É por amor.

Tempo estimado de leitura: 6 horas

    16
    Capítulos:

    Capítulo 8

    A melodia da esperança.

    Álcool, Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo, Violência

    Bom, o capítulo de hoje traz consigo algumas surpresas e adivinhem só.... ~le eu fazendo suspense!

    Sim! O próximo capítulo é aquele que levará o Sasuke-kun de volta ao Japão *u*

    A música do capítulo de hoje, não é nem um tema! É a melodia que a Sakura toca no piano em um determinado momento desse capítulo, ela se chama Für Elise - Beethoven (Talvez alguns a julguem mal por ser clássica, mas tenho quase certeza de que todos vocês "ou quase todos" já a escutaram em algum lugar...) Deixarei postada nas notas para que vocês possam associar a cena da Sakura tocando à música :3

    Link: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=vycOcrT0DIw

    Notas:

    Tadaima: Algo como "Cheguei em casa/ Estou de volta"

    Hoshiko: Para aqueles que ainda não sabem o significado do nome do cãozinho, a tradução do nome dele é filho das estrelas e a Sakura o chama de Hoshi que é um apelido e ao mesmo tempo significa apenas estrela xD.

    Okaerinasai: Geralmente em resposta ao "tadaima" é algo como "Bem vindo de volta".

    Maa, maa: É algo como "Calma, calma"

    Sukiyaki: É um prato Japonês preparado em uma panela elétrica à mesa, conforme os ingredientes são cozidos as pessoas já vão comendo.

    Owan: É aquela tigela que eles usam para comer.

    Futon: É aquele colchão fino que colocam sobre o chão para dormir.

    P.S.: Nem todas as informações sobre a localização e funcionamento da Universidade são verídicas! No todo, algumas coisas contidas na fanfic (como as cidades/ estações/ bairros e/ Universidade) de fato existem, embora não tenha dados precisos, enquanto outras (talvez a maioria--- Um exemplo: A escola de música) seja meramente fictícia.

    Ok, agora respira...

    Chega de enrolação!

    Boa leitura para todos

    As conversas, as risadas, a doçura, o companheirismo, a cumplicidade, o carinho, os sentimentos... Lembrava-se como se fosse ontem, do quão divertidos haviam sido aqueles dias, até os mais nublados daquele outono, do início daquela amizade que, na companhia da estranha menina de cabelos róseos, inevitavelmente ele apaixonou-se por leite com bolachas e descobriu-se amando-a incondicionalmente.

    (...)

    Os passos leves, apressados, seguiam pela rua vazia sem sequer notar aquele céu do entardecer que no passado, adorava contemplar em seus dias solitários e até mesmo na companhia de seu velho amigo de outrora.

    Agitados e barulhentos, os pássaros sobre os arvoredos, pareciam preparar-se para o começo de mais uma noite daquela primavera, que estava por vir. Aos arredores, casas ao estilo ocidental, pequenas praças infestadas de flores das mais variadas espécies, passavam despercebidos diante dos olhos verdes da jovem que, aflitos, fitavam o delicado relógio dourado preso ao pulso fino, enquanto apertava com mais força a bolsa por debaixo do outro braço, contra si.

    ? Nossa... Já são quase dezenove horas! Acabei me atrasando para ir ao campus fazer minha inscrição, pois, a casa realmente estava suja e gastei muito tempo limpando-a... Mas já está quase na hora das meninas chegarem do serviço, preciso correr para fazer o jantar! ? pensou entre murmúrios preocupados.

    Àquela tarde de quarta-feira havia sido bem corrida para a menina de longos cabelos róseos que, naquele instante, já dentro do bairro onde morava com as tão recentemente amigas, voltava da Universidade de Tokyo, onde havia concluído a sua matrícula.

    Rapidamente, virou à esquina e o familiar azul-escuro do exterior chamativo, a terceira casa daquela quadra, era a qual atualmente habitava.

    Ágil, a garota abriu o portão e o fechou cuidadosamente. Caminhou pela curta e estreita passarela até chegar à porta, levando a mão à maçaneta prateada, abrindo a mesma.

    ? Ufa! Ninguém chegou ainda... ? suspirou aliviada. ? Tadaima, Hoshiko! ? avisou retirando os sapatos sobre a soleira e os colocando na sapateira, posta ao canto da porta. ? Né, amigão... Você viu o trabalho que tive para limpar a casa, acho bom que não tenha aprontado por aí! ? alertou em voz alta, calçando os chinelos sobre o tapete e fechou a porta.

