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Décimo sexto ato ? Verdadeira batalha
Lady Abel Oblivion Araghon
? O que ele está fazendo? ? questionou Rufus exasperado enquanto forçava sua espada contra a de Sephiroth.
? Está lutando à maneira dele ? respondeu simplesmente, dando de ombros ao mover sua espada para que a lâmina dela deslizasse contra a da outra espada, criando um atrito que fez Sephiroth sorrir arrogante. O pequeno movimento criou uma rajada de vento que empurrou Rufus para longe.
? Você já está me irritando. Planejo levar Cloud comigo a qualquer custo ? disse o General de CI enquanto movia sua espada lentamente no ar.
? E eu pretendo detê-lo a qualquer custo. Aliás, o Cloud acabou de ordenar que eu te mate ? comentou Sephiroth austero, irritando ainda mais o outro.
? Matteo é meu! ? grunhiu o Shinra.
? Ele é dono de seu próprio nariz! ? contradisse Sephiroth, rangendo os dentes.
? Não vou desistir dele! ? gritou, começando a desesperar-se, perdendo a compostura ao correr na direção de Sephiroth, sua espada sendo tomada por chamas.
? Não vou permitir que tome a liberdade dele! ? respondeu o General de FF, aceitando com prazer o ataque.
Não que uma chaminha de um homem sem escrúpulo como Rufus Shinra pudesse derrubar Sephiroth. O ataque foi barrado pelo vento do General que, girando o corpo, arrastou a espada no chão e depois no ar, fazendo seu ataque vir do lado do outro, que estava concentrado em passar pela barreira.
Rufus não conseguiu desviar e, ao ser acertado pelo golpe, voou longe, batendo suas costas contra a elevação de terra que havia no campo de batalha, aquele de onde Cloud saltara e fora chamado de Matteo pelo outro, reconhecendo suas roupas do exército de FF.
Sephiroth secou a têmpora, suspirando. Aquele cara não era tão forte quanto Cloud, poderia vencê-lo facilmente se pudesse usar as duas mãos. Mas seu outro braço continuava dormente e latejando, incomodando-o e atrapalhando-o. Estava quase para cortá-lo ao meio com sua espada.
? Seu braço está te incomodando? ? perguntou Rufus, sorrindo sarcasticamente, mas logo virando o rosto e cuspindo sangue no chão. Levantou-se devagar, apoiado na espada. ? Talvez seja por causa das minhas chamas? Elas são capazes de aniquilar qualquer inimigo, mesmo tocando minimamente nele.
O cenho de Sephiroth franziu, e ele voltou os olhos para o braço imóvel. Como se duvidando das palavras do adversário, tentou aproximar sua espada dele, mas ela foi fortemente repelida.
? Você teria cerca de duas horas de vida caso estivesse imóvel, mas como está se movendo bastante, não deve ter nem cinco minutos. ? disse, como se, durante aquele tempo todo, tudo o que fazia era apenas para que o tempo do General se findasse. ? Aliás, você já devia estar morto? ? emendou unindo as sobrancelhas.
? Você precisa de muito mais do que isso para me matar ? comentou irritado. Estava na hora de acabar com aquela brincadeira. O vento ao redor de Sephiroth começou a rodar, criando um furacão cujo centro era o General.
? Esse ritual é muito perigoso, pequeno Cloud ? disse o Senhor de modo preocupado, os olhos fechados e as mãos nas costas eram características dele.
? Não me importo, Masutã-sama ? comentou o menino, que devia ter uns dez anos.
? Seus pais sabem sobre isso? ? perguntou ele receoso.
? Meus pais estão no Deserto tratando de negócios, não se importarão que seu filho aprenda mais um ritual que lhe deve ser ensinado por direito ? respondeu ele calmamente, como se não significasse nada para si.
? Sim, mas logo esse ritual? Posso ensinar qualquer outro que pedir, mas esse é muito perigoso, pequeno Cloud. Está contido dentro do Livro Selado e não pode ser ensinado em escolas de magia nem repassado em famílias antigas ? explicou Masutã-sama.
? Mas eu quero aprendê-lo ? disse a criança, convicta.
O Senhor suspirou, pensando em um meio de convencer Cloud de que não devia aprender aquele ritual. Uma ideia lhe veio à mente.
? Tudo bem, eu lhe ensinarei, pequeno Cloud ? comentou apreensivo.
