Hocus Pocus To Me.

Tempo estimado de leitura: 4 horas

    16
    Capítulos:

    Capítulo 3

    A verdade por detrás da máscara.

    Álcool, Adultério, Heterossexualidade, Homossexualidade, Linguagem Imprópria, Nudez, Suicídio, Violência

    Olá pessoal!

    Esse é um capítulo sinistro... u.u, revelações tensas!

    Desculpa pela demora, estou atualizando aos poucos!

    Mas enfim, escrevi com muito carinho e espero que gostem!

    A música que escutei reescrevendo esse capítulo foi a Fight Inside - RED (Deixarei postada nas notas para que vocês possam escutá-la enquanto leem, se quiser é claro)

    Link: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=sMgsC8kVOBI

    Bom! É isso...

    Boa leitura!

    De repente a jovem inexpressiva sentiu algo gélido pousar sobre o seu nariz. Olhou para cima e avistou caindo do céu os primeiros flocos de neve daquele triste inverno.

    (...)

    Passaram-se dois dias, a jovem órfã, perdida em seus pensamentos, sentada no chão com as costas contra a parede, em meio ao cômodo vazio e escuro, olhava para o nada:

    Depois do falecimento de minha avó, meu tio e alguns dos poucos parentes que compareceram no enterro, sugeriram que nos desfizéssemos dos pertences dela. Acharam que faria bem ao meu psicológico... Cretinos! Como ousam ?supor? o que eu acho ou penso?

    É... Mas essa não é a primeira vez que isso acontece, no fim das contas, eu sou uma ?desgraçada?!

    A jovem foi retirada de seus devaneios pelo despertar do relógio:

    ? Hãn?! Mas já chegou a hora? ? inquiriu-se desapontada.

    Levantou-se e seguiu até o banheiro adentrando o mesmo. Aproximou-se da pia, aparou as mãos sob a torneira aberta preenchendo-as com água em seguida jogando-a em sua face. Ainda com o rosto molhado, ergueu-o e pôs-se a analisar seu reflexo no espelho.

    Era notável as olheiras profundas das últimas semanas mal dormidas ou que passara em claro cuidando de sua avó e as que sucederam sua morte. Atualmente já não sentia sequer vontade de comer!

    Pegou a toalha de rosto, secou-o e então, solitária, uma lágrima caiu de um dos olhos percorrendo a face, no entanto, com o olhar distante, apenas deixou para que ela se secasse sozinha.

    Tomou um banho frio, não se importando com o inverno rigoroso que havia chegado naquele país do extremo oriente. Logo se enxugou e vestiu uma roupa de frio adequada para aquela temperatura, com botas de neve e um casaco espesso.

    Dirigiu-se até a varanda e sentou-se em uma das cadeiras de balanço nas quais sua avó costumava passar horas a costurar. Alguns minutos depois avistou um carro aproximando-se e estacionando frente à casa. Era um belo carro!

    ? Olá florzinha! ? cumprimentou com o sorriso forçado estampado nos lábios, como de costume, não obtendo resposta. O homem saiu do veículo. ? Vamos! Não podemos nos atrasar, entre logo no carro! ? ordenou mudando de expressão. Irritado abriu a porta traseira do automóvel.

    A jovem apenas obedeceu sem nada proferir. O homem deu a partida e logo estavam na estrada. O trajeto seguiu-se silencioso, a menina calada olhava pelo vidro embaçado da janela, o que aparentemente já começava a incomodá-lo:

    ? Diga alguma coisa, pirralha! ? ele vociferou impaciente.

    A garota apenas o ignorou, permanecendo de boca fechada, sem sequer fitá-lo.

    ? Desgraça! ? ele gritou girando o volante com brutalidade, fazendo com que o carro derrapasse na estrada que estava parcialmente congelada, o que fez com que ela se assustasse, no entanto permanecera quieta.

    Nada contente com a reação da menor, ele ficou durante algum tempo imóvel com os braços cruzados, apoiados no volante, mantendo os olhos fechados, pensativo. De repente levantou-se e direcionou o seu olhar fitando a face da jovem pelo retrovisor:

    ? Você sabe que não precisa ser assim! ? exclamou apontando para o reflexo dela no retrovisor como se sua mão fosse uma arma atirando nela, chamando a atenção da menina, no entanto, ela não pareceu se preocupar, apenas virou o seu rosto para o lado da janela ignorando-o novamente. ? Desgraçada! ? murmurou pegando no volante e pondo-se a dirigir outra vez.

