Complementary

  • Poon
  • Capitulos 5
  • Gêneros Amizade

Tempo estimado de leitura: 1 hora

    16
    Capítulos:

    Capítulo 5

    Aoi

    Homossexualidade, Nudez, Sexo

    Shiroyama (pov)

    Kouyou estava mais quieto que o normal hoje, na verdade já faz uns quatro dias que ele está assim, sempre olhando pela janela, mergulhado em seus próprios pensamentos, parecia preocupado com algo. Tentei chamar a sua atenção algumas vezes, mas o máximo que consegui, foram algumas caretas e bicos que me lançava assim que me ouvia fazer alguma piadinha com ele.

    O que era estranho, o loiro sempre me retrucava e só parávamos de brigar quando já estávamos aos berros, mas nenhuma palavra, desde que eu o beijei, Shima não falou mais comigo.

    No primeiro dia, achei que tinha ficado bravo comigo por eu ter feito aquilo, até fiquei preocupado, achando que ele não fosse mais falar comigo, porque eu gosto dele desde que me ajudou com a matéria, comecei a reparar mais nele.

    Conforme os dias foram passando, eu precisava ver seu sorriso, ouvir sua voz ou até mesmo ver seus olhos caramelos em minha direção, porém Takashima nunca sorria, nunca falava com ninguém, sempre ficava olhando pela janela, como se não fizesse parte desse mundo. E a única forma que encontrei para tirá-lo do ?casco? que criou, foi a implicância. Depois de um tempo o observando, eu percebi que ele odeia ser contestado, pois sempre estava certo, ponto final. O que não deixava de ser verdade.

    Foi assim que chegamos até aqui, eu vou contra tudo o que me fala, adoro vê-lo quando fica vermelho de raiva e me lança algumas palavras ácidas. É a melhor parte do meu dia, afinal, é a única hora em que interagimos.

    Essa situação me deixa louco, mas é isso ou nada. Eu aceito e ainda agradeço qualquer migalha de sua atenção.

    Kazuki, meu melhor amigo, diz que eu sou louco. Mas o que posso fazer? É mais forte que eu. O pior é que o loiro nunca percebeu nada, às vezes percebeu, mas como não quer nada comigo, apenas me ignora.

    Eu aceito essa condição, já que não posso tê-lo, aceito ser só seu amigo, porém até sua amizade está difícil de conseguir.

    Às vezes acho que não entro em nenhuma categoria com Kouyou, o que me leva a pensar que ele não esteja assim tão estranho por causa de um beijo.

    O sinal do intervalo bateu, assustando-me.

    Shima saiu que nem um furacão pela porta, provavelmente indo para o seu canto isolado. Se ele me desse uma chance, eu o colocaria no meu mundo, assim não ficaria tão sozinho. Odeio isso nele, sempre se excluindo de todos, sei que não é legal viver sozinho, todos precisamos de amigos. Porém, como sempre, o loiro não facilita para eu poder ajudar.

    Peguei meu celular e sai da sala, talvez eu devesse ir atrás dele, desculpar-me pelo beijo, mesmo não estando arrependido.

    Assim que sai, vi Kazuki me esperando no corredor, lançou um sorriso quando me viu.

    ? Aoi, que cara é essa? ? Perguntou preocupado se aproximando, colocou a mão na minha testa ? Hm, você não está com febre, aconteceu alguma coisa?

    ? Takashima aconteceu. ? Falei, tirando sua mão do meu rosto.

    ? Aish, ele te fez alguma coisa? Pois se fez, vou dar uma surra nele. ? Passou um braço pelo meu ombro em um meio abraço e fomos andando até a cantina assim.

    ? Claro que não, ele não fez nada, esse é o problema. ? Me virei em direção à moça que trabalhava lá ? Duas 'cocas' por favor?

    ? Duas? Para ele de novo? ? Fez bico e rodou os olhos ? Você compra para ele e não compra para mim, você é um péssimo amigo. ? Falou suspirando, frustrado.

    Eu sabia que o rapaz de cabelo cinza não falava como amigo, para mim ele é o meu melhor amigo, desde meus oito anos, quando me mudei e virei seu vizinho, antes ele me via assim como eu o via. Porém, quando entramos na adolescência, mudou o modo que me tratava. Ficou possessivo demais, sempre tinha ataque de ciúmes quando eu conversa com alguma garota e quando Kazuki sabia que eu tinha ficado com alguma, ficava semanas sem falar comigo.

    Não demorou muito para eu ligar os pontos e saber que os sentimentos dele tinham mudado. Depois de um tempo, ele até se declarou, porém não podia dar esperanças, se fosse outra pessoa, até poderia tentar, mas era diferente, não queria enganá-lo, pois sabia que meus sentimentos não mudariam.

