É por amor.

Tempo estimado de leitura: 6 horas

    16
    Capítulos:

    Capítulo 13

    Sentimento hostil.

    Álcool, Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo, Violência

    Yo pessoal!

    Bom, o capítulo de hoje está bem interessante (na minha opinião claro u.u) e aliás, acho que o título já diz quase tudo x3

    A música tema desse capítulo é a mesma do anterior, só que o passado foi a versão da Avril Lavigne e neste será a versão original, portanto, é a How You Remind Me - Nickelback (*O* demais essa música, deixarei como sempre nas notas ^^)

    Link: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=fDGPUDkTeZI

    Notas:

    Arigatou - Obrigado (-_-)''

    Shiybuya - Bairro onde Ino e Hinata trabalham.

    Setagaya - Bairro em que Sasuke mora.

    Boa leitura!

    Embora houvesse pessoas ao seu redor, o rapaz parecia não notar nada a sua frente além da menina de cabelos róseos, que aos poucos, acompanhada de um estranho, sumia em meio à multidão, deixando-o para trás com aquelas palavras afiadas que lhe rasgaram peito à dentro e suas lágrimas. E só assim, ele finalmente percebeu o quão era doloroso ser tratado com tanto desdenho, frieza e ser ignorado pela pessoa mais importante de sua vida.

    (...)

    Aquela segunda-feira transcorria-se lentamente aos olhos do rapaz que sentia como se já fizesse uma eternidade que havia saído da sala para o intervalo do almoço e o mesmo ainda não havia acabado.

    Cabisbaixo, sentado desleixadamente sobre uma cadeira ao redor de uma das várias mesas da praça de alimentação, solitário ele mexia em seu celular, embora o fizesse apenas para mascarar os seus olhos vermelhos e inchados, enquanto o seu lanche intocado à sua frente estava apenas enfeitando o ambiente:

    Tsc... Quando foi que ela aprendeu a fazer amizades? Eu era o seu único amigo, “eu”! — ele se martirizava mentalmente. — Maldição, porque eu reagi daquele jeito? Seria bom se ela começasse a me evitar, certo? Certo, Uchiha Sasuke? É isso o que você queria, não? — sua consciência começou a questioná-lo. — Droga... Antes, embora eu precisasse ignorá-la, no fundo, era reconfortante acreditar que ela ainda gostava de mim, mas agora... Eu sei que ela me detesta e isso dói! Porém, será melhor assim... — murmurou abatido e mordeu o lábio inferior, pensativo.

    — SASUKE! — a ruiva surgiu do meio da multidão e aproximou-se da mesa em que o moreno estava sentado, sentando-se também, no entanto, o rapaz sequer notou-a ali, permanecendo calado enquanto fuçava em seu aparelho celular. — Hey, porque você não foi pra sala de aula? — ela questionou curiosa.

    — Eu fui... — ele contou sem tirar os olhos do telefone móvel em suas mãos.

    — Como assim? Eu não te vi por lá... — foi interrompida.

    — Você leu as instruções para os calouros, não? — perguntou entediado.

    — E o que seria isso? — respondeu com outra pergunta, confusa.

    — Aquele papel que estava sendo distribuído nas entradas dos pátios... — argumentou mecanicamente, inexpressivo.

    — Ah, aquele papel? Eu o usei para limpar a caca de um passarinho que caiu na minha blusa... O que é que tem ele? — comentou e inquiriu posteriormente.

    — Nele explicava bastante coisa interessante sobre a área de economia... Uma delas é que não apenas uma, mas existem várias salas destinadas a este curso, que é um dos mais procurados por aqui! E graças aos céus eu não caí na mesma sala que você! — explicou impassível, com a voz pesadamente sombria.

    — O que? Como assim? — ela bateu as mãos sobre a mesa e se pôs de pé, furiosa. — Isso não é possível, irei diretamente ao reitor reclamar! — avisou decidida e quando percebeu que o rapaz não teve nenhuma reação, ela assustou-se arregalando os olhos. — Hey... — ela estalou os dedos na frente dos olhos dele. — V-Você não vai discutir comigo por causa disso? — questionou transtornada com aquela atitude.

