Hocus Pocus To Me.

Tempo estimado de leitura: 4 horas

    16
    Capítulos:

    Capítulo 8

    O paradoxo da realidade.

    Álcool, Adultério, Heterossexualidade, Homossexualidade, Linguagem Imprópria, Nudez, Suicídio, Violência

    Olá pessoal!

    O capítulo de hoje provavelmente deixará vocês menos confusos e possivelmente preencherá as lacunas deixadas pelo anterior!

    Eu preciso que vocês tenham em mente que essa fanfic envolve mistério minna! Então obviamente, com o desenrolar da estória todas as coisas irão se encaixando e esclarecendo :3

    Aliás, em breve as coisas começarão (ou não) a ficar mais macabras u.u (Lembrem-se do suspense e terror)... De fato, não será do tipo apavorante e tal, mas com certeza as coisas ficarão mais interessantes xD

    Espero que continuem acompanhando a Fanfic para desvendarem esse mistério que envolve a Sakura e o Sasuke!!!

    A música do capítulo é a Zoetrope da Yanagi Nagi! (Muito diva essa música) Deixarei postada nas Notas!

    Link: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=FO9IR5D1koQ

    Boa leitura

    No fim das contas, aquele despertar retrógrado havia confundido ainda mais a perturbada cabeça da menina que se encontrava estarrecida naquele momento.

    (...)

    A jovem atordoada, ainda sentada no sofá, estava imersa em sua confusa mente. Passou-se a manhã, findou-se a tarde e a noite já lhe dava boas vindas escurecendo a casa de luzes apagadas.

    Uma forte ventania gelada empurrou a porta da sala, invadindo-a junto com a neve. O forte estrondo que fez, instantaneamente despertou a menina do estado de transe no qual se encontrava.

    ? Eu deixei a porta aberta? ? indagou-se em pensamento e seguiu até a mesma, para fechá-la.

    Por mais que tudo o que se passara naquele sonho tivesse sido tão real, ela sabia que deveria voltar a sua vida normal e apenas deixar tudo aquilo guardado em suas profundas memórias.

    O estômago roncou alto, estava faminta, como se não se alimentasse há dias, então ela cogitou ir à cozinha, entretanto, desistiu no meio do caminho, tomando o rumo de seu quarto.

    Levou a mão à maçaneta e abriu a porta, adentrando o cômodo. Deitou-se sobre a cama, ainda trajava o seu pijama azul com estampa de panda.

    A cabeça sobre o travesseiro parecia girar, não conseguia por um segundo sequer, parar de pensar. Fechou os olhos verdes forçadamente, mas o sono não lhe vinha amparar, sentia como se tivesse dormido por dias, embora isso não fizesse o menor sentido, uma vez que ela havia dormido apenas uma noite, em seu sofá...

    As horas foram transcorrendo e pela madrugada, a solidão que outrora naquele estranho sonho havia se extinguido, agora lhe abraçava novamente, até mesmo parecia que sentia saudades.

    De repente, os olhos fechados, finalmente relaxaram e a menina adormeceu. Apenas escuridão era o que via... Nada de sonhos, nada de nada.

    A frágil claridade da aurora adentrou pelos fechos da janela, atravessando por entre as vidraças e rumou nos olhos fechados da jovem que sobre o leito dormia. Incomodada com àquela luz, a garota despertou.

    Sentou-se sobre a cama, coçou os olhos e espreguiçou-se. Levantou-se e seguiu até o banheiro. Aquele seria apenas mais um dia como outro qualquer, ao menos era o que ela achava.

    Após ter lavado o rosto e escovados os dentes, a menina de cabelos róseos caminhou pelo corredor, chegando à cozinha. Tomou apenas um copo d?água e adentrou a sala, sentando-se no sofá.

    Em um momento ela se levantou e olhou pela enorme janela da sala, como se naquele ato pudesse observar Nana perto da floresta, como assim aconteceu naquele sonho estranho que tivera. Entretanto, apenas enxergou a brancura daquela paisagem glacial.

    Desapontada, sentou-se outra vez, os olhos entristecidos passaram a fitar o nada e distraídos, percorreram pelos móveis da sala, notando um pequeno papel sobre a mesa de centro.

    ? O que é aquilo? ? a jovem inquiriu-se em pensamento, confusa.

    Ela inclinou-se para frente e levou uma das mãos até a folha de papel, apanhando-a e a trazendo para si:

    ? Um bilhete? ? sugeriu mentalmente e começou a ler.

    Aquela forma de escrever, aquela caligrafia soberba, aquelas palavras carregadas de sarcasmo que tanto lhe enojava... O tio havia deixado-lhe uma carta?