    Ficamos sem nos falar por um tempo, até ele aceitar que seriamos apenas amigos. Foram os piores dias da minha vida. Fiquei com um sentimento de falta, parecia que tinham arrancado uma coisa de mim, sabia que fiquei assim pelo fato de o considerar como irmão.

    Até pensei em dar o braço a torcer, tentar alguma coisa, só para tê-lo por perto, só que eu não podia ser tão egoísta assim, em dar esperanças só porque sentia sua falta.

    Os dias passavam, estava quase desistindo e indo atrás dele, quando o acizentado apareceu, me disse que seguraria as pontas.

    Sei que sou um filho da puta por isso, mas simplesmente não me vejo sem ele.

    Fui despertado com a garota me entregando as bebidas, peguei as latas e saímos da cantina.

    ? Vai atrás dele? ? Perguntou ao meu lado com a voz tão baixa que, por um momento, pensei que foi coisa da minha cabeça.

    Parei de andar quando percebi que ele não estava mais do meu lado. Virei para trás e vi-o parado olhando para o chão.

    ? Eu vou andar por ai, boa sorte. ? Forçou um sorriso triste para mim, se virou andando na direção oposta da minha.

    Meu coração se apertou em vê-lo triste, droga, eu realmente não o merecia.

    Suspirei fundo e fui em direção ao campo de futebol, Kouyou geralmente ficava na arquibancada.

    Vi sua figura de longe. Ele estava tão longe com seus pensamentos que só acordou quando sentei do seu lado. Estava me olhando quando vi suas bochechas mudando para um tom rosa, esse tipo de reação vindo dele era novidade.

    ? Que foi? ? Perguntei estranhando sua atitude.

    ? Nada. ? Me respondeu vago, voltando a olhar para o campo.

    ? Por que está assim? ? Entreguei uma das latas.

    ? Estou preocupado. ? Respondeu, pegando a lata.

    ? Com o quê?

    ? Meu amigo está hospitalizado. ? Falou engolindo em seco. Abriu a lata, bebendo um gole. Fiz o mesmo, atento aos seus gestos.

    ? O que aconteceu com ele? ? Perguntei, Takashima me olhou por alguns segundos e depois olhou para baixo.

    ? Foi espancado. ? Respondeu-me, abaixando mais a cabeça, fazendo com que seus cabelos caíssem sobre seu rosto, fungando baixinho.

    Toquei no seu queixo, o fazendo levantar a cabeça. Quando seus olhos encontraram os meus, pude ver que estava chorando.

    Passei meu braço pela sua cintura e puxei seu corpo para o meu.

    ? Está tudo bem. ? Sussurrei, beijando sua testa.

    Ele passou os braços pelo meu pescoço, colocando a cabeça no meu ombro. Talvez só precisasse desabafar com alguém. Seu choro ficava cada vez mais forte, porém não dizia nada, a única coisa que eu podia fazer era oferecer abrigo enquanto afagava seus cabelos tentando de alguma forma passar conforto.

    ? Vai ficar tudo bem. ? Sussurrei em seu ouvido, aos poucos ele foi se acalmando.

    Quando parou de chorar levantou a cabeça e fixou seus olhos nos meus, seu rosto estava todo vermelho. Por mais que a situação não fosse boa, achei fofa a sua expressão. Pela primeira vez em meses, Takashima Kouyou abaixou a guarda.

    ? Obrigado. ? Falou, ainda sem me soltar. Seu hálito bateu contra o meu rosto, foi impossível não abaixar meus olhos para sua boca.

    Takashima passou os dedos no meu rosto, colocando minha franja atrás da orelha, levantei meus olhos e ele ainda me fitava.

    Aproximou seu rosto do meu selando meus lábios. Por um momento, entrei em choque. Meu coração começou a bater tão rápido que eu não duvidaria se ele saísse correndo pela minha boca.

    O loiro passou a língua pelo meu lábio inferior, eu abri meus lábios tocando sua língua com a minha, adentrou a minha boca de maneira calma, nossas línguas se tocavam, se conhecendo. Diferente no nosso último beijo, que foi afoito, esse foi sem pressa, deixei-o conduzir do jeito que preferia. Tão suave como começou, se findou com um selo.

    O de olhos caramelos ficou me olhando por um tempo, fazendo carinho no meu rosto, meu coração foi se acalmando aos poucos.

    ? Isso foi bom. ? Comentei, quando tinha certeza que minha voz não iria falhar.

    Sorriu me soltando, se ajeitou ao meu lado e pegou sua coca, voltando a beber. Olhei em volta a procura da minha, que nem lembro a hora que a deixei de lado.

    Vi-o passando as mãos no rosto, limpando os resquícios das lágrimas.

    ? Seu amigo está muito ruim? ? Perguntei.

    Ele olhou em minha direção.

    ? Eu não sei, ele me escondeu que estava no hospital, mas meu irmão é medico e assim que descobriu, me ligou contando. Mesmo que ele não queira que eu o veja, de tarde eu vou lá, só vim para a escola hoje porque se não acabaria morrendo de angústia.

    ? Por que ele não quer que você o veja?

    ? Segundo meu irmão, ele está diferente... ? Franzi o cenho não entendo aonde ele queria chegar ?... Yuu, ele apanhou e muito, meu irmão me contou que é difícil de acreditar que o Taka de antes e o Taka hospitalizado é a mesma pessoa. A propósito, o nome dele é Matsumoto Takanori... Essa atitude dele me deixa irritado. Poxa, eu sou o melhor amigo dele e ele me esconde uma coisa dessas. - Falou indignado. Com minha visão periférica pude o ver apertando a lata, tentando controlar a raiva.

    Não consegui controlar que um sentimento bom crescesse dentro do meu peito quando o ouvi me chamar pelo nome.

    ? Quer que eu vá com você? ? A frase escapou dos meus lábios rápido demais. Kouyou virou na minha direção surpreso ? Quero dizer, se ele não quer que você o veja, é porque ele ainda não está aceitando a aparência, talvez só queira te poupar de um choque. Pessoas próximas têm tendências a se culpar, ele também pode estar com medo que você se culpe por não estar lá para ajudar, o que vai fazer com que ele se sinta pior ainda por não ter conseguido se proteger sozinho.

    Parei de falar e o loiro ainda me olhava com uma expressão surpresa e um pouco confusa.

    ? Foi uma péssima ideia, eu sei, eu deveria aprender a manter minha boca fechada. ? Dei fim ao assunto, já que ele não se pronunciava.

    ? Não é isso... ? Finalmente falou, eu estava quase cavando um buraco para me enfiar ? ... Você só me pegou de surpresa, eu realmente estava me culpando. ? abaixou a cabeça, ficou fitando a lata como se fosse a coisa mais interessante do mundo.

    Escutei o sinal batendo, virei o resto do líquido de uma vez, vi-o fazer o mesmo. Quando me levantei, senti sua mão no meu pulso.

    ? Te espero no final da aula. ? Falou, passando rápido por mim.

    Fiquei olhando-o se afastar, sorri por sua atitude e fiz o mesmo caminho que ele.

    O restante das aulas foi terrível para mim, não porque as aulas em si estavam ruins, mas sim porque a cada minuto que passava, mas agoniado eu ficava, sabendo que depois eu iria sair com ele. O que isso significa? Kouyou me considera um amigo? No final das contas nem brigou por eu tê-lo beijado, pelo contrário, dessa vez foi ele que me beijou. Por que me beijaria?

    Aish, a cada dia que passa menos eu compreendo Takashima Kouyou.

    ? Yuu? ? Ouvi a voz grossa me chamando e dei um pulo na cadeira. Levantei os olhos e lá estava a pessoa de meus pensamentos me olhando curioso.

    ? Hm?

    ? Vamos? Em que mundo você está? A aula já acabou! ? Me chamou indo em direção a porta, olhei em volta, realmente não tinha mais ninguém na sala, como eu não vi o tumulto de gente saindo correndo quando bateu o sinal?

    ? Você realmente está em Marte. ? Sorriu, encostado no batente.

    Peguei minhas coisas e guardei na mochila, joguei-a nos ombros, indo em sua direção. Saímos da escola em silêncio, ele não parecia estar incomodado por eu estar quieto.

    ? Meu irmão vai dar uma carona para nós. ? Se pronunciou assim que passamos pelos portões da escola ? Lá esta ele. ? Apontou uma Triton branca parada em frente da escola.

    Fomos em direção ao carro, o irmão dele abriu a porta quando paramos na frente do carro, Kouyou se sentou no banco de carona na frente e me sentei atrás dele.

    Só vi uma cabeleira loira em um moicano quando estava colocando o cinto, assim que terminei, olhei para frente e o homem me olhava sorrindo. Ele era bonito sem dúvida, mas não lembrava em nada o Kou. Seus olhos escuros passavam a impressão que podiam ver a alma e usava uma estranha faixa sobre o nariz.

    ? Não se assuste com essa múmia, ela é inofensivo. ? Ouvi a voz do Takashima risonha.

    ? Não seja mal, Uruha. ? Falou o loiro com a faixa, olhando para o irmão, para depois voltar a olhar em minha direção ? Me chamo Suzuki Akira, mas pode me chamar de Reita. ? Abriu um sorriso simpático o qual me deixou envergonhado.

