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Décimo sétimo ato ? Turbulência póstuma
Lady Abel Oblivion Araghon
? Você está bem, Sephiroth? ? perguntou Cloud preocupado.
? Eu quem devia perguntar isso. ? respondeu o General, com rosto tenso. ? Você teve que rever aquele monstro e ainda derrotou um exército sozinho.
? Como? ? Cornélius engasgou. ? Cloud fez o quê?
? Eu não derrotei o exército, eu só fiz eles ficarem inconscientes. Precisamos contatar o governo de Tempestade para que eles venham reaver seu principal exército ? contradisse o Sargento.
? E por quanto tempo eles ficarão daquele modo? ? questionou Brucios ao apontar para um soldado de uniforme branco, com o corpo manchado e inconsciente.
? Por alguns dias. É uma doença, ficarão fracos e indispostos. Não tenho qualquer intenção de matá-los ? comentou Cloud com os olhos nublados.
? Eu muito menos ? disse Sephiroth orgulhoso do modo como Cloud tratava os inimigos ?, e é por isso mesmo que estamos partindo agora mesmo de volta para a Sede de Final Fantasy. Aqueles que puderem, ajudem os que não estão em condições de andar. Vincent: faça a contagem das perdas e danos. Vamos voltar e ver o que Tseng tem a nos informar ? ordenou, recebendo como resposta milhares de homens eretos, prestando continência a ele e agindo rapidamente para que, o mais rápido possível, os danos por causa daquela guerra fossem reparados.
? Mas Sephiroth ? chamou Vincent ao parar ao lado do General. ?, não posso ficar para fazer a contagem, preciso ajudá-lo. Você está ferido e?
? Você vai me desobedecer, Coronel Vincent? ? perguntou Sephiroth rudemente, vendo o outro hesitar. ? Faça o que eu mandei, e seja rápido. Quanto mais demorarmos, pior será.
? Sim General! ? respondeu a contragosto, andando a passos duros para o outro lado.
? Você pode despachar o Vincent facilmente, mas não pense que terá a mesma facilidade comigo. ? comentou Cloud baixinho. ? Se não me deixar ajudá-lo, irei daqui direto para o centro da cidade pedir minha transferência de exército.
? Está me ameaçando, soldado? ? perguntou Sephiroth com zombaria.
? Estou sim, Senhor ? respondeu sorrindo suavemente para o líder.
? Tudo bem, eu desisto antes mesmo de tentar. Por você eu faço qualquer coisa ? sussurrou roucamente, fazendo Cloud rir levemente.
Abraçando a cintura de Sephiroth, Cloud ajudou-o a se apoiar nele e ambos foram andando na direção da mansão. Ao passarem por Vincent, ele perguntou se o Sargento estava ferido, mas ele não estava. O Coronel marcou que o General estava.
Aos poucos os soldados iam se dissipando, e logo após uma pequena caminhada os dois foram interceptados por um tanque de guerra que levava alguns soldados para a base, para que pudessem trazer outros tanques, o cozinheiro da mansão, que agia como médio de FF, e equipamentos para tratar os feridos. Cloud e Sephiroth foram levados rapidamente de volta no tanque.
? Bem-vindos de volta. ? exclamou Tseng quando o tanque parou. ? General, Sargento.
? Chega de rodeios, Tseng. Vencemos, mas há coisas que precisam ser tratadas aqui e agora. Aproveitarei que todos estão ocupados com os problemas que o conflito trouxe ? disse Sephiroth, sentando em um banco que havia no jardim externo da mansão, perto do portão de entrada dos soldados.
? Eu vou buscar ataduras e remédio para esse seu ferimento ? comentou Cloud correndo para dentro da mansão.
Tseng e Sephiroth conversaram sobre o que aconteceu na batalha enquanto o rapaz não voltava. Quando ele voltou, ajudou o General a tirar a parte de cima de suas roupas e não tardou em cuidar de seu enorme ferimento no peito. Olhar para aquele machucado deixou Tseng horrorizado, e foi para acalmá-lo que Sephiroth começou a contar como ganhara aquele buraco, como o homem chamara.
