Hocus Pocus To Me.

Tempo estimado de leitura: 4 horas

    16
    Capítulos:

    Capítulo 4

    O abismo da solidão.

    Álcool, Adultério, Heterossexualidade, Homossexualidade, Linguagem Imprópria, Nudez, Suicídio, Violência

    Olá pessoal :3

    Trago para vocês mais um capítulo cheio e emoção desta Fanfic *0*

    Enfim, escrevi com muito carinho e espero que vocês gostem xD

    A música do capítulo é aquela OST de Naruto - Sadness and Sorrow.

    Link: http://www.youtube.com/watch?v=-Ug070QK674

    É isso aí!

    Obrigada pela atenção de todos vocês!

    Espero cada vez mais e mais agradá-los com minha estória :)

    Boa leitura!

    O futuro da jovem órfã era algo que completamente desconhecia, no entanto, nada havia sido fácil e jamais o seria para ela no longo caminho que trilharia.

    (...)

    Alguns dias se passaram, mais uma fria noite daquele inverno havia chegado e a jovem estirada no chão de madeira, de olhos abertos, profundas olheiras, observava o teto do quarto vazio.

    Os dias estão passando, mas essa dor não ameniza! Sinto-me como um floco de neve caindo cada vez mais na escuridão desse abismo chamado solidão... Já não me restam lágrimas para chorar, a dor da fome desistiu de me obrigar a comer, sequer tenho forças para me levantar desse chão gelado.

    Com os pensamentos distantes daquela realidade, ainda deitada, ela ouviu o ranger da porta de madeira da casa, sendo aberta e logo em seguida, o barulho dos passos pesados começou a ecoar pelo corredor aproximando-se do cômodo e então a porta do mesmo, que estava apenas encostada, foi aberta completamente, permitindo que adentrasse um pouco mais de claridade ao quarto que antes, iluminado apenas estava pela luz que atravessava pela fresta da porta.

    ? Qual o seu problema garota? ? ele inquiriu se aproximando dela, pegando-a irritadamente pelo braço. Ele a ergueu e a puxou para fora do cômodo, seguindo até a sala.

    ? Deixe-me em paz! ? ela pediu em voz baixa.

    ? Claro! ? ele aceitou jogando-a sobre o sofá e se sentando no outro. ? O que significa isso? ? perguntou nervoso.

    ? Não é problema seu! Aliás, se eu morresse sem que você precisasse sujar as suas mãos comigo... Deixaria-te feliz, estou certa? ? provocou com ironia.

    ? Você está errada! Se morresse agora seria o fim... Da minha felicidade! ? esclareceu olhando-a nos olhos.

    ? Hãn?! ? ela olhou-o incrédula.

    ? Eu amo... Te ver sofrer! A morte seria apenas o fim do meu entretenimento predileto, ou seja, você! ? confessou com uma expressão facial sádica.

    ? Meu Deus! E eu achava que você era apenas um homem ganancioso, que estava disposto a fazer qualquer negócio para se dar bem, mas não... Você é louco! ? ela completou com os olhos arregalados, assustada.

    ? Talvez eu seja... No entanto, sinta-se privilegiada! Afinal, não é toda mulher que consegue a minha atenção! ? ele comentou analisando maliciosamente a jovem a sua frente.

    ? Privilegiada? Pelo meu próprio tio querer me ver no inferno? Não mesmo! ? ela respondeu, não compreendendo as intenções do mais velho.

    ? Sakura! Olha só... Eu não vim aqui para te ameaçar, nem nada do gênero... ? ele foi interrompido.

    ? Veio para que então? ? ela inquiriu friamente.

    ? Esse teu jeito impassível me lembra muito sua mãe! ? disse o homem olhando-a encantado.

    ? Não enrole... Diga logo o que quer! ? ela ordenou impaciente.

    ? Você! ? respondeu instantaneamente.

    ? Hãaan?! ? ela indagou assustada.

    ? Vim lhe fazer uma proposta! ? ele anunciou levando uma das mãos aos cabelos, tentando inutilmente colocar para trás alguns dos fios macios que teimavam em cair sobre a testa.

    ? E o que seria? ? perguntou temendo a resposta que ouviria.

    ? Ir embora comigo para o exterior!

    ? Ah claro! Para ser feita de escrava? ? inquiriu com deboche.

    ? Não! Quero-te como minha mulher! ? ele confessou direto e sério, olhando-a profundamente em seus olhos verdes.

    ? O que? Mesmo sendo a peste que é, ainda assim é meu tio... Isso não está certo! Fora que eu sou menor de idade e você não... ? foi interrompida enquanto buscava uma maneira de tirar aquela ideia da mente dele, se afastando com medo do homem que aos poucos se aproximava dela.

    ? Isso é simples! Apenas precisamos simular a sua morte e tirar uma nova identidade para você, o que não será nada difícil! ? ele salientou passando a analisá-la dos pés a cabeça.