? Sério? ? questionou o garoto alegremente.
? Entretanto, para que eu possa ensiná-lo, você precisará provar que é forte o suficiente para dominar a magia e que é capaz de abrir o Livro Selado por si mesmo. Se conseguir abri-lo, ensinar-te-ei. ? o velho Senhor aproximou-se da porta e parou. ? Trarei o livro amanhã e, por uma semana, você não terá aula. Terá esses dias para aprender a abri-lo e fechá-lo e, na manhã do oitavo dia, estarei esperando para vê-lo abrir o livro diante de mim.
O garotinho sorriu animado, sentando na mesa de estudos que havia na enorme biblioteca de sua casa e abrindo o livro que estava lendo antes do Masutã-sama chegar.
O Senhor cumpriu todas as promessas que fizera: levou o livro no dia seguinte, deixou Cloud sozinho por uma semana e, na manhã do oitavo dia, apareceu bem cedo na casa de seu aluno, enquanto ele tomava o café da manhã na companhia da empregada e de sua babá. A velha Senhora que cuidava dele desde recém-nascido chamou o professor para que comesse com eles, mas Masutã-sama insistira que já alimentara-se em casa, no entanto, aceitou uma xícara de café.
Os dois idosos conversaram animadamente sobre coisas de sua época, mas quando Cloud terminou de comer, ambos levantaram da mesa, despediram-se e foram fazer suas devidas obrigações.
Naquela manhã cinzenta e com uma nevasca, Cloud abriu pela primeira vez o Livro Selado, fechando-o logo em seguida, apenas para abrir novamente, deixando o Senhor embasbacado.
O livro de couro com capa negra possuía uma flor esculpida de verdade em sua capa, e, quando Cloud abriu-o pela segunda vez, teve seu dedo furado por um espinho da flor e seu sangue espalhou-se rapidamente por toda a capa, logo sumindo.
Aquilo deixou o menino tão embasbacado que ele jogou o livro no chão e nunca mais tocou-o, mas isso não impediu Masutã-sama de ensiná-lo o ritual, pois era um homem de palavra.
E para que o treino pudesse acontecer, Cloud precisava estar vestido de branco, dentro de um círculo de selamento de rituais, com várias velas acesas ao seu redor e um incenso sendo queimado por todo o tempo. Durante os trinta minutos por semana em que Masutã-sama permitia ao menino treinar, em um cômodo longe de todos, trancado, o Senhor ficava bem longe, temeroso de que algo desse errado.
Embora tudo o que Cloud fizesse era ler a reza do ritual e gravar na mente os procedimentos, os resultados se desse certo ou errado e os pormenores necessários, ainda sim era perigoso. Ele não possuía poderes o suficiente para sustentar um ritual daquele, o que faria com que o sacrifício acabasse sendo ele. O que significava que o ritual o engoliria.
Também podia acontecer de uma explosão ocorrer se uma mera faísca de magia fosse liberada diante do recitar da reza, o que seria um problema sério para Masutã-sama, que seria acusado por ensinar tal ritual, além de Cloud e sua família serem mortos por tentar causar distúrbios no mundo.
Era muito arriscado para não se ter o máximo de cuidado.
E cada vez que Cloud terminava os seus trinta minutos de estudo o Senhor suspirava aliviado, agradecendo aos deuses por tudo terminar bem.
A paz que inundou Cloud era irreal e extremamente satisfatória, não havia nada melhor do que fechar os olhos e relaxar. Relaxar, inspirar, relaxar, expirar. O mantra que a mente recitava era totalmente diferente do que seus lábios recitavam, e os dois eram opostos ao bater frenético de seu coração.
Nada podia dar errado. Cloud sequer podia cogitar tal possibilidade.
Enquanto rezava o ritual que, por vários meses, em um curto tempo semanal, aprendera, sentia a energia que emanava dos cinco seres ao seu redor. O que Cloud faria não era fácil e qualquer vacilo poderia estragar tudo.
Pior do que isso: podia acabar com a existência de um dos cinco seres permanentemente ? ou dos cinco.
Bom, ao menos naquele momento. Porque, em breve, uma mísera falha de Cloud poderia aniquilar sua curta vida.
Não podia deixar isso acontecer.
Fortificou a certeza de que a reza estava certa, e de que conseguiria completá-la sem que nenhum acidente acontecesse. Seu corpo aos poucos tornava-se mais pesado e cansado. Lembrava-se de ter lido algo sobre isso: eram os efeitos colaterais.
