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Décimo quarto ato ? Calmaria esperançosa
Lady Abel Oblivion Araghon
Cloud não acreditava naquilo que via. À sua frente estava um vasto deserto, um deserto de corpos. Havia cadáveres, corpos, cavalos e armas jogadas pelo chão, de modo desleixado, como se houvesse passado por ali um furacão.
Não passara, mas algo devastador havia acontecido.
Aquele mar de corpos deixou Cloud arrepiado, um calafrio passando por sua espinha e avisando a ele que as coisas ficariam ainda piores.
Não sabia que Avalanche e Tempestade estavam em guerra. Quer dizer, passara um bom tempo sem receber nenhuma notícia de fora, mas, se uma guerra estivesse para estourar, os soldados de Cães do Inferno com certeza estariam em alvoroço.
Mas não estavam. Cloud lembrava-se muito bem do silêncio de seu quarto. Bem, o quarto não era seu, mas era onde ele ficava, dia e noite, trancado e algemado à cama.
Pensou no modo como havia sido retirado de Tempestade: escondido e escoltado. Não sabia quem havia o retirado de dentro de seu refúgio e inferno, mas não era aquilo que queria. Bem, não naquele momento.
Olhando ao seu redor, fitou a vastidão do local e pensou em onde poderia estar Sephiroth. Não havia nenhum tanque de guerra por ali. Nem os de FF nem os de CI. Estranhou. Eles não estavam usando os equipamentos? Então onde eles estavam?
Desesperou-se, procurando Sephiroth, Vincent, Cid ou até Zack, mesmo não conhecendo-o muito, lembrava-se de seu rosto. Mas não encontrou-os, embora tenha encontrado vários homens com uniforme de Final Fantasy e de Cães do Inferno. Sem conseguir conter-se, fechou os olhos, juntando as mãos na frente do rosto, começando uma oração.
Pedia à Mãe Natureza por aquelas pessoas. Rezou para que suas almas alcançassem o paraíso e para que descansassem em paz. Pediu misericórdia pelo sangue que manchava suas mãos, e pelas vidas que aqueles homens, por ventura, haviam ceifado. Que eles pudessem, pelo menos naquele momento, descansar em paz. Havia muitas guerras na Terra e eles não poderiam fugir delas, mas o Além seria muito melhor.
Esperava que eles fossem perdoados.
Fez o símbolo da Assembleia dos Magos e prometeu diante de toda a magia do Universo que, assim que tudo aquilo acabasse, providenciaria túmulos para os corpos que eram morada para as almas que já haviam partido, mas que mereciam que seu recipiente fosse mantido com dignidade.
Ao erguer-se lentamente, não tardou em andar entre os corpos, desviando e evitando qualquer contato com eles o máximo possível. Seus olhos astutos procuravam um sinal de vida, ou pelos rostos de seus conhecidos, mas nada. Tudo o que encontrou foi morte e distanciamento.
Continuou andando até que o mar de corpos acabasse, dando lugar apenas ao vazio. O silêncio que, para seus ouvidos, era incômodo, foi cortado por um leve farfalhar. Muito leve e fraco, ao longe, e que fez o cenho de Cloud franzir-se. Aquele som podia ser quase inaudível aos ouvidos humanos, mas seus sentidos apurados com certeza ouviriam. Ou melhor, deveriam ouvir.
A tez sempre suave tornou-se sombria e, como se repentinamente uma ideia iluminasse sua mente, Cloud logo pôs-se a correr, cada vez mais rápido, atrás de algo que estava à sua frente.
?Não, não se aproxime.? Pediu a águia em sua mente, mas, ofegante, decidido e convicto de que precisava alcançar Sephiroth, continuou correndo.
Até que foi impossível continuar em linha reta e, parando, Cloud viu-se diante de um pequeno precipício e, lá embaixo, encontrou o que tanto procurava: o exército de FF. Mas, para sua tormenta, havia também o exército de CI.
Quando o som de um pássaro voando em sua direção fez as pessoas lá embaixo encararem-no, o chão sob seus pés tremeu. Lá estava os olhos verdes de Sephiroth, semicerrados de fúria, mas tudo o que Cloud conseguia ver era os olhos da pessoa alguns centímetros à frente do General.
O mundo ao seu redor oscilou, mas Cloud sentiu a águia pousar em seu ombro, acariciando-o no pescoço levemente, usando o focinho, como se entendesse o que acontecia em sua mente.
E de fato ela entendia.
Todo o inferno que Cloud enfrentara fora com a presença deles consigo. Haviam contemplado de perto sua dor, angústia e tormenta, mas Cloud não havia envolvido-os em tudo aquilo. Não fazia sentido para si, naqueles dias, lutar contra tudo o que acontecera.