E foi só quando o peito do líder estava devidamente cuidado, com remédio e ataduras, que Cloud passou para o braço ferido, tomando o cuidado de não criar nenhuma faísca de magia ou Sephiroth sentiria dor, já que ainda havia resquícios da chama do Mestre do Fogo.
? E então, como estão as coisas por aqui? ? perguntou o General preocupado.
? Eu fiz o que pude para manter as coisas na linha. O pessoal do laboratório não conseguia explicar porque a barreira estava enfraquecendo, obviamente eles nem desconfiam que haja alguém entre eles que está sabotando o sistema. Mas, repentinamente, algo fez a barreira se recompor, ficando ainda mais forte. E o pior: perdemos o controle dela ? explicou Tseng, evasivo, esperando a reação do General.
Mas ele parecia muito mais pensativo do que normalmente. E assim que Cloud terminou suas tarefas com os ferimentos do líder, Sephiroth puxou-o para seu colo, abraçando-o pela cintura e beijando levemente seu pescoço.
? Hum? Talvez esteja na hora de destruir aquela barreira e erguer uma nova ? comentou o General vagamente.
? Acho que não será necessário. ? Cloud hesitou ao falar. ? Quem reativou a barreira foi eu, e quem está mantendo-a também sou eu ? explicou, mordendo o lábio inferior.
? Como assim? ? questionou Tseng curioso.
? Acho que você me deve algumas explicações ? comentou o General, apertando-o contra si. Cloud deu de ombros.
? Quando eu senti a barreira enfraquecendo, não consegui evitar o impulso de reerguê-la. Foi por isso que eu saí de seus limites: porque ela solidificou-se por vários minutos ? respondeu o rapaz indiferente.
? E, enquanto fazia aquele showzinho, você mantinha a barreira intacta? ? perguntou o General incrédulo.
? Contanto que ninguém tente destruí-la, não afetará minha energia. Ela suga a energia ao seu redor para manter-se ativa, mas para proteger ela suga da minha ? explicou rapidamente.
? Isso foi perigoso! ? rugiu Sephiroth no ouvido dele, fazendo-o arrepiar-se.
? Foi necessário! ? contradisse Cloud, mas antes que o General pudesse reclamar, um Kadaj ofegante apareceu diante dele.
Ele arfava fortemente, as mãos estavam apoiadas nos joelhos e os olhos estavam fechados. Os outros três presentes fitavam-no com sentimentos diferentes: Sephiroth estava surpreso em vê-lo ali; Tseng estava aliviado pelo Subtenente estar de volta; já Cloud o olhava com curiosidade explícita.
? É muito bom revê-lo, Kadaj ? comentou Sephiroth cinicamente; Cloud beliscou-lhe a perna, pedindo silenciosamente que ele se comportasse.
? Estou de volta, General. ? Kadaj prestou continência ao líder, manuseando a cabeça na direção de Tseng e de Cloud. ? Permissão para falar, Senhor?
? Claro claro ? disse Sephiroth desinteressado.
? É verdade que está acontecendo uma guerra? Que o exército Cães do Inferno de Tempestade planeja atacar-nos? ? a fala do Subtenente foi sumindo aos poucos ao ver o estado como Cloud e Sephiroth estavam.
? Creio que você tenha recebido informações desatualizadas, Kadaj ? respondeu o General friamente.
? Ninguém sabe que nós vencemos, Sephiroth ? sussurrou Cloud para o outro.
? Vencemos? Mas a batalha já acabou? ? as sobrancelhas albinas de Kadaj franziam-se cada vez mais.
? Vencemos graças ao Sargento Cloud ? respondeu Sephiroth orgulhoso.
? Sem exageros, eu não fiz nada ? disse o rapaz corado.
? Você destruiu o exército inteiro sozinho e ainda diz que não fez nada? Imagina se tivesse feito! ? exclamou Sephiroth com ironia.
? Destruiu? Sozinho? ? Kadaj estava mais perdido do que cego em tiroteio.
? Eu não os destruí, só os impossibilitei de continuar lutando ? contradisse Cloud emburrado, cruzando os braços e fazendo bico.
