Olá!
Enfim, vamos as notas do capítulo! O capítulo está muito sentimental, peço que vocês não tirem conclusões precipitadas em relação ao contexto pois ainda há muita água para rolar e coisas para serem explicadas.
A música que escolhi como tema é a Because of You - Kelly Clarkson (deixarei postada nas notas para que vocês possam escutá-la, é linda *-*)
Links: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=CTTjLxXFg0k
Notas:
Yoshi: Algo como "Certo!"
Itadakimasu: Obrigado pela comida!
Arigatou: Obrigado '-'
Ienes: Moeda japonesa
Boa leitura!
Naquele instante, um olhando para o outro, surpresos, os olhos negros assim como os olhos verdes sequer piscavam. Era como se o destino tivesse arrastado aqueles dois amigos de outrora para aquele encontro inimaginável depois de todo aquele tempo. Porém, mal eles sabiam que a coincidência não acabaria ali.
(...)
O tempo para aqueles dois havia estagnado, embora ao redor ele ainda prosseguisse incansável. De repente, do curto, porém eterno momento de transe em que ambos os olhos que se fitavam, encontravam-se naquele instante, despertaram os dois, regressando assim novamente para o mundo a sua volta.
? Você diminuiu... ? comentou o rapaz analisando-a dos pés à cabeça, inexpressivo.
? Não, foi você que cresceu! ? ela contradisse olhando para o lado e esboçou um terno sorriso.
? Hum... ? ele desviou os olhos para a multidão e deu as costas para a garota.
? SASUKE! Volta aqui... ? a mulher de cabelos vermelhos alcançou o moreno, puxando-o pela mão.
? Para de escândalo! Que coisa irritante... ? ele passou a acompanhar a jovem irritada.
? Quem é aquela magricela? ? indagou furiosa, apontando para a menina logo atrás, pois tinha avistado a cena dos dois enquanto se aproximava do garoto há alguns segundos.
? Ninguém importante! ? ele desdenhou sem olhar para trás e como não estavam longe, a menina acabou ouvindo.
? Ninguém importante? ? pensou Sakura abaixando a cabeça e trancando aquelas palavras amargas em seu coração despedaçado, logo o sorriso se desfez.
Afinal, quem era aquele homem frio?
Seria ele, aquele garoto gentil que um dia, no passado, ela chamara de amigo e partilhara com ele o que ela tinha de melhor?
Não, isso estava errado de todas as formas...
Embora, tivesse sentido a nostalgia de após todo aquele tempo, finalmente o tê-lo diante de seus olhos, ainda assim, vê-lo abandonando-a outra vez, como se já não bastasse ele ter ficado todo esse tempo longe dela e nunca ter entrado em contato com ela, doía ? e como doía!
Entretanto, talvez ao longo desses anos, pelo fato dele nunca ter ligado para ela ou mandado uma carta, bilhete ou o que fosse, no fundo de seu coração, de alguma forma, ela já soubesse que aquela amizade havia existido apenas naquele passado distante, em suas doces lembranças e nada mais do que isso.
Paralisada em meio à multidão de pessoas apressadas que caminhavam em rumos distintos, sentindo-se asfixiar por conta dos vários perfumes que se mesclavam com fumaças de cigarros e o choro que prendia na garganta, muda, ela o avistou mais uma vez partir. No entanto, ele não estava indo para o outro lado do mundo, tampouco estava indo para longe. Pior do que tudo isso, ele estava partindo de uma vez por todas, da sua companhia, de suas recordações, de sua amizade e de sua vida.
Um pouco mais adiante, o rapaz andava a passos apressados, sendo seguido pela mulher enraivecida, que de tanto escândalo, acabou chamando a atenção da repórter que por ali passava, acompanhada de seu cinegrafista:
? Senhor Uchiha, dê-me um momento da sua atenção, por favor?! ? pediu a mulher com o microfone em mãos, correndo até o jovem.
? Maldição... ? ele pensou enfadado. ? Não estou com tempo... ? ele ignorou a mais velha e tentou prosseguir caminhando.