    Algum tempo depois...

    ? Finalmente chegamos! Eu já não aguentava mais respirar o mesmo ar que aquele homem! ? pensou aliviada.

    Antes que o tio se aproximasse para abrir a porta ela mesma o fez e saiu rapidamente do veículo. Os passos ligeiros, logo ela adentrou a sala e sentou-se em uma das cadeiras.

    Todos sentados à mesa, não eram muitos, no entanto eram muito mais do que os que compareceram ao sepultamento da velha senhora ou que a menina ao menos conhecia. Ali reunidos com apenas um interesse em mente...

    A guarda da pobre órfã? Não!

    A herança da falecida? Com certeza!

    O orador ao lado do escrivão pronunciou-se lhes chamando a atenção. Começou a leitura do testamento... De repente chocou a todos os presentes ao informar que a mulher havia deixado oitenta por cento dos seus bens para a sua neta. Com os olhos arregalados um dos senhores indagou a respeito das posses da finada:

    ? Acalme-se! Já irei pegar o levantamento de bens e logo o lerei a todos vocês!

    O homem dirigiu-se a pasta preta sobre a mesa e retirou de dentro alguns papéis. Seguiu novamente para onde estava e pôs-se a ler. Ao começar a leitura outra vez deixou a todos chocados.

    ? Fizemos o levantamento de todos os bens deixados pela senhora Haruno e é apenas isso. Em seu nome possui apenas a casa na qual residia com a neta e a mesma ficará para a menina. Sendo assim, não há mais o que discutir... Declaro por encerrada esta sessão!

    Os parentes revoltados começaram a discutir entre si, alguns diziam que haviam perdido o seu tempo à toa, enquanto outros se mostravam incrédulos por não terem herdado nada e já começavam a seguir até a porta do local, notavelmente irritados, no entanto, foram barrados:

    ? Esperem que ainda não terminou! ? pediu o tio da menina colocando-se na frente da porta.

    ? O que? Diga logo! ? ordenou uma dos que tentavam sair do lugar.

    ? Precisamos decidir com quem ficará a tutela da garota! ? expôs forçando simpatia.

    ? O que? Eu não ganho nada e ainda me pedem para cuidar dessa... Dessa... Como é mesmo o nome dela? ? perguntou para o senhor ao lado.

    ? Acho que é Haruno ?Sara?... ?Sakuya? ou algo assim! ? o homem confuso respondeu.

    ? Isso mesmo! Não me peçam para tomar conta dessa Haruno ?Sayaka?! ? exigiu a mulher estressada.

    Assim todos foram concordando com ela, ninguém queria se responsabilizar pela menina. No fim, todos já haviam ido embora e na sala restara apenas a jovem cabisbaixa com o olhar distante e o homem com os braços cruzados, encostado na parede, pensativo.

    ? O que faremos com você, hein? ? inquiriu com deboche. ? Ninguém te quer, eu até que poderia pegar a sua tutela, no entanto, estou muito ocupado e vivo viajando... Sendo assim não poderia te levar para morar comigo, o que você acha? ? indagou com ironia no olhar.

    A menina apenas assentiu com a cabeça sem levantar a mesma. Levantou-se e seguiu até a porta parando perto do mais velho:

    ? Vovó possuía muitos bens! Tenho certeza de que tem dedo seu no meio disso tudo! ? afirmou impassível.

    ? Hehe... Garotinha esperta! Você me lembra muito a sua mãe, sabia? ? perguntou com sarcasmo.

    ? Humpf. Eu quero ir para a minha casa! ? ela exigiu indo na frente do tio, a passos pesados até o carro.

    (...)

    As janelas fechadas faziam do ambiente escuro uma noite em pleno dia. Deitada sobre o chão gelado do quarto vazio, a menina olhava para o teto pouco visível enquanto refletia:

    ? Novamente neste chão, neste cômodo vazio. Onde você está vovó? Porque você também me abandonou? Já não me bastava ter sido traída pela mamãe e o papai... Você também? É triste... Muito triste! E novamente ele fez o que queria e nem desconfiaram. Aquele maldito! Mas nem adianta, me manifestar diante dessa situação só me traria mais alguns anos em um sanatório ou me tratando com psiquiatras! Como daquela vez...