    — Faça como quiser! — ele desvencilhou os olhos do celular e fitou friamente os olhos da mulher, que estática, até tentou começar uma frase, mas aquele olhar tão hostil havia valido mais que mil palavras, deixando a ruiva encabulada. — Tchau! — o garoto deu de costas para ela, deixando a mesa e o seu lanche intacto sobre a mesma, passando a caminhar a esmo.

    — Ele está tão estranho... — a mulher murmurou atordoada. — Faça como quiser? — ela repetiu as palavras dele. — Então ele não se importa? Isso... Isso seria porque ele está... Ele poderia estar apaixonado por mim? — ela indagou-se e esboçou um sorriso de orelha a orelha após aquela interpretação. — Kyah! Tenho de ir à reitoria para obrigá-los a me colocar na sala do meu amor! — suspirou determinada, apanhou o copo de suco intocado do rapaz sobre a mesa e o tomou em um único gole, saindo correndo de lá em seguida, rumo à reitoria da universidade.

    Naquele instante o jovem de cabelos negros, distraído, seguia por entre as mesas da praça de alimentação, no entanto, em um breve momento ele olhou ao redor e notou sentada à mesa, a menina de cabelos róseos acompanhada de suas prováveis amigas:

    — Irônico, antes ela que estava sozinha e eu cercado de amigos... Até parece que invertemos os papéis! — murmurou abatido e em poucos segundos a menina olhou para ele, no entanto, instantaneamente desviou o olhar, ignorando-o. — Tsc... Quanta hostilidade vinda de alguém que costumava ser tão fofa! — pensou irritado e voltou a seguir seu caminho.

    Logo o sinal anunciou o fim daquele intervalo que começara ao meio-dia, finalizando-o ao meio-dia e meia e o jovem Uchiha suspirou aliviado, indo para a sala de seu clube, e aos poucos, assim todos o fizeram, seguindo cada um para as respectivas salas de seus clubes:

    — Até que enfim! — o rapaz proferiu adentrando a sua sala, entretanto, algo lhe chamou a atenção no corredor e um pouco curioso, ele regrediu alguns passos, pondo-se à porta para ver o que estava acontecendo ao lado de fora.

    A mulher de cabelos ruivos seguia pelo corredor conversando aos gritos por celular, aparentemente furiosa.

    — O que? Você está dizendo que aquele reitor de merda está certo? — ela indagou irritada. — Pois então você está despedido! Vou arranjar outro advogado, seu inútil! — vociferou enraivecida. — O que? Você me agradece por isso? Hey, não desliga na... — ela retirou o telefone móvel da orelha, olhando-o chocada. — Esse filho da puta desligou na minha cara? Ai que ódio! — ela berrou enlouquecida e foi até a sala de culinária.

    — Ótimo! Então ela entrou no clube de culinária... Tenho pena do dobe, já que ele também está nesse clube... Mas antes ele do que eu! — o garoto sorriu depois de ter visto aquela cena e entrou em sua classe novamente.

    Calado, ele foi até uma das cadeiras, sentando-se na mesma e observou que havia apenas duas meninas no meio de aproximadamente vinte homens calouros naquele clube.

    — Atenção, novatos! — o veterano presidente do clube chamou a todos os iniciantes que passaram a olhá-lo. — Bem-vindos ao clube de fotografia... Pronto! Chega de cerimônia... Todos peguem as suas câmeras e vamos começar a fotografar as gostosas de maiô no clube de natação! — o homem expôs com chamas nos olhos e saiu correndo da sala, sendo seguido por todos os calouros e veteranos, exceto as duas meninas e o Uchiha que permaneceram sentados, boquiabertos.

    Raios, isso é só um clube de pervertidos... — o rapaz pasmo olhou para as meninas, que ainda estavam estáticas, em estado de choque.

    — V-Vamos Mariko-chan, precisamos pegar o nosso formulário de volta e nos inscrever em outro clube! — a loira gaguejou e riu sem graça.

    — S-Sim Reiko-chan! Você tem razão, vamos... — a morena também gaguejou e logo as duas saíram correndo da sala, deixando o garoto sozinho.

    — Tsc... Esse clube é uma furada, mas se serve de consolação, ao menos não vejo a Karin por aqui! — suspirou aliviado, embora ainda estivesse frustrado. — Enfim, tem um bom estúdio nessa classe, então mesmo sozinho na causa, dará para fazer um bom trabalho! — observou as instalações modernas do ambiente e se contentou.

