Hocus Pocus To Me.

Tempo estimado de leitura: 4 horas

    16
    Capítulos:

    Capítulo 6

    À beira da cascata.

    Álcool, Adultério, Heterossexualidade, Homossexualidade, Linguagem Imprópria, Nudez, Suicídio, Violência

    Olá pessoal!

    Bom, o capítulo de hoje não tem imagem porque eu não achei uma que se adequasse com o texto -_-''

    Enfim, peço desculpa pela demora... Escrevi com muito carinho e espero que vocês gostem!

    A música que escutei enquanto escrevia foi a Run To You - Roxette (ela me inspira *0*) Deixarei nas notas caso queiram escutá-la enquanto leem a estória :3

    Link: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=bxG8R3WMDkE

    Boa leitura!

    De certa forma aquela era a única coisa que lhe vinha à mente, afinal, ele já sabia que ela era uma suicida em potencial e aquela havia sido a oportunidade perfeita para ela fugir dali. No entanto, as dúvidas lhe sondavam a cabeça... Será que ela realmente se mataria? E porque raios ele estava se importando com isso?

    (...)

    Aproximadamente dois dias atrás...

    Sobre o alpendre parcialmente coberto de neve, o homem alto, excessivamente agasalhado ? de grande porte, os cabelos castanhos alaranjados reluziam correspondentes à claridade da paisagem esbranquiçada, enquanto os olhos escuros, opacos, eram frios ?, levou sua mão à porta de madeira rústica envelhecida daquela casa retrógrada, cerrando o punho para bater nela. No entanto, ao seu primeiro toque, a velha porta se abriu sozinha, mostrando que não estava trancada, mas apenas encostada.

    Assim, o homem acabou de empurrá-la, lentamente, fazendo-a ranger e abriu-a completamente. Adentrou a casa buscando a jovem com o olhar, porém, não avistou ninguém na sala receptiva. Então rapidamente presumira que ela estaria no quarto vazio de sua finada avó, como de costume. Seguiu sorrateiramente até o cômodo e abriu a porta, como se quisesse assustá-la, entretanto, o único assustado fora ele mesmo ao deparar-se com o vazio daquele quarto escuro:

    ? Florzinha?! ? proferiu sentindo um misto de curiosidade e preocupação.

    Fechou a porta e caminhou pelo corredor rumo à cozinha para ver se lá encontrava a menina, mas novamente, deparou-se com o nada. Foi até a área de serviço nos fundos da casa e também não havia ninguém. Ofegante, a passos rápidos, ele a procurou em seu quarto, no entanto, não estava lá também.

    Após revirar a casa toda atrás da menina, havia sobrado apenas um lugar para verificar... O banheiro!

    Dirigiu-se novamente ao quarto da jovem e no momento em que colocara a mão na maçaneta prateada da porta, vários pensamentos pervertidos inundaram a sua mente, afinal, nunca havia visto a mãe despida... Quem sabe satisfaria aquela fantasia com a filha que era tão semelhante ao amor de sua vida?

    ? Aham! ? pronunciou abrindo a porta com violência, na intenção de pegá-la desprevenida, entretanto, ali também não havia ninguém.

    Frustrado, o homem foi até a sala e sentou-se no sofá. Apoiou os cotovelos sobre as coxas e seus braços, por sua vez, passaram a sustentar sua cabeça sobre as mãos:

    ? O que será que aconteceu? Será que a maldita fugiu? ? inquiriu-se com os olhos marejados, emanando ódio. ? Não! Impossível... Com toda essa neve, sem um carro e fora que a cidade mais próxima fica a vários quilômetros daqui! Se fosse a pé, ela morreria por hipotermia, pois a temperatura está extremamente baixa.

    Refletiu por alguns minutos...

    ? Oh céus! Será que ela tentou fugir e morreu? Ou ela se matou? ? indagou-se engolindo a seco.

    Levantou-se abruptamente, e andou a passos rápidos até o lado de fora da casa. Procurou por pegadas no local, porém, era tolice pensar que haveria algum rastro, afinal, com as constantes nevascas que estavam ocorrendo alternadamente durante a semana, qualquer vestígio seria rapidamente encoberto.

