Pegasus

Mais um dia se passou, sobre solo escaldante de uma cidade movimentada pelo comércio, mais uma vez arcebispo e Coroinha caminharam em busca de pistas, notícias, algo que pudesse coloca-los na direção correta, contudo, todas as pistas eram apagadas por dois seguidores ocultos que trilhavam pelas sombras de uma cidade milenar.

? Senhor, já procuramos em todos lugares, todas as pessoas que conseguimos encontrar que sabiam de algo desaparecem como num passe de mágica, Vossa Excelência, o que iremos fazer? Seu rosto denunciava seu cansaço, molhado e brilhante devido aos raios intensos do severo sol Ateniense, Marco, exibia a nítida face de alguém desencorajado pela insistente e infrutífera busca por aquela que na sua visão seria uma bruxa.

? Sua fé é questionável, meu caro Marco. Todas as negativas que estamos tendo nos mostra o quanto estamos perto. Nessas horas, devemos acreditar mais na vontade de Deus que sem dúvidas ele há de estar ao nosso lado. O Arcebispo, embora estar na mesma condição que seu auxiliar, demonstrava mais fé e acreditava fielmente seu tento. ? Logo, conseguiremos algo mais concreto e espero que seja antes da chegada de Sir. Willian e Gui Payens.

Os olhos de Marco se arregalaram, tais nomes causariam medo em qualquer homem em toda Europa. Conhecidos por todo território dominado pela Igreja como, os Inquisidores. Tais sujeitos trabalhavam a mando Don Martolo di Matazzi, um Arcebispo da Basílica de San Matino ai Monti, um homem muito próximo da autoridade máxima da Igreja, o Papa. Assim como Marco, Don Martolo acreditava fielmente nas práticas de Bruxaria realizadas pela jovem moça a qual procuram.

? Vossa Excelência, não seria melhor deixar esse moça de lado e esperar eles virem, afinal, com os Inquisidores interrogando-os, revelariam tudo o que sabem de uma vez. Tenho certeza que eles conseguiriam chegar até essa jovem e fazê-la pagar pelos atos de Bruxaria cometidos contra a Igreja. Enfático, Marco esquecera as ordens do próprio Papa.

? Quem pagará o que para Igreja?? De súbito, dois encapuzados apareceram acima de Don Rafael e Marco no momento que estavam caminhando desligados por um estreito beco nas peculiares ruas da cidade de Atenas. ? Diga-me, quem são esses Homens que querem pegar a nossa Deusa?

Don Rafael se atentou com ambos, Marco ensaiou uma evasiva mas foi impedido pelo silencioso companheiro do encapuzado, que também estava com sua face coberta. ? Theseus. O companheiro, que até o momento não havia falado, resolveu pronunciar. ?Não sei quem é o mais agitado nessa idade, se seu mentor o antigo Pegasus e novo cavaleiro de Sagitário ou você atual cavaleiro de Pegasus. Bom, seja como for, deve se controlar e leva-los ao mestre.

? Mais agitado do que o mestre Ageon? Haha, você só pode estar de brincadeira Anteros, só pode. Hahah, o mestre é tão, tão sossegado que dá sono.

? Não tem jeito, você não vai muda nada.

Observando Marco e Don Rafael quando falava com seu companheiro, Anteros retirou o capuz revelando seu rosto. Era um belo homem de cabelos negros na altura dos ombros e enrolados, seus olhos eram claros como o azulado céu grego, tinha uma estatura mediana, chagando aos seus, um metro e setenta e cinco centímetros de altura. ? Meu nome é Anteros, cavaleiro de Prata de Perseu, e meu amigo é Theseus, cavaleiro de Bronze de Pegasus. Em seguida, Theseus também retirou seu capuz. Sua aparência jovial denunciava sua pouca idade, seus cabelos emaranhados contrastavam com os belos e arrumados cabelos da população grega.

? Até o exato momento, me recusava a acreditar na existência de pessoas como vocês. Meus companheiros, que um dia vieram para essas terras, me falaram de grandes histórias sobre humanos que possuíam poderes milagrosos capazes de destruir a rocha, mudar cursos de rios e explodir as estrelas, mas nunca acreditei fielmente que um dia, eu Don Rafael III, no apogeu de minha idade e profissão me encontraria com tais sujeitos. Solene, com um singelo sorriso no rosto, o Arcebispo caminhou em direção a ambos cavaleiros.

Cientes que teriam que seguir os dois cavaleiros, Don Rafael e Marco não tentaram fugir e nem conversar com o intuito de se livrarem, assim partiram ao encontro do "mestre" . O caminho era repleto de provações, desfiladeiros sem fim, estradas de pedra e estreitos escuros, era um caminho que humanos comuns jamais conseguiriam trilha-lo. Sozinhos, ambos morreriam antes mesmo de chegarem próximo do lugar onde estavam.

Após, quase uma hora do encontro, Marco recobrara consciência, se recuperando do choque de minutos atrás. ? Vossa Excelência, estamos mesmo seguros?? cochichou. ? Estamos indo para o covil de uma Bruxa, seremos mortos.

Don Rafael arregalou os olhos, hesitou e antes de responder, já tinha sobre si, o pesado olhar do cavaleiro de Perseu.

? Dobre sua língua para falar de nossa Deusa, garoto.? Anteros engrossou o dialogo. Seu olhar, que outrora se enchia de paz, foi tomado por uma sinistra vontade nociva de destruí-lo. ? Seja qual for os insultos que tiver contra nós, cavaleiros, iremos aceitar e seguir com nosso trabalho, contudo, jamais fale de nossa Deusa Atena sem o devido respeito. Lembre-se, acima de tudo, somos humanos, é negado aos humanos ofender aos Deuses, principalmente Atena que se desfaz de sua imortalidade por nós, meros humanos.

? Desculpe meu assistente. Deve entender que estamos passando por situações complicadas, os crescentes casos de Bruxaria, ocultismo que estamos enfrentando estão nos deixando paranoicos. Devo admitir, desconfiamos da jovem que os comanda, mas estamos aqui a pedido da Vossa Santidade, o Papa.

? Anteros.? A voz aguda do jovem Pegasus percorreu por todo desfiladeiro. Theseus havia partido em direção ao labirinto de rocha causado pela erosão do solo para caçar, encontrar algo para saciar sua fome. ? Encontrei um aspirante quando voltava, ele estava meio assustado.

? Qual é o problema?

? Ele me disse, que tem uns homens se auto intitulando "Inquisidores", a procura de Atena.?Don Rafael e Marco se contorceram arregalando as pálpebras, o medo os dominou chamando a atenção de ambos cavaleiros. ? O aspira foi o único sobrevivente. Bom, achei certo avisa-lo que estou voltando, afinal, você é meu superior, não é?

? Já deveria ter ido. Vou levar esses dois ao Mestre e você, tome cuidado com a cidade, não queremos muitos estragos. Seu olhar caçou Don Rafael. ? Vamos e se desejar que seu serviçal continue vivo, trate de calar-lhe a boca.

Assim, Theseus seguiu de volta para a cidade, e Anteros continuou o difícil trajeto ao Santuário da Deusa Atena.

? Cavaleiro. Hesitante, Don Rafael chamou pelo santo de Atena. ? Esses homens, são como demônios a serviço da Igreja, nem o próprio Papa aprova suas ações. Seu amigo pode sair morto de lá, você não deve deixa-lo ir enfrentar tais homens.

? Agradeço a preocupação, senhor. Mas, se esses homens são demônios a serviço da Igreja, Theseus é o divino cavalo alado que expurgará a escuridão que caminha por esses terras. Ele simplesmente é a luz da juventude de um novo e renascido Santuário, que jamais ira se apagar diante da escuridão que cresce em sua terra.? Dizia sorrindo o cavaleiro de Prata, ao fitar o nascimento das diversas estrelas do céu noturno.

Em Atenas, os homens intitulados Inquisidores ditavam suas regras, interrogando, torturando todas as pessoas que julgavam saber de algo relacionado à Deusa. Os soldados que haviam sido derrotados estavam mortos e expostos como exemplo no centro da praça principal da cidade.

? Escutem, esses homens são acusados de ajudar uma Bruxa em seus rituais macabros, eles foram julgados e condenados a morte e sofrerão por toda a eternidade. Infelizmente eles eram durões e tivemos que mata-los antes de suas sentenças, mas como de costume, eles serão queimados como exemplo de que aqueles que praticam bruxaria ou ajudam bruxas em suas maldades, irão arder no fogo dos justos e suas almas sofrerão no inferno. O discurso insano de um homem sem limites assustou os moradores, aqueles que sabiam algo passaram a desejar não saber, outros queriam fugir, mas havia muitos soldados a mando do Inquisidores espalhados pela cidade.

? Você disse que as almas de meus companheiros sofrerão no inferno? Uma silhueta cintilou no alto de estátua de Atena, no meio da praça. A hesitante população se agitou, olhos curiosos fitavam ao lado da cabeça da estátua de divina Deusa. ? As almas de meus amigos não são presentes para dar ao Deus do Inferno, ainda mais depois dele ter perdido feio para nós.? O sorriso jovial nascia em sua face, seu olhar castanho penetrava no homem a frente do altar criado para a punição de seus amigos mortos. ? Vão desejar não ter feito isso. Sobe o brilho divino da imagem do cavalo alado, Pegasus, Theseus pulou exalando um cosmo azulado em seus punhos. ? Me dê sua força.....