Olá meus queridos(as) leitores(as)!
Trago até vocês mais um capítulo apaixonante desta Fanfic que escrevo com tanto carinho e dedicação!
Realmente, na minha opinião o capítulo de hoje ficou muito fofo *-*, mas enfim, espero que gostem!!!
Notas:
Trampo: Trabalho/Emprego (gíria)
Obentou: Marmita Japonesa.
A música tema de hoje é a Milk and Toast and Honey - Roxette (Cara, muito fofa essa música *0*, aliás, o título do capítulo é uma alusão ao nome dela) Deixarei postada nas notas para que vocês possam ler o capítulo escutando-a.
Link: http://www.youtube.com/watch?v=xVoJo-Zfg80
Boa leitura à todos!
Sakura nada proferiu, pois naquele momento encontrava-se encabulada. Aquela era a primeira vez em muito tempo que sentia-se acolhida, como se finalmente fizesse parte de uma família. Os olhos verdes marejados fecharam-se doloridos derramando algumas lágrimas, entretanto, daquela vez não eram lágrimas de dor, mágoas, tristeza, tampouco era algum sentimento negativo. Eram lágrimas de felicidade, como há muito tempo não sentia.
(...)
Os primeiros raios de sol daquela manhã aos poucos passavam a adentrar pelas vidraças das janelas espalhadas pelos cômodos espaçosos daquela casa.
Na cozinha, a menina de baixa estatura já acordada àquela hora, de pé estava ao redor da pia preparando o café da manhã. Os olhos verdes radiantes tremulavam alegres observando da janela aberta da cozinha, o pequeno jardim aos fundos.
Uma incrível variedade de flores em um espaço tão modesto, suas cores e aromas mesclavam-se naquele cenário apaixonante em pleno quintal de residência.
No dia anterior ela havia criado laços maravilhosos com aquelas duas pessoas incríveis que tanto lhe ajudaram.
Sim, agora ela não estava mais sozinha, pois, finalmente o destino havia presenteado-lhe com amigas preciosas. Boas, cada uma a sua maneira.
Horas a fio passaram conversando até o tardar da noite passada, assim conheceram-se bem melhor e souberam de muitas coisas umas das outras...
Tais como, aquele belo jardim que exalava aquele perfume exótico, porém agradável, era obra de Hinata que em suas horas vagas, adorava ficar cuidando daquelas belas flores.
Ou então, os magníficos rascunhos de modelos de roupas da moda, que ficavam espalhados por toda a sala, pertenciam à Ino, que desde pequena sonhava em tornar-se uma famosa estilista.
Realmente, aquela amizade feminina era algo novo na vida da menina, que até alguns dias atrás vivia solitária.
Antes, apenas os latidos de seu cão faziam-lhe companhia, entretanto, agora ela conhecia e vivenciaria seus dias em coletividade com aquelas duas.
De repente o forno elétrico apitou retirando a jovem de seus devaneios. Alguns dos compridos fios de cabelos róseos aprisionados desleixadamente em um coque frouxo, escapavam pelas laterais da franja e dançavam com os movimentos graciosos da garota que seguiu até o forno abrindo-o.
O suave cheiro de chocolate, as bolachas ?moreninhas? sobre a assadeira já estavam prontas. Cuidadosamente, as pequenas mãos protegidas pelo espesso par de luvas térmicas, levaram a assadeira até a pia, organizando artisticamente as apetitosas bolachas dentro de um pequeno pote de vidro.
Então ela pegou algumas das bolachas quentinhas e agachou-se frente ao cão que estava deitado ao chão, próximo de sua amada dona:
? Aqui Hoshi... ? ela deu algumas para o amigo canino comer. ? Como estão? ? feliz, o animal latiu em resposta. ? Ah... Obrigada, amigão! ? acariciou o cachorro que permaneceu deitado ao seu redor.
O relógio analógico posto à parede da cozinha já apontava às sete horas, daquela manhã de quarta-feira. Foi até a geladeira e apanhou uma garrafa de leite, levando-a até a mesa.