? Por favor, senhor Uchiha... Só algumas perguntas! ? ela implorou e antes que ele negasse novamente, ela deu sequência, começando a perguntar ? Como vocês estão lidando com a greve na filial Uchiha na Coréia do Sul? E o que pretendem fazer após a expansão nas Filipinas? Aliás, o que o senhor Uchiha Fugaku pretende com o... ? ela foi interrompida após todas aquelas perguntas que fizera de uma vez.
? Como se eu soubesse! ? retrucou o moreno furioso. ? Francamente, não me pergunte esse tipo de coisa! Eu tenho os meus assessores justamente para esse trabalho chato! ? vociferou dando as costas para a mulher e continuou o seu trajeto.
? É isso aí que você ouviu! Deixem-nos em paz, bando de abutres! ? a ruiva exigiu, ofendendo a repórter e o cinegrafista.
? Como são antipáticos... Maldita minoria rica! ? pensou enraivecida, a mulher com cara de tacho que fora deixada para trás.
? Porque você não aproveita e segue o que disse para aquela repórter de quinta, e me deixa em paz também, Karin? ? ele perguntou com sarcasmo, alcançando a porta do luxuoso carro preto, que estacionado no aeroporto, o aguardava.
? Não me faça rir, por favor! Eu já te disse que não irá se livrar tão fácil assim de mim! ? ela lembrou-o, levando uma das mãos para abrir a porta do banco do passageiro, no entanto, antes que o fizesse, o rapaz já sentado no banco do motorista, travou as portas do carro. ? Hãn? Abra a porta! ? ela forçou a maçaneta.
? Hum... Quem disse que você vai comigo para o meu apartamento? ? ele inquiriu com um olhar zombeteiro.
? O que? Você não está querendo que eu vá a pé, né? ? ela indagou incrédula.
? Olha só, além de chata é advinha! ? ele riu e deu a partida no automóvel, deixando para trás a mulher boquiaberta com tal ousadia.
? SEU ESTÚPIDO! ? ela gritou arrancando os próprios cabelos. ? TÁXI! ? ela berrou correndo até a rua e chamando um veículo que por ali passava. ? SIGA AQUELE CARRO! ? ela ordenou abrindo a porta traseira e adentrando o automóvel.
? Desculpa, o que a senhora disse? ? o homem, não compreendeu muito bem o péssimo japonês da menina estrangeira.
? VOCÊ É SURDO? ? ela rugiu apontando para o carro preto que aos poucos sumia de seu campo de vista. ? Siga aquele carro! ? ela ordenou um pouco mais devagar.
? S-Sim senhora! ? ele passou a obedecê-la. ? Malditos estrangeiros, eu odeio todos eles... ? pensou o homem, olhando para o lado.
Enquanto aqueles dois seguiam para Tokyo, a jovem de cabelos róseos, estarrecida, voltou a si lembrando-se do motivo que a tinha levado ao aeroporto:
? Tenten?! ? ela olhou ao redor e avistou novamente a garota de coques que segurava uma placa com o nome dela escrito. ? Quase me esqueci... ? murmurou aproximando-se da outra.
? Ai, ai... ? a jovem olhou no relógio de pulso. ? Já são dez e meia da manhã... Será que me esqueceram aqui? ? indagou-se entediada. ? Aquela Hinata... Ela disse que daria um jeito de me buscar, mas será que ela me esqueceu? ? inquiriu-se suspirando irritada.
? Tenten-san?! ? pronunciou a menina de longos cabelos róseos que alcançara a jovem chinesa.
? Hãn? ? ela olhou para a outra. ? Você é...? ? sugeriu para que a menor se apresentasse.
? Oh, meu nome é Sakura! Hinata-san pediu para que eu viesse lhe buscar! ? contou esboçando um tênue sorriso.
