É por amor.

Tempo estimado de leitura: 6 horas

    16
    Capítulos:

    Capítulo 5

    A luz no fim do túnel.

    Álcool, Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo, Violência

    Olá!

    Mais um capítulo para ler :3

    A música do capítulo é a Breakaway da Kelly Clarkson (Muito diva essa música... Deixarei postada nas notas para que possam ler escutando-a)

    Link: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=hKCGBv65w_M

    Boa leitura!

    Uma lágrima solitária libertou-se de um dos olhos negros, percorrendo pela pele alva do rosto até próximo dos lábios avermelhados que esboçaram um sorriso entristecido ao lembrar-se de como era maravilhosa àquelas gargalhadas divertidas da menina de cabelos róseos.

    (...)

    A jovem estarrecida, ainda sentada no velho banco daquela pequena praça, permanecia calada, com sua mente distante dali. Os olhos verdes opacos, que antes, mergulhados em recordações fitavam o nada, outra vez olharam para o delicado relógio dourado preso ao pulso alvo da menina.

    Já passava da meia-noite, a luz do poste que, outrora insistente teimava em piscar, finalmente se extinguiu, tornando aquele lugar mais escuro do que antes.

    De repente ela sentiu algo frio pingar sobre o nariz, olhou para o mesmo e pôde observar uma gota d?água escorrer por ele. Seguidamente vieram mais duas gotas, que pingaram sobre a testa e a bochecha rosada dela.

    Assustada, ela ergueu a cabeça e olhou para o céu:

    ? Chuva? ? indagou-se em pensamento, apavorada. ? Venha Hoshi... Vamos! Precisamos achar um abrigo! ? ela se levantou do banco, acariciou o cão, que agilmente pôs-se ao chão, apertou a pequena bolsa debaixo de um dos braços e apanhou a pesada mala preta com as duas mãos. ? Droga... Não estou com o meu guarda-chuva! ? ela murmurou começando a caminhar ao lado do amigo canino.

    A gélida chuva de primavera que começara repentinamente em pingos tímidos, logo fora ganhando força, tornando-se cada vez mais densa.

    A velocidade dos passos da menina acompanhada de seu cachorro era limitada por conta do peso do enorme objeto que segurava em mãos.

    Poucos minutos depois, ela finalmente chegou a uma rua conhecida. Costumava tomar aquele rumo diariamente, afinal, trabalhava ali perto e era exatamente por isso que estava seguindo naquela direção, pois para a sua sorte a biblioteca funcionava vinte e quatro horas. Sendo assim, poderia ficar lá ao menos até que a chuva desse uma trégua.

    Finalmente chegou ao edifício. Empurrou a porta de vidro e adentrou o local. Próximo dali, a funcionária do período noturno, sentada atrás do balcão, deixou de lado o livro que lia e olhou para a garota completamente molhada:

    ? S-Sakura-chan? ? ela inquiriu arregalando os olhos, transtornada.

    ? B-Boa noite, M-Minami-san! ? cumprimentou esboçando um pequeno sorriso, a menina batendo o queixo, tremendo de frio.

    Os fios de cabelos da longa franja rósea estavam colados à testa da jovem e a água que deles escorriam, seguiam pelo nariz delicado, ultrapassando os lábios arroxeados, chegando ao queixo frágil e caindo ao chão.

    (...)

    A mulher com o telefone em uma das mãos levou a outra livre à maçaneta e vagarosamente abriu a porta, evitando o máximo de barulho possível. Adentrou o quarto escuro, se aproximando cuidadosamente do rapaz sentado no chão, em meio às fotografias espalhadas ao piso, no canto do quarto:

    ? Sasuke?! ? inquiriu a mais velha ao rapaz que parecia alienado do mundo, enquanto observava uma das fotografias. ? O senhor está chorando? ? ela indagou engolindo a seco.

    ? Um cisco caiu no meu olho! ? ele levou a mão até o rosto limpando a lágrima solitária que por lá deixara o seu rastro úmido.

    ? Essa é velha! ? pensou fingindo acreditar. ? Hum... Entendo! Desculpe-me por incomodá-lo, mas é que hoje o senhor não foi trabalhar e sequer saiu do quarto... E como o seu celular está estragado, o seu pai não para de ligar no telefone, aliás, é ele que está... ? foi interrompida, apontando para o aparelho.

    ? Mande ele pro inferno! Ou melhor, mande qualquer um que me ligar para o inferno! ? ele ordenou sem olhar para o rosto da outra.