Do nada, subitamente surgiu na porta daquele cômodo uma jovem de desgrenhados cabelos loiros e um par de olhos azuis assustados:
? Meu Deus! Eu dormi demais... ? contou de olhos arregalados, para a menina que terminava de arrumar a mesa.
? Acalme-se! Ainda são sete horas... Você entra as oito no serviço, não é? ? indagou confusa.
? Sakura... Você não faz ideia da pressão que é trabalhar em uma revista de moda! ? confessou apavorada. ? Tipo, eu preciso de duas horas só para me arrumar! ? expôs aproximando-se da mesa.
? Hum... ? murmurou desinteressada. Terminou de colocar algumas torradas sobre a pequena cesta de palha.
? Mas deixando isso de lado... ? sentou-se à mesa e analisou o que via. ? Que café da manhã interessante... Não tem arroz... É ocidental? ? inquiriu curiosa.
? Digamos que sim... ? comentou esboçando um leve sorriso. ? Espero que goste!
? Hummm... ? levou uma das bolachas à boca. ? Nossa! Está quentinha, doce e suave... Incrível, não tem padarias aqui perto que vendem esse tipo de doce... Foi você que fez? ? perguntou surpresa.
? Sim! Cozinhar, especialmente doces é um de meus passatempos prediletos! ? confessou sentando-se à mesa também.
Alguns minutos depois, elas começaram a escutar os passos pesados aproximando-se da cozinha:
? Nháaa... ? os longos fios de cabelos negros desalinhados, os olhos aperolados reluzentes, pareciam maravilhados. ? Da onde está vindo esse cheirinho delicioso? ? indagou sonolenta, com a baba involuntariamente escorrendo pelo canto da boca.
? Né, Hina... Você também está atrasada para o ?trampo?! ? anunciou a loira entediada.
? Ah sim, Ino... Eu pensei que estava atrasa... ? calou-se chocada. ? Ahhh! ? gritou aterrorizada, levando as mãos ao rosto.
? Q-Que susto! ? a garota de cabelos róseos quase caiu da cadeira, levando a mão ao coração acelerado.
? Ih... Relaxa, ela é assim mesmo! Com o tempo você se acostuma! ? avisou a jovem loira comendo normalmente.
? Ai meu Deus, ai meu Deus... Ai... Meu... Deus! ? começou a andar em círculos. ? O que eu faço? O que eu faço? ? inquiriu-se transtornada.
? C-Coma algumas bolachas e... ? a rosada foi interrompida.
? Ah é mesmo! É delas que esse cheirinho gostoso está vindo! ? acalmou-se de repente, suspirando inebriada por aquele aroma doce. ? Ah... Eu vou comer um montão! ? declarou juntando-se as outras naquele café da manhã peculiar.
? N-Né Hinata-san, Ino-san... ? a menina foi interrompida.
? Pode chamar-me apenas de Hina, Sakura! ? sugeriu de boca cheia.
? O mesmo vale para mim... Eu já te disse para me chamar apenas de Ino! ? lembrou enfadada.
? G-Gomen ne! ? desculpou-se um pouco sem graça. ? V-Vocês duas almoçam em casa ou no trabalho? ? perguntou acanhada.
? Eu costumo comprar obentou em uma loja perto da revista onde trabalho e sempre como sentada em um banco de uma pracinha que tem lá perto! ? contou aborrecida.
? No meu caso, eu também compro o meu obentou em uma loja perto do pet shop em que trabalho, porém, eu como em qualquer lugar... Seja na sala de tosa, de banho ou alguma que esteja desocupada, embora às vezes eu acabe encontrando bolas de pelos na comi... ? foi interrompida pela outra enojada.
? MENOS HINA! Ninguém aqui quer saber das suas nojeiras no meio daqueles seus adorados animais fedorentos! ? afirmou levantando a mão na direção da amiga, em sinal de pare.
? Poxa Ino, eu sou só uma menina simples que cheira a gatinho! ? contestou com os olhos marejados. ? Desculpa por ser assim! ? abaixou a cabeça, emburrada.