Mas agora era diferente.
Não voltaria àquela vida, nem que, para não voltar, fosse necessário acabar com sua vida. Fá-lo-ia com muito prazer.
?Assim que puderem, venham ao meu encontro.? Ordenou aos servos que estavam lutando perto da barreira.
Voltou seus olhos para Sephiroth, vendo-o franzir os lábios, abrindo-os para falar, mas foi impedido por outra voz. Uma voz que fez um calafrio subir pelo corpo de Cloud, fazendo-o engolir em seco.
? Matteo? ? perguntou a voz masculina suavemente. Os olhos azuis levemente estreitos abriram-se em contentamento e um sorriso leve formou-se nos lábios carnudos. ? Finalmente! Eu estive te procurando por todos os lados!
? Mesmo? ? questionou Cloud lentamente.
? Sim! ? confirmou prontamente. ? Levou vários dias para que fosse descoberto o que houve. ? suas sobrancelhas se franziram. ? Eu não sei porque ou como tudo aquilo aconteceu, mas os responsáveis foram punidos devidamente e, veja? ? as mãos dele indicaram seu exército. ? Reuni todo o meu exército para virmos buscá-lo, onde quer que você estivesse jogado. Foi um pouco difícil encontrá-lo?
A frase ficou sem continuação quando Cloud pulou de onde estava, ficando em um local onde o homem podia vê-lo perfeitamente, um pouco perto de Sephiroth.
Os lábios do homem se crisparam ao analisar toda a roupa de Cloud, de cima a baixo, concluindo que aquelas não eram roupas de uma pessoa jogada em um deserto por dias, até semanas.
? O que aconteceu com você, Matteo? ? perguntou finalmente.
? Quem é Matteo? ? interrogou Sephiroth, olhando feio para Cloud. Era o nome verdadeiro dele?
? Essas roupas que você está usando? ? o homem começou a falar, mas foi cortado por Sephiroth.
? Como você o conhece? ? retrucou Sephiroth entredentes.
? Sephiroth ? chamou Vincent aparecendo ao lado dele.
? O que é!? ? questionou o General exaltado.
? Ele é Rufus Shinra, General do exército Cães do Inferno de Tempestade. É o dono dele ? explicou, apontando para Cloud.
O silêncio que se estendeu depois da exclamação de surpresa de Cid e do suspiro de Zack foi tão profundo que podia ser comparado ao som do Universo ? distante e incompreensivo. Os olhos de Sephiroth estavam repletos de nojo ao medirem o homem à sua frente. Os cabelos loiros e um pouco longos ? chegando à nuca ?, os olhos azuis e o uniforme branco, além do clima muito suave que cercava-o, deixou Sephiroth levemente incomodado.
A quem queremos enganar? Sephiroth trincou os dentes, apertando os punhos, tentando conter-se. Esta furioso. Então aquele homem era o responsável pela condição traumatizante de Cloud? Como podia tratar o jovem daquela maneira? Não sabia em quais circunstâncias Cloud fora parar nas mãos dele, mas sabia que não o deixaria voltar.
Sorriu sarcasticamente. Sim, Cloud agora pertencia ao grupo FF, ficaria ao seu lado, e não com o outro. Priorizava a liberdade do rapaz e sabia que ele gostava disso, não de viver como um servo, sempre aceitando o que o outro lhe oferecia como se não possuísse outra escolha ? aliás, não possuía.
? Ora ora ? começou, olhando com superioridade para o outro General antes de aproximar-se de um Cloud apreensivo. Envolveu a cintura do rapaz com seus braços e beijou-o profundamente, apertando o corpo menor contra si ?, então tenho diante de mim o homem que aprisionou meu amante por um longo tempo antes de ele ser encontrado na fronteira e ir parar na minha cama?
O riso de escárnio do General fez Cloud arrepiar-se de pavor, temendo o que aconteceria a seguir. Os olhos azuis de Rufus brilhavam de ódio, mesmo que sua expressão não mudasse, continuando serena.
? Matteo? Do que ele está falando? ? questionou o homem na língua de Tempestade.
? Não adianta, eu falo a língua de Tempestade ? comentou Sephiroth de modo divertido. ?, e, aliás, Cloud, por que ele está te chamando de Matteo?
Os olhos de todos se direcionaram a Cloud. Desde os soldados aos generais, deixando-o inquieto. Sentia o suor escorrendo por sua testa e a camisa grudar levemente em suas costas, mas suspirou, lembrando-se que deixara Matteo para trás há vários dias.