    ? Não! Você só pode estar brincando... Você me odeia, eu te odeio! Eu tenho nojo de você... NOJO! ? ela vociferou enquanto ainda se distanciava do tio, no entanto, chocou suas costas contra a parede. Era o limite, o fim da linha.

    ? Desgraçada... Por que acha que eu ainda não te matei? ? ele indagou notavelmente furioso, com os olhos marejados. ? Você é tão parecida com ela... Até nesse teu jeito agressivo de me repudiar! ? ele levou uma das mãos para tocar o rosto da jovem, porém ela deu-lhe um tapa, impedindo-o. Ele então abaixou a cabeça, fitando o chão. ? Vou te dar um tempo para pensar melhor! Por hora eu vou embora, mas tome cuidado... Você pode acabar enlouquecendo se ficar aqui isolada por muito tempo! ? ele advertiu com sarcasmo.

    ? Vá embora! Saia daqui agora! ? ordenou se levantando e apontando para a porta.

    ? Já estou indo, mas não se preocupe, pois eu voltarei em breve... ?Florzinha?! ? avisou seguindo até a porta, parando na mesma para ajeitar o sobretudo.

    Olhou novamente para a garota, sorrindo de canto para ela, entretanto, foi ignorado pela mesma que virara o rosto para o lado, deixando-o fulo de raiva. Irritado, seguiu a passos pesados até o carro.

    Assim que o automóvel se distanciou e sumiu de seu campo de vista, a garota que até então se mantinha firme sobre suas pernas, as mesmas fraquejaram, fazendo com que ela caísse de joelhos no chão e com a expressão vazia, as lágrimas que, antes julgara escassas, sem força alguma, caíam dos olhos verdes opacos, como se a menina estivesse em um estado de transe.

    (...)

    Outro dia se passou...

    Já havia anoitecido, a casa vazia e escura era assustadora, como uma casa-mal-assombrada seria. A garota ajoelhada, com os braços apoiados na costa do sofá, observava pelas vidraças um pouco embaçadas da janela a neve que caia lá fora. Após alguns minutos olhando fixamente para todo aquele gelo, ela viu lá longe um vulto. Fechou os olhos e balançou a cabeça negativamente, olhando novamente para fora e não enxergando nada. Logo em seguida ouviu alguém bater na porta.

    Engoliu a seco imaginando que fosse o tio novamente, porém, se realmente fosse, ele não teria batido na porta, afinal, ela não estava trancada, assim a garota de cabelos róseos levantou-se e caminhou até a mesma abrindo-a. Assustou-se ao ver que era uma criança vestida a ?farrapos?, tremendo de frio, quem batia em sua porta:

    ? O-Olá ?nee-san?! V-Você poderia me dar um copo d?água? ? pediu o aparentemente menino, batendo o queixo de frio.

    ? Nossa! Entre... Está muito frio aqui fora! ? ela pegou na mão do suposto garoto, o puxando para dentro.

    Os dois seguiram até a sala. Ela o deixou sentado no sofá e foi buscar um cobertor e a água. Poucos minutos depois ela voltou para o cômodo onde ele estava, se aproximou dele e o enrolou no cobertor espesso.

    ? Assim está melhor? ? ela indagou preocupada, entregando o copo com água para a criança. ? Eu estou fazendo chá, daqui a pouco o trarei para você!

    ? Obrigada nee-san! ? a criança agradeceu.

    ? Eh... Qual o seu nome? ? perguntou simpática.

    ? Todos costumavam me chamar de Nana! Mas o meu nome verdadeiro... Eu não sei! ? respondeu tomando um gole do líquido.

    ? Ah... Então você é uma menina? ? inquiriu surpresa.

    ? Sim... Achou que eu era menino? ? olhou inexpressivamente para a outra.

    ? B-Bem... Mais ou menos, eu... ? tentava explicar, sem graça.

    ? Não tem problema, todos acham que sou! ? ela comentou sorridente.

    ? Hum... Eu sinto muito! ? disse sentando-se no sofá. ? A julgar pela aparência, os cabelos desgrenhados aparentam curtos e fora que o rosto infantil... Dá pra confundir-se bastante entre o feminino e o masculino! ? ela pensou.

    ? E qual é o nome da nee-san?

    ? Sakura... Haruno Sakura!

    ? Hum... É um belo nome! Eu gostei! ? a pequena sorriu outra vez.

    ? Obrigada! Né... Nana-chan, eu gostaria de saber, como você veio parar aqui? ? perguntou sem jeito. ? É que minha casa fica bem longe da cidade e só tem floresta ao redor! ? justificou mordendo o lábio inferior.

    ? Eu morava aqui perto!

    ? Hãn? ? a jovem arregalou os olhos.

    ? Ok... Não era tão perto assim, mas também não era longe!

    ? Hum! E aonde é? Eu preciso te levar para os seus pais... Eles devem estar preocupados!

    ? Não tenho pais! Onde eu morava não existe mais! Estive vagando por essa mata por dias até achar essa casa! ? confessou inexpressiva.