? Ufa... Eu já estava achando que aquela maluca tinha se esquecido de mim! ? a morena suspirou aliviada abaixando a placa que segurava. ? Bom, então... Estou aos seus cuidados, Sakura! ? a jovem curvou-se para a rosada e apanhou a sua bagagem, que era composta por apenas duas malas que estavam ao chão.
? S-Sim... Vamos! ? a garota gesticulou com as mãos para que a chinesa a acompanhasse. ?Essa pessoa parece tão amigável... Custe o que custar, manterei o meu melhor sorriso! ? pensou andando ao lado da outra.
Ao deixarem o aeroporto, a menina de cabelos róseos apanhou a bicicleta, passando a apenas empurrá-la, enquanto guiava a jovem estrangeira até a casa onde passaria a morar durante o intercâmbio na Universidade de Tokyo.
? Hey, Sakura... O que você é da Hinata? ? perguntou curiosa, fitando a garota pelo canto dos olhos.
? Ah... Eu estou morando com a Hinata-san e com a Ino-san! Bom, eu sou... Amiga?! ? sugeriu um pouco acanhada, corando as bochechas.
? Uau... Que fofa! ? proferiu a maior com os olhos brilhantes. ? Você ficou vermelha! ? observou admirada. ? Mas né, porque você está morando com universitárias? Você ainda está no fundamental, certo? ? indagou confusa.
? N-Não... Eu t-também sou uma universitária! ? contou olhando para o lado, incomodada.
? NOSSA! Então você é um daqueles gênios que pulam um monte de séries na escola e ingressam precocemente na Universidade? ? sugeriu surpresa, arregalando os olhos castanhos.
? N-Não... Eu já tenho d-dezoito anos! ? anunciou envergonhada, desviando o olhar.
? O QUE? Não! ? a morena parou no meio da rua, largou suas malas no chão e levou o dedo indicador ao queixo, pensativa. ? Julgando pelo seu tamanho e aparência, isso está errado de várias maneiras! ? ela expôs analisando a menina dos pés à cabeça.
? Que cruel... Então ela é do tipo sincero doa a quem doer! ? pensou chocada. ? I-Isso magoa de várias maneiras! ? murmurou de forma que a outra não pudesse lhe ouvir.
? Né, Sakura... ? a maior pegou as malas novamente, voltando a andar. ? A casa da Hinata fica muito longe? ? perguntou enfadada.
? S-Só um pouquinho... Q-Quer que eu carregue a sua bagagem?! ? indagou timidamente.
? Não, não! Eu tenho uma ideia melhor... ? a morena contou e se sentou na garupa da bicicleta. ? Ir a pé pra que? Vamos mais rápido pedalando, ora! ? argumentou encaixando as malas na frente da barriga.
? Hãaan? ? a rosada arregalou os olhos. ? B-Bom, eu vou t-tentar! ? avisou subindo na bicicleta e posicionando os pés. ? Vamos... ? com muita dificuldade e usando de força extrema a menina deu a primeira pedalada, quase não saindo do lugar.
? Vish... Acho que é melhor a gente inverter os papéis! ? percebeu, a garota de coques se levantando da garupa e passando a segurar o guidão.
? M-Mas você não sabe o caminho e... ? foi interrompida pela a morena que a pegou pela gola da camiseta e colocou-a sentada na garupa, para amparar as malas.
? Relaxa, é só você ir dizendo aonde virar que eu dou conta do resto! ? anunciou posicionando-se como uma ciclista profissional. ? Bom, por aonde vamos? ? inquiriu confiante.
? B-Bom, você só precisa seguir reto pelas próximas dez quadras e... VIRAR À DIREITA! ? a menina de cabelos róseos berrou agarrando-se na blusa da outra que saíra pedalando em disparada rumo decida a baixo.
? Yahoo! ? gritou a chinesa sentindo o vento bater contra o seu rosto e a adrenalina, atingindo alta velocidade naquela decida.
? EU VOU MORRER! ? pensou desesperada, fechando os olhos com força.
Poucos minutos depois, a garota sentiu que a bicicleta já não seguia mais com a rapidez de antes e então decidiu abrir os olhos, notando que já estavam dobrando a esquina da última quadra.