    ? Dentro de três dias contando da data de hoje, marcada neste papel, eu virei aqui novamente para saber da sua decisão... Sem mais! Beijos do seu tio que... Te ama muito! ? ela finalizou a leitura com desprezo.

    Ainda com o papel em mãos, os olhos procuraram pela data, encontrando-a ao rodapé do bilhete...

    ? Nove de dezembro... ? ela murmurou a data, pensativa.

    Após alguns minutos, ela deu-se conta de um detalhe...

    ? C-Como assim, nove de dezembro? Ontem deveria ter sido dia oito e hoje dia nove... ? transtornada, ela seguiu rapidamente até o calendário digital sobre o balcão da cozinha. ? Doze de dezembro... DOZE? ? ela perguntou-se chocada.

    Lembrava-se bem que era dia sete quando adormecera na sala e tivera aquele sonho estranho, será que ela havia realmente dormido por quatro dias?

    Pior do que isso... Como assim o tio havia lhe deixado aquela carta no dia nove, como se ela tivesse desaparecido, se parecia que ela havia dormido no sofá durante quatro dias?

    Aquele paradoxo da realidade, acontecimentos estranhos... Naquele momento, ela já começava a duvidar de sua sanidade mental.

    De repente ela ouviu um barulho, parecia que o telefone estava tocando. Voltou à sala e constatou que era de fato, uma ligação. Aproximou-se do aparelho, no entanto, não teve coragem de atender. Esperou até que caísse na caixa postal e em silêncio ouviu:

    ? Droga... Espero que você tenha chegado em casa florzinha! Como prometi na carta, já estou indo aí buscar a minha resposta... Espero que você esteja bem... Estou em uma reunião, portanto, daqui umas duas ou três horas eu chego aí ? ele avisou e logo desligou o telefone.

    Em estado de choque, os olhos verdes arregalados marejaram-se. Boquiaberta, olhava ao redor e tentava processar tudo o que estava acontecendo.

    ? N-Não pode ser! Era aquele maldito, o dia não faz sentido, esta carta não faz sentido, esta data não faz sentido, esta ligação não fez sentido, nada, nada... NADA ESTÁ FAZENDO SENTIDO! ? as mãos agarraram-se aos cabelos róseos e prenderam-se em desespero.

    Afastou-se até encostar-se contra a parede da sala, deslizando por ela até sentar-se no chão. Pôs-se a chorar aterrorizadamente, de olhos fechados.

    Antes que percebesse, duas horas já haviam se passado ela ainda chorava encolhida naquele canto do cômodo. Alguns minutos depois ouviu o leve barulho do motor de um carro que pareceu estacionar em frente ao alpendre de sua casa.

    Os olhos assustados abriram-se abruptamente e miraram no relógio analógico na parede ao lado da porta, só então tomando noção do tempo.

    Ela levantou-se em silêncio e caminhou sorrateiramente até o corredor. O ranger do afundar de passos sobre o assoalho que se aproximavam da porta, era assustador.

    Sentia que a qualquer momento o coração subir-lhe-ia à garganta. Escondida por detrás da parede, ela observou a maçaneta da porta ser girada lentamente e antes mesmo que avistasse aquele homem que tanto odiava, o pânico obrigou-lhe a correr dali.

    ? Hãn? Não tem ninguém aqui na sala... ? ele murmurou adentrando o cômodo. ? Mas espera... Esse cheiro... ? ele suspirou contente ao notar que o bilhete não estava mais no lugar que deixara. ? Florzinha... Eu sei que você está aí... ? seguiu até o corredor.

    O pequeno corpo que tinha, naquele momento viera-lhe a calhar. Rapidamente ela entrou em seu quarto, foi até o seu banheiro, ligou a ducha, espalhou todo o conteúdo do frasco de seu xampu pelo chão e escondeu-se dentro de uma das portas da enorme cômoda de madeira que havia em seu quarto.

    ? Vamos lá, Sakura... Apareça! ? pediu aproximando-se do quarto da finada avó da menina. ? Aham! ? abriu a porta e nada encontrou. ? Droga! ? ele deixou o cômodo e andou até o quarto da garota.

    Assim que chegou à porta, passou a escutar o barulho de água caindo ao chão vindo do banheiro, um sorriso malicioso surgiu entre os lábios do homem que, sorrateiramente caminhou até a porta.

    ? Ora, ora... Quem diria que eu iria vê-la neste momento tão íntimo... E esse cheiro de xampu... ? ele suspirou inebriado com aquele aroma de flores de cerejeira. ? Olá, florzi... ? ele abriu a porta repentinamente e percebeu que não havia ninguém, calando-se. ? Mas o que... ? ele se aproximou da ducha e agachou-se, pegando o frasco de xampu jogado ao chão.

