Gary Stu

  • Masumi
  • Capitulos 4
  • Gêneros Drama

Tempo estimado de leitura: 28 minutos

    16
    Capítulos:

    Capítulo 3

    Primeiro dia de aula

    Violência

    É gelado... A sensação que causa quando entra em contato com a pele, é bastante desagradável. Foi esse objeto que me acordou, notem que não foi o ruído emitido por ele, maldito despertador.

    Levantei-me e tratei de me vestir o mais depressa possível, estava inegavelmente frio. Por sorte o uniforme escolar já era quente o suficiente para enfrentar as madrugadas gélidas. Apanhei minha mochila, e dirige-me até a cozinha, minha mãe, como sempre, já havia posto a mesa.

    Cho ? Noriko, não tenha pressa, as aulas começam as aulas começam as sete e quinze não?

    Noriko ? Sim, mas já são seis e dezoito não posso me atrasar...

    Cho ? Faça como quiser.

    O mesmo olhar de indiferença de antes, quando quebrei minha promessa de chegar as oito em casa. É possível que ela tenha perdido a confiança em mim? Não tive coragem de encará-la, tratei apenas de tomar meu café e comer uma fatia de bolo.

    Cho ? Você nunca come no café da manhã.

    Mas que ironia, como pude dar margem a um comentário como este, quanto mais nessa situação... Se a ignorasse, complicaria ainda mais nossa tumultuada relação.

    Noriko ? Hoje eu resolvi abrir uma exceção, mas se isto a incomoda...

    Soltei o garfo e a faca num gesto delicado, coloquei-os na pia da cozinha, junto ao prato do bolo, que eu havia jogado no lixo. Olhei para minha mãe, e dei um sorriso. Logo, saí porta a fora, sem dar satisfações a quem quer que seja.

    Foi irônico? Foi. Necessário? Talvez, quem sabe. De uma coisa eu havia me convencido... Minha mãe, não mais acreditava em mim.

    Eu andava pela rua, com a mente conturbada... pude imaginar como seria meu primeiro dia de aula. Estranhos apontando para mim e tentando adivinhar como sou, ou seja, julgando-me precipitadamente.

    Estava chegando ao metrô quando fui surpreendido por uma voz familiar...

    ??? ? Noriko, espere!

    Olhei para trás, e vi que se tratava de Akane, que vinha correndo em minha direção. Droga...

    Akane ? Que bom que resolveu me esperar, jurava que me deixaria para trás!

    Dizia-me ela, aos risos. Garota idiota... Contenta-se diante de motivos tolos.

    Noriko ? Vamos?

    Akane ? Claro! Eu tenho várias coisas para te contar! Lembro-me da vez em que...

    A viagem até o centro, jamais me esquecerei, nunca ouvi tantas histórias em apenas dez minutos. Eis que chegamos ao tão esperado destino, finalmente me livraria dela.

    Noriko ? Akane, agora eu vou tomar aquela direção, não sei quanto a você.

    Akane ? Nossa você ainda não percebeu? Vamos estudar juntos! Minha escola é nessa mesma direção, só pode ser a mesma!

    De fato, eu sou um sujeito sem sorte, só pode ser. Respirei fundo, fechei os olhos e dei um sorriso.

    Akane - É a primeira vez que te vejo sorrir, você fica muito mais bonito assim!

    Certas coisas não precisam ser ditas, essa foi uma delas. Apenas a olhei e segui andando.

    Akane ? Qual é o seu problema? Eu fiz um elogio, você poderia ao menos fingir que gostou!

    Noriko ? Obrigado Akane-chan!

    Disse em tom sarcástico, ela ficou brava, e me deu um tapa no braço. Em um gesto veloz, segurei sua mão com força, e a encarei.

    Noriko ? Você quer saber qual é o meu problema?

    Akane ? M-Me solte!

    Olhei para seus pés, e depois para seus olhos. Soltei-a, e continuei a andar. Ela vinha atrás de mim, não dizia se quer uma palavra, acho que a assustei... No fim, ela me decepcionou, pensei que fosse determinada e corajosa, era a imagem que passava para mim. Nada mais era do que uma garota mimada e indefesa, como todas as outras.

    Chegamos à escola, eu olhei para trás e Akane não mais estava ali. Segui até onde seria minha sala, haviam cerca de vinte pessoas, tratei de me sentar logo, à mesa que ficava ao lado da parede. Eu estava nervoso, odeio ter de me apresentar. Coloquei meus fones de ouvido, de forma que pudesse me afastar, ao menos por alguns instantes, da realidade.