    Logo o cão apareceu à sua frente, para dar-lhe as boas vindas, ela abaixou-se para acariciá-lo e ele passou a lamber o seu rosto frágil.

    ? É uma pena que isso não seja por saudades de minha pessoa! ? ela expôs desapontada, erguendo-se e enfiando a mão dentro da bolsa que ainda mantinha por debaixo de um dos braços. ? Bom! Prometi que se você fosse um bom menino comprar-lhe-ia essa coisinha aqui! ? revelou aos olhos do cão o pequeno saco plástico transparente, embaçado pelo calor do ?hot dog? que embrulhava. ? Hummm, está quentinho! Vamos ver se você o merece! ? comentou a jovem indo para o corredor, sendo seguida e rodeada pelo cachorro eufórico.

    Ela caminhou por toda a casa, para constatar se o cão havia ou não feito bagunça durante a sua ausência pelo fim da tarde. Após muito olhar e nada encontrar, ela virou-se para o amigo canino que já estava pondo-se de pé, sobre as patas traseiras, para alcançar o alimento que tanto adorava nas mãos de sua dona.

    ? Kyah! Esqueci-me que em duas patas, Hoshiko fica do meu tamanho! ? ela ergueu o braço para o mais alto que pôde. ? Espere aí rapaz! Vá com calma! ? ordenou firmemente, entretanto o doce tom de voz soara um pouco engraçado.

    O animal entristecido obedeceu, passando a encarar àquela humana com olhinhos pidões, que até mesmo tremulavam abatidos.

    ? Ora, Hoshi... I-Isso não funciona comigo! ? ela corou, desvencilhando seus olhos da direção do cão. ? Mas enfim, você não aprontou nada... Ao menos nada que eu pude perceber! Portanto, eis aqui o seu prêmio... ? ela desembrulhou o pão umedecido pelo calor que vinha sendo abafado pelo saco plástico e estendeu-o sobre a mão, para o cachorro que em seguida o abocanhou.

    Em um breve momento, durante a mastigação o cão estranhou um pouco, embora não demonstrou descontentamento para com aquele alimento.

    ? Eu sei que esse daí não é igual aos da barraquinha do Tazuna-san, que você tanto amava comer lá em Hinode, mas... ? suspirou pesadamente. ? Espero que esse sirva por enquanto! ? murmurou com o semblante cansado, deixando o animal de lado e seguindo para a cozinha.

    Quase vinte minutos depois, o relógio analógico posto à parede já apontava às dezenove horas e cinco minutos daquela noite de primavera.

    De repente a garota que terminava de colocar à mesa, escutou um barulho vindo do portão da casa. O som dos passos pesados e desajeitados, acompanhado de cochichos, seguiram pela passarela estreita e logo o abrir da porta, a fez ranger.

    ? Tadaima! ? proferiram as duas em uníssono.

    Rapidamente, a menina de cabelos róseos retirou o avental lilás que usava, pendurando-o em um suporte prateado, incrustado por entre um dos intervalos dos azulejos beges de uma das paredes daquele cômodo e agilmente seguiu para o corredor, chegando à sala.

    ? Okaerinasai! ? ela curvou-se levemente, dando boas-vindas às meninas que calçavam os chinelos, postos sobre o tapete da porta.

    ? Por Kami... Meus pés estão me matando! ? desabafou a jovem de longos cabelos loiros, com os sapatos de salto alto em mãos, jogando-se sobre o sofá e colocou as pernas para cima, na costa do mesmo. ? Nossa! A casa está tão limpa... ? murmurou olhando ao redor, ainda deitada.

    ? Nháaa... Que fome! ? resmungou a morena após um estrondoso ronco de seu estômago, jogando os tênis na direção da sapateira e desastradamente começando a caminhar, tropeçando nas próprias pernas, caindo de cara no chão.

    ? H-Hinata-san! ? preocupada, a rosada aproximou-se da amiga no chão, agachando-se ao redor dela, para ajudá-la a se levantar!

    ? Está tudo bem, não foi nada... ? ressaltou a garota de cabelos negros, com a testa vermelha.

    ? E olha que ela não bebe! ? comentou a loira entediada.

    ? Isso foi cruel! ? choramingou a outra ainda ajoelhada, sentindo-se ofendida.