? Ai, ai... Também não precisa ficar assim... ? olhou para o lado, irritada.
? M-Meninas, eu... S-Se quiserem almoçar em casa, eu posso fazer a comida, ou caso não queiram, posso preparar o obentou para levarem ao trabalho... ? propôs envergonhada.
? O que? Você faria isso pela gente? ? inquiriu a loira com os olhos brilhantes.
? C-Claro, eu estarei à toa até o mês que vem... Então nesse tempo que ficarei em casa, adoraria ser útil para vocês, aliás, como disse antes, gosto muito de cozinhar! ? esclareceu esboçando um sincero sorriso.
? Ah... Obrigada Sakura! Então virei para casa almoçar! ? confirmou a morena alegre.
? Sim, eu também farei dessa forma! ? concordou a outra. ? Mas mudando de assunto, Sakura... Você precisa matricular-se na Universidade o mais rápido possível, pois as aulas começam em abril! ? notificou preocupada.
? Está tudo sob controle, hoje à tarde irei até o campus da instituição levar minha inscrição e carta de recomendação! ? contou tranquilamente.
? Hum... Ótimo! Bom... Eu já estou super atrasada e tenho de ir! ? avisou a jovem virando o copo de leite à boca e bebendo o resto em apenas um gole.
? Kyah! Eu também já estou indo! ? a garota de cabelos negros apanhou de forma desajeitada o restante das bolachas dentro do pote de vidro e levou consigo para o quarto.
Quase vinte minutos depois, as duas já estavam prontas: Ino em trajes elegantes, compostos por uma blusa social branca, um blazer e uma saia justa um palmo acima dos joelhos combinando em cor azul-escura, enquanto Hinata estava vestida de forma simples, com uma blusa de mangas compridas rosa bebê e um largo macacão jeans. Uma parecia ser o oposto da outra.
? Sakura... Até mais! ? despediu-se a loira.
? Ja ne... Sakura e tome cuidado com os gatinhos! ? alertou andando ao lado da outra.
Apressadas, elas seguiram até a porta, deixaram a casa e foram correndo em direção à estação do metrô.
Da soleira da porta aberta, a menina de cabelos róseos acompanhava com os olhos as duas queridas amigas distanciando-se de casa e logo sumindo de seu campo de visão. Embora fosse sentir-se solitária o dia todo, ao menos agora ela teria companhia nas horas das refeições, à noite e nos finais de semana.
Contente, ela fechou a porta e voltou para a cozinha, para lavar a louça suja do café da manhã. Cantarolando murmurosamente, ela apanhou a bucha colocando um pouco do detergente vermelho sobre a mesma, começando a ensaboar os copos.
Em um breve momento, ela permitiu-se fechar os olhos, sentindo a brisa que adentrava pela janela sobre a pia, balançar os cabelos compridos, dando-lhe um ar de liberdade e ao mesmo tempo, levando-a em uma viagem de volta ao passado...
Quase cinco anos atrás:
A luz tênue daquela alvorada trazia consigo a claridade para dentro dos enormes cômodos arejados da casa tradicional em que morava.
Era setembro e naquela longa estrada do outono seguindo em direção ao inverno, os pássaros que habitavam as árvores daquela região, inquietos, trabalhavam sem descanso.
Os assovios distantes, o cantarolar afinadíssimo de uma daquelas aves pequeninas, empoleirada em um dos galhos de uma cerejeira, perto da janela do quarto onde repousava, fez-lhe despertar.
Sentou-se vagarosamente e sonolenta, espreguiçou-se, coçando os olhos verdes inchados. Após um rápido bocejo, os pés frágeis tatearam o tapete posto ao chão, em busca das pantufas confortáveis, encaixando-se perfeitamente dentro delas.
Animadamente, levantou-se de sua cama, arrumando o lençol sobre a mesma e dobrando o cobertor, guardando-o no armário de madeira escura posto ao canto da parede. Observou por alguns segundos o porta-retrato com a foto dos pais, atrás dos óculos postos sobre o criado mudo e suspirou cansada.