    ? M-M-Mas s-senhor... Eu não posso mandar o vosso pai, o senhor Uchiha Fugaku p-para o inferno! ? a empregada expôs, apavorada.

    ? Ah... Dê-me isso daí! ? ele suspirou entediado e levou a mão na direção do telefone, pegando-o da mulher.

    ? Todo seu! Se me der licença... ? ela entregou e quando ia sair, foi impedida pelo rapaz que segurou na barra de sua saia.

    ? Espere um momento! ? ele levou o aparelho à lateral do rosto e disse: ? Vá pro inferno! ? após a curta frase ele desligou. ? Pronto! Pode levar de volta! ? ele deu o telefone sem fio para a mulher.

    ? S-Sim senhor... Mas e se ele ligar outra vez? ? ela perguntou suando frio.

    ? Apenas ignore, Christine! E se ele insistir muito... Quebre a desgraça desse telefone e me traga os pedaços, pois farei questão de comê-los! ? avisou fitando o nada, os olhos negros estavam marejados em ódio.

    ? Sim senhor! ? ela obedeceu transtornada e logo se retirou do cômodo. ? Vish Maria! Tomara que ninguém apareça aqui hoje para vê-lo... Não quero ter que mediar mais nada! ? ela pensou aflita.

    Alguns minutos se passaram e o grande relógio analógico bege, pendurado na parede da cozinha, já passava do meio-dia.

    A mulher ouviu o abrir abrupto de uma porta e em seguida, passos pesados se aproximando do lugar onde ela estava.

    De repente ? ainda de short, sem camisa e descalço ?, o rapaz mal-humorado surgiu na entrada da cozinha, os olhos negros emanavam raiva. Sem sequer encarar a mulher que ali trabalhava ele se aproximou da geladeira e começou a procurar por algo, que parecia não encontrar:

    ? O senhor ainda não tomou o café da manhã, gostaria que eu preparasse algo? ? ela indagou temerosa.

    ? Mas que inferno! Onde estão os doces dessa casa? ? ele perguntou irritado, olhando dentro do refrigerador.

    ? M-M-Mas o s-senhor não gosta de doces... ? a mais velha olhou aterrorizada para o jovem. ? Geralmente os doces estragam na geladeira, por isso parei de fazê-los... ? foi interrompida enquanto explicava.

    ? Pois então me faça uma torta de chocolate, bem doce... E quando eu digo doce, é doce mesmo... Com muito açúcar e bem açucarada! Entendeu? ? ele inquiriu olhando nos olhos da mulher.

    ? M-Mas senhor, açúcar em excesso faz mal pra... ? ela tentou advertir, mas foi interrompida outra vez.

    ? Mas é pra fazer mal mesmo! ? ele vociferou furioso, fechando a porta da geladeira com violência, assustando a mulher de forma que ela deu um pulo para o lado. ? Quem sabe eu não tenha uma overdose de glicose! ? ele sugeriu impaciente, caminhando em direção à saída. ? Estarei esperando no meu quarto! ? ele saiu do cômodo.

    ? Minha nossa senhora... Esse menino é louco! ? ela pensou começando rapidamente a fazer o que ele lhe ordenara.

    O garoto adentrou novamente o quarto e foi direto ao armário, agarrando o máximo de almofadas que conseguira e seguiu até em frente à enorme televisão LCD de cinquenta polegadas sobre a raque próxima de um sofá, jogando tudo o que segurava ao chão. Ligou o videogame, apanhou um dos controles, aninhou-se sobre àquelas almofadas e começou a jogar.

    Quase uma hora depois a mulher bateu na porta e empurrou-a, adentrando o quarto com a torta em mãos:

    ? Senhor, aqui está! ? ela se aproximou dele com a média torta de chocolate.

    ? Hum... Dê-me aqui! ? ele soltou uma das mãos que seguravam o controle, estendendo-a no rumo da mulher.

    ? Certo! ? ela arrumou o pano debaixo do prato de metal, que estava gelado e colocou sobre a mão dele.

    O garoto colocou no chão à sua frente e enfiou o dedo indicador no meio do chocolate, levando-o em seguida à boca:

    ? Caralho, que coisa doce! ? ele resmungou enojado.

    ? M-Mas senhor! Foi o senhor que pediu para que eu fizesse doce assim... ? a mulher lembrou-o, amedrontada.

    ? Sim... Eu sei! Obrigado! ? ele agradeceu pegando a colher posta ao lado da torta, começando a comê-la aos poucos, enquanto jogava.