    ? Que nada, você tem isso ao seu favor... Seios enormes, rostinho inocente, desastrada... ? abraçou uma das almofadas do sofá e a mordeu. ? Você é um tipo bem popular entre os garotos... ? rosnou irritada por entre os dentes cravados naquela espécie de travesseiro pequeno.

    ? Maa, maa... ? pediu para que elas se acalmassem. ? O jantar já está pronto! ? avisou esboçando um enorme sorriso.

    ? Yay! ? a morena gritou, recuperando-se completamente da queda. ? Vamos matar o que está nos matando! ? anunciou correndo na direção da cozinha.

    ? Tsc... Não haja como se fosse uma passa fome, Hina! ? ralhou a garota levantando-se e indo ao corredor.

    ? É... Essas duas possuem personalidades interessantes! ? pensou contente e pôs-se de pé, seguindo elas até a cozinha.

    Adentrando o cômodo, a rosada apanhou uma tigela sobre a pia, caminhando até as duas amigas que já estavam naquele local.

    ? Eba! Sukiyaki pro jantar! ? comemorou a jovem já sentada à mesa, com os olhos reluzentes e uma das alças do fofo macacão desabotoada.

    ? Uau... Há tanto tempo que não como isso! ? admirou-se a garota arrancando o blazer azul-escuro que vestia sobre a blusa social, pendurando-o na costa da cadeira e sentou-se também, na mesma.

    ? Realmente... Eu e a Ino-chan somos duas inúteis na cozinha! Vivemos apenas de obentou comprado em loja e macarrão instantâneo! ? contou a morena pensativa.

    ? Hey... Você é única inútil aqui, dá licença? ? vociferou aborrecida. ? Eu só... Eu s-só sou uma mulher totalmente da nova era! Não sei lidar com questões do lar... ? justificou com dificuldade, com um leve rubor nas bochechas.

    ? Sei, sei... ? desdenhou a jovem de olhos aperolados apanhando os hashi sobre a sua ?owan? e enfiando-os dentro da panela elétrica ao centro da mesa. ? Carne, carne, carne... Miam, miam! ? apanhou algumas das fatias que já estavam prontas.

    ? Ei Hina... Acho bom que você não coma apenas as carnes, deixando somente vegetais para mim e para Sakura comermos! ? advertiu a loira estressada.

    ? Hey, Não fale assim! Olha só o tanto que tem... ? retrucou emburrada, fazendo careta para a outra.

    ? O que eu posso fazer? Gulosa como você é... Esse aviso foi uma prevenção! ? expôs olhando para o lado.

    ? Humpf! ? a morena começou a bufar, olhando feio para a amiga.

    ? N-Né Ino-san! Não há problemas se vocês não gostarem de vegetais... Eu posso apenas comê-los por vocês, se quiserem! ? sugeriu acanhada.

    ? B-Bom, não é como se eu não gostasse de vegetais... Só disse isso porque também quero comer carne! Aliás, se apenas você comesse os vegetais, não seria nada justo! ? esclareceu séria. ? Portanto, Hina, eu sei que você não gosta, porém hoje a senhorita vai nos ajudar a comer tudo que está dentro da panela! ? ordenou com um olhar assustador.

    ? S-Sim Ino-sama! ? obedeceu apanhando com os hashi uma porção de acelga e enfiando-a na boca. ? Hum... ? começou a mastigar ameaçando uma possível careta. ? Hummm... ? passou a comer com uma expressão alegre. ? Até que esse ?mato verde? não é ruim! As habilidades da Sakura-chan são realmente incríveis! ? engoliu e em seguida pegou mais alguns vegetais.

    ? Nossa... É mesmo incrível! ? constatou também, degustando alguns cogumelos.

    ? A-Arigatou! ? agradeceu, corando de vergonha. ? Fico feliz que estejam apreciando! ? murmurou esboçando um tímido sorriso.

    ? Mas vamos direto ao ponto! ? exigiu a loira desconfiada. ? Onde você aprendeu a cozinhar? Você não era uma ojou-sama até esses tempos atrás? ? inquiriu, olhando-a confusa.

    ? E-Eu sempre adorei ler e foi assim que acabei aprendendo! ? contou calmamente.

    ? Eh...? Apenas lendo? ? questionou não muito convencida.

    ? C-Claro que não! Na verdade... ? suspirou apática. ? Na época em que aprendi, eu vivia solitariamente e o meu ?hobby? naquele tempo era praticar a minha culinária, na cozinha de casa! ? confessou com o olhar distante.