    A partir daquele momento ela mergulharia em suas lembranças...

    Isso aconteceu há muito tempo, um pouco depois de ter vindo morar com a minha avó para ser mais exata. Naquela época, como eu não estava acostumada a viver sozinha com aquela ?rabugenta? da minha querida avozinha, ficava muito feliz quando ele ia nos visitar e levava sua filha para brincar comigo... Ela era muito legal, adorava brincar de ?faz de conta?.

    Não foram muitas as vezes que nos encontramos, mesmo assim foi muito bom! É uma pena que essa amizade não tenha durado para sempre. No entanto eu jamais a culparia por isso! Aquele desgraçado...

    No início ela era uma menina ativa e extrovertida, ao contrário de mim e isso me alegrava um pouco, mas com o passar do tempo, ela foi se tornando cada vez mais estranha... Já não prestava mais atenção em muitas coisas, já não falava pelos cotovelos como antes e me tratava com frieza.

    Eu não queria perder a sua amizade, estava disposta a me adaptar ao seu novo jeito de ser ou o que fosse, mas eu realmente gostava dela. Entretanto, um dia aconteceu algo que me marcou...

    Lembro-me como se fosse ontem! Era de noite, estávamos as duas brincando na sala perto da lareira aqui em casa. Estava chovendo forte, vovó que tinha ido até a cidade visitar uma amiga mais cedo, teve de permanecer na casa da mesma para esperar a tempestade se acalmar. Além de mim e dela, meu tio também estava.

    Ele já estava a algumas horas dentro de seu antigo quarto. Foi então que Nadeshiko-chan levantou-se, disse que estava com medo e que iria até seu pai, saindo correndo em direção ao quarto do mesmo.

    Eu apenas a observei se distanciar de mim. Recordo-me de ter ouvido ele nos proibir de adentrar o quarto sem sua permissão. Algum tempo se passou, eu fiquei preocupada e segui silenciosamente até o quarto dele. Projetei-me frente à porta que estava semi fechada e involuntariamente acabei escutando algo que nunca havia imaginado que ouviria.

    ? Papai! Era por isso então que não queria que viéssemos aqui? Eu escutei sua conversa no telefone... Como o senhor pôde? Temos de dar um jeito nisso, eu não suportaria perdê-lo... ? começou a se desesperar a pequena enquanto falava.

    ? Cale a boca! ? murmurou impaciente.

    ? Você pode ser preso papai, eu não quero isso! Se a polícia descobrir que foi o senhor quem sabotou o carro do tio eles vão... ? foi interrompida pela dor aterrorizante que a invadiu, perfurando-lhe o peito. ? Pa... Pai? Por... Que? Eu s-sempre fiz tudo o que o senhor me pediu... ? ela argumentou com dificuldade, os olhos se inundaram de lágrimas.

    ? V-Você fala demais! ? acusou com os olhos arregalados ao notar o que havia feito por ter visto a outra perto da porta a escutar.

    O que eu escutei foi chocante, no entanto, vê-lo cravar aquele ?canivete? no peito da própria filha, jamais me esquecerei daquela cena, o seu rosto infantil, Nadeshiko-chan estampava muita tristeza, mesmo entre dor e lágrimas, ela o abraçou e com suas últimas forças voltou-se contra o maior olhando-o nos olhos e pediu ?perdão? como em um sussurro. Logo as pernas finas e trêmulas as quais eram banhadas pelo sangue que escorria pela barriga, cederam-se ao peso de sua pequena vida, a qual naquele instante sua alma desamparara.

    Meus olhos se encheram de lágrimas e não pude me conter:

    ? Porque você fez isso? ? indagou se aproximando e ajoelhando-se perante o corpo ensanguentado, inerte ao chão.

    ? E-Eu não... Não queria ter chegado a isso! ? confessou se afastando.

    ? ASSASSINO! Eu tenho nojo de você! ? a voz embargada pelo choro, cuspiu aos berros aquelas palavras, com reprovação em seu olhar. ? Eu ouvi tudo!

