|
Tempo estimado de leitura: 6 minutos
16 |
Postado tbm em Spirit e Nyah!
Avisos:
A base da oneshot foi tirada da edição 36 do mangá. e eu apenas "açucarei" um pouco.
Então quem não leu pode sim encarar como spoiller, até porque no anime não tem essa parte.
Em questão a escrita dos nomes.
Devido a primeira versão legendada que vi do anime. Acostumei a escrever "Syaoran" (até pq em remotos tempos de Sakura Card Captors, Syaoran era chinês e a escrita mais próxima é assim) e "Fye"
Claro que no mangá a escrita ficou "Shoran" e "Phi", porém no final a pronuncia continua sendo a mesma -.-
Mokona branco é garota para quem não sabe
E acho que é só isso...
Após mais uma vitoria no torneio de Chess os viajantes se encontravam exausto no grande apartamento que dividiam enquanto permanecessem no reino de Infinity. Um lugar controlado pela máfia com diversos tipos de jogos ilegais.
Entraram nesse torneio apenas pelo premio. Algo que serviria como pagamento para o próximo pedido deles a feiticeira.
Porém diferente do clássico jogo de xadrez, eles mesmo eram a peças e tinham que lutar contra as equipes rivais. Contando com a força de seu mestre. Não importava o quão forte fossem suas pericias em luta se a mente daquele que os comandava fosse fraca. Posição essa que deixaram para a jovem princesa que, mesmo não lutando fisicamente, arrematava em um grande cansaço psicológico.
Por essa razão, Sakura foi a primeira a se dar por vencida pelo sono. Dirigindo-se para um dos quartos onde dividiria a cama com a pequena Mokona.
Syaoran dirigiu-se para o outro quarto também tomado pelo sono. Precisaria estar disposto para a nova partida no dia seguinte.
Kurogane ainda sem sono e não demonstrando tanto cansaço como os dois mais jovens, apenas soltou sua espada ainda na bainha de sua cintura e se manteve sentado no sofá pensativo.
Tanta coisa havia acontecido em tão pouco tempo. Uma viagem inesperada entre o tempo e dimensões, uma princesa sem memórias, a verdade por trás do jovem Syaoran, o nome do responsável pela morte de sua mãe. E o peso que mais lhe preocupava naquele momento: a vida de Fye que agora estava em suas mãos.
Ao se verem traídos por um antigo companheiro de viagem e o loiro ter seu olho esquerdo arrancado junto com metade de sua magia, esse já havia desistido da própria vida. Apenas não desvaneceu, pois Kurogane não permitiu, aceitando a proposta da Feiticeira das Dimensões e fazendo um trato com o povo da destruído Tokyo e os gêmeos vampiros: Ele pagaria o preço pela tão preciosa água para aquelas pessoas e em troca Fye receberia o sangue de um dos vampiros para assim escapar da morte dada como certa.
Em contra partida agora o loiro dependeria de sangue para continuar a viver. Sangue esse que viria daquele que o forçou a continuar vivo.
Kurogane agora seria o único ?prato? para a alimentação de Fye.
- Sakura e Mokona já dormiram. ? anunciou o loiro retirando o outro de suas lembranças. ? E quanto a Syaoran?
- O garoto já foi deitar também. ? respondeu sem expressar nenhuma feição.
- Então só falta nós dois. ? sorriu. ? Quer beber alguma coisa antes? ? perguntou já sabendo o que responderia.
- Qualquer coisa com álcool. ? respondeu.
- Você não muda nunca, não é? ? indagou sorrindo discretamente ficando de costas para o maior.
- Está na hora de você beber também. ? respondeu firme, fazendo o pequeno sorriso sumir do rosto de Fye. ? Se não quiser beber não precisa, mas o sangue vai continuar escorrendo do mesmo jeito. ? dizia com o braço esquerdo levemente estendido e agora disposto de um pequeno corte feito com a lâmina da espada.
- ... Realmente você não muda ?Kurogane?. ? sorriu minimamente puxando o braço para si para assim solver aquele liquido rubro que escorria.
Kurogane não podia negar a raiva que sentia ao ver o loiro, o qual sempre lhe inventava apelidos estranhos, agora o chamando pelo nome correto de uma forma polida e quase que cínica. Mas também não podia culpá-lo, Fye não havia pedido para que tivesse a vida poupada e nem ter que viver agora daquela forma, dependendo de sangue alheio.