    ? Demais! Sakura-chan, a sua história de vida é digna de uma heroína de mangá! ? a morena comparou, com os olhos brilhantes, conversando de boca cheia.

    ? Acho que já ouvi isso antes, em algum lugar... ? murmurou olhando para o lado, irritada. ?Minami-san... Preciso ligar para ela, para lhe contar que já fiz a minha matrícula! ? pensou abatida. ? Né, Ino-san... ? proferiu a garota de cabelos róseos. ? Quando você me ligou naquele domingo... Lembrei-me agora de um detalhe! ? expôs pensativa. ? Naquele dia você me propôs trabalho na escola de música de um amigo seu... Você e a Chiyo-san são amigas íntimas? Você poderia me falar um pouquinho sobre como ela é? ? indagou simpaticamente.

    ? Oh... Desculpe-me por ter falado daquela maneira e não ter-lhe explicado depois! Na verdade o amigo a quem me referi naquela vez foi ao Sasori, o neto da Chiyo obaa-san! ? esclareceu enquanto capturava com os hashi mais uma porção de carne. ? Inclusive, nós somos amigos de infância e ele também se matriculou na Universidade de Tokyo! Por isso eu trato a avó dele de forma tão íntima! ? terminou enfiando o alimento na boca, degustando-o.

    ? Hum... Entendo! S-Se não for muito incômodo, você poderia me falar um pouquinho sobre como ela é? ? perguntou receosa. ? Não quero dá-la uma péssima impressão de minha pessoa quando começar no emprego e se eu souber antecipadamente algo sobre o que ela gosta, ou detesta, já será de grande ajuda! ? justificou ansiosa.

    ? Relaxe, a Chiyo obaa-san é de boa! Pra ser sincera, ela já gostou de você antes mesmo de te conhecer! ? anunciou sorridente.

    ? Hãn? ? o rosto enrubesceu e ela deixou de encarar a outra. ? Q-Que bom! Se for assim, então acho que está tudo bem... ? gaguejou contendo a alegria.

    ? Nháaa... A Sakura-chan é tão fofa! ? a morena admirou-se com àquela visão de menina envergonhada, deixando a menor ainda mais vermelha.

    Aquele era o primeiro jantar em muito tempo, que a menina Sakura tinha o privilégio de compartilhar com outras pessoas e sem dúvida alguma, todas àquelas palavras e risadas daquele momento, por toda a eternidade, tornar-se-iam parte de suas belas memórias.

    Após o jantar, as três agradeceram pela refeição e levantaram-se de suas cadeiras quase que ao mesmo tempo.

    Hinata encarregou-se de organizar a mesa, enquanto Ino enxugaria as louças que Sakura iria lavar.

    Logo o relógio posto à parede da cozinha, apontou às vinte e uma horas daquela noite de primavera e as meninas exaustas, residentes daquela enorme casa, já estavam dormindo profundamente.

    No dia seguinte, os primeiros raios de sol daquela manhã de quinta-feira, começavam adentrar o cômodo pelas vidraças da janela, rumando diretamente nos olhos da garota que ali dormia.

    Os olhos verdes abriram-se franzidos, por conta da claridade e logo a jovem sentou-se sobre o futon em que repousava. Sonolenta, ela levantou-se, dobrou o cobertor e enrolou o fino colchão, colocando-o em um dos cantos do quarto.

    Seguiu até o banheiro para lavar o rosto e escovar os dentes e logo depois caminhou em direção à cozinha para preparar o café da manhã que havia sujeitado-se a fazer. Chegando ao cômodo, ágil, ela gastou apenas dez minutos pondo a mesa.

    Rapidamente as amigas também levantaram e desta vez, nada atrasadas para o emprego, as meninas poderiam comer calmamente.

    Ainda com os olhos inchados e o rosto amassado, a morena meio sonâmbula foi até uma das cadeiras, sentando-se na mesma, enquanto a loira já desperta, foi até o quintal, pegou o jornal jogado sobre a estreita passarela e voltou para dentro, indo até a cozinha, unir-se às outras que já tomavam o café.

    Quase vinte minutos se passaram em total quietude à mesa e de repente, o silêncio foi quebrado pelo barulho alto de sirene de ambulância que era o toque do celular de Ino. Ela avistou o nome da pessoa que ligava e então atendeu:

    ? Ohayou, Chiyo obaa-san! ? cumprimentou em um tom divertido. ? Hum... Você pode falar, eu estou te ouvindo! ? respondeu tamborilando os dedos sobre a mesa. ? Ah, sim... Claro, não tem problema! Pode deixar! Eu aviso ela... ? após isso ela desligou o aparelho e o enfiou novamente dentro do bolso de sua calça larga de moletom. ? Sakura! ? proferiu passando a encarar a rosada.

    ? D-Diga! ? engoliu a seco, arregalando os olhos.

    ? Nossa! Que cara é essa? Acalme-se, pois não é nada demais... ? alertou a loira assustada.

    ? C-Certo! ? respirou fundo e tranquilizou-se.

    ? Olha, a Chiyo obaa-san quer que você vá agora pela manhã à escola de música! Ela precisa conversar com você pessoalmente e não me adiantou nada do assunto pelo celular! Aliás, ela teria ligado diretamente para você, porém parece que ela perdeu o seu número! ? informou enfadada.

    ? A-Arigatou, Ino-san... ? agradeceu, pegando o copo de suco de laranja sobre a mesa e o entornando à boca, um pouco nervosa.

    Após o café, temerosa, Sakura arrumou-se e junto com as amigas que iriam trabalhar, foi até a estação do metrô. Aquela seria uma tensa viagem, embora não fosse durar sequer uma hora, a angústia que a menina sentia no momento, tornava cada minuto uma eternidade.

    (...)

    A velha senhora que, após algumas ligações, havia acabado de colocar o telefone de volta no gancho, afastou-se da mesa, ainda sentada na cadeira e levantou-se, caminhando até a porta.

    Deixou a sala e passou a seguir pelo enorme corredor daquela bela escola que pertencia a sua família há tantas gerações.

    O semblante pesado, apáticos, os olhos dela cruzaram-se com os olhos castanhos, do jovem que vinha pelo corredor em sua direção:

    ? Sasori! Você não está indo... ? foi interrompida.

    ? Sim! Eu estou indo embora, Obaa-san! ? avisou friamente, desvencilhando-se da velha senhora que levou as mãos ao braço do rapaz, segurando-o. ? O que foi? ? ele suspirou entediado.

    ? Porque você é tão problemático, meu neto? ? inquiriu entristecida.

    ? Ora, eu odeio música! Você sabe muito bem disso! ? lembrou exasperado.

    ? Mas essa escola está a tantos anos na nossa família! Se o seu pai estivesse... ? foi interrompida outra vez.

    ? Mas ele não está! Morreu, está morto e enterrado! Eu não sou ele e jamais o serei! ? rugiu furioso com a avó. ? Não adianta você insistir para que eu tome conta dessa maldita escola, pois eu não vou! Não gosto de música, aliás, pretendo cursar artes na Universidade! ? contou impassível.

    ? Sasori, como sua avó e única tutora, prezo pelo seu futuro! Eu já estou velha e em breve não mais farei parte desse mundo, então... ? foi interrompida novamente.

    ? E então, fique tranquila, pois eu farei questão de anualmente, levar flores ao seu túmulo! ? finalizou com um olhar sombrio.

    Àquelas palavras tão cruéis proferidas pela boca do rapaz, imediatamente calaram a senhora que abriu as mãos, libertando o neto, enquanto muda, o encarava espantada.

    ? Certo! Vou até a minha sala apenas organizar alguns papéis e assim que terminar, eu irei embora! ? avisou pondo-se a caminhar outra vez pelo corredor.

    Após o choque, chateada, a mulher voltou a andar pela escola, indo até o pátio da mesma, sentando-se em um dos bancos do local.

    Os minutos transcorreram-se e logo a velha senhora que fitava o nada, passou a observar a menina que se aproximava timidamente, de onde ela estava. Alguns passos depois, calada, a jovem parou de frente para a mulher:

    ? O-Ohayou, Chiyo-san! ? saudou acanhada. ? A-A senhora queria falar comigo... ? comentou, sugerindo para que a mais velha dissesse o que queria.

    ? Ah, sim! Vamos! ? baixinha, levantou-se do banco de madeira envernizada e apanhou uma das mãos delicadas da mais nova, passando a levá-la consigo.

    ? S-Sim! ? aceitou, acompanhando os passos ligeiros da pequena idosa.

    Rapidamente, elas chegaram a uma enorme sala que, da porta aberta, dava para notá-la quase vazia, contendo apenas um enorme piano de cauda ao centro, em destaque.

    Os passos tímidos, cautelosos, adentraram o cômodo ao lado da senhora. O chão esmeradamente lustrado refletia a imagem daquele instrumento magnífico diante dos olhos verdes e encantados da menina.

    ? Uau... Há quanto tempo eu não via um desses? ? inquiriu-se em pensamento, impressionada com tamanha beleza.

    ? Essa daqui será a sua sala! Queria que você viesse aqui para conhecê-la! ? anunciou simpaticamente.

    ? M-Muitíssimo obrigada, Chiyo-san! ? agradeceu curvando-se para a mulher, de maneira extremamente formal.

    ? Ora, está tudo bem! Aliás, não apenas para isso eu chamei-lhe aqui! ? continuou, caminhando até perto do piano. ? Preciso que você traga-me o seu certificado até o primeiro dia de aula se possível! ? pediu um pouco preocupada.

    ? E-Entendo... ? a jovem passou a fitar o chão, acanhada.

    ? Não me entenda mal, Sakura-chan! Tenho plena confiança de que você realmente é apta para ensinar música aqui nesta escola, porém, preciso apresentar aos pais das crianças que aqui irão estudar um comprovante de sua capacitação enquanto professora de piano! ? finalizou a explicação.

    ? Ah, claro! Até o fim deste mês pretendo retornar à cidade onde morava para buscar as minhas coisas e lhe trarei sem falta, o meu certificado! ? ressaltou esboçando um leve sorriso aliviado.

    ? Sim! Muito obrigada por isso... ? seguiu apressadamente até a porta. ? Fique um pouco nesta sala, toque este instrumento... Explore cada cantinho desse lugar que será o seu ambiente de trabalho a partir do mês que vem! ? expôs contente. ? Não tenha pressa! Demore o tempo que quiser e se precisar de algo, estarei na minha sala, na diretoria! ? avisou deixando de vez aquele cômodo.

    ? S-Sim! ? a jovem voltou o seu olhar para aquele enorme e espaçoso local de trabalho. ? Incrível... ? pôs-se a andar ao redor do instrumento musical, passando os dedos sobre o suporte de partituras e logo se sentou no banco, ajeitando-se sobre o mesmo, começando a tocar.

    Naquele instante, o jovem de cabelos vermelhos que havia terminado seus afazeres em sua sala, sentia-se um pouco culpado por ter falado de maneira tão rude com a velha senhora a quem chamava de avó.

    Engoliu a seco e seguiu pelo corredor, na direção da sala dela, porém não a encontrou no cômodo. Passou a procurá-la pela escola e de repente, aquele longínquo som de piano, começou atraí-lo no rumo de uma sala que se mantinha com a porta encostada.

    Sorrateiramente, ele aproximou-se daquela entrada, pondo-se um pouco escondido por detrás da parede. Os olhos castanhos, curiosos, passaram a observar o interior da sala, pela fresta da porta, sem ser notado.

    Dentro do cômodo, sentada sobre o pequeno banco, tocando no enorme piano de cauda, a menina de longos cabelos róseos, de olhos fechados, balançava elegantemente a parte superior do corpo, dançando graciosamente ao ritmo daquela bela melodia que expressava com suas delicadas mãos sobre o instrumento.

    Àquela visão estonteante, provocou um leve rubor no rosto do garoto que estático, assistia àquela cena, sem sequer piscar.

    ? M-Meu coração... ? levou uma das mãos ao peito, sentindo as batidas. ? Está acelerado! ? completou corando ainda mais intensamente. ? Fala sério! N-Não existe algo como a-amor a primeira vista, certo? ? questionou-se atordoado com tais palavras que proferira e engoliu a seco. ? É... Acho que agora me apaixonei pela... Música? ? indagou-se com sarcasmo. ? Estou ansioso para o começo das aulas! ? esboçou um suave sorriso malicioso.

    Os olhos do rapaz, pareciam enfeitiçados, fixados no rumo daquela garota que tocava com tanta paixão aquele instrumento musical. Mesmo que quisesse, naquele instante, ele não conseguia tirar a sua atenção daquela pessoa que, dentro de seu coração, naquele exato momento, havia tornado-se preciosa para ele e a partir daquele instante, mais do que nunca, ele passou a ansiar pela chegada do mês de abril, para que pudesse vê-la novamente.


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