Sephiroth gargalhou, abraçando-o ainda mais forte e beijando sua bochecha várias vezes, exclamando vários ?sim, sim? descontraídos que amoleceram a expressão do Sargento e fizeram Tseng e Kadaj se entreolharem. Não estavam acostumados a ver o General expressar deliberadamente carinho e afeto, ainda mais publicamente.
? Deixa eu ver se entendi: fomos atacados repentinamente, mas vencemos? ? perguntou Kadaj quando a cena diante dele começou a ficar ?alegre? demais ? o que incluía mãos fortes deslizando pelo corpo de um Cloud que protestava e tentava pará-lo.
? Exato ? confirmou Sephiroth, sussurrando algo apenas para Cloud ouvir. O rapaz apalpou os bolsos de sua jaqueta, pegando de dentro de um deles um maço de cigarro. Colocou um nos lábios do General e acendeu-o com um isqueiro.
? E cadê o nosso exército? Está tudo muito quieto por aqui ? comentou o Subtenente, fitando tudo ao seu redor.
? Estão mortos. ? disse Sephiroth friamente. ? Todos morreram no campo de batalha ? completou ao tirar o cigarro dos lábios e assoprar a fumaça para o alto.
? Impossível! ? exclamou Kadaj horrorizado. Tseng crispou os lábios contendo o riso, e Cloud fitou o General, apertando seu braço bom, ao mesmo tempo contendo-se e repreendendo-o. O Subtenente tomou como um gesto de conter a dor. ? To-Todos? ? perguntou desesperado.
? Vincent morreu protegendo o Cloud ? comentou o General indiferente. Cloud arrepiou-se ao sentir o olhar analítico de Kadaj sobre si.
Alguns minutos de silêncio seguiram-se, onde Tseng havia virado de costas para o rapaz, para que ele não visse o sorriso em seus lábios e a mão sobre a boca, tentando conter-se. Cloud escondeu o rosto no ombro do General depois de jogar a camisa ? nem tão branca ? dele sobre seus ombros desnudos, procurando um modo de não olhar para Kadaj.
? Pare de mentir tão descaradamente, Sephiroth! ? brigou Vincent ao entrar no campo de visão do General, fazendo o Subtenente pular onde estava, apreensivo em encará-lo.
? Já fez a contagem? ? perguntou tragando seu cigarro lentamente.
? Felizmente nenhum morto. ? respondeu orgulhoso. ? Cid está inconsciente, e temos centenas de feridos. Por sorte grande parte teve ferimentos pouco complicados. O médico disse que alguns dias de descanso será o suficiente ? explicou ao abraçar o amante por trás e inspirar seu perfume ao esconder o rosto nos fios albinos.
? Eles merecem depois de enfrentar o inimigo com tanta coragem. ? comentou o General orgulhoso. ? Mas, deixando isso de lado, estou muito curioso sobre como Kadaj soube que estávamos em uma guerra ? suas sobrancelhas ergueram-se sugestivamente. O Subtenente suspirou, pronto para começar a contar, mas Cloud interrompeu-o:
? Acho melhor conversarmos sobre assuntos desse nível em um local mais privado. Os soldados estão exaustos por causa da batalha e não precisam de mais preocupações ? ele dizia enquanto erguia-se do colo do General.
? E por que deveríamos ir para um local mais privado? ? questionou Vincent sem entender.
? Como acha que eles ficarão ao ver a expressão preocupada e apreensiva de vocês? A guerra pode apenas aparentar ter acabar. É necessário transpassar segurança a eles, não o contrário ? disse lacônico, satisfeito ao ver Sephiroth acenar positivamente antes de terminar de fumar rapidamente seu cigarro.
? Cloud está certo. Reúnam todos na sala de reuniões, estaremos indo na frente ? comentou agarrando a mão de Cloud e puxando-o para acompanhá-lo até a sala citada. Ao passar por um cesto de lixo, jogou a bituca apagada lá.
Enquanto acompanhavam o General e o Sargento com os olhos, Kadaj e Vincent mantiveram-se quietos, mas ao se fitarem, abraçaram-se apertado, colando os lábios afoitamente.
? Você quis deixá-los sozinhos por um tempo ou quis dar-nos um tempo sozinhos? ? perguntou Cloud risonho, olhando rapidamente para trás antes de entrar na mansão, vendo os dois homens abraçados, aos beijos. Sentia-se feliz por eles.
? Um pouco dos dois ? respondeu Sephiroth ao abraçar Cloud pela cintura. ? , há muito para ser dito, e tempo o suficiente para isso. Mas não posso evitar querer relaxar um pouco depois de tudo o que aconteceu ? confessou o General, bocejando.
? É verdade. Todos nós merecemos alguns dias de descanso. Você foi muito bem, General ? elogiou Cloud, rindo quanto Sephiroth apertou suas bochechas, dando depois um selinho rápido no local.
? Não teríamos vencido se não fosse você ? contou ele roucamente, seus olhos brilharam ao olhar para o rapaz.
? Ah, não exagera! Vocês teriam dado um jeito mesmo sem mim para ajudar ? disse rindo, vendo uma carranca formar-se no rosto do General.
? Sim, teríamos, mas haveria muitas percas. Muitas mortes e centenas de danos irreversíveis; sua ajuda foi primordial para que meus homens não precisassem dar suas vidas por FF ? murmurou Sephiroth aborrecido.
? E eu tenho certeza que eles fariam isso sem hesitar ? comentou o rapaz orgulhoso.
? Não sabe o quanto sou grato a você ? disse Sephiroth, abraçando-o mais forte.
Sephiroth estava sentado no topo da enorme mesa de reuniões, com uma xícara de café à sua frente, vários papéis em suas mãos, um cigarro pendurado nos lábios e um Cloud suspirando ruidosamente em seu colo.
Quando os homens que estavam entrando viram aquela cena, não conseguiram esconder a surpresa. Zack desatou-se a rir, enquanto Vincent e Kadaj se entreolhavam e Cid sorria satisfeito. Reno deu de ombros, incapaz de dizer algo.
? Mandou nos chamar, General? ? perguntou Cid suavemente, sentando em uma cadeira qualquer da mesa.
? Sentem-se todos. ? ordenou tirando o cigarro dos lábios e bebendo um gole de seu café. Tseng entrou na sala silenciosamente e encostou-se na porta. ? Foi ideia de Cloud que discutíssemos longe dos olhos dos soldados. A última coisa que precisamos é que eles achem que estamos com problemas.
? E não estamos? ? perguntou Reno serenamente.
? Alguns, não muito complicados. O problema com a barreira foi resolvido. Ela está refeita e sob a vigia de outra pessoa, liberando o controle do laboratório ? contou, colocando uma folha sobre a mesa, onde havia um relatório sobre o comportamento da barreira.
? E quem está cuidando disso? ? questionou Cid curioso.
? Não posso contar, mas é uma pessoa de confiança. ? respondeu Sephiroth dando de de ombros. ? O próximo problema é o governo de Tempestade.
? Eu já os contatei e estarão mandando um grupo especial para recolher os corpos dos soldados de CI. Também estarão fazendo uma celebração em agradecimento por termos mantido a vida de seus soldados. Afirmam que esse conflito nada lhes diz respeito ? disse Tseng acendendo um cigarro.
? Isso é um ultraje! Como seu melhor exército sai de cena sem que eles saibam? ? questionou Reno irritado.
? Controle-se, Reno. O governo não tem obrigação de vigiar seus exércitos 24 horas. Confiança é a base da convivência. Decerto Tempestade tomará uma providência. ? comentou colocando outro papel sobre a mesa, onde havia algumas informações sobre Tempestade e CI. ? O problema com o laboratório? ? perguntou o General fitando Tseng.
? Já está resolvido ? respondeu o homem.
? Ótimo. Agora Kadaj pode começar a nos contar como soube que estávamos em guerra. ? disse bebendo um gole de seu café. Cloud se mexeu, abrindo os olhos. ? Acordou na hora certa. Estamos ouvindo Kadaj falar ? comentou ao Sargento.