    Irritado por não ter sequer noção de onde a sobrinha estava ele voltou para a casa novamente, destacou uma folha de papel do bloco de notas sobre a mesa, retirou uma caneta do bolso e escreveu um bilhete, deixando-o sobre a mesinha de centro da sala e saiu da casa.

    Inconformado e furioso dirigiu-se ao seu carro estacionado em frente à morada, adentrou o mesmo e sentou-se no banco do motorista, encostando sua testa contra o volante, em silêncio, por alguns minutos.

    ? Para onde será que essa menina foi? Será que ligou para alguém vir buscá-la? Mas quem? Ninguém da família, exceto eu, quer tê-la sob o mesmo teto... Será que essa desgraçada não entende que, a única pessoa que a ama neste mundo sou eu? ? pensou exasperado, erguendo-se e dando um soco enraivecido no volante, como se através disso pudesse descarregar sua ira. ? Não! Ela deve estar por perto, tenho certeza disso! E quando ela voltar e ler o bilhete que deixei, com certeza ficará feliz e não sumirá outra vez! ? concluiu positivo. ? Mas se ela não voltar em três dias, irei dá-la como desaparecida para as autoridades locais e iniciar uma busca, mas enfim, se ela não for achada e por consequência, for dada como morta, eu poderei ficar com essa casa também e não mais precisarei sustentá-la e... ? interrompeu-se balançando a cabeça negativamente para espantar ideias maléficas. ? Não! Eu preciso tê-la para mim, espero que ela volte sã e salva...

    Confuso, ele deu a partida no carro e foi embora. Minutos depois, uma leve brisa soprou abrindo a porta da casa que permanecera encostada, levantando uma das pontas do bilhete, entretanto, o mesmo estava prensado por um vasinho de flor sobre ele, assim permanecendo no mesmo lugar:

    ***

    Florzinha...

    Eu sei que você está triste e estressada por causa dos últimos acontecimentos, porém, não havia necessidade de uma fuga! Espero que se arrependa deste ato inconsequente e entenda que eu não pretendo fazer-lhe mal...

    Bom! Se você está lendo este bilhete, é porque já está em casa... Eu quero deixar claro que não vou tornar-lhe uma prisioneira nem nada do tipo, então, se você resolveu se aventurar por aí porque ficou com medo de mim, fique tranquila... Pretendo cumprir ?aquela? promessa! Prometo que respeitarei e esperarei o seu tempo...

    Pense com carinho, certo?

    Dentro de três dias contando da data de hoje, marcada neste papel, eu virei aqui novamente para saber da sua decisão...

    Sem mais!

    Beijos do seu tio que te ama muito!

    (...)

    Os olhos ainda miúdos de tão inchados, descabelado, em meio àquela multidão logo pela manhã no acampamento, o jovem andava a passos rápidos e desajeitados por entre as pessoas, perguntando para todos que apareciam em sua frente se haviam visto a garota.

    Após alguns minutos de busca, encontrou uma velha senhora que parecia vir do meio da mata coberta de gelo:

    ? Bom dia... Por acaso a senhora avistou por aí uma menina magricela, de olhos verdes e... De cabelos róseos, mais ou menos deste tamanho? ? ele perguntou levantando a mão na altura de seu tórax, exemplificando a baixa estatura da menina que sequer ultrapassava seus ombros.

    ? Hummm... Deixe-me ver! ? pediu a velha levando o dedo indicador ao queixo, pensativa. ? Cabelos cor-de-rosa, certo? ? reforçou incerta.

    ? Sim, sim... Creio que seja a única assim por aqui! ? confirmou precisamente.

    A velha calou-se por alguns instantes, aumentando ainda mais a aflição do rapaz por causa do tempo:

    ? Ah sim! Eu a vi... ? finalmente a idosa revelou.

    ? Hum... E onde foi que a viu? ? inquiriu um pouco aliviado.

    ? Hein... Deixe-me lembrar... ? pediu pondo-se a pensar outra vez.

    ? Raios! Essa velha maldita está querendo me matar de ansiedade! ? pensou fuzilando-a mentalmente. ? Né... A senhora poderia me dizer logo, eu estou com um pouco de pressa, sabe... ? advertiu se esforçando ao máximo para manter sua civilidade.

    ? Tudo bem, meu jovem! Agora me recordei... Encontrei-a no caminho enquanto voltava para cá! ? contou calmamente.