    Provavelmente, ele seria o excluído daquela turma de depravados, uma vez que não iria acompanhá-los em suas aventuras devassas, fotografando as meninas de outros clubes.

    (...)

    Na sala do clube das flores, todos os novatos estavam sentados sobre as pernas ao chão, escutando atentamente o que a veterana dizia:

    — Prazer em conhecê-los, meu nome é Tanaka Chiharu! As flores são a vida, a alegria, o amor... — ela falou por quase meia hora sobre aquele assunto.

    — Chiharu-senpai ama as flores! — comentou a Hyuuga com olhos brilhantes.

    — Bom... — a mais velha parou de falar e pigarreou. — Vamos agora ouvir algumas palavrinhas do nosso presidente! — ela saiu da mesa central, pondo-se ao lado da cadeira.

    O rapaz de longos cabelos negros sentou-se à mesa e cruzou as mãos, entrelaçando os dedos:

    — Olá! Sou Hyuuga Neji, o presidente atual deste clube e espero que todos vocês trabalhem duro, pois as flores não se arranjam sozinhas! — avisou estampando sua expressão serena.

    — Neji nii-san? — a morena arregalou os olhos ao reconhecer o mais velho e sua voz soara bem alta.

    — Aqui é Neji-senpai pra você, Hinata! — advertiu olhando-a irritado.

    — S-Sinto muito, Neji-senpai! — ela abaixou a cabeça, envergonhada.

    — Bom, continuando... Sem mais delongas, venham todos escolherem os seus equipamentos! — o jovem levantou-se da cadeira e passou a caminhar rumo aos fundos da sala e foi seguido pelos novatos.

    A menina de olhos aperolados, acanhada, ficou para trás e o primo notou o seu pesado semblante, aproximando-se dela:

    — Não vai lá escolher? — questionou friamente.

    — Não tem problema, posso ficar com o que sobrar! — ela argumentou abatida, sem olhar para o garoto.

    — Hum... Aqui, toma! — ele estendeu algumas ferramentas que tinha em mãos. — Um bom jardineiro precisa de boas ferramentas! — expôs um pouco mais simpático e assim que ela apanhou os objetos, ele deu de costas e voltou para os fundos da sala.

    — Arigatou, Neji-senpai... — agradeceu em voz baixa.

    Era inevitável recordar-se de como eram tão amigos na infância e agora ele a tratava com tanta frieza, embora assim como ela, ele também fosse apenas mais uma vítima da família tradicional e rígida a qual ambos pertenciam.

    (...)

    Em outro clube por ali perto, o rapaz de cabelos loiros, eufórico, escutava atento a todas as dicas que a veterana dava e junto dos novatos, ele também seguia a senpai para conhecer melhor aquele lugar.

    — Ei tia, quando a gente vai aprender a fazer ramén? — o garoto questionou com um brilho no olhar.

    — Olha só rapaz, tudo ao seu tempo! — a garota pronunciou enfadada. — E não me chame de tia, que eu não sou tão velha assim! — rugiu furiosa, com os olhos vermelhos.

    — S-Sim, senpai! — ele engoliu a seco, calando-se rapidamente e a mais velha voltou a falar.

    De repente, a porta da sala foi fechada com tamanha violência que ocasionou um tremor e todos os objetos pendurados na parede caíram em sequência. A garota de cabelos vermelhos que até então mexia em seu celular, parada na soleira da porta, sem noção do estrago que sua ação havia causado, deixou de olhar para o seu aparelho e passou a seguir em direção à turma que estava assustada:

    — Oi priminho! — ela sorriu e correu até o Uzumaki.

    Oh meu Deus, porque logo a Karin? Se fosse para me matar, que mandasse logo um raio direto na minha fuça! — arregalou os olhos, apavorado.

    — Nossa... Você não mudou nada! Eu ainda sou mais alta que você, Naruto! — ela sorriu com ironia, pondo-se ao lado do garoto trêmulo.

    — Haha... P-Pois é... — ele riu sem graça, tentando apartar-se dela. — E você continua a mesma girafa desengonçada! — murmurou de forma que a outra não ouviu. — Aliás, o que alguém como você faz no clube de culinária? — interrogou deprimido.

    — Ah, eu não achei nada que me interessasse e como é obrigatório participar de um clube, decidi entrar nesse aqui! Sabe como é, né? Preciso melhorar as minhas habilidades... — confessou convicta de sua decisão.

    Melhorar habilidades? Quais habilidades? Se não me falha a memória, eu usava os biscoitos que ela fazia no lugar das pedras no estilingue e conseguia abrir buracos até em concreto! — pensou espantado.

    — Com licença, os dois engraçadinhos estão interrompendo! — a veterana olhou-os com uma cara feia.

    — D-Desculpa, senpai! — sorriu envergonhado. — Vamos, continue... — sugeriu suando frio.

    — Bom, como eu dizia... — ela voltou a falar sobre o clube de culinária.

    — Hey, priminho... — a ruiva sussurrou no ouvido dele. — O pintinho cresceu ou ainda continua pequenininho? — ela questionou com sarcasmo. Instantaneamente o loiro empalideceu e perdeu a cor dos lábios.

    Deus, eu quero morrer! — pensou transtornado e olhou para os lados, aflito. — Será que alguém escutou? — indagou-se mentalmente constrangido com aquela possibilidade. — Karin, me deixa em paz! — exigiu, olhando-a enraivecido.

    — Ah, não fica assim vai... Você não sentiu a minha falta? — indagou esboçando um sorriso estranhamente amigável.

    — Nenhum pouco! — ele respondeu direto, com um olhar de indiferença.

    — É... Você ainda é irritantemente sincero! — contou aborrecida e se afastou do jovem. — Por agora eu vou te deixar em paz, priminho... Até mais! — ela deu de costas e foi até uma das mesas, sentando-se em uma cadeira.

    Aliviado por estar em uma distância consideravelmente segura de sua prima que não via há anos, o loiro suspirou e engoliu a seco, mantendo-se em profundo silêncio, enquanto ouvia o que a veterana explicava e claro, temendo que alguém tivesse ouvido o que a boca amaldiçoada da ruiva proferira a respeito de sua intimidade.

    (...)

    A garota de longos cabelos loiros, incrédula, observava todos os desenhos espalhados pela sala, fossem pendurados nas paredes ou ostentados por armações de madeira, e quase não ouviu nada do que o veterano falava:

    — Noventa por cento disso aqui é mangá! Não há nada relacionado à moda... — suspirou pesadamente e fechou os olhos por alguns segundos. — Tudo bem... Eu vou sobreviver, com certeza! — esboçou um grande sorriso otimista que se desfez instantaneamente ao olhar para a porta da sala e perceber que um certo ruivo da sala vizinha surgiu na mesma. A jovem desviou rapidamente o olhar, para que ele não a notasse ali.

    — Olá Ino, como vai? — o garoto aproximou-se dela, já que era ela quem estava mais perto da saída da classe.

    O rapaz não obteve resposta e um pouco confuso, tocou o ombro da loira, que embora tivesse fingindo que não o havia escutado, teve de virar-se para ele, afinal, agora ele a havia tocado e não dava para fingir que não o sentira:

    — O que quer? — questionou com o maior desinteresse e irritação que conseguiu reunir naqueles pouquíssimos segundos.

    — Nossa... Ino, você ainda tem raiva de mim por causa daquilo? — o jovem inquiriu mordendo o lábio inferior.

    — Isso foi uma pergunta retórica, né? — ela inquiriu com ironia. — Pois se não foi... Claro que não, eu já me esqueci dos enormes chifres que você me colocou, queridinho. Nem me recordo mais do peso de toda aquela galhada que carreguei feito idiota no colegial, sendo motivo de chacota do pessoal da escola! — ela expôs com a voz carregada de sarcasmo e uma cara ainda pior.

    — Ufa... Deixa-me muito aliviado saber que você não guarda rancor de mim, Ino! — ele comentou sem sequer notar o sarcasmo descarado da garota.