? Bem, você está fazendo um alvoroço por nada. ? disse o Subtenente, cruzando os braços. ? Encontrei com seu mensageiro na cidade e ele me contou, temendo que minha falta no conflito fosse um problema sério para o exército. Então eu vim para cá o mais rápido que pude, mas quando cheguei tudo já estava resolvido.
? Bom, eu já imaginava que havia sido algo assim. Nosso conflito chegará aos ouvidos do povo, assim como nossa vitória. Abstenham-se de comentários. Apenas eu darei qualquer informação ao povo ? ordenou Sephiroth sério, vendo todos afirmarem com a cabeça.
Cloud, sonolento, deitou a cabeça no ombro do General e inspirou profundamente, relaxando. Não dormia, estava apenas em estado semiconsciente, ouvindo e registrando tudo o que era dito. Era uma situação deveras delicada. Esperava que não houvesse problemas nos dias que se seguiriam, porque acreditava que eles não precisavam deles, por ora. Era o suficiente tudo o que haviam passado. Seria bom alguns dias de paz.
De repente braços fortes tiraram-no do colo de Sephiroth, e ele foi aconchegado contra um peito firme, sendo carregado como uma princesa. Riu, abraçando o pescoço disposto a si.
? Vincent, é um pecado estragar o sono de outra pessoa ? comentou zombeteiro, ouvindo o riso suave do outro.
? Você é um travesso. E como sabe que sou eu se está com os olhos fechados? ? perguntou o Coronel curioso.
? Meu corpo está acostumado ao seu toque por causa daqueles dias em que cuidou de mim ? explicou, aconchegando-se a ele e ronronando.
? Leve-o aos meus aposentos. Todos estão liberados. Kadaj fica ? ordenou Sephiroth enquanto avaliava um documento.
? O Subtenente está encrencado ? comentou Cloud marotamente, fazendo todos rirem.
Pouco a pouco todos foram saindo, até que restou apenas Sephiroth e Kadaj. O rapaz sabia porque havia recebido a ordem de permanecer na sala de reuniões, por isso, suspirando, coçou os olhos. Foi pegar uma xícara de café na pequena mesa que havia em um canto, onde vira que Cloud deixara a bebida disposta a quem quisesse pegar, como ele mesmo fazia quando era secretário de Sephiroth.
Foi obrigado a admitir que o rapaz estava fazendo um trabalho melhor do que ele mesmo fizera. E não era só pelo fato de que ele estava volúvel aos pedidos do General ou porque fazia todas as atividades que lhe eram obrigatórias, mas também porque havia salvado Sephiroth no campo de batalha.
Apesar de ninguém ter contado em detalhes o que acontecera no campo de batalha ? porque parece que eles não sabiam grande parte dos detalhes ?, Vincent lhe contara que vira quando Cloud atirara no inimigo de Sephiroth depois de ele ter cravado sua espada no peito do General.
Seria eternamente grato ao rapaz, não só por ele ter salvado Sephiroth, mas porque todos em FF gostavam do General ? gostavam do homem e do líder.
? Você demorou, Kadaj ? comentou o General acendendo outro cigarro.
? Eu sei Senhor, peço perdão pela minha demora, não foi proposital ? desculpou-se o Subtenente.
? Sei? ? comentou distante, tragando o cigarro e assoprando a fumaça para cima.
? O Senhor não devia fumar tanto ? disse Kadaj hesitante, sentando devagar em uma cadeira perto do líder.
? Não se preocupe com detalhes ? foi a resposta vaga que o mais velho deu.
? Sephiroth, pare com isso! ? brigou o Subtenente, incomodado com o modo distante do outro.
? Ah, finalmente você parou de agir como um soldado. ? disse sarcasticamente. ? Já pode começar a me contar se descobriu algo sobre Cloud, já que na sua carta não havia absolutamente nada ? havia uma nota de indignação no tom rouco.
? Eu descobri muitas coisas sobre ele, mas não podia colocar em uma carta. Não que eu não tenha fé em nosso mensageiro? ? começou Kadaj, mas foi interrompido pelo líder.