    ? O quê?! ? arregalou os olhos, espantado. ? M-Mas qual rumo ela estava seguindo? ? perguntou engolindo a seco.

    ? Acho que... ? interrompeu-se brevemente, tentando lembrar-se. ? Cascata! É isso mesmo, ela estava caminhando em direção à cascata! ? avisou um pouco mais simpática.

    ? Hãaan?! C-Cascata... ? ele proferiu apavorado interiormente, entretanto, o desespero mantinha-se oculto atrás de sua máscara de indiferença, o seu exterior.

    ? Sim, meu caro! Aquelas quedas d?água que se formam... ? foi interrompida em sua explicação.

    ? Eu sei o que é uma cascata, senhora... Obrigado pela informação! ? agradeceu impaciente, logo correndo disparado pela trilha da floresta.

    ? Esses jovens de hoje... São tão apressados! ? comentou a velhinha para si mesma, continuando o seu trajeto.

    Em meio à mata glacial, o garoto corria com toda a sua velocidade, em direção ao local indicado. Aproximadamente quinze minutos depois, sentindo uma dor incômoda no peito, ofegante, ele finalmente avistou a queda d?água e em seguida um pequeno pontinho rosa debruçado na beirada, ao redor da cascata:

    ? SAKURA! ? gritou se aproximando rapidamente, com a respiração descompassada e pegou-a exasperadamente pelo braço, erguendo-a.

    ? Hãn?! ? ela o olhou interrogativamente ao virar-se para o rapaz enquanto segurava um jarro. ? Ohayou, ?Sasuke-kun?! ? saudou suavemente, olhando-o confusa.

    ? S-Sasuke... ?Kun??! ? indagou-se em pensamento. Aquela havia sido a primeira vez que a menina pronunciara o seu nome depois do dia em que se apresentaram um para o outro, e aquele sufixo que ela havia acrescentado ao seu nome, lhe soara estranhamente agradável. ? O que você está fazendo aqui? ? perguntou irritado.

    ? B-Bem, eu é... ? ela buscava por palavras, sentindo-se um pouco intimidada pelo rapaz. Olhou para o que segurava e o mostrou para ele. ? Isso!

    ? Hãn?! Um jarro? ? inquiriu confuso.

    ? Sim... Eu queria ajudar de alguma forma, então resolvi vir até aqui! Estava tentando quebrar o gelo nesta parte do lago para encher o jarro com água, quando você me interrompeu! ? explicou docemente.

    ? E-Eu pensei que... Bom, eu acordei de manhã e você tinha sumido da tenda, daí presumi que você teria fugido para se matar e uma pessoa disse ter-lhe visto aqui, então eu vim, é... ? confessou envergonhado, sem mais palavras para justificar. ? Eu... Fiquei p-preocupado! ? ele murmurou olhando para o lado, levemente corado.

    ? Quê isso? Não sou uma suicida ambulante, nem masoquista! ? ela esclareceu entediada. ?Nossa! Suas bochechas estão vermelhas... ? foi interrompida ao levar sua mão até a face do jovem, tocando-a suavemente.

    ? É o frio! ? ele afirmou instantaneamente agarrando o braço da garota, com o rosto ainda mais ruborizado e retirando agilmente a mão feminina de seu rosto. ? Droga! Essa me pegou desprevenido... ? pensou atordoado.

    ? É... Deve ser isso mesmo, visto que você... ? analisou o rapaz pouco agasalhado e com as roupas amarrotadas. ? Vish! ? assustou-se com o que viu ao reparar no rosto do moreno.

    ? V-Vish?! ? ele olhou-a confuso.

    ? Seus cabelos, seu rosto... Você estava dormindo? ? indagou observando-o.

    ? Eh... M-Mais ou menos, eu... ? foi interrompido.

    ? Nossa! Tem até um vestígio de baba congelada no canto da sua boca! ? ela comentou séria, apontando para os lábios do rapaz.

    ? Hãn?! ? ele inquiriu aterrorizado, levando as mãos até a boca para conferir e limpar. ? Sua... Sua mentirosa! ? acusou-a enfurecido após concluir que não havia vestígio nenhum.

