mim até que meus lábios pudessem chegar em seus ouvidos e sussurrei:
- Sou uma vampira.
Ele se afastou mais rápido do que imaginei e me olhou assustado.
- Zero? - perguntei, afinal, não consegui compreender sua expressão.
- Por que? O que você...? O que ele...? - ele parecia confuso.
- Zero...
Estiquei a mão para tocá-lo mas ele se afastou de mim. Senti uma enorme vontade de chorar naquele momento até que ele saiu correndo. Me encostei na parede do corredor, me sentei, apoiei meus braços em meus joelhos, pousei a cabeça em meus braços e comecei a chorar. Aquela foi a pior coisa que podia ter acontecido em minha vida. Zero se afastar de mim.
Alguns minutos depois senti uma mão tocar minha cabeça.
- O que houve Yuuki? - era a voz do diretor Cross, meu pai adotivo.
- Pai...
Olhei para ele chorando e o abracei chorando mais ainda. Ele fez carinho em meus cabelos, me pegou no colo e me levou para a "casa" dele. Sentamos no sofá e não parei de abraçá-lo.
- Quer me contar o que aconteceu querida?
- Eu... - parei de abraçá-lo, limpei minhas lágrimas, respirei fundo, olhei para o diretor Cross e comecei a dizer. - Eu descobri que sou uma vampira, irmã biológica de Kaname. Algo que o senhor provavelmente já sabia.
Ele assentiu.
- E por que está chorando? Por que descobriu que não era humana?
- Não. Foi algo muito pior que isso.
- O que meu amor? - ele fez carinho em meu rosto.
As lágrimas voltaram rapidamente para meus olhos e eu disse.
- Zero não quer mais conversar comigo - comecei a chorar de novo. - Ele saiu correndo quando lhe contei que virei vampira. Ele... ele... ele não gosta mais de mim.
Abracei diretor Cross novamente e ele pareceu entender meu problema, pois me abraçou e fez carinho em minhas costas.
Algumas horas depois, quando consegui parar de chorar, o diretor Cross me fez uma pergunta.
- Então Yuuki. Kaname veio aqui me perguntar se você iria continuar na Turma do Dia.
- O que vocês decidiram? - minha voz ainda estava um pouco chorosa.
- Eu disse a Kaname que iria analisar. Mas na verdade eu gostaria de te perguntar. Quero saber o que você quer.
Olhei para baixo e pensei: se eu continuasse na Turma do Dia teria que ficar olhando para Zero e ficar sentindo sua rejeição a cada manhã. Meu coração com certeza não aguentaria tal ato. Então tomei minha decisão.
- Gostaria de ir para a Turma da Noite pai.
Tentei sorrir.
- Ok. Se essa é sua decisão. Suas aulas começam hoje. Sei que irão te receber bem no Dormitório.
Assenti, saí da "casa" do diretor Cross e fui até meu quarto, peguei todas as minhas coisas. Peguei o ursinho e fiquei olhando-o. Me lembrei daquele dia mais que perfeito e senti um sorriso brotar em minha face automaticamente. Coloquei o ursinho em minha mala e fui a caminho do dormitório da Turma da Noite. Antes de entrar, olhei para trás e procurei Zero automaticamente. Minhas esperanças eram falhas.
Quando cheguei no dormitório fui recebida por Aidou.
- Posso levar suas malas?
Me assustei com tamanha cavalheirismo e entreguei minhas maas à ele.
- Siga-me. Mostrarei seus aposentos.
Achei estranho o modo como Aidou falava comigo mas aproveitei de sua gentileza. Ele abriu a porta de meu novo quarto, ele era muito mais bonito do que o que eu ficava antes e em cima da cama estava um uniforme da cor branca, a cor dos uniformes dos alunos da Turma da Noite.
- Sinta-se a vontade... novata - Aidou deu um breve sorriso e uma risada rápida.
- Obrigada - eu o acompanhei na risada.
Ele saiu e eu revirei os olhos. Vesti meu novo uniforme e saí do quarto para ir até o salão principal. No caminho encontrei Kaname.
- Está tudo bem mesmo Yuuki? - ele perguntou preocupado.
- Sim Kaname. Eu queria mesmo vir para a Turma da Noite - tentei dar um sorriso.
- E quanto a...
Eu fiz um sinal para que ele não falasse pois eu sabia que ele ia falar sobre Zero e eu não queria tocar nesse assunto delicado. Desci e fomos todos em direção aos portões. Eu não estava muito bem introsada com a turma nova e nunca passei por aqueles portões como uma aluna da Turma da Noite. E infelizmente eu sabia quem eu iria encontrar do outro lado.
Os portões se abriram, as garotas ficaram eufóricas como sempre. Aidou ficou se exibindo como sempre e algumas garotas olhavam para mim surpresas e cochichavam. Eu simplesmente as ignorava. Então eu olho para frente e vejo Zero. Paralisei imediatamente, meu coração se acelerou, sua expressão não mudou nem um pouco e ele me olhou como se eu fosse uma vampira e não a Yuuki que ele conhecia.
Pensei em dizer alguma coisa, eu queria explicar a ele que eu ainda era a mesma Yuuki de sempre e que eu ainda o amava mas acredito que ele não ia acreditar em nada que eu dissesse.
Comecei a andar e antes que eu pudesse dar meu segundo passo Zero disse:
- Se acostumou rápido.
Olhei para ele mas ele ainda olhava seriamente para frente.
- Acho que você me ajudou um pouco.
Olhei desfarçadamente para o rosto de Zero e percebi que seus olhos se espantaram com minha resposta. Continuei meu caminho fingindo não sentir dor nenhuma mas o jeito frio que Zero me tratou doeu do mesmo jeito que aquela facada mas um pouco pior.
Senti uma lágrima escorrer, a limpei rapidamente, ergui a cabeça e continuei a andar com meus novos colegas.