    Sinto uma mão tocando as minhas costas, me viro imediatamente, e vejo um sujeito desconhecido.

    ??? ? Prazer, Jin! Você é novo aqui, não?

    Noriko ? Sim, muito prazer, Noriko.

    Esse garoto, Jin... Sua aparência é estranha para um estudante... Ele mais parece um marginal.

    Jin ? Então

    Minha nossa, se esses ?amigos? forem como ele, estarei condenado. Talvez seja melhor eu ficar sozinho mesmo, como diz aquele velho ditado, ?antes só do que mal acompanhado?. Jin faz um gesto com a mão direita, e logo alguns garotos se aproximam de mim e dele. Eram garotos que se vestiam como ele.

    Jin ? Galera, esse é o nosso mais novo amigo, Noriko!

    Noriko ? O quê?

    ??? ? Há! Eu sabia desde o momento que você passou por aquela porta, que seria um dos nossos!

    Jin ? Ah desculpe! Permita-me lhe apresentar meus, digo, nossos companheiros!

    Companheiros... Isso mais parece tratamento de ladrão.

    Meus novos ?companheiros? estavam todos encostados na parede, eu estava de pé ao lado de Jin, que dizia o nome de cada um, da direita para a esquerda. Hayato, Iwao, Issa e Kenichi. O último foi o que mais simpatizei, já não posso dizer nada a respeito dos outros.

    Iwao ? Ele virá conosco hoje?

    Jin ? Não sei, não comentei nada com ele ainda...

    Noriko ? De que vocês estão falando?

    Iwao ? Do nosso tradicio-

    Kenichi ? Você fuma?

    Senti um frio na barriga, nunca fumei ou usei drogas, e para muitos isso demonstra fraqueza... Não sei por que, mas sinto vergonha de dizer ?não?. Descaradamente eu menti, e esse foi o meu erro. As aulas começaram, não consegui prestar muita atenção, meus pensamentos estavam preocupados demais com o que me aconteceria após as aulas...

    Eis que bate o sinal, aos poucos a sala se esvazia, olho para o lado e vejo Jin acompanhado de seus quatro amigos. Jin faz o mesmo gesto com a mão que havia feito anteriormente para seus amigos. Acho que isso é uma espécie de combinado... Dirijo-me até eles, com as mãos no bolso e com os fones de ouvido, queria passar a impressão de ?ocupado?. Não adiantou.

    Issa ? Então, você vem ou não com agente?

    Medo, frio, agonia e ansiedade. Diversas sensações, misturadas.

    Noriko ? Claro.

    Droga. Agora não tem mais volta. Nós saímos da escola, e fomos conversando enquanto caminhávamos por ruas que eu desconhecia. Eu sentia uma estranha presença, como se estivesse sendo seguido...

    Finalmente chegamos a um lugar um tanto que miserável, seria este o subúrbio? Olho para Jin.

    Iwao ? Então novato, aqui é nosso ponto de encontro. Tome isto.

    Ele me estende um cigarro. O que eu faço? Estou parecendo um idiota, apenas olhando. Hayato olha para mim, com um sorriso nojento estampado no rosto. Logo ele dá uma gargalhada.

    Hayato ? Cara, você nunca fumou não? Pois bem, eu vou te ensinar.

    Ele vai para atrás de mim, e tira o cigarro da minha mão, logo o põe na minha boca, pega rapidamente um isqueiro e o acende. Eu não agüentei nem meros cinco segundos, comecei a tossir, foi quando pude ouvir todos rindo de mim, um deles, creio que Hayato, bate nas minhas costas, e faz com que eu caia de quatro no chão. Eu devia tê-los ignorado desde o começo.

    Hayato ? Jin você errou feio... Essa criança não é de nada!

    Jin ? Perdão, mas é que ele me pareceu tão sério, que pensei que fosse forte.

    Eles continuaram ali, debochando de mim, enquanto eu permanecia imóvel... Suas vozes me irritavam, não mais do que suas existências. Lentamente, me recompus. Num ato impensado, dei um soco no rosto de Hayato, que estava um tanto que distraído. Ele caiu no chão, logo eu segurei um de seus braços e comecei a socá-lo consecutivamente. Virei meu rosto, ao ser atingido por Iwao. No chão, ao tentar sair dali ele colocou seu corpo em cima do meu, e começou a me bater, minha boca já sangrava, minha cabeça doía. Os outros 4 já haviam saído dali, eu estava sozinho com Iwao, aquilo parecia nunca ter fim... Será que morrerei desta maneira? Não tenho mais forças para me defender...