? E-Eu sobrevivi! ? ela pensou aliviada, soltando-se da blusa da morena.
? E aí Sakura? Seguiremos reto por mais algumas quadras? ? perguntou tranquilamente.
? Graças a Deus não! ? sussurrou suspirando vagarosamente. ? Bom, a partir de agora preste atenção, pois o caminho ficará um pouco complicado... ? alertou a rosada séria.
? Entendido! ? obedeceu atentamente.
O trajeto sucedeu-se mais calmo dali em diante e após quase quinze minutos as duas chegaram à casa, onde a menina chinesa também passaria a morar.
? Pare! É aqui... ? a rosada apontou para a casa enorme, azul-escura e logo se retirou da garupa.
? Uau... Que grande! ? admirou-se descendo da bicicleta e empurrando-a até o portão. ? Uma casa ao estilo ocidental, incrível! ? comentou eufórica.
? Né, Tenten-san... O seu japonês é fluente, já morou alguma vez aqui? ? inquiriu levando a mão ao portão da casa, abrindo-o e dando passagem para a morena adentrar com a bicicleta.
? Não! Meu avô é japonês! ? ela contou percorrendo sobre a curta e estreita passarela. Encostou a bicicleta na parede e posteriormente pôs-se de frente para a porta.
? Hum... ? esboçou um meigo sorriso, fechou o portão e caminhou até a outra, abrindo a porta da moradia.
? Nossa! ? retirou os sapatos sobre a soleira, colocando-os a seguir na sapateira posta ao canto da porta e de pés descalços pisou sobre o escuro assoalho, andando cautelosamente até o centro da sala. ? Por dentro é ainda melhor! ? jogou-se desleixadamente sobre o sofá. ? Ah... Que cansaço! ? espreguiçou-se agarrando uma das almofadas ali por perto e virou-se para o canto. ? Né, Sakura... Vou dormir um pouquinho, por que... ? antes que justificasse já havia começado a cochilar.
? Tudo bem, eu vou à cozinha terminar de decorar o meu bolo de choco... ? foi interrompida antes de completar a palavra.
? Bolo? ? a garota despertou do sono instantaneamente e passou a encarar a menor, assustando-a.
? S-Sim... ? a rosada deu dois passos para trás, confirmando.
? Agora eu me lembrei! Eu estou com mais fome do que sono... ? o estômago da morena roncou alto, ecoando por toda a casa.
? Vish... N-Né, venha comigo então, afinal, só falta colocar alguns morangos de decoração e estará pronto! ? contou constrangida, gesticulando para que a outra lhe acompanhasse.
? Yoshi! ? seguiu a menina de cabelos róseos até o cômodo indicado. ? Incrível... ? ela suspirou com água na boca, admirando o enorme bolo sobre a mesa. ? Eu também sou boa nessas coisas... ? ela se aproximou da mesa, puxou uma cadeira e se sentou na mesma.
? Hãn? Quer dizer que você também é boa na cozinha?! ? indagou surpresa, seguindo até o pacote de morangos. ? Yes! Terei quem me ajude a cozinhar de agora em diante! ? comemorou mentalmente, passando a finalizar a decoração do bolo.
? Sim, sim... Inclusive até ganhei o prêmio BG no campeonato do meu colégio, no ensino médio, lá em Hong Kong! ? expôs toda orgulhosa.
? Uau... Que incrível, Tenten-san! ? olhou para a morena com os olhos brilhantes. ? E o que seria esse prêmio BG? ? perguntou contemplando o fato de a nova amiga ter ganhado um campeonato.
? Boa de Garfo! ? respondeu instantaneamente. ? Consegui comer trinta rolinhos primavera sem desmaiar ou vomitar, em apenas vinte minutos! Quebrei o recorde do campeonato dos últimos cinquenta anos! ? anunciou satisfeita.
? Ah... Então é isso o que significa a sigla BG! Q-Que legal... ? murmurou sem graça.