    — CALADO! — ela explodiu, seu rosto estava quente de ódio. — Pra você é Yamanaka-san! Não quero que dirija a palavra a mim outra vez, aliás, quando olhar pra mim, finja que não me viu... Certo? — exigiu furiosa e deu de costas para o garoto. As pessoas do clube de desenho olhavam-na assustadas. — O que vocês estão olhando? — ela gritou e em um estante as pessoas deixaram de fitá-la e ela trotou até o fundo da sala, para ver se desaparecia da vista do rapaz que deixou na porta, boquiaberto.

    — Nossa... — o jovem chocado não tinha palavras para proferir mais nada. — Céus, até esqueci o que eu tinha vindo fazer aqui... — deu meia volta e voltou para a sala de seu clube.

    Naquele momento, no fundo da sala, a loira já mais calma se lamentava em pensamento por ter protagonizado aquela cena ridícula:

    Droga, droga... Eu sou uma mulher elegante e educada, mesmo querendo esganar o pescoço daquele desgraçado, não posso descer do salto nunca mais! — pensou decidida e tornou a observar os desenhos da sala.

    No entanto, de repente, ela tropeçou nos pés de uma armação de madeira e acabou caindo na direção de um garoto que pintava um quadro, levando-o ao chão consigo e as tintas caíram todas, sobre a cabeça dele.

    — Ai meu Deus... — ela levantou-se apavorada e retirou o suporte de tintas já vazio, de cima da cabeça do rapaz, que ficou com os cabelos coloridos. — E-Eu sinto muito, sério... Desculpe-me, eu estava distraída... — foi interrompida.

    — Tudo bem... — o garoto se levantou tranquilamente e olhou para a tela. — Ao menos não estragou o meu quadro, loira imbecil! — ele esboçou um sorriso cínico.

    — I-Imbecil? — ela repetiu a ofensa, rindo sem graça. — Ai que vontade de manda-lo ao inferno neste instante... Controle-se Ino, você é uma mulher culta! — pensou tentando não surtar. — Prazer, m-meu nome é Ino... — ela curvou-se em cumprimento, até esquecera de mencionar o próprio sobrenome.

    — Me chamo Sai, o prazer é todo meu! — ele respondeu estampando um sorriso incrivelmente falso e curvou-se levemente.

    De uma coisa eu tenho certeza... De cara, eu já odeio esse garoto! — ela deu meia volta e se distanciou dele.

    Ex-namorado vizinho de sala, um pintor estúpido colega de clube e por fim, apenas mangá e nada de moda... Sim, a Yamanaka estava frustrada com tudo aquilo, no entanto, custasse o que custar, ela iria manter-se calma e refinada, não iria se submeter novamente a aquele papelão.

    Enquanto isso, na sala ao lado, o clube de artesanato já havia começado as suas atividades. O loiro sentado em uma cadeira ao lado do ruivo conversava em voz baixa com o mesmo:

    — Sasori... E aí? Como foi com a Sakura? Você conseguiu ao menos um beijinho, hum? — questionou quase estragando o vaso de argila que fazia com as mãos.

    — Não... — respondeu estático, enquanto usava o dedo indicador para desenhar na lateral de seu vaso de argila que rodava à sua frente.

    — Não? Então um abraço? — sugeriu incrédulo.

    — Não...

    — Um aperto de mão?

    — Não...

    — Uma piscadela? — o loiro começou a desesperar.

    — Não... — o ruivo olhou para o lado, irritado. — Não aconteceu nada entre nós dois, eu nem sequer toquei no braço dela quando passamos a caminhar lado a lado! — confessou enfadado.

    — Não é possível... Você não é o Sasori, é um clone, só pode! — acusou o outro, transtornado. — O meu melhor amigo Akasuna no Sasori, sempre foi um cara confiante, seguro de si e sempre, repito, SEMPRE, teve todas as garotas que quis, hum! — expôs com orgulho o que o amigo era.

    — Droga Deidara, assim você não está ajudando! — esmagou o vaso de argila que fazia, aborrecido. — Não é só você, eu também estou chocado com a minha atitude perto dela... Mas sei lá, não sei dizer exatamente o que aconteceu comigo! A única coisa que sei é que senti algo que nunca experimentei antes, perto de uma garota e aquilo me fez travar! — argumentou abatido.

    — O que foi que você sentiu, hum? — engoliu a seco.