    Noriko ? V-Você vai me matar? Se for, faça-o logo...

    Iwao ? Idiota, não te darei o luxo de morrer por minhas mãos.

    Comecei a chorar. Droga, não consigo me conter, estou com muito medo e ele agora percebe. Fechei meus olhos, não vou conseguir encará-lo. Naquele mesmo instante em que fechei os olhos, senti sua mão tocar meu rosto, mas não era um soco... Abro um dos meus olhos, ele está olhando para mim, e rindo ao mesmo tempo.

    Noriko ? O-O que foi?

    Iwao ? Olhando assim de perto, você é um belo rapaz!

    Noriko ? Cale a boca, continue a me bater, aliás, era isso o que vocês queriam desde o ini-

    Sou interrompido por um beijo inusitado. Mas que diabos ele está fazendo? Dou uma joelhada nele, e ele acaba por rolar para meu lado, tento me levantar, mas ele puxa minha perna.

    Noriko ? Me solte, o que quer de mim!?

    Iwao ? Você sabe muito bem o que eu quero de você...

    Noriko ? Não sou como você, agora deixe-me ir!

    Consigo me livrar dele, e saio correndo, me escondo atrás da parede de um beco. Meu rosto ainda dói da surra que eu levei, tudo porque não sabia fumar, sinceramente acho que mesmo que soubesse, apanharia do mesmo jeito. Levo minha mão à boca, que ainda sangra. Um pouco tonto, me dirijo à saída do beco, rumo a minha casa. No caminho, quando estava a um quarteirão de casa, ouço alguém me chamando...

    ??? ? Volte aqui desgraçado!

    Não pode ser... Iwao!? Tento correr, mas estou exausto... Ele também, mas não mais do que eu. Ele consegue me alcançar, eu estou encostado na parede, droga...

    Iwao ? Agora você não me escapa garoto.

    Ele segura meus braços, e tenta me beijar novamente.... Porém algo bate nas costas dele, e ele cai diante de meus pés, permitindo-me ver quem havia me salvo. Não pode ser... É ela. A garota do assalto.

    ??? ? Você está bem?

    Noriko ? Você... Estou.

    ??? ? Não me parece, mas se diz... Ah, me chamo Daiki, e você?

    Noriko ? Noriko... Obrigado por ter-me salvo, agora se me dá licença...

    Daiki ? Eu apenas retribuí o favor. Naquele dia você saiu sem trocar sequer uma palavra comigo... Pensei que jamais fossemos nos encontrar novamente, mas te vi na escola, e resolvi segui-lo, já que estava na companhia daqueles garotos...

    Noriko -... Tenho que voltar para casa, minha mãe deve estar preocupada. Nos vemos amanhã?

    Daiki ? Claro, espero-te no portão da escola, certo?

    Noriko ? Certo...

    Daiki ? Então, até mais!

    Ela me dá um sorriso, e corre para sua casa. Eu resolvo fazer o mesmo. O que dirá minha mãe, quando me vir com esses ferimentos? Tentarei escondê-los...

    Durante a viagem até minha casa, meus pensamentos estiveram voltados para Daiki... Enfim chego à porta de casa, coloco o capuz de meu casaco, e entro de cabeça baixa.

    Cho ? Noriko sente-se aqui, temos de conversar.

    Noriko ? Agora não posso, tenho muitos deveres.

    Cho ? O que você está escondendo de mim?

    Ela vem até mim, e abaixa meu capuz, expondo assim o que eu queria que ela não visse... Sua reação, não foi a que eu imaginei. Ela parecia já saber.

    Cho ? Olhe só para você. Parece um mendigo, um... Vagabundo. Está todo machucado, e sua boca, manchada de sangue, assim como aquela roupa que você usou sábado, no dia em que quebrou sua promessa, lembra!?

    Noriko ? N-Não sei o que dizer, me desculpe. Tenho muitos deveres.

    Cho ? Faça o que quiser, eu estou de saída, o almoço está na geladeira, basta você esquentá-lo.

    Sair? Para onde? Vi-me totalmente sozinho, tratei de tomar um banho, logo depois esquentei o almoço, e quando não tinha mais o que fazer, já havia terminado os deveres, fui para o quarto, onde me deitei e comecei a pensar, a vida na cidade, não é tão interessante como eu pensava...


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