? Sim, o que você achou que fosse? ? a garota chinesa encarou-a enfadada.
? N-Nada... Eu só queria saber! ? justificou esboçando um sorriso amarelo. ? Por um momento eu acreditei que havia conhecido alguém com quem me identificaria na cozinha! ? pensou desapontada. ? M-Mas bem, mudando de assunto... Aqui está! ? ela partiu o bolo, colocando uma fatia ?rechonchuda? sobre o pequeno prato de louça e o pôs em frente à outra, sobre a mesa.
? Miam, miam... Itadakimasu! ? ela agradeceu pela comida, capturou o garfo e passou a comer alegremente.
? Q-Quer um chá para acompanhar?! ? inquiriu apontando para a garrafa térmica sobre a pia.
? Ah, sim! Sempre que for de comer ou de beber, eu não dispensarei nada! ? ela expôs exibindo um enorme sorriso.
? É... Vejo que o prêmio ?BG? foi bem merecido! É incrível como ela é magra... ? pensou com ironia e apanhou um copo sobre a mesa, enchendo-o de chá. ? Pronto! ? entregou a jovem sentada à mesa.
? Arigatou! ? ela tomou um gole da bebida.
? Estou tão feliz... Hoje eu perdi um amigo, se é que ainda poderia ser considerado assim, porém, acho que ganhei uma nova amiga! ? pensou contente e sentou-se à mesa também.
As horas transcorreram-se rapidamente e logo o relógio analógico posto a parede já apontava às treze horas daquele começo de tarde de sábado.
Sakura ao redor do fogão terminava de preparar o almoço tardio, pois havia decidido esperar Hinata, que sairia mais cedo do pet shop, para almoçar com ela e com a nova companheira, enquanto Tenten, após ter comido quase metade do bolo de chocolate sozinha, cochilava no sofá da sala.
A casa, que até então estava silenciosa, passou a ficar barulhenta, começando pelos latidos do enorme cão desastrado, que caminhava como um ônibus desgovernado, trombando com os móveis que apareciam em sua frente e assim que alcançou a sua dona, na cozinha, revelou uma sandália toda mastigada, pendurada pela fivela em um dos seus dentes.
? Ah não, Hoshi! ? ela deixou a colher descansando na borda da panela e agachou-se frente ao cachorro. ? Não acredito que você fez isso de novo! Eu já nem tenho muitos sapatos e você fica ?comendo? os poucos que eu possuo! ? ela levou carinhosamente as mãos delicadas até a boca do cão, desprendendo o sapato do dente do amigo, de forma que não o machucasse.
O animal latiu agradecido e deu duas lambidas no rosto da rosada, deixando-a sem ação.
? N-Não adianta fazer isso... Não vai diminuir a sua culpa! ? ela desvencilhou os olhos para o lado, corada e o cão olhou-a clamando por piedade, esfregando a cabeça em suas mãos posteriormente. ? Ok, eu te perdoo... Mas só desta vez! ? alertou pondo-se de pé outra vez para terminar de cozinhar e o amigo canino logo deixou o cômodo, indo para o pequeno jardim aos fundos.
Em um momento os olhos verdes avistaram um gato preto, deitado despreocupadamente no parapeito da janela em frente a pia.
? Kuroneko? ? ela sugeriu em pensamento. ? Que raro! Até hoje eu não tinha visto nenhum dos gatos da Hinata-san pela casa, embora ela tivesse dito que eu deveria tomar cuidado com eles... ? murmurou levando uma das delicadas mãos desocupadas até o felino, acariciando levemente sua cabeça. ? Tão fofo... Acho que eles estavam com medo do Hoshi, por isso não apareciam o dia todo pela casa! ? ela concluiu retirando a mão do animal.
? Que incomum! ? disse a garota de olhos aperolados que em absoluto silêncio havia adentrado a cozinha e observava a cena, chamando a atenção da menina de cabelos róseos, que se virou para ela. ? Achei que eles só fossem dóceis comigo! Geralmente eles arranham a Ino-chan e às vezes até deixam ?presentinhos? dentro dos sapatos dela... ? contou tranquilamente.