    — Um frio terrível no estômago e nas mãos, e uma dormência nos joelhos, como se a qualquer instante eu pudesse cair duro no chão... — enumerou, suspirou pesadamente e calou-se.

    Vish... Isso é pior do que eu imaginava! Ele está realmente... — pensou incrédulo, mas interrompeu-se balançando a cabeça negativamente. — Cara... — deu duas leves bofetadas no ombro do outro. — Vamos terminar esses vasos! — voltou a mexer na argila à sua frente.

    O rapaz estava preocupado com o amigo, afinal, depois de todos aqueles sintomas que o jovem ruivo sentira ao se aproximar da rosada, provavelmente, ele ainda iria ter muita dificuldade para conseguir progredir em sua história de amor e por sinal, ainda iria dar muito trabalho para o loiro.

    (...)

    Na quadra coberta, após o breve discurso, as jovens calouras já jogavam ao lado das veteranas e uma delas em particular, era o destaque da equipe:

    — Nossa... Essa chinesa é boa! — comentou uma das mais velhas.

    — Realmente! Ela tem altura, bom porte físico, agilidade, força e precisão! — enumerou a jovem ao lado. — Com certeza das novatas ela é a melhor, talvez, até mesmo melhor que muitas das veteranas... — completou admirada.

    Assim que aquela partida terminou, a mais velha foi até a arquibancada para descansar um pouco e aproveitou para tomar um pouco d’água, de sua garrafinha personalizada, que se encontrava ao seu lado:

    — Tenten-chan! — ela chamou a nova integrante do time.

    — Kaori-senpai! — a menina de coques aproximou-se da outra, projetando-se à sua frente.

    — Você já jogou profissionalmente? — questionou um pouco desconfiada.

    — Bom, profissionalmente não... Eu fazia parte do time de vôlei da minha escola lá em Hong Kong! — contou com a voz firme.

    — Hum... Você joga bem, será de grande ajuda no time! — sorriu simpática e tomou mais um gole d’água.

    — Obrigada senpai! — a morena foi até a suas coisas sobre uma pequena mesa ao canto da quadra e apanhou sua garrafa d’água, tomando quase tudo em um único gole.

    Graças a Deus entrou alguém com talento nesse time de moscas mortas... Pois, tirando a Yoko-chan, eu e o Lee-san, o resto pode se atirar da ponte que não fará falta! — suspirou pesadamente e revirou os olhos.

    O rapaz de sobrancelhas pomposas aproximou-se da jovem novata, que descansava sentada sobre a mesa ao canto da quadra:

    — Yo, Tenten! — sorriu para ela e pôs-se à sua frente. — Você joga muito bem, portanto vamos continuar treinando com toda a força de nossa juventude! — cerrou o punho, com chamas nos olhos.

    — Olha só esquisitão... Não fale comigo como se já fossemos íntimos, beleza? — ela exigiu entediada.

    — Ah, é mesmo... Ainda não me apresentei! Meu nome é Rock Lee, prazer! — curvou-se rapidamente em cumprimento.

    — Hum... E você acha que só saber o seu nome é o suficiente para que eu me torne sua amiga? — indagou ainda mais enfadada.

    — Sim! — sorriu novamente, de orelha a orelha. — Agora podemos ir treinar? — interrogou inocentemente.

    — Tá certo! — ela pulou de cima da mesa e saiu correndo na frente. — Vamos treinar mais um pouco! — concordou aproximando-se do meio da quadra.

    — É assim que se fala! — o rapaz a seguiu.

    — Espera... — a garota de coques parou no meio do caminho e o garoto que vinha atrás, deu de cara em suas costas. — Eu achei que esse fosse um time feminino... — ela olhou para ele.

    — E é! Só que como não tem um time de vôlei masculino na universidade, eu resolvi entrar nesse aqui no ano passado! — contou calmamente.

    — Hum... E isso pode? — indagou confusa.

    — Sim, desde que eu não jogue em nenhuma competição... Na realidade, eu jogo em um time profissional, daí como minha família me obrigou a entrar para a universidade, resolvi entrar no clube de vôlei para aproveitar esse tempinho para treinar! — confessou simpático.

    — Entendi! Chega de papo, vamos jogar... — ela proferiu se posicionando.

    — Certo! — ele tomou o rumo do outro lado do meio da quadra.