? Mas todo cuidado é pouco ? completou o General, seus olhos semicerrados na direção do soldado.
? Exato ? confirmou Kadaj.
? O que significa que o que você descobriu pode criar alguma confusão ou ser informações sigilosas ? concluiu o mais velho, tragando fortemente.
? Sim Senhor. O que Senhor quer eu comece a contar? Talvez demore um pouco para que tudo seja dito ? explicou olhando para seu relógio no pulso.
? Na verdade, Kadaj, eu não quero saber ? disse o General, por fim, sorrindo ao ver a expressão de desentendimento no rosto do outro.
? Você me mandou virar o mundo de ponta cabeça para encontrar o que queria, mas agora não quer mais saber? ? perguntou o Subtenente indignado.
? Eu quero saber, quero muito. Mas quero que seja através de Cloud. ? respondeu, vendo os ombros de Kadaj se encolherem, apreensivos. ? Sabe, quando você estava ausente muita coisa aconteceu. Você deve ter notado que o Vincent e o Cloud estão próximos. Eles se tornaram amigos porque Vincent precisou cuidar dele depois que? que eu fiz algo a ele. Me arrependo do que fiz e, para mostrar a Cloud isso, esperarei que ele decida contar por si mesmo ? explicou o General enquanto apagava seu cigarro e levantava.
? Então tudo o que eu fiz foi em vão? ? perguntou Kadaj, engolindo em seco.
? Não, claro que não. Se for necessário ir ao extremo, eu ouvirei o que você descobriu, mas eu espero que não seja necessário ? disse o General caminhando para a porta da sala.
Kadaj ergueu-se, prestando continência ao líder e esperando ele sair primeiro, como era regra. Ao ficar sozinho na sala, suspirou, coçando a nuca. As palavras de Sephiroth haviam surpreendido-o. Mas agora que tudo acabara, via que estava tão cansado e fadigado que tudo o que queria era tomar um banho e cair em sua cama, pensava em dormir, mas só depois de deliciar-se com a companhia de Vincent. Sorriu diante do pensamento, rumando ao seu quarto.
Sephiroth caminhava a passos decididos pelos corredores vazios e silenciosos de FF. Não era comum que tudo estivesse tão calmo, mas Sephiroth sabia que, depois do que haviam passado, mereciam um descanso, e foi por isso que liberaram, por uma semana, que qualquer soldado poderia ir e vir para onde quisesse. Seja ir na cidade, ou viajar para a casa de seus parentes.
E surpreendeu-se ao ver que grande parte decidiu ir para casa. Zack brincou, dizendo que, ao verem a morte de perto, começaram a notar o quanto suas vidas eram insignificantes e que deveriam ir visitar seus pais, irmãos ou esposas.
É claro que todos riram, mas havia certa verdade naquela brincadeira, como era de praxe ao Tenente.
Sephiroth virou em um corredor e logo colocava a mão sobre a maçaneta da porta de seu quarto, prestando atenção aos movimentos e barulhos lá dentro. Não havia nada. Abriu a porta lentamente, fechando-a devagar e encostando-se nela. Fitou o sofá e a cama: não havia nada. A porta do banheiro estava aberta e a luz acesa. Não demorou muito para Cloud sair de lá.
Ele vestia uma camiseta de Sephiroth, com os dois botões na frente do abdômen abotoados, e uma cueca boxer branca que deixava ainda mais evidente sua pele pálida. Os pés estavam descalços, e ele não notou a presença de alguém nas sombras do quarto.
Foi só quando se jogou na cama, suspirando e murmurando algo que Sephiroth não entendeu, olhando para a porta, que Cloud notou que não estava sozinho. Seu rosto ficou branco no momento em que ele pulou, espremendo-se contra a cabeceira.
? Ah! ? começou a gritar, mas a risada divertida de Sephiroth, e os dois passos dados à frente, denunciando-o, fizeram o rapaz calar-se. O rosto vermelho e os lábios crispados mostravam seu susto. ? Ai Sephiroth, precisa me assustar desse jeito? ? perguntou com a voz em tom mimado.
Sephiroth riu ainda mais.