    ? N-Não há de que! Se precisar de mim, estarei na cozinha! ? ela informou retirando-se do quarto.

    Algumas horas se passaram...

    O relógio já apontava às dezesseis horas e vinte daquela tarde de segunda-feira. De repente a mulher que estava concentrada em seus afazeres na cozinha, ouviu a campainha tocar:

    ? Ah meu Deus! Isso não está acontecendo... ? ela mentalizou a frase. ? Vou fingir que não tem ninguém aqui! ? ela murmurou permanecendo na cozinha, sem fazer barulho.

    Poucos minutos depois o silêncio tomou conta do apartamento, provavelmente a pessoa notara que não tinha ninguém e fora embora. Entretanto, após a calmaria, a campainha passou a ser tocada freneticamente e logo passou a ser acompanhada por socos na porta.

    ? Oh céus... Quem é o filho da puta que está fazendo isso? Terei de atender, senão o patrão se irritará com o barulho e dará início ao Armageddon! ? ela cogitou assustada.

    Foi até a porta, abriu apenas uma fresta e notou a ruiva enfurecida do outro lado. A jovem então enfiou a cara na pequena abertura, aproximando-a da mulher e indagou:

    ? Cadê aquele Uchiha desgraçado? ? seu olhar psicopata era medonho.

    ? Hoje é um péssimo dia para a senhorita vê-lo... Eu não posso deixá-la entrar, pois ele ordenou para não ser incomodado por ninguém... ? foi interrompida pelo chute que a garota deu na porta, empurrando e abrindo-a por completa. ? Ai Jesus! ? a mais velha caiu sentada no chão.

    ? Como assim ele não quer ser incomodado? Eu quero que ele fale isso na minha cara! ? ela explodiu, batendo no peito, furiosa e seguiu até o quarto do rapaz, chutando a porta do mesmo.

    ? O que você está fazendo aqui? ? ele perguntou se pondo de pé, olhando-a nervoso. ? Porque você deixou essa mulher vir até aqui me incomodar? ? ele perguntou para a mais velha que surgiu por detrás da jovem.

    ? M-Mas senhor! Eu tentei impedi-la... Eu, eu... Ahhhhh... ? a empregada surtou e saiu correndo da sala. ? Eu não ficarei aqui para testemunhar a tragédia que está prestes a acontecer! ? ela berrou adentrando a cozinha e fechando a porta.

    ? Como você ousa me perguntar o que estou fazendo aqui, seu filho de uma égua? ? ela inquiriu com os olhos marejados em ódio.

    ? Karin... Eu não estou em um dia bom! ? ele alertou com a voz sombria.

    ? POIS EU TAMBÉM NÃO ESTOU! ? ela rugiu indo pra cima do rapaz. ? Você marcou de almoçar comigo e deixou-me esperando lá naquela desgraça de restaurante por quatro horas, ouviu bem? QUATRO HORAS! ? ela apanhou um vaso de porcelana que estava sobre a cômoda, próxima a ela e o atirou na direção do garoto.

    ? Vadia... Não jogue as ?minhas? coisas em ?mim?! ? ele exigiu com ironia, xingando-a. ? Almoço? Eu estava bêbado, né? ? ele inquiriu com deboche, porém, realmente não se recordava.

    ? MALDITO! Liguei-te no domingo à noite e nós combinamos... ? ela esclareceu fula de raiva.

    ? Olha... Se eu aceitei, quer dizer que eu realmente estava bêbado! ? ele caçoou com desprezo.

    ? Ahhhhh! ? ela gritou enlouquecida. ? EU VOU TE MATAR! ? ela rugiu agarrando tudo o que tinha sobre a cômoda e começando a jogar no garoto.

    ? Mas que desgraça! Eu não posso ter paz nem na minha própria casa? ? ele reclamou desviando dos objetos que eram jogados em sua direção. ? Pare com isso! ? ele conseguiu alcançar ela e segurou em suas mãos. ? Suma da minha vida! ? ele ordenou pegando ela pelo braço e levando-a consigo para fora do quarto.

    ? Me larga, eu vou acabar com a tua raça! ? ela esgoelava feito louca, tentando se soltar do garoto, vez ou outra, sentando-lhe o tapa.

    ? Karin... Sorte a sua que não bato em mulher, senão... ? ele confessou enxotando-a porta a fora do apartamento. ? Tchau! ? ele bateu a porta na cara dela e trancou.