Sem contar os vários dias que ficaria de cama 96 horas depois do uso do poder devastador do ritual.
Às vezes perguntava-se se o preço a ser pago para que o ritual tivesse êxito era justificado pela eficiência dele, ou se todos aqueles relatos eram apenas ilusórios, criados para assustar quem pensasse em completar o ritual.
O problema é que era tudo muito detalhado para ser apenas para assustar.
Ryu, Zen, Po, Kyuu, Chi, Sen?
Aquelas eram as palavras sussurradas convictamente por Cloud, em um esforço evidente. Tudo precisava ser feito de modo perfeito ? ou o mais próximo possível. Não havia meio-termo: ou daria certo e resolveria seus problemas ou daria errado e causaria um problema ainda maior.
Ele não podia ver ou ouvir o que acontecia ao seu redor. Seu sexto sentido existia para garantir que durante aquele ritual nada o atrapalharia. Ele não ouvia os gritos dos soldados, não via a batalha mortal entre Sephiroth e Rufus e não sentia a presença de Zack e Vincent perto de si, não muito, na verdade, barrando qualquer aproximação. Tudo era um mar de esquecimento e concentração.
E, apesar de tudo, havia um fato muito importante.
Ichi, Kon, Tou, Zi, Pyo?
Querendo engolir em seco, mas não podendo, Cloud alcançou o auge do ritual: a partir dali não havia volta. Recitou a última palavra, separando as mãos e rapidamente estendendo-as. A sensação de algo cortando sua pele de modo cruel e preciso era horrível, mas não havia nada que Cloud pudesse fazer para impedir. Uma sequência de cortes nos seus pulsos e mãos fez uma quantidade grande de sangue escorrer e pingar, mas não chegando ao chão. O espaço os engolia como se não fosse nada. Algumas lágrimas escorreram dos olhos de Cloud, mas elas também foram tragadas depois de se transformarem no pó cintilante.
Não havia volta, e quando Cloud sentiu que seu sexto sentido parava de funcionar, sorriu tristemente. Os efeitos do segundo ritual começariam?
De repente tudo parou: homens que gritavam de dor ao seres acertados por armas, armas que se direcionavam ao inimigo para feri-lo, homens correndo, outros fugindo, olhos fechados e respiração paradas, olhos abertos, em horror; era como se, naquele momento, fossem insignificantes.
E eram.
O tempo havia parado, e aquele era o primeiro estágio do ritual. Foram segundos, que na realidade não avançavam, até que uma camada densa e fina se estendesse, saindo de onde Cloud estava e atingindo uma distância o suficiente para que todos os homens estivessem dentro dela. Batia na cintura de grande parte deles.
Possuía um tom de lilás suave, da mesma cor que as milhares de borboletas que saíam das mãos de Cloud possuíam. Elas eram o segundo estágio do ritual. Voaram lentamente em direção aos homens e pousaram suavemente sobre os que vestiam uniforme branco. Apenas sobre eles, como Cloud, o recitador do ritual, informara. Apenas os soldados do exército de Cães do Inferno, ele dizia enquanto recitava as palavras proibidas pelo Conselho de Magia.
Os pontos arroxeados aos poucos foram sumindo. As borboletas entravam sutilmente nos corpos dos homens e, diante de tal fato, poucos minutos foram necessários para que a pele deles começasse a apresentar sinais de algo muito perigoso: o contrair de uma praga.
Aqueles insetos que se pareciam muito com borboletas eram, na realidade, uma praga mágica criada há milênios, na época em que o mundo mágico estava em guerra. Para vencer, os governantes, que estavam sendo atacados por muitos rebeldes, desenvolveram um modo de destruir todos de uma vez: adoecendo-os.
Funcionou pelos anos em que a magia foi usada a fio. Os milhares de homens fracos eram vencidos pelas centenas de soldados sãos. Até que os conflitos acabaram e não havia mais sentido em usar uma magia tão mortífera.
Então decidiram criar um livro mágico que selava e impedia que magias problemáticas fossem passadas adiante.
E milhares de anos mais tarde, ninguém conhecia 99% das magias presentes naquele livro.
A reação dos corpos humanos ao contágio foi imediata: eles ficaram pálidos e manchas escuras apareceram por toda a pele de seus corpos.
O esforço de Cloud para completar o segundo ritual foi evidente no forte inspiro que ele deu no segundo seguinte ao que a camada lilás sumiu, mas rapidamente ele preparou-se para terceiro e último ritual: aquele que poderia custar-lhe a vida.
Começou uma reza budista em voz alta, um rosário aparecendo em suas mãos quanto colocou-as em posição de oração. Os olhos abertos aos poucos perdiam a tonalidade vermelha, o cabelo diminuía de tamanho e sua pele voltava ao tom pálido costumeiro, assim como a barreira amarelada em torno de si sumia.
Cada um de seus servos fez um pequeno som antes de sumir, e seu corpo foi levado ao chão lentamente. Cloud não conseguiria ficar em pé naquele momento, por isso sentou-se de frente para o exército.
? O que aconteceu? ? perguntou Zack no momento em que viu milhares dos corpos diante de si caírem no chão, criando um som alto, grave e abafado. ? Vencemos? ? questionou incerto.
? Cloud! ? gritou Vincent, fazendo o Tenente olhar para trás.
O rapaz estava no chão, arfante, agora de volta à sua aparência normal, parecia muito pálido e cansado, frágil e fraco.
O grito de Vincent fez Sephiroth afastar-se de Rufus e olhar rapidamente para trás, preocupado. Daria só uma pequena olhada e, se a coisa estivesse complicada com o rapaz, mataria o General diante de si com seu golpe mais secreto e forte, mesmo que isso custasse grande parte de sua energia restante.
Não conseguiu ver o que acontecia com Cloud pois ele estava de costas para si, mas descobriu, segundos depois, que havia cometido dois erros inadmissíveis ao receber um golpe de Rufus em seu peito. Ele cravara sua espada no meio do peito de Sephiroth. Seu alvo era o coração do General, mas ele conseguira virar um pouco o corpo.
Nunca permita que uma batalha se estenda se você pode terminá-la rapidamente; nunca olhe para trás enquanto estiver no meio de uma batalha, principalmente se o inimigo for do seu nível e for um canalha sem escrúpulo, capaz de atacar por trás.
? Sephiroth! ? gritou Zack ao ver a cena que se desenrolava atrás de Cloud. Seu grito foi seguido de outro, dado por Vincent, chamando o General enquanto corria em sua direção.
Cloud engoliu em seco, algo que queria fazer há um bom tempo, imaginando que o pior houvesse acontecido para que o Coronel e o Tenente gritassem daquele modo.
Temeu virar-se e ver o que havia acontecido. Não queria acreditar que Sephiroth estivesse ferido ou perdera para Rufus. Pior: que estivesse morto.
O remorso e o ressentimento o corroeu ao pensar que devia ter lutado ele mesmo com o General de CI. Devia ter passado por cima do orgulho de Sephiroth, tocado sua testa para fazê-lo perder os sentidos e ido matar o homem que por muito tempo fizera-o sofrer.
Mas não, Cloud fizera a burrada de deixar um homem sem escrúpulo vivo mais do que o necessário e agora perdia para sempre a pessoa mais importante de sua vida.
A pessoa mais importante de sua vida?
De onde havia saído aquilo? Surpreendeu-se com a afirmação, entendendo finalmente o quanto Sephiroth era importante para si.
O pensamento fez duas conclusões iluminarem sua mente: matar Rufus e dar sua vida para salvar Sephiroth.
E foi pensando assim que virou o corpo onde estava, vendo o exato momento em que o corpo de Sephiroth despencou no chão. Ele ficou de joelhos, em frente a Rufus, que sorria de modo triunfal.
Vincent corria ao socorro de Sephiroth, pensando em matar o General de CI rapidamente para que pudesse socorrer seu amigo, mas, ao passar ao lado de Cloud, viu seus planos caírem por terra.
O Sargento, tendo em mente sua primeira missão, ao ver os olhos azuis de Rufus caírem sobre si, mandando-lhe a silenciosa mensagem: ?você é meu!?, não teve outra reação senão sacar a pequena arma que carregava na parte de trás de sua cintura e disparar todos os tiros que havia nela contra o General de CI.
A princípio o silêncio reinou, e em poucos segundos os olhos de Rufus encaravam seu próprio corpo, avaliando os seis tiros contra si, os sangues escorrendo por seu corpo em abundância. Todos em seu peito, o primeiro e o último em seu coração.
