Imortal

O tempo continuava passando... E eu ia mudando aos poucos. Me isolei do mundo. Durante o dia eu não conseguia sair. Durante a noite não sentia sono. Mas foi aos meus 12 anos que meu mundo realmente mudou. Sombra aparecia cada vez mais pra mim e eu me sentia cada vez mais novo, mais mudado. Comecei a sair de noite só para vê-la. A sensação do luar sobre minha pele acalmava um sentimento que eu sentia sempre: A sede de sangue. Naquela época eu não sabia que era tão bom matar alguém... E durante a noite eu era ninguém mais que um justiceiro. A arte de assassinar passou a fazer parte da minha vida.

- Você está cada vez mais forte garoto, está quase pronto...

- Pronto pra que?

- Pra saber quem eu sou de verdade.

- Como assim?

- Na hora certa você vai entender...

Ela desapareceu. Nessa hora minha sede de sangue chegou ao máximo. Por sorte havia um assalto bem perto. Segui o assaltante até um beco sem saída.

- Hey você. Sabe que é feio roubar as coisas dos outros não sabe?

- Ora ora, um pirralho me seguiu. Vai fazer o que pivete, chamar a mamãe? Vai pra casa garoto, não quero te machucar.

- Mas eu quero te machucar...

Meus olhos ficaram negros de novo. Peguei um canivete e parti pra cima do cara e com um soco o joguei contra a parede. Eu sorria como um assassino... Me lembro de ter pegado os braços dele e quebrado, junto com as pernas. Enquanto ele estava caído no chão, imóvel, eu peguei o canivete e cortei seus pulsos e os músculos das pernas o fazendo sangrar até a morte. Mas enquanto ele não morria, eu enfiava e girava o canivete em vários lugares do corpo dele. A dor dele me divertia. Quando ele morreu, eu lambi o sangue da lamina e a guardei no bolso, me afastando do corpo devagar. Nesse momento, Sombra apareceu novamente e meus olhos voltaram ao normal.

- Se divertiu garoto?

- De certa forma... Sim. Ele morreu lenta e dolorosamente...

- É, você está ficando bom nisso. Acho... Que já está na hora de você saber meu verdadeiro nome...

- Seu o que? Seu nome não é sombra?

- Não garoto. Meu nome é Arthuria Von Pandora.

- Que nome estranho... Parece aqueles nomes antigos, de uns 400 anos atrás...

- Na verdade 313. É a minha idade.

- Fala sério, ninguém teria tal idade.

- Mas eu tenho. A verdade é que tenho 16 anos a 297 anos, por que... Eu sou uma vampira.

- Vampira?!

- Sim... Como você, eu comecei minha iniciação com o colar quando era jovem. Eu vi seu potencial e quis que você fosse meu pra sempre. Seu ódio guardado foi tudo que eu precisei pra motiva-lo a usar o colar... Esse colar te dá uma pequena prova dos meus poderes. Imagine garoto. Viver para sempre como um justiceiro! Não é o que você sempre desejou no fundo do seu coração? Fazer justiça com as próprias mãos?!

- S-sim... Então é por isso que esse colar me faz tão bem... Isso também explica por que você nunca apareceu no sol... Isso explica tudo! Mas... Como? Eu quero ser vampiro! Eu quero viver pra sempre!

Então Arthuria cortou o punho e me ofereceu...

- Beba meu sangue e se tornará uma sombra como eu. Imortal. Poderoso o bastante pra fazer justiça com as mãos. Você será eternamente meu.

Sem dizer nada eu bebi aquele sangue e senti as mudanças. Meu corpo ardia, mas ao mesmo tempo ficava mais frio. Eu senti que estava morrendo. Morrendo pra renascer como um vampiro. Desmaiei e depois que acordei eu me sentia poderoso. Me sentia mais forte do que qualquer humano. Eu era um vampiro. Arthuria então me beijou. Me afastei um pouco

- O que foi isso?!

- Isso, foi nosso acordo. Com esse beijo eu te tornei meu, para sempre. Agora vamos... Temos um mundo novo para te mostrar.

Ela me ofereceu a mão. Sem hesitar eu a peguei e juntos saímos andando para fora da cidade. E desde então eu vivo como um vampiro justiceiro, um assassino impiedoso. Eu virei... Um vampiro.