    ? Haha... Caiu que nem um patinho! ? ela riu do maior, deixando-o com cara de tacho. ? Essa foi a minha vingança! ? ela salientou. No dia anterior, quando ela havia despertado do sono, ele mentiu para ela sobre a mesma ter ficado em coma por quase um ano, fazendo-a desmaiar. ? Hey, ajude-me a quebrar o gelo do lago? ? perguntou mudando rapidamente de assunto. Ajoelhou-se novamente à beira d?água.

    ? Garota irritante... ? ele murmurou impassível. ? Ajudo sim, aliás... Isso não é um lago! ? ressaltou abaixando-se também, ficando agachado ao lado dela.

    ? Obrigada, aqui... ? ela retirou a espátula de metal de dentro do jarro e ia entregar para ele quando foi interrompida.

    O rapaz desferiu um soco sobre aquela área congelada, fazendo com que o gelo partisse ao meio, o que deixou a garota espantada, afinal, ela estava tentando quebrar aquilo a um bom tempo e sem sucesso devido à sua fraqueza.

    Ele deu passagem para a jovem e então ela mergulhou o jarro enchendo-o de água, emergindo-o rapidamente para que não corresse o risco de molhar excessivamente as luvas. Sakura virou-se para o lado do rapaz, passando a fitá-lo intensamente nos olhos. Ambos ainda estavam abaixados e o rosto do garoto já estava enrubescendo novamente:

    ? Sério... Aquela sua cara de pânico, foi demais! ? ela confessou abafando o riso, contendo-se.

    ? Tsc... Sua boba! Esquece isso... ? ele pediu irritado, se levantando e ajudando-a ficar em pé também. ? Deixe que eu carregue isso daí! ? ele exigiu pegando o jarro das mãos da garota e começando a caminhar.

    ? C-Certo... Espere! Antes você disse que isso aqui não é um lago!

    ? Sim, e? ? perguntou indiferente, olhando para ela.

    ? O que é então? ? ela inquiriu com um olhar interrogativo.

    ? Uma cascata! ? respondeu desinteressado.

    ? Hãn?! Mas não se parece com uma... ? foi interrompida enquanto analisava o local, realmente parecia ser um lago.

    ? Está vendo aquela pedra enorme? ? apontou para a mesma, do outro lado da extensão d?água.

    ? Uhum, e? ? ela olhou curiosa.

    ? Atrás dela está a ?queda d?água?! ? contou entediado.

    ? Uau! Eu quero ir lá ver... ? ela expôs com os olhos brilhantes, encantada com aquela revelação.

    ? Fascinante... ? ele murmurou olhando-a admirado com aquela expressão de encanto da jovem. ? D-Digo, ?irritante?! ? ele corrigiu rapidamente o que havia acabado de falar ? Vamos embora! ? ele ordenou xingando a si mesmo em pensamento por causa daquela palavra embaraçosa que pronunciara espontaneamente.

    ? Poxa... Eu só vi uma dessas em um livro! Nunca vi uma pessoalmente... ? desabafou entristecida.

    ? Ah... Sinto muito, mas não! Vamos embora! ? ele esforçou-se para não ceder à comoção, pegando-a pelo braço e começando a andar, puxando ela consigo para a trilha.

    ? Seu malvado! ? murmurou passando a caminhar contra sua vontade. ? Porque não posso ir lá? ? ela perguntou confusa.

    ? Porque não! ? respondeu instantaneamente, irritado.

    ? Isso não foi uma resposta! ? ressaltou olhando para o lado, magoada.

    O rapaz voltou-se para ela e olhou-a por alguns segundos. Então suspirou pesadamente e virou-se para frente outra vez, prosseguindo o caminho:

    ? É perigoso! Neve mais cascata somada à irritante é igual a suicídio! ? advertiu enfadado.

    ? Interessante! Você me resume em uma conta de adição... ? ela concluiu aborrecida.

    ? Pois é...

    ? Bom! Se olharmos pelo lado positivo, adição não é uma conta complicada... Imagine se eu fosse uma ?equação??! ? ela supôs pensativa.

    ? Sakura, se você fosse uma ?equação?, eu mesmo já teria me encarregado de te matar... ? ele confessou com a voz sombriamente ameaçadora.

    A menina arregalou os olhos, olhando-o assustada com o peso daquelas palavras proferidas por ele. Atordoada com aquilo, ela continuou o trajeto ao lado do maior em absoluto silêncio.


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