Prólogo

Dizem que quando você está prestes a morrer, a vida passa diante dos seus olhos. A vida, na verdade, se parece com grãos de areia que escorrem pelos dedos e se esvaem em uma fração de segundos. Num minuto, podemos estar tão libertos quanto um pássaro inofensivo; e no outro, tão aprisionados quanto um lobo feroz. Todos nós podemos controlar a arma mais poderosa que temos: o nosso livre arbítrio.

A realidade não passa de uma grande prisão.

No fundo, carregamos um imenso poder dentro de nós. Temos controle do mundo que criamos. Nossos demônios inferiores sempre estão ali, dentro de nós, mas não para lutar nossas batalhas. Eles estão ali para lembrar quem somos. Eles nos desafiam a lutar. Mas não devemos reparar na sua aparência. Eles podem ser amedrontadores como um dragão, ou inocentes como um cachorrinho. E podem assumir diversas formas, em qualquer lugar e de qualquer maneira.

Era apenas eu, meus pais e minha irmã morando numa cabana de campo à quilômetros de distância da urbanização. Meu único momento de inclusão social era na escola, onde eu era tão ignorada quanto em casa. Uma menina de 12 anos que preferia ficar sozinha do que brincando com os demais; Conversando com um amigo imaginário do que com as outras garotas. Eu era o motivo de piada e gozação entre as crianças da escola, o que me tornara ainda mais introvertida. Eu não arriscava falar nada sobre o que acontecia para as professoras, pois sabia que a reputação de minha mãe não era a das melhores. "Aquela mulher é louca! Totalmente insana" Era o que achavam. E não estavam totalmente errados... Minha mãe, uma mulher, canalha o suficiente a ponto de trair seu esposo e me espanca sempre quando pode. Que para ela só existia uma filha: Lizzie.

E mesmo agora que eu tenha 18, a situação não havia mudado. Não, antes daquele trágico acidente.