? Então foi por isso que ela mandou-me tomar cuidado... Ela poderia ter sido mais específica, afinal, e se esse aqui não fosse com a minha cara? Pobre Ino-san! ? indagou-se em mente, chocada. ? Q-Que bom que ele gostou de mim, né? ? inquiriu sem graça.
? Sim, sim! ? a menina de olhos aperolados esboçou um sorriso de orelha à orelha. ? Mas né, Sakura-chan... O que você achou da Tenten-chan, hein? ? perguntou aproximando-se da amiga e colando o seu rosto no dela. ? Ela não é legal? Você viu aqueles olhinhos puxados? Aquelas roupas chinesas? E então aqueles coques?! Kyah, ela parece a Pucca... Tão oriental! ? falou tudo em um fôlego só, com os olhos brilhantes.
? H-Hinata-san, nós estamos no Japão! Nossos olhos também são p-puxados e estamos no oriente assim como a China! ? lembrou a garota com cara de tacho.
? Ah, é mesmo! Tinha me esquecido desse detalhe, mas nháaa... Ela é muito fofa! ? argumentou saindo da cozinha e indo até a sala. ? ACORDA! Tenten-chan... ? pulou encima da jovem que dormia tranquilamente no sofá.
? AH! Meu Deus... Está tendo terremoto?! ? ela acordou apavorada e olhou para a morena que estava lhe chacoalhando. ? Ah, é só você! ? caiu deitada novamente. ? Você é pesada, sabia? ? anunciou entediada.
? Chega de dormir, vamos almoçar e aproveitar esse sábado maravilhoso! ? sugeriu contente, saindo de cima da outra.
? Não, não! Vou almoçar e você vai me apresentar ao meu quarto, pois preciso conhecer a minha cama, afinal, me separei da outra lá em Hong Kong e preciso pedir essa nova em casamento! ? alertou levantando-se do sofá e passou a seguir para a cozinha.
? Como você é malvada! Nem queria mesmo passear contigo, humpf! ? bufou fazendo beicinho.
Durante a refeição as três, principalmente Hinata que praticamente falava por todas, conversaram sobre diversos assuntos e em meio a risos e constrangimentos, elas almoçaram em harmonia.
Logo após comerem, a jovem de olhos aperolados levou sua mais nova companheira para conhecer o seu quarto, que era o cômodo vago ao lado do quarto de Ino, que se situava no final do corredor, no térreo e rapidamente aquela tarde de sábado se findou, dando início à noite.
O relógio analógico na parede da cozinha já apontava às dezenove horas e Hinata encontrava-se na sala, assistindo à televisão, enquanto Sakura estava novamente na cozinha, preparando o jantar e Tenten se familiarizava com a sua nova cama, dormindo sobre ela.
De repente, a porta da casa foi aberta com violência e nela surgira uma jovem de longos cabelos loiros, com uma expressão assustadora, fazendo até mesmo com que os cabelos da morena sentada no sofá esvoaçassem com o vento e em seguida ela retirou os sapatos de salto alto, jogando-os de forma desajeitada sobre a sapateira, no canto da porta.
? MALDIÇÃO! ? ela rugiu trotando sobre o assoalho escuro até a mesa de centro da sala e jogou sua maleta encima da mesa.
? O que aconteceu Ino-chan? ? a jovem Hyuuga perguntou assustada.
? Eu... Eu... Eu sou uma fracassada! ? ela caiu de joelhos no chão, desiludida. ? Eu faço tudo que eles me pedem! Vou trabalhar sempre bem vestida! Não falto do serviço até mesmo quando estou doente! Quebro o galho de todo mundo naquela maldita revista e até desenho alguns modelos de roupas para estamparem as capas... E mesmo assim eles não reconhecem o meu talento, o meu trabalho duro! ? ela desabafou engolindo o choro.