    ? Eu sou Shiroyama Yuu, mas pode me chamar de Aoi. ? Quando ouviu meu nome, voltou a olhar para o irmão. Mesmo que nunca tenha o visto antes, pude perceber que eles conversavam pelo olhar.

    ? Quem diria, Shiroyama é? ? Perguntou ainda olhando para o loiro, não pude ver sua reação, porém vi Reita abrir um sorriso malicioso. E lá estavam eles se comunicando sem palavras, o que me deixou perdido, ele achou meu nome engraçado?

    Akira se virou para frente e ligou o carro. O caminho todo, o Kou não falou nada, em compensação Reita não parou de falar comigo, ou melhor, me fez milhares de perguntas.

    ? Qual seu tipo sanguíneo? ? Perguntou-me quando paramos em um sinaleiro.

    ? O negativo. ? Mesmo achando a pergunta estranha, respondi.

    ? Doador universal, você tem idade para doar?

    ? Ainda não, mas eu tenho medo de agulhas. ? Contei a verdade, todo mundo tem medo de alguma coisa.

    ? Você não doaria se caso meu irmão precisasse? ? Perguntou, se virando para trás com uma carranca, o que me deixou assustado.

    ? Ele está tentando te deixar desconcertado, apenas o ignore. ? Uruha falou em minha defesa.

    ? Eu doaria, se fosse para o Kou, eu doaria.? Respondi, vi Akira se virando para frente com um sorriso satisfeito.

    O resto do caminho foi em silêncio. Quando chagamos ao hospital, o irmão mais velho nos entregou dois crachás de visitantes e fomos seguindo-o pelos corredores.

    ? Não precisava responder. ? Kouyou sussurrou ao meu lado.

    ?Tudo bem, eu quis. ? Vi-o corar, tão adorável.

    ? É aqui. ? Ele parou em frente a uma porta com os números 501.

    O loiro mais novo segurou na minha mão, parecendo tomar coragem para abrir a porta, o que não passou despercebido para o mais velho entre nós.

    Ele tocou a maçaneta e demorou alguns segundos antes de abri-la, passou o corpo pelo batente, impossibilitando-me de ver como estava o amigo dele, porém observei o corpo do Kou se tencionando. Apertei sua mão, ele pareceu relaxar antes de entrar de vez, deixando-me entrar também.

    Quando o corpo do loiro saiu da minha frente, pude ver o garoto na cama, que desviou os olhos da TV quando notou nossa presença. Tinha alguns cortes espalhados pelo rosto, principalmente na boca. Ele nos olhava apenas com o olho direito, pois o esquerdo estava arroxeado e inchado, havia pontos em cima na sobrancelha. Puxou o lençol jogando em cima das pernas, antes do tecido tampasse-as, pude perceber que uma delas estava engessada.

    Ouvi a respiração do Uruha ao meu lado ficar pesada.

    ? Eu falei para o Akira não deixar você vir. ? Sua voz soou rouca e firme demais para um garoto daquele tamanho, surpreendendo-me.

    ? Sou seu melhor amigo, é óbvio que eu viria. ? Takashima falou indo em sua direção, aproximou-se do pequeno e tocou suavemente os machucados do seu rosto, em um carinho terno demais. O menor fechou os olhos apreciando o contato e o loiro deu um beijo em sua testa.

    Eu senti inveja daquele pequeno ser, Shima parecia tão confortável ao seu lado, seus gestos me pareceram tão... Certos.

    Engoli em seco, tentando afastar a sensação de que eu que tivesse no lugar errado, de que eu fosse o intruso ali, a situação só piorou quando Takanori abriu os olhos e fitou-o, seus olhos traspassavam tanto carinho.

    Talvez esse realmente não fosse meu lugar, em poucos segundos eu estava totalmente tomado pelo ciúmes, ciúmes de alguém que aparentemente não é meu.

    Mas os beijos... Vasculhei em minha memória um motivo para ele ter cedido. O primeiro foi roubado, ele pode ter me correspondido pelo susto, mas o segundo foi ele quem tomou iniciativa.

    ??Obrigado.??

    Claro, foi só uma forma de agradecimento, sou muito idiota mesmo, ele nunca gostaria de mim. Voltei meus olhos para os dois a minha frente, o loirinho estava com as mãos entrelaçadas as de Kouyou.

    Saí em silencio daquele quarto, tendo certeza que nenhum dos dois se quer percebeu que eu sai.

    Realmente estava no lugar errado.


    Somente usuários cadastrados podem comentar! Clique aqui para cadastrar-se agora mesmo!