    ? DESGRAÇADO, FILHO DA PUTA, SEU MERDA... ? ela começou a esmurrar histericamente a porta.

    O moreno seguiu até o interfone e contatou a portaria do prédio, pedindo para que fossem até a cobertura para retirarem à força a mulher que estava fazendo escândalo em sua porta, assim também, aproveitou para pedir que não dessem mais livre acesso para ela.

    ? Que voz irritante! Fala sério... Se eu soubesse que essa puta iria me dar todo esse trabalho, teria procurado por uma profissional e não pegado essa amadora naquela maldita boate! ? ele murmurou caminhando até a porta da cozinha e dando dois toques. ? Christine, você já pode sair daí... Fique tranquila, pois não foi desta vez que o mundo acabou! ? ele anunciou indo para o quarto novamente.

    (...)

    A alvorada daquela manhã de terça-feira já começava agraciar aquele lado do mundo com sua suave claridade. A chuva que já estava acabando, reduzida em finas gotas d?água, sequer ultrapassava as folhas das árvores para tocar o chão.

    O cão deitado no chão, aos pés da dona, dormia. A menina ainda com os cabelos úmidos, sentada em um sofá próximo a uma prateleira de livros, olhava para o nada, enquanto era observada pela outra situada atrás do balcão:

    ? Céus... Sorte a minha que àquela síndica se deu ao trabalho de colocar minhas roupas dentro dessa mala... Senão eu ainda estaria molhada! ? pensou a menina de cabelos róseos aliviada. ? Né, Minami-san... Obrigada por ter me deixado passar a noite aqui! ? agradeceu, esboçando um leve sorriso.

    ? Ora, Sakura-chan... Eu jamais lhe deixaria do lado de fora, tomando chuva! ? ela ressaltou séria. ? Aliás, eu só não te levo para morar comigo porque não posso... Moro de favor na casa de uma tia minha e ela mal me atura lá... ? ela explicou com pesar.

    ? Eu entendo! Você também tem os seus problemas... Mesmo assim, fico grata pela sua preocupação! ? ela comentou sincera.

    ? Mas e aí? O que você pensa em fazer de hoje em diante? ? a amiga inquiriu.

    ? Não sei... Não tenho mais onde morar! Não posso permanecer aqui na biblioteca por causa do Hoshi... Sendo assim eu simplesmente não sei o que farei da minha vida! ? ela desabafou entristecida.

    ? Mas né, Sakura... Você não tem nenhum conhecido, mesmo que tenha o visto uma vez na vida por aqui? Ou na capital? ? ela perguntou curiosa.

    ? Não... Aqui nessa cidade só conheço você, a síndica do meu ex-lar e a senhora Hiromi, dona desta biblioteca, que me deu o primeiro emprego e na capital... Nunca fui à Tokyo e sequer tenho algum conhecido lá... ? ela calou-se pensativa. ? Espere aí... Ino! ? ela pronunciou o nome da garota que havia ligado para ela no domingo.

    ? Hãn? Ino?! ? a outra indagou confusa.

    ? Lembrei-me agora de uma coisa! ? ela colocou a bolsa sobre o colo e começou a procurar por algo. ? Aqui está! ? ela retirou um pequeno papel e o estendeu sobre a palma da mão. ? Que sorte que eu anotei o número aqui, pois agora não teria como vê-lo na ?bina? do meu telefone residencial... ? suspirou aliviada.

    ? Quem é essa tal de Ino? ? perguntou intrigada.

    ? Uma ex-colega de sala do colegial... Ela me ligou no final de semana perguntando se eu queria dar aula em uma escola de música na capital! ? respondeu pegando o celular em um dos bolsos da bolsa.

    ? Nossa... Que maravilha! Lá deve ter muitas casas para se alugar! ? contou alegre.

    ? Sim... Pelo visto eu não terei escolha a não ser ir para lá! ? ela suspirou ao olhar para uma folha de papel dobrada no meio de suas coisas. ? O teste de admissão... ? ela pensou.

    Aquele era um teste de admissão da Universidade de Tokyo, o qual ela fizera e passara ainda no final do ano passado, quando estava terminando o último ano do ensino médio e no começo do ano havia desistido da ideia de cursar o ensino superior na capital.

    Coincidência ou não, parecia que a vida, de certa forma, estava arrastando-lhe para lá. A jovem não estava em posição de poder escolher, afinal, aquela era a luz que havia surgido no fim daquele escuro túnel que a guiaria dali em diante e ela deveria se agarrar àquela oportunidade.


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