Os passos leves e delicados levaram-na até a janela, abrindo a mesma para sentir a fria brisa da manhã refrescar o rosto, esvoaçando os cabelos róseos, como se naquele ato pudesse sentir-se livre como um pássaro que podia voar por entre as nuvens, pela imensidão azul do céu.
Aquele seria mais um dos finais de semana solitários que passaria na cozinha de sua casa, praticando a culinária diversificada que aprendia através dos mais variados tipos de livros que lia.
Doces, especialmente os ocidentais, eram os que mais lhe agradavam fazer. Biscoitos, bolos, tortas, mousses e as favoritas bolachas, faziam-nos com muita dedicação.
Ansiosa, foi cantarolando até o banheiro para lavar o rosto e escovar os dentes.
A casa vazia, o relógio analógico preto na parede da sala apontava às sete horas daquela fria manhã de outono. A mulher que detinha a sua tutela provavelmente estava em alguma grande cidade, no apartamento de algum ?amigo?, como ela costumava dizer, sofrendo com os efeitos colaterais das bebedeiras da farra de sexta-feira à noite.
Embora fosse frustrante ver a fortuna que sua família tanto havia lutado para conseguir, esvair-se aos caprichos daquela pessoa dissimulada, que hora ou outra lhe ameaçava com o temível orfanato, visando manter o seu silêncio perante a justiça, ela apenas queria levar a sua vida da forma mais tranquila possível. Queria ser invisível e passar despercebida por onde quer que fosse.
Chegando à cozinha ? ainda com o fofo pijama rosa claro de ursinho composto de calça comprida e de blusa de mangas longas ?, as pequenas mãos ágeis, ao redor da pia começavam a preparar a massa de chocolate para as bolachas que logo seriam assadas.
Quase vinte minutos transcorreram-se e da janela de seu quarto que esquecera aberta na noite anterior, a claridade rumava nos olhos fechados, incomodando-os. A brisa que outrora fria fazia-lhe arrepiar enquanto dormia profundamente, agora lhe permitia sentir um cheiro doce vindo de fora.
Os olhos negros abriram-se franzidos, intimidados pelos raios de sol que adentravam o cômodo em sua direção. Desleixadamente sentou-se e se espreguiçou, calçando os chinelos aconchegantes, postos sobre o tapete.
? Que cheiro é esse? ? indagou-se em pensamento e se levantou da cama.
Os passos pesados levaram-no até a janela e ele fechou as vidraças, entrelaçando as cortinas em seguida. Seguiu até o banheiro para lavar o rosto e escovar os dentes.
Após alguns minutos, já desperto da sonolência ele caminhou até a porta e ainda vestido com suas roupas azuis de dormir ? constituídas pela calça comprida e blusa de mangas longas ?, curioso, ele aproximou-se da casa vizinha.
O vento álgido soprava contra o rosto do garoto, esvoaçando os cabelos negros, bagunçando completamente os fios. Atrevidamente, pôs-se à frente da janela aberta da cozinha da casa da menina de curtos cabelos róseos, passando a observá-la:
? Hum... Então você cozinha! ? ele admirou-se olhando para ela.
? Olha só... O garoto insolente está aqui novamente! ? ela surpreendeu-se, fitando-o com o canto dos olhos.
? Engraçadinha... Se bem que até rimou! ? olhou para o lado enfadado.
? Ora, não tome do meu tempo, aliás, s-se for de sua vontade, junte-se a mim! ? convidou corando as bochechas.
? Posso mesmo? Sou desastrado para com essas coisas, portanto possivelmente irei atrapalhar-lhe e na pior das hipóteses, arruinarei os seus doces! ? advertiu em um tom divertido.
? Não há problemas! Colocar-lhe-ei apenas para organizar as bolachas, que já estão prontas, dentro do pote de porcelana! ? ela esboçou um rápido sorriso, deixou a massa que estava fazendo dentro da vasilha encima da mesa e foi até a porta da cozinha, abrindo-a.
O jovem adentrou o cômodo, então ela fechou delicadamente a porta e voltou para o lugar onde antes estava começando a colocar aquela mistura fofinha dentro de um dos sacos de confeiteiros sobre a mesa para delinear as bolachas sobre a assadeira.
? Aqui! Essas duas assadeiras já estão prontas! ? retirou do forno elétrico que havia acabado de apitar. ? Organize-as dentro deste pote! ? apontou para o recipiente próximo do rapaz, entregando-lhe os doces.
? Sim senhora! ? aceitou passando a executar àquela ?difícil? missão.
Os minutos foram transcorrendo-se e no fim, quase uma hora já havia se passado. O garoto já terminava de arrumar as bolachas da última fornada e a menina que havia acabado de lavar a louça que sujara, preparava ao liquidificador, uma bebida cor-de-rosa:
? O que é isso? ? ele inquiriu curioso.
? Leite de morango! ? respondeu docemente e despejou o conteúdo dentro de uma jarra de vidro, levando-a em seguida até a mesa, sentando-se na cadeira.
? Hum... ? finalizou sua função, alinhando os três grandes potes de porcelana ao centro da pequena mesa da cozinha.
? Bom! Vamos comer... ? pronunciou alegre.
? Obrigado, mas eu não gosto de doces e leite! ? ele recusou simpaticamente.
? Ora, eu não posso comer tudo isso sozinha! Como a vossa ?insolência? surgiu na janela de minha cozinha, resolvi aumentar a quantidade de bolachas... Humpf! ? bufou irritada.
? Confesso que o cheiro que me guiou até aqui, me cativou, no entanto, eu realmente não gosto de doces, embora eu tenha adorado organizá-las dentro destes potes... ? comentou esboçando um enorme sorriso.
? Pois então, reles mortal... Desafio-te a provar de uma dessas incríveis iguarias que minhas mãos, sob regência de minha soberana habilidade culinária, fizeram minuciosamente e resistir ao doce sabor desta tentação! ? ela propôs seriamente.
? Uau... Incrível é essa sua confiança inabalável e a maneira como coloca as palavras! ? contestou segurando a risada.
? Se eu fosse você, não subestimaria o poder destes doces! ? advertiu aborrecida.
? Tudo bem! Eu aceitarei o seu desafio, porém, se eu vencer... ? o rosto ruborizou-se, ele olhou para o lado envergonhado com o próprio pensamento em relação ao prêmio que exigiria por sua vitória.
? Se você vencer...? ? sugeriu para que ele terminasse de falar.
? É s-segredo! Como sei que irei vencer, te contarei apenas após a minha vitória! ? expôs desconcertado.
? Hum, por mim tudo bem! ? ela colocou os cotovelos sobre a mesa, apoiando o queixo sobre as mãos.
? Certo! ? ele apanhou uma das bolachas e levou a boca. Os olhos arregalaram-se na primeira mordida.
O sabor da massa de chocolate era uma contradição entre o doce e o amargo. Quentinha, a consistência suave em contato com a saliva fazia a bolacha derreter na língua, causando-lhe uma deliciosa sensação calorosa na boca.
? E então, nobre cavalheiro... Encantou-se com as bolachas caseiras desta humilde camponesa? ? perguntou com ironia.
? Olha, acho que de um reles mortal para um nobre cavalheiro eu evolui bastante no seu conceito! ? mudou o rumo do assunto.
? Não interprete mal, meu caro... Um nobre cavalheiro, ainda assim é um reles mortal! Nobres ou plebeus, todos somos! ? esclareceu firmemente. ? Vamos! Responda-me se gostou ou não! ? ela insistiu atenta.
? Bom! ? suspirou pesadamente. ? N-Não é como se eu tivesse gostado, mas também não significa que eu tenha odiado! ? relutou em admitir a verdade.
? Entendo... ? ela levou uma das pequenas mãos até o pote mais próximo de si.
? O que? Mas como assim? Ela não vai me questionar? Pressionar-me até obter a sua vitória? Droga... Qual é a dela? Garotas costumam ser tão curiosas, mas ela... Que raiva! ? pensou incrédulo com aquilo. ? Tsc... Eu admito a minha derrota! Sim, eu gostei... ? confessou repentinamente.
? Uau, essa foi rápida! O desinteresse sempre funciona... O silêncio é o pior castigo! ? ela esboçou um travesso sorriso, mostrando a mão com os dedos posicionados em forma de vitória.
? Maldição... Cai tão fácil na dela! ? praguejou mentalmente. ? Espertinha! Não é como se eu sofresse de ansiedade ou algo assim, eu só não gosto de mentir! ? contra argumentou em sua defesa.
? Sei, sei... ? ela apanhou uma das bolachas e levou até o copo de leite, molhando-a.
? Hey... Isso não se faz! ? ele chamou-lhe a atenção, assustado.
? O que, exatamente, não se faz? ? ela inquiriu olhando-o, confusa.
? É inadequado molhar bolachas no leite... ? anunciou convicto.
? Eu não fazia ideia de que alguém como você poderia levar uma vida mais terrível que a minha! ? ela admirou-se pasma.
? Hãaan? O que você quer dizer com isso? ? perguntou confuso.
? Molhar bolachas de chocolate no leite de morango é o que há, mas deixe pra lá... Pois tenho certeza de que você não será capaz de compreender a essência desta peculiaridade viciosa! ? caçoou em seguida levando o doce à boca e fechando os olhos, mastigando-o com vontade.
? Apaixonante! ? ele suspirou encantado com a garota. ? D-Digo, interessante! ? ele tentou disfarçar aquela palavra embaraçosa que havia pronunciado e rapidamente molhou uma das bolachas no leite, levando-a a boca. ? Nossa... Isso é realmente bom, embora eu não goste de leite! ? murmurou surpreso.
? Ora, ora... Além de ceder aos doces, você também sucumbiu ao leite?! ? ironizou contendo a risada.
? Talvez, mas apenas porque o que você fez é diferente dos demais e eu gostei! ? ressaltou em um tom divertido.
? Ótimo! Sinta-se bem-vindo então para fazer-me companhia nas refeições quando bem quiser, pois assim, poderá deliciar-se aos mimos de minha culinária e eu não me sentirei tão sozinha! ? sugeriu, sorrindo docemente para o rapaz.
? Isso é que é matar dois coelhos com uma só cajadada! ? ele supôs o ditado.
? Hey, isso é cruel! Pobres dos coelhinhos! ? ingênua, ela lamentou pelos pequenos animais.
? Né, Sakura... É só maneira de dizer! ? ele olhou para o lado, incrédulo.
? Oh... S-Se é assim, tudo bem então! ? exclamou acanhada.
Àquela longa manhã fria de outono, havia sido preenchida por aquela amizade que, naquela época, aos poucos se fortalecia.
De volta ao presente...
Após uma longa terça-feira de trabalho sob o comando irritante de seu pai que passara o dia todo reclamando de sua falta no dia anterior, à noite novamente encontrava-se em seu luxuoso apartamento.
As luzes já estavam apagadas. Outra vez solitário, assim como havia sido na segunda-feira de sua depressão, deitado estava sobre a enorme cama ao centro de seu espaçoso quarto escuro, mantendo os olhos negros fixados no nada, no rumo do teto.
A mente distante dali, imersa encontrava-se naquele longínquo passado que nas horas vagas, na cabeça vazia, vinha lhe atormentar. No entanto, não era algo que detestava, uma vez que sabia que a sua felicidade havia se perdido naquelas belas lembranças.
As conversas, as risadas, a doçura, o companheirismo, a cumplicidade, o carinho, os sentimentos... Lembrava-se como se fosse ontem, do quão divertidos haviam sido aqueles dias, até os mais nublados daquele outono, do início daquela amizade que, na companhia da estranha menina de cabelos róseos, inevitavelmente ele apaixonou-se por leite com bolachas e descobriu-se amando-a incondicionalmente.