    Aquela era a sua chance, a menina saiu cuidadosamente de dentro da cômoda e correu até o banheiro, notando que o homem estava entretido, ela pegou na maçaneta da porta e puxou com força, girando a chave na fechadura para trancá-la.

    ? DESGRAÇADA! ? o homem notou o que ela fizera e levantou-se agilmente, correndo até a porta.

    ? Droga! Eu tenho que sair logo daqui! ? ela murmurou indo até a cômoda e arrastando-a até a porta para que segurasse o seu tio preso ali dentro por ao menos um pouco mais de tempo. Saiu do quarto, também o trancando.

    ? PORRA! ABRA ESSA PORTA... ? ele gritou furioso, chutando a porta. ? Merda... Porque essa porta tinha que ser feita de madeira tão resistente? ? inquiriu-se fulo de raiva.

    ? Oh céus... Se eu correr até lá fora, é apenas uma questão de tempo para que eu morra por hipotermia! Mas se eu ficar... Ele me mata! Bom, se de qualquer jeito eu irei morrer... Que não seja pelas mãos desse desgraçado! ? ela decidiu engolindo a seco.

    Minutos depois um forte estrondo veio de seu quarto, provavelmente a porta de madeira do banheiro havia sido estourada. Não tinha mais tempo para pensar:

    ? Tenho que fugir daqui! ? ela andou pelo corredor e chegou à porta da sala. ? Vamos lá, Sakura! ? ela suspirou pesadamente, olhou para o lado e notou o par de botas de neve, colocando-o e escutou outro barulho vindo do rumo de seu quarto. ? Droga... Ele já arrebentou a outra porta também? ? indagou-se apavorada e começou a correr em direção à floresta congelada.

    ? MALDITA! ? ele escutou o ranger dos passos que ela deu sobre a madeira oca do alpendre e seguiu até a porta da sala. ? VOLTE AQUI! ? ele berrou avistando a menina de pijama azul, de cabelos soltos e de botas, indo na direção da mata e passou a persegui-la.

    Porém, por mais que ela estivesse fraca e por lógica, o homem rapidamente deveria lhe alcançar. Felizmente aquele ambiente glacial estava favorecendo a ela, uma vez que devido ao peso do mais velho e a falta das botas apropriadas para aquele ambiente, suas pernas afundavam-se constantemente dentro da neve fofa, enquanto a menina, por ser bem leve e estar calçando os sapatos adequados para aquela situação, tinha mais facilidade para correr sobre todo aquele gelo.

    ? Caralho... Desse jeito eu não irei alcançá-la! ? ele murmurou tremendo de ódio. ? Quando eu te pegar eu vou te matar, sua desgraçada! ? ele berrou fazendo sua voz ecoar pela floresta.

    ? Você consegue Sakura! ? ela animou-se olhando para trás e percebendo que o tio se aproximava lentamente, por causa da dificuldade.

    Quase meia hora depois, os lábios estavam arroxeados, não parava de bater o queixo, tremendo de frio. Já podia caminhar por entre as árvores coníferas daquela mata coberta de neve. O som da natureza hiberna era quase escasso, qualquer ruído por menor que fosse poderia soar alto e até mesmo ecoar pelo local.

    ? C-Céus, logo aquele homem irá me alcançar e eu n-não consigo mais andar! Minhas mãos estão tão geladas que chegam a doer... ? ela murmurou encostando-se em uma árvore e sentando-se no chão de gelo.

    Ela encolheu as pernas e quando foi abraçá-las, olhou para uma das mãos delicadas...

    ? Que lindo, é uma cor tão perfeita... ? ela elogiou a fina fita azul amarrada em seu dedo mínimo. ? O que... ? ela arregalou os olhos, transtornada. ? M-Mas essa fita, aquele dia, no sonho, aquele garoto, aquela katana, aquele... Espere aí, eu nunca sonho... ? ela calou-se atordoada com aquela recordação. ? SASUKE! ? apavorada, ela gritou com todas as suas forças, fazendo com que sua voz ecoasse pela imensidão daquela floresta.

    (...)

    Os olhos negros fitavam a fita azul amarrada na empunhadura do sabre que tinha em mãos. Deitado sobre o fino futon da tenda, o rapaz parecia alienado daquela realidade, afogando-se em lembranças...

    No dia anterior...

    A alvorada já havia levado sua claridade até aquele acampamento. O rapaz adormecido, logo se despertou e se sentou. Espreguiçou-se, levando a mão à boca que bocejou. Pôs-se de pé, enrolou o fino colchão e o guardo no canto daquela espécie de cabana.

    Foi até uma bacia de madeira com água morna que há minutos atrás uma mulher mais velha, como de costume, deixará ao lado da saída.

    Lavou o rosto e rapidamente secou-o com a toalha posta ao lado do recipiente que continha o líquido.

    ? Será que a suicida cor-de-rosa já acordou? ? indagou-se em pensamento.

    O rapaz apanhou sua katana, embainhou, levantou-se e deixou àquela barraca, seguindo até a em que se encontrava a garota.

    ? Bom dia... ? ele calou-se notando que apenas a pequena menina descabelada, a qual todos chamavam de Nana-chan, estática, olhava para o futon vazio da rosada. ? C-Cadê aquela irritante? ? ele perguntou engolindo a seco.

    ? Aquela velha disse que ela voltou para casa! ? a menina respondeu com os olhos marejados, sem deixar de olhar para o fino colchão.

    ? P-Para casa? ? inquiriu chocado, sem sequer piscar.

    ? Sim... ?Lá é o lugar dela e não aqui com a gente?! Foi o que a velha disse pra mim quando falei que iria buscá-la! ? a garotinha começou a chorar descontroladamente.

    ? Entendo... ? ele murmurou apático. ? No fim, não era como se ela não tivesse um lar, igual a mim...? pensou entristecido.

    Transtornado com aquela situação, ele apenas aceitou a realidade e silenciou-se o dia todo, pensativo. A noite chegou e rapidamente passou, dando início a aquele novo dia, o qual vivenciava no dado presente.

    ***

    De repente, uma forte sensação desconfortante sentiu o coração. Os olhos que ainda observavam a fitinha azul enlaçada na empunhadura da katana afiada desvencilharam-se para o rumo da floresta que podia avistar de dentro de sua tenda.

    Os olhos que, outrora eram negros iguais ao ébano, naquele instante tornaram-se rubros. Aquela doce voz, que antes soava-lhe suave aos ouvidos, escutou-a mergulhada em desespero, em meio as lágrimas.

    Aquele nome que clamara... Era apenas o seu!

    ? Foi apenas a minha imaginação? ? ele inquiriu-se confuso. ? Não... Independente do que seja, eu irei encontrá-la para ver se está tudo bem! ? decidiu, levantando-se e deixou a barraca.

    Passou a correr no rumo da mata, executando alguns selos de mão. Podia sentir a direção na qual ela estava. Aquele pedaço de fita azul maior parecia reagir ao menor enlaçado no dedo mínimo da menina.

    Com o transcorrer dos minutos, a cada passo ele sentia àquela presença frágil ficando mais forte e logo ele começou a sentir também uma segunda presença, entretanto, esta era hostil.

    ? Essa intenção assassina... Alguém está... Não pode ser! ? o rapaz aterrorizou-se com aquele pensamento e aumentou ainda mais a velocidade em que corria.

    Ofegante, a respiração descompassada desfazia-se em fumaça dispersa pela boca avermelhada. Na medida em que se aproximava, o coração parecia acelerar mais e mais.

    Daquela distância, pôde finalmente avistar a jovem garota de desalinhados fios de cabelos róseos, sentada ao pé de uma árvore, abraçada às pernas, tremendo de frio e mais adiante, um homem com uma expressão facial assustadora, chegava cada vez mais perto dela.

    ? Já se cansou, florzinha? ? perguntou aos berros, com ironia. Os olhos estavam marejados em ódio.

    A menina nada respondeu, permanecendo calada e seus tristes olhos verdes, inertes, fitavam o nada a sua frente.

    ? Sakura... ? proferiu o rapaz de cabelos negros que se aproximava.

    ? Hãn? ? ela olhou na direção em que escutara aquela voz familiar, os lábios secaram. ? S-Sasuke-kun?! ? ela pronunciou atemorizada. ? N-Não foi um sonho? M-Mas... O que... O que está acontecendo? Oh Céus, sinto que estou no ápice da loucura! ? ela pensou olhando para o moreno.

    ? Sim... Sou eu! Eu lhe disse que com essa fita amarrada ao dedo, onde quer que você estivesse, eu lhe acharia! ? ele apontou para a pequena mão da jovem e chegando perto dela, agilmente, envolveu-lhe com o seu espesso casaco de neve.

    ? F-Fita? ? ela olhou na direção da pequena tira azul amarrada em seu dedo mínimo.

    Segundos depois, quando ergueu a cabeça outra vez, voltando a encará-lo, o pânico tomou conta da face delicada, a jovem que se encontrava acolhida nos braços do rapaz percebeu que os olhos, que antes eram negros, naquele momento, vidrados nela, estavam escarlates, feito sangue vivo.


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