Era agora Cloud Strife. Aliás, voltara a ser a pessoa que sempre fora antes do acidente.
? Ele está me chamando de Matteo porque foi esse o nome pelo qual me apresentaram a ele. ? explicou pacientemente. ? Quando fui levado para ser vendido a ele perguntaram meu nome e eu respondi esse. ? seus braços foram parar em volta do pescoço de Sephiroth, e ele mordeu levemente o maxilar do General, vendo o brilho de luxúria nos olhos verdes. ? Mas você sabe o meu verdadeiro nome? ? ronronou ao esfregar seu corpo contra o do outro.
? O que está acontecendo aqui!? Do que você está falando? ? perguntou Rufus dando um passo à frente, mas foi barrado por Cid, que apontava uma espada para ele, e por Zack, que, de braços cruzados, balançava a cabeça negativamente.
? Estou dizendo que Matteo nunca existiu. ? explicou Cloud, olhando-o por cima do ombro de Sephroth. ? Sou Cloud Strife, prazer em conhecê-lo?
? Como pôde! ? começou o homem, trincando os dentes. ? Volte para cá imediatamente! É uma ordem, Matteo! E não ouse me desobedecer?
? Ou o quê!? ? perguntou Sephiroth irritado, soltando Cloud e aproximando-se de Rufus, mas Vincent e Zack apareceram na frente dele, impedindo-o de se aproximar muito. ? Vai continuar com suas sessões de tortura? Vai continuar batendo nele ao ponto de deixar cicatrizes horríveis na sua pele branca?
? E se eu for? ? retrucou Rufus maldosamente.
? Se você ousar se aproximar novamente de Cloud irei matá-lo! ? grunhiu Sephiroth, avançando sobre o outro, mas o Coronel e o Tenente barraram-no. ? Cloud está comigo! Ele agora é um soldado de FF e ficará enquanto quiser! Se tentar tirá-lo de lá à força vai estar iniciando uma guerra entre Avalanche e Tempestade ? ameaçou, vendo o homem dar um passo para trás.
? Como ousa! ? rugiu Rufus. ? Matteo é meu! Eu o comprei e tenho direitos sobre ele!
? Não tem não! Ele é seu dentro do território de Tempestade! E essa compra ilegal de seres humanos será denunciada, já providenciei tudo. Você pagará pelo que fez e não terá Cloud para si. Não sem passar por cima do meu cadáver! ? disse arrogante, colocando a mão na bainha de sua espada.
Cloud segurou o ar nos pulmões, emocionado com as palavras de Sephiroth. Mas foi algo passageiro. Logo sua atenção estava sobre o outro General, olhando-o com certo receio e medo.
? Rufus? ? chamou Rude, um homem moreno e careca que apareceu repentinamente atrás do General, segurando-o pelo pulso. ? Precisamos ter cuidado. Estamos falando de um exército de outro país?
? Errado, vocês estão falando do melhor exército do país mais próspero que existe? ? disse Cloud de modo eufórico, caminhando até Sephiroth e segurando-o pelo braço. ? E acho melhor vocês tomarem muito cuidado com o que dizem. Estão diante de pessoas muito influentes no país, que podem causar suas quedas ? zombou, recebendo sobre si os olhos orgulhosos de Sephiroth.
? Já chega disso! Eu irei levá-lo comigo vivo ou morto, e ninguém me impedirá! ? disse Rufus exaltado, sacando sua espada e correndo na direção de Cloud.
Sephiroth, no mesmo momento, pôs-se diante do rapaz, sacando sua espada, pronto para impedir Rufus. Cid, que deixara o General passar, foi atacado por Rude, e logo todo o exército de CI avançava contra os soldados de Avalanche.
E logo uma batalha imensa começou.
O tilintar das espadas era ouvido ao longe, e o alvoroço que tornou-se naquele luta fez Cloud cair para trás, sentando no chão. Aquela cena à sua frente era como o inferno na Terra, e ele queria que nunca algo como aquilo acontece.
Era muito triste saber que a guerra existia, mas vê-la com seus próprios olhos era como ver o Fim dos Tempos. Seu coração palpitava forte causando uma dor imensa em seu corpo, o barulho do tum tum chegava aos seus ouvidos como se seu coração fosse ali, bem ao lado do ouvido.
E Cloud sentiu, sentiu o vazio tragá-lo. Deitou no chão, chorando silenciosamente ao abraçar as pernas, ficando em uma posição de feto.
Era uma cena lastimável. De machucar o coração de quem visse. Os joelhos escondiam o rosto vermelho pelo choro, que era demonstrado pelos soluços profundos e que faziam o corpo pequeno chacