Postmortem

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    14
    Capítulos:

    Capítulo 14

    Ultimato

    Drogas, Linguagem Imprópria, Mutilação, Violência

    Drake e Kuro ainda conversavam, desta vez, em um lugar mais escondido dos olhos atentos dos demônios patrulheiros que constantemente vigiam a cidade, procurando qualquer pessoa que eles julguem ser suspeita de fazer parte de algum grupo rebelde.

    Postmortem não foi a única resistência a surgir durante os aterrorizantes ?Dias da Morte?, vários grupos apareceram até que, a maioria, foram esmagados pelos poder imbatível do Império Genesis. O que era para ser a resistência, tornou-se apenas sobrevivência, grupos de pessoas se ajudando na busca de suprimentos para se mantêrem vivas e não sucumbirem à loucura e à morte. Vivem escondidos, recusando a comida dada pelo Império em vários locais pelo país. Uma comida preparada por pessoas usadas como escravas pelos demônios, uma comida cujo o tempero certamente não deve ser algo bom.

    Estão apenas engordando a humanidade como porcos, até chegar a hora de serem levados para o matadouro onde lá tudo que lhes define como humanos será destruído e transformado em um produto para uso de seus senhores e mestres.

    ? Acha que isto eventualmente terá... um fim? ? Perguntava a mulher enquanto olhava para a baínha de sua espada.

    ? Eu já vivi por muitos anos, muitas décadas... ? Drake se virou para Kuro com um olhar profundo. O olhar de alguém que já havia presenciado eventos horríveis. ? ...e se existe uma coisa que eu sei, é que nada é pra sempre. Toda chama se apaga, nada é eterno.

    Após ouvir sua resposta, Kuro se virou para Drake e ao perceber que este a fitava, ela voltou seu olhar para o chão.

    ? Falou Drake Levid, o tal do demônio imortal. ? Disse ela em um tom um tanto zombador.

    ? Apenas me imagine como tendo uma expectativa de vida mais longa que das outras pessoas.

    Kuro deu uma leve risada ao imaginar que, sendo assim, a expectativa de vida de Drake seria de mais de cem anos maior que a de qualquer outra pessoa.

    Os dois ficaram em silêncio por alguns minutos até que Kuro decidiu perguntar algo sobre Drake que a deixava curiosa.

    ? Como aconteceu isso?

    ? Bom, primeiro teve aquele tal projeto de reduzir a população e de-

    ? Não isso! ? Interrompeu Kuro percebendo que Drake pensava que ela estava falando sobre a invasão dos demônios ? Como você ficou... assim?

    Com a pergunta, o tempo parou para Drake enquanto sua mente retornava ao passado trazendo memórias que Drake tentava enterrar. Ele se lembrava de alguém... um homem. ?PASSE PRA ELE!? gritava o homem enquanto tentava se libertar dos soldados que o arrastavam para algum lugar. ?PASSE PRA ELE!? repetia o homem.

    ? Não... ? Drake olhava para o lado, abandonando essas lembranças ? Não é importante.

    ? Ah, tudo bem. ? Kuro percebia que ele preferia não falar sobre o assunto. ? E quanto ao garoto?

    ? Quem? Shinji? ? Drake se virou, novamente olhando para Kuro.

    ? Sim, o caso dele é o mesmo que o seu?

    ? Eu não tenho certeza, Kuro. Talvez seja... talvez seja. Seja lá o que for, eu sinto um grande poder adormecido nele. É como se esse poder estivesse lá dentro dele, pronto pra explodir a qualquer momento. É como se ele fosse um demônio, apesar de eu saber que ele não é. Ele é algo a mais... algo... diferente. Algo que não é um demônio... e nem um humano.

    Os dois ficaram quietos por alguns minutos.

    ? Por falar nisso, tenho que voltar para o QG. ? Disse Drake se levantando.

    ? Oh, tudo bem.

    ? Kuro... pense bem. As coisas mudaram, ninguém mais deve ser sacrificado.

    Kuro olhou pro lado, pensativa, enquanto Drake fazia seu caminho de volta para o QG.

    Enquanto isso...

    QG Postmortem...

    Shinji segue em direção à sala de Vincent. Chegando lá, percebeu Vincent de pé conversando com um homem sentado em um pequeno sofá. O homem se vestia elegantemente com um terno preto, algo raro de se ver hoje em dia com tamanho caos pelo mundo.

    Shinji olhava para uma grande prateleira de livros dentro da sala enquanto aguardava que o percebessem. Em um banco em frente à prateleira encontravam-se três livros (?Nova Ordem Mundial?, ?Empty Skies? e ?O Chamado do Cuco?) empilhados acima de uma caixa azul contendo uma coleção de DVDs de uma famosa série de ficção científica sobre algum tipo de doutor.

    A presença de Shinji logo foi percebida por Vincent.

    ? Oh! ? Vincent percebia a atenção de Shinji voltada às obras. ? Toda essa tralha é do Mathew, ele adora ler sobre variados assuntos.

    Shinji, em silêncio, foi para perto dos dois.

    ? Mathew disse que você precisava falar comigo...

    ? Ora, sim, claro! Bem, não eu exatamente.

    Shinji de início ficou confuso mas logo entendeu que provavelmente quem gostaria de falar com ele era aquele homem loiro sentado no sofá. O homem se levantou, Shinji e ele apertaram suas mãos e logo em seguída o homem se apresentou com uma voz suave.

    ? Meu nome é Damien North, talvez já tenha ouvido falar de mim.

    Shinji se recordou do comentário de Mathew sobre o presidente das Industrias North estarem ajudando Postmortem com veículos e armas.

    ? Agora, Kings, se puder nos dar alguns minutos... ? Apesar de seu jeito humilde de falar, Damien soava um tanto superior a Vincent. Shinji percebia isso até porquê ele estava praticamente mandando Vincent sair de sua própria sala.

    Vincent deu uma rápida olhada para Shinji e Damien e então deixou a sala sem dizer uma palavra.

    ? Bem, sente-se, meu jovem.

    Shinji sentou-se em uma cadeira à frente do sofá. Ele se virou para Damien, esperando o que ele tinha para falar.

    ? Me fala, Shinji... o que você acha sobre tudo isto... Postmortem, o mundo todo em caos, demônios. Qual sua opinião sobre o que tem acontecido nestes ultimos... o quê, dez anos?

    ? Que tipo de pergunta é essa? O quê eu deveria achar? Eu só gostaria que tudo voltasse a ser como antes.

    ? Como antes? Você realmente quer isso ou só está citando o que todos dizem que querem?

    ? Como assim? É claro que eu quero, o mundo está um caos, como você mesmo disse.

    ? Bom, mais da metade da sua vida você viveu neste conflíto, não?

    ? Quando tudo isto começou eu tinha 7 anos, não me lembro de muitas coisas antes disso mas... eu sei que era melhor.

    ? Você me parece um tanto confuso sobre seu passado. ? Damien falava sem tirar os olhos de Shinji.

    ? Eu não sei muito sobre meu passado, só sei que em uma noite chuvosa, uma mulher me deixou na porta de Akira Hirano, o pai de Shiro e Aiko. Ele me pegou e me tornou parte da família.

    ? Sim... entendo. Você tinha quantos anos quando essa mulher lhe deixou?

    ? Hum... ? Shinji se perguntava o porquê de tanto interesse sobre sua vida. ? Uns quatro ou cinco anos, por quê?

    ? Curiosidade apenas. Como foi que você se envolveu com Postmortem, mesmo?

    ? Eu... eu não me lembro muito bem mas aparentemente, enquanto eu procurava a Shiro eu fui derrotado por um grupo de demônios, e foi aí que Postmortem me salvou. Parece que a Shiro também já fazia parte do grupo, segundo aquele padre. Eles... eles estavam me observando, por algum motivo.

    ? Você sabe o motivo, não sabe?

    ? Sim, eu sei. Eles acham que eu posso ajudar porquê tem algo estranho comigo... algo que me torna mais forte que os outros...

    ? Suponho que nem você conheça a fonte de toda essa força, correto?

    ? Eu não sei, às vezes... Não, deixa pra lá.

    ? O quê? Diga. ? Damien se inclinava pra frente, interessado.

    ? Às vezes... tem essa fúria que me domina. Eu perco o controle de mim mesmo e começo a agir de acordo com raiva. Na maioria das vezes eu não me lembro muito bem do que aconteceu.

    ? Hum, e nessa sua... ?persona? você se auto-intitula o ?anjo da morte?, não é?

    ? S-sim. ? Shinji pensou em perguntar como ele sabia disso mas logo imaginou que ele teria acesso às gravações que as câmeras de Postmortem espalhadas por Nagasaki gravaram.

    Damien se levantou e andou pela sala. Após olhar um pouco ao redor, voltou a olhar para Shinji.

    ? Shinji, eu sei qual a fonte da sua força. Por isso lhe chamei aqui, por isso eu vim aqui.

    Shinji olhava atento para Damien, sem entender muito bem do que ele estava falando.

    ? Você é, provavelmente, a pessoa mais importante desta guerra entre humanos e demônios. Eu vim aqui para lhe dar uma missão. Uma missão que, se for bem sucedida, colocará um fim neste caos.

    Com um estalar de dedos, Damien fez as portas da sala se fecharem. Shinji se levantou, assustado e desconfiado do homem misterioso.

    ? Escute o meu pedido, Shinji Hirano, pois esta pode ser a sua ultima chance.


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