? Né, Ino-chan... Como você mesma sempre diz, o mundo da moda é cruel! Você só não pode desistir! ? ressaltou a morena, aproximando-se da amiga.
? M-Mas, Hina... Até mesmo ontem que eles disseram que iriam escolher uma pessoa para subir de cargo e eu fui mesmo passando mal... Poxa, eles promoveram até a faxineira e nem se lembraram da minha existência! Eu estou me sentindo tão derrotada! ? ela desabou em lágrimas.
? Vamos, Ino-chan! Você supera isso, afinal de contas, quem é que vai dominar o mundo se você desistir, hein? ? lembrou consolando a outra.
? É mesmo Hina, você tem toda a razão! ? ela se recuperou e secou as lágrimas com as mãos. ? Preciso continuar tentando! E que me aguardem, pois Yamanaka Ino será a melhor estilista de todos os tempos! ? ela anunciou confiante e caminhou até o seu quarto, no final do corredor.
? É assim que se fala Ino-chan! ? encorajou, a jovem de olhos aperolados.
Alguns minutos depois as quatro amigas reuniram-se na cozinha para jantar e conversaram bastante, riram e se divertiram como nunca, afinal, agora havia mais uma integrante bem-humorada para tornar aquela amizade ainda mais alegre.
Naquela noite, por volta das vinte e uma horas, embora cedo, as meninas exaustas, já dormiam aconchegadas em suas camas confortáveis, cada uma em seu quarto, exceto uma delas:
A luz da lua adentrava pela vidraça da janela rumando nos olhos verdes trêmulos da menina que ? encolhida em um canto do quarto enquanto abraçava às pernas ?, em absoluto silêncio, após estampar o seu melhor sorriso o dia todo, derramava suas lágrimas doloridas de forma que sofresse sozinha e não preocupasse as amigas preciosas que agora possuía.
Como sempre, discreta, o seu choro mudo, aprisionado em sua garganta de forma que até mesmo chegava a sufocá-la, talvez fosse a pior parte daquela tortura a qual era submetida quando a sua mente recordava-se das coisas que a magoava.
Quem sabe, aquelas lágrimas fossem por saudades de sua velha casa, de sua velha vida solitária... Mas não!
Embora ela quisesse acreditar dessa forma, não tinha a menor possibilidade dela sentir falta daquela vida amargurada que levava abraçada à solidão.
No fim, aquelas lágrimas nada mais eram que os efeitos nocivos das palavras de desprezo, que na manhã daquele sábado, haviam sido proferidas pela pessoa que ela tanto amava e acreditava ser o seu melhor amigo, que mais uma vez a havia abandonado.
(...)
O relógio preso ao pulso do rapaz já apontava às vinte e três horas daquela noite de sábado. Finalmente, após ter ido para Tokyo e passado o dia todo tentando despistar a ruiva que o seguia de táxi, deixou o seu veículo no estacionamento do prédio luxuoso, no caro bairro Setagaya, onde seria o seu novo lar e caminhou até a portaria.
? Até que enfim, despistei aquela coisa chata! ? suspirou aliviado, no entanto ao adentrar a recepção foi avistado pela ruiva dentro do táxi.
? Pare! Nós já chegamos... ? ela ordenou, abrindo a porta do carro.
? Moça, são dez mil! ? o homem soltou uma das mãos do volante e estendeu para a ruiva.
? Olha só, eu apenas estou com dólares na carteira... Ainda não tenho ienes! Então quanto seria esse valor convertido em dólares? ? inquiriu de forma arrogante.
? Mas eu já me referia em dólares! A corrida da senhora ficou em dez mil dólares! ? ele avisou entediado.
? O QUE? Como assim?! Você está querendo me extorquir cobrando toda essa fortuna? ? ela indagou furiosa.
? Como assim, dona? A senhora está me fazendo de motorista particular desde as dez e meia da manhã! Fez-me trazê-la de Asaka à Tokyo e perseguir o carro de outra pessoa... E ainda está reclamando do preço? ? ele perguntou com um olhar maligno.
? N-Não, tudo bem... Eu pago, o senhor aceita cartão? ? ela inquiriu abaixando o tom de voz.
? Sim... ? o homem apanhou a pequena máquina dentro do porta-luvas e levou-a na direção da ruiva.
Assim que efetuou o pagamento a mulher desceu e foi até a portaria, no entanto, assim que adentrou o prédio, o rapaz já não estava mais no térreo.
? Dá licença... ? ela empurrou uma senhora mais velha que limpava o balcão. ? Eu quero falar com Uchiha Sasuke, vá chamá-lo para mim! ? ela ordenou à mulher sentada atrás do balcão.
? Sinto muito, mas o senhor Uchiha pediu para que não fosse incomodado! ? ela avisou calmamente.
? O QUE? Eu quero falar com ele, minha filha... Anda logo e liga no interfone daquele desgraçado e diz que sou eu, a NAMORADA dele que quer falar com ele! ? exigiu enraivecida.
? Mas senhora, eu obedeço às ordens dos meus superiores! Infelizmente não posso deixá-la fazer como bem entender! ? notificou enfadada. ? E se a senhora continuar o escândalo, eu irei chamar os seguranças para colocá-la para fora! ? ameaçou firmemente.
? Droga... ? pensou irritada. ? Tudo bem queridinha, eu vou dar um jeito de encontrar com esse filho da puta amanhã! ? ela expôs confiante e saiu do prédio.
Enquanto isso, o rapaz que havia acabado de entrar em seu novo e espaçoso quarto, seguiu até a cama imensa ao centro do cômodo e retirou o relógio do pulso, jogando-o sobre o criado mudo e posteriormente arrancou a blusa que vestia, jogando-a sobre o colchão.
Inexpressivo, ele caminhou até a janela do quarto e observou por alguns segundos as luzes de Tokyo, que não lhe permitia enxergar as estrelas no céu.
? Droga... Droga... ? ele bateu com força, duas vezes a própria cabeça contra a parede. ? Maldição! ? ele praguejou levando uma das mãos à testa e com os dedos, limpando o sangue que escorrera do pequeno ferimento que a força do impacto ocasionou.
Encostou-se na parede e deslizou até sentar-se no chão, esticando as pernas de forma desleixada. A ofuscada luz da lua que adentrava pela vidraça da janela, rumava em seus olhos negros que opacos, não correspondiam àquela iluminação.
Passou horas a fio, sentado, da mesma forma, na mesma posição, sem expressão, encarando o nada, como um corpo abandonado pela alma ficaria.
Em um momento, após ter acordado do estado de transe em que se encontrava, imerso em suas recordações, mudo, ele derrubou uma lágrima solitária de um dos olhos, entretanto, logo a secou.
? Tsc. Porque eu não consigo ser honesto? Porque eu travei daquela maneira e disse aquelas palavras desdenhosas para que ela ouvisse?! ? inquiriu-se frustrado consigo mesmo e apanhou a carteira dentro do bolso de sua calça, retirando uma pequena foto da garota de cabelos róseos. ? Eu me tornei um lixo, não sou mais digno da sua amizade, tampouco da sua consideração! ? ele acariciou a imagem da amiga que ficara nos anos dourados de seu precioso passado.
Embora, dolorosa, aquelas palavras que o rapaz proferira para si mesmo possuíam certa coerência para ele próprio, afinal, por causa dela ele havia sofrido por todos os anos com a distância e errado por diversas vezes em sua vida, em suas revoltas. E não seria justo, agora, ele ressurgir das cinzas, após tê-la abandonado, fazendo-a sofrer também e tomá-la para si, para depois sumir outra vez, como o seu futuro lhe pré-dizia.
Entretanto, mesmo que tivesse usado de sua máscara de gelo para apartar aquela amiga de outrora, a vida em breve iria se encarregar de arrebatá-lo para dentro de um labirinto inescapável, cheio de armadilhas que iriam fazê-lo sofrer ainda mais, por ciúmes e por amor.