Entendia o lado do mago e ser chamado daquela forma era o modo passivo dele expressar a raiva que sentia e deixar bem claro que ainda era incapaz de perdoá-lo por aquela vida.
Porém ainda preferia o amigo o odiando a deixá-lo morrer. Depois de tudo que passaram juntos durante essa viagem, não poderia se dar ao luxo de nem imaginar como seria continuar sem algum de seus companheiros.
Não, o loiro acabara sendo bem mais que um amigo para ele.
- Você também percebeu? ? a voz do loiro lhe tirou novamente dos devaneios.
- Que estamos sendo vigiados? ? respondeu sem dar muita atenção. ? Lógico.
- Quem será? O nosso próximo desafiante do Chess ou...
- Ou os caras que estão vigiando a gente desde o começo da nossa jornada...?
- Por mim, não faz diferença. ? passou a língua por uma última vez sobre o corte confirmando que o sangue já havia parado de escorrer. Passando a limpar os próprios dedos dos vestígios daquele líquido. - ... Não vou deixar que ninguém cause ainda mais problemas e dor.
- Uma atitude egoísta finalmente.
- O que?
- Pensei que o egoísta aqui fosse só eu. ? Kurogane suspirou pesadamente.
- ?Kurogane?. ? esboçou um pequeno sorriso. ? Eu sempre fui egoísta. E a razão de eu estar ainda nessa jornada com vocês é para meus próprios objetivos e ambições.
- E ainda assim está sempre demonstrando estar preocupado com os outros. Alguém egoísta não faria isso.
- ?Kurogane? também não é tão egoísta assim.
- Desde que comecei essa jornada com vocês, certas coisas mudaram. ? respondeu simplório.
- Parece que sobrou só a sala para nós. ? Fye desconversava aos poucos. ? Já que Syaoran e Sakura-chan ocuparam os quartos. Precisamos acordar dispostos para a partida de amanhã.
O loiro queria evitar que aquela conversa se estendesse mais. Porém Kurogane não queria que acabasse daquela maneira. Não antes de quebrar a barreira que o outro teimava em colocar a seu redor.
- Fye. ? voltou a chamar sem receber a atenção desejada e, em uma atitude inesperada para ambos, o abraçou pelas costas. ? Essa conversa ainda não acabou.
- Sim, ?Kurogane?. Acabou. Agora me solte. ? pediu, porém sem demonstrar nenhum esforço para ser liberto.
- Eu sei que você também reparou as diferenças e que todos se preocupam com você. Que eu me preocupo! ? ditou. ? Então pare de querer se esconder atrás de mentiras. Seu passado não me importa, apenas quero estar no seu presente. ? um silêncio se instalou após essa declaração. O loiro apenas encarava o nada. O olhar completamente perdido, fazendo Kurogane pensar sobre o quão grande seria a besteira que estava prestes a fazer. Porém desejava a atenção do outro, nem se fosse um olhar de raiva, desejava aquela atenção.
Soltando-se da cintura do loiro, apenas puxou seu rosto forçando-o a encará-lo e lhe roubou um singelo beijo. Algo que resultou em grande surpresa para o outro.
- Não fuja de mim. Eu fui egoísta ao desejá-lo vivo e serei novamente se caso precise. ? o loiro apenas o ouvia sem nenhuma reação. Não porque não queria e sim porque estava surpreso demais com o ocorrido. Quando foi que as coisas chegaram naquele nível? ? Ao menos agora sua vida depende da minha e eu me responsabilizo completamente por ela.
Fye abriu e fechou a boca algumas vezes tentando dizer algo, mas tudo que conseguiu foi chamá-lo de idiota, logo deixando um sorriso discreto tomar sua face.
- Bem... Eu vou pegar alguma coisa para beber. ? ditou, finalmente dando por fim o significado de tudo que havia acabado de dizer. Não conseguiu evitar o leve avermelhar de seu rosto, tirando uma risada gostosa do loiro.
- Me lembrarei disso, ?senhor Kuro?. Obrigado. ? sorrindo de modo mais sereno.
Um novo laço entre os dois parecia nascer ali.
Algo bem maior que apenas amizade...