? O quê? ? sussurrou lentamente, e como se o ouvisse, Cloud respondeu:
? Acabou. Seu exército está infectado por uma praga temporária que os deixará de cama por duas semanas e você finalmente está tendo o fim que merece: a morte ? sua voz era suave e determinada.
? Ma-Matteo ? disse o homem, erguendo os olhos para o rapaz em um último ato e apelo.
? Não sou Matteo, sou Cloud. E acabou, Rufus. Não sou mais seu e nunca mais serei. Antes disso preferiria a morte. Mas estou feliz por não ter feito isso antes ou não teria conhecido Sephiroth e a felicidade de viver ? comentou Cloud com um pequeno sorriso nos lábios.
? E-Entendo. ? exclamou o General, antes de suspirar e dizer em um fio de voz, em um esforço sobre-humano. ? Vo-Você disse? o me-meu nome? pe-pela pri-primeira? ve-ve-vez? ? era evidente o quão difícil estava falar. ? Estou feliz.
Ao dizer isso o corpo dele foi ao chão, sem vida. Cloud continuava pronto para atirar, como se ainda houvesse balas na arma, Vincent esta imóvel ao seu lado e Zack suspirou, coçando a cabeça e bagunçando os cabelos escuros.
? Morreu o maníaco canalha que é ? disse o Tenente desdenhoso, recebendo um som afirmativo de Vincent.
Cloud abaixou a arma e jogou-a no chão, suas mãos tremiam tanto pela adrenalina que ele sorriu ao fitá-las. Finalmente toda aquela tormenta acabara. Agora só precisava completar sua última missão antes de descansar, mesmo que, em seu íntimo, preferisse viver mais um pouco. Principalmente se pudesse ficar ao lado de Sephiroth. Mas não podia. Se vivesse, o outro morreria. Daria sua vida por ele.
Suspirou, fechando os olhos.
Ergueu a cabeça, sentindo o calor do sol sobre seu corpo. Seria a última vez que poderia desfrutar daquela sensação.
? Sephiroth! ? gritou Vincent ao seu lado, fazendo Cloud abrir os olhos rapidamente.
E lá esta seu sol particular: o General Sephiroth. Ele caminhava a passos lentos e vacilantes em sua direção, segurando o braço ferido com a mão e com a espada de Rufus cravada no meio de seu peito. No segundo seguinte Vincent estava ao seu lado, tentando ajudá-lo a manter-se em pé.
Mas Sephiroth empurrou-o, apontando para a espada e sussurrando algo para o amigo que Cloud não foi capaz de ouvir, mas que fez Vincent crispar os lábios. Ele balançou a cabeça em negação veementemente, mas um segundo sussurrar do General, com uma expressão séria e clara de que ordenava algo, fez o Coronel suspirar.
O próximo ato dele fez Cloud segurar o ar nos pulmões: ele colocou as mãos sobre a bainha da espada presa ao General e, como se relutasse sobre o que fazia, encarou-o aflito, mas no segundo seguinte puxava com força o objeto, retirando-o lentamente do peito do General.
Sephiroth soltou um urro tão alto que Cloud sentiu um calafrio, mas em seus lábios um sorriso agradecido reinava. Vincent jogou a espada para o lado, deixando que seu corpo fosse ao chão, ficando deitado lá, fitando o céu, arfante pelo esforço em retirar a espada do corpo do amigo.
E Sephiroth caminhou lentamente até Cloud, segurando, dessa vez, o peito. Sangue transbordava da ferida quando ele parou diante do Sargento que, naquele momento, chorava copiosamente, perdido entre o alívio e o medo.
? Acabou ? disse Sephiroth, sorrindo tranquilizador para o rapaz.
? General, fui informado por nossos homens que todos os soldados de Cães do Inferno estão inconscientes ? informou Cid ao aparecer ao lado de Zack, apoiando-se nele para manter-se em pé.
? O que aconteceu aqui? ? questionou uma voz rouca atrás de Sephiroth.
? Parece que chegamos tarde demais ? comentou outra, divertida.
Cloud reconheceu as vozes de Brucios e Cornélius e sorriu, mas o brilho selvagem nos olhos de Sephiroth fê-lo arrepiar-se.
? Vocês estão bem encrencados por não terem obedecido minha ordem ? disse Sephiroth alto o suficiente para que eles ouvissem.
O rosto de Cornélius tornou-se carrancudo no mesmo instante.
? Droga! ? murmurou o rapaz apreensivo.