    ? Você perdeu o amor a sua vida? Poderia não ter dito nada, assim seria poupada!

    ? Mesmo após ter matado a sua própria filha, ainda tem coragem de me ameaçar?! ? disse chorando, incrédula. ? Cadê? Não estou te vendo pedir desculpas a ela... Maldito!

    ? Vou matar você... Desgraçada! ? anunciou com os olhos marejados, no entanto não derramava uma lágrima sequer. ? Aliás, se você contar para alguém, jamais acreditariam em você! Isso foi um acidente e como você presenciou o acontecimento, você ficou chocada e enlouqueceu!

    ? O que? Não vai me matar? É mais fácil explicar uma morte do que duas? Acidente? Eu te odeio!

    Naquele mesmo dia, ele armou uma cena convincente para a suposta morte ?acidental?, alguns minutos se passaram e a chuva amenizou, então ele discou o número de emergência chamando uma ambulância que chegou e logo em seguida minha avó voltou e adentrou a casa desesperada.

    Lá estávamos eu toda ensanguentada ao lado do ?corpo? e meu tio encenando seu teatrinho barato, não sei qual foi a historinha descabida que ele inventou e contou aos policiais que logo chegaram ao local, só sei que ele conseguiu se livrar da culpa.

    Eu tentei provar que ele havia matado-a, no entanto, como sempre... Ele venceu! Afinal, ele era o adulto que cuidava dos negócios de meus pais falecidos e eu... Apenas uma criança estarrecida, assim ele conseguiu me internar para que eu me tratasse com psiquiatras e ficasse isolada do mundo.

    Sim! O cretino alegou que eu havia ficado louca e conseguiu provar. No entanto fiquei apenas um ano, pois assim que conseguiu, minha avó me buscou e desde então passei seis meses sem falar.

    A menina despertou de suas recordações.

    ? O que eu farei da minha vida? Eu não quero mais viver! ? concluiu em seus pensamentos.

    (...)

    Na cidade, o escritório notável em sua elegância, móveis de madeira nobre, adornos refinados, grande espaço, quadros aparentemente caros compunham o cenário daquele local que diga-se de passagem deveria ter custado muito dinheiro.

    ? Cara... Você é mau, hein? Tens o meu respeito! ? expôs um homem sentado na cadeira.

    ? É... Quem diria que a velha morreria sem precisar de uma ajudinha? O destino está ao meu favor!

    ? Mas e a menina? Vai deixá-la viva? ? indagou preocupado.

    ? Relaxe. Qual mal aquela coitada pode me fazer? Logo sua própria mente a destruirá em uma depressão profunda! Hehe... Ela não representa perigo algum para mim! ? afirmou convicto de si.

    ? Esse é o meu homem! ? argumentou a mulher que estava ao lado do mesmo.

    ? Vish! E a sua mulher? ? perguntou o outro notando a suposta amante.

    ? Nagi está alimentando os animais marinhos neste momento! ? contou entediado, pronunciando o nome da mulher.

    ? Como assim? Ela virou bióloga, alimentadora de animais ou algo assim?

    ? Acho que não formulei a frase corretamente! Corrigindo... Ela está servindo de alimento para esses animais! ? terminou naturalmente.

    ? Não creio! Você realmente fez isso? E eu achando que você gostasse dela!

    ? Matei a filha, porque não mataria a mãe? Aliás, eu nunca a amei! Só amei uma mulher em toda a minha vida... Mas a desgraçada se casou com o meu irmão, então matei os dois! E agora sobrou a filhinha querida... Ela é a cara da mãe! ? ele suspirou fitando o nada por um momento.

    ? Então é por isso que não teve coragem de matá-la até agora? ? indagou curioso.

    ? Talvez! Enfim, vamos brindar! ? sugeriu logo erguendo sua taça e enlaçando a cintura da mulher ao lado, trazendo-a para perto de si.

    Todos brindaram e começaram a beber.

    ? É minha sobrinha querida... Não vou precisar sujar as minhas mãos com você, o seu próprio psicológico se encarregará disso! ? ele pensou com o olhar maligno.

    O futuro da jovem órfã era algo que completamente desconhecia, no entanto, nada havia sido fácil e jamais o seria para ela no longo caminho que trilharia.


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