    A jovem chinesa estava animada com aquele time e em especial, havia simpatizado com o único garoto daquele clube de vôlei feminino, que assim como ela, tinha muita energia e força de vontade para jogar, mesmo que ele ainda fosse mais exagerado do que ela.

    (...)

    A menina de cabelos róseos, escondida atrás de seus enormes óculos redondos, lia silenciosamente um livro, sentada em uma cadeira ao canto da sala do clube de leitura.

    Ela era a única novata daquele ano e tão logo a curta cerimônia de boas vindas acabou ela já estava sozinha, excluída dos demais que sequer liam livros, pois, na verdade, todos os veteranos encontravam-se calados, mexendo em seus celulares, com expressões de poucos amigos.

    Estranho... Isso é um clube de leitura, mas até agora não vi ninguém lendo nenhum desses livros! — ela pensou olhando ao redor e contemplando as imensas prateleiras repletas de livros.

    Logo o relógio pendurado na parede apontou as quatorze horas daquela tarde de segunda-feira e soou o sinal. Praticamente ao mesmo tempo, todos os membros do clube de leitura guardaram os celulares e se levantaram, seguindo para a porta, sem ao menos despedir-se da novata que ficou para trás.

    No entanto, aquilo era algo que de certa forma ela já estava acostumada, afinal, durante todo o tempo que passou na escola, ela era tratada como se fosse invisível, exceto pelo velho amigo e não era porque Ino, Hinata e Tenten agora eram suas amigas, que todos os outros também seriam.

    Calma, ela levantou-se da cadeira e delicadamente fechou o livro que lia, colocando-o em seu devido lugar em uma das prateleiras. Cuidadosamente ela pegou suas coisas e se retirou da sala, e assim que ela se pôs a caminhar pelo corredor, seus olhos verdes deram-se de encontro com os olhos negros do rapaz que vinha logo atrás.

    Sasuke-kun... — ela pensou e logo desviou o olhar, dando de costas para ele e passou a seguir mais rápido pelo corredor.

    O garoto por sua vez, passou a estampar uma expressão ainda mais abatida depois de ter sido ignorado novamente por ela e prosseguiu o seu trajeto, tentando disfarçar ao máximo seu descontentamento.

    Rapidamente a garota de cabelos róseos chegou à saída da universidade e encontrou suas amigas, que a esperavam:

    — Bom, agora que começou as aulas o meu horário e o da Hina de entrada no serviço agora é as quatorze horas e meia! — contou a loira entediada. — Portanto, temos de ir agora pegar o trem para irmos a Shibuya... — avisou para as outras.

    — É... Sorte da Sakura-chan que trabalha aqui mesmo, em Nakano! — a morena de olhos aperolados comentou esboçando um leve sorriso.

    — Bom... Vou com vocês até a estação para colocar a Tenten-san no trem de volta para casa e depois volto! — a rosada pronunciou.

    — Certo! — a loira passou a caminhar e foi seguida pelas demais.

    Logo as quatro amigas chegaram à estação e três delas partiram, permanecendo apenas a Haruno, que ágil, pôs-se a seguir em direção à escola de música, na qual iria começar a trabalhar naquela segunda-feira. Estava ansiosa para começar a trabalhar em seu novo emprego.

    Naquele exato momento, o rapaz de cabelos negros e de pesado semblante, havia chegado ao seu luxuoso apartamento no bairro Setagaya e já havia adentrado o seu enorme quarto.

    Abatido, sem sequer trocar de roupas ele jogou-se sobre sua cama e agarrou um de seus travesseiros, fechando os olhos com força, como se quisesse que tudo que se passara desde o momento em que foi à universidade até o dado instante, tivesse sido apenas um sonho.

    No entanto, assim que os olhos se abriram, ele suspirou pesadamente com a falha de seu plano. E assim percebeu que, mesmo tentando ignorar a si mesmo e os seus próprios sentimentos, ele estava fadado a aquela dor e sofrimento, que estava colocando a sua mente em colapso, por causa de toda aquela hostilidade da menina de cabelos róseos, que um dia fora a sua amiga fofa e gentil.


    Somente usuários cadastrados podem comentar! Clique aqui para cadastrar-se agora mesmo!