    ? Hum... Entendo! Você não tem para onde ir, né?

    ? É... Algo assim! ? confirmou fitando o nada.

    ? Se quiser pode ficar aqui! Eu também não tenho ninguém e lá fora está muito frio para uma criança ficar ?vagando?! ? sugeriu sorrindo.

    ? Eu não posso! Arigatou nee-san! ? agradeceu se levantando e desenrolando-se do cobertor. Correu até a porta.

    ? Espere Nana-chan! É muito perigoso continuar com isso... ? avisou correndo atrás da menina na tentativa de impedi-la, porém, a pequena já tinha saído em disparada rumo à floresta escura.

    ? Até mais nee-san! ? despediu-se a menina sumindo em meio à escuridão.

    ? NANA! ? gritou parando de correr, já estava do lado de fora da casa. No entanto, como perdera a garotinha de vista, resolveu voltar para dentro.

    Adentrou a sala, jogando-se no sofá. O olhar longínquo, a jovem se afundou em seus pensamentos...

    Será que aquela criança era real? Ou fruto da minha loucura? Mas eu a toquei, sua pele gelada era tão verdadeira... Ou será que isso foi obra daquele cretino?

    Não! Não pode ser! Ela não parecia esse tipo de criança... A sinceridade que vi em seu olhar era forte demais para ter sido apenas mentira!

    (...)

    Com o passar do tempo, os dias pareciam se tornar cada vez mais longos durante aquele inverno rigoroso e a cada segundo que se passava a solidão arrebatava a sanidade e a vida da garota que aos poucos se definhava em meio a sua depressão profunda. Mal se alimentava, permanecia a maior parte do tempo deitada no chão do quarto vazio de sua finada avó, olhando para o teto.

    Sakura, que antes já era magra, por conta da vida que estava levando, havia perdido alguns quilos, emagrecendo ainda mais e sentia-se fraca.

    ? Porque demora tanto? A vida esvai-se tão lentamente quando estamos sofrendo?! Irônico, pois quando somos felizes ela parece passar num piscar de olhos! ? imersa em seus devaneios, inconformada, ouviu o telefone tocar.

    Porém não se levantou para ir atendê-lo, fazendo com que caísse na caixa de mensagens:

    ? Ora... Eu sei que você está aí, florzinha! Mas se não quer atender, tudo bem! Só estou ligando para avisar que estarei aí para receber a minha resposta ?positiva? dentro de dois dias! Enfim, beijos e até lá!? desligou o telefone.

    ? Maldito! Mil vezes maldito! Porque ele não some e me deixa em paz? ? inquiriu-se irritada.

    A jovem então se pôs em pé com dificuldade. Os cabelos róseos que antes trazia aparados na altura dos ombros, estavam mais compridos, bagunçados. Alguns dos fios rebeldes, ao se levantar, caíram sobre sua face bloqueando-lhe a visão. Ela colocou-os atrás das orelhas e seguiu até a cozinha para tomar um copo d?água.

    Ao chegar na pia, observou pela janela que tinha sobre a mesma, um tanto distante, um vulto. Forçou um pouco os olhos e conseguiu enxergar mais precisamente. Tinha a forma de uma criança, semelhante à Nana.

    Os olhos infantis pareciam tristes, como se através do silêncio clamassem por ajuda, por afeto, por ao menos alguém que a acolhesse.

    ? Nana-chan?! ? indagou assustada, no entanto, desta vez não hesitou em usar o pouco de força que ainda tinha disponível e seguiu até a porta da casa saindo da mesma, sem sequer notar que ainda vestia roupas de dormir.

    Trajada estava de seu pijama azul, composto por apenas uma camiseta de mangas compridas e uma calça larga, com seu par de simples meias brancas e chinelas.

    Andou rapidamente em direção à floresta congelada, seguindo a imagem da pequena que adentrava cada vez mais por dentre as árvores cobertas de gelo. Em poucos minutos, Sakura notou que já não via mais ninguém a sua frente e logo percebeu que também sequer conseguia avistar a sua casa.

    Continuou andando mata a dentro, apenas as meias e o par de chinelas mal protegiam os seus pés sobre toda aquela neve. Quanto mais andava, mais se perdia, afinal, por mais que tivesse morado ali por tantos anos, nunca em sua vida ousou desbravar aquela enorme floresta sombria.

    Logo ela começou a sentir uma dor aguda em seus pés e mãos, o que a fizera se sentar no chão coberto de gelo e abraçar suas pernas na tentativa de se aquecer. Alguns minutos se passaram e a dor sumiu e ela apenas sentiu seu corpo adormecer. Em seguida um sono tranquilo e incontrolável, aos poucos, involuntariamente foi-lhe fechando os olhos entristecidos, até que tudo ficou escuro.

    Os cabelos desgrenhados, alguns fios pairavam sobre o rosto. A jovem permaneceu ali, inerte, estirada ao chão, enquanto alguns flocos de neve que não eram barrados pelas folhas das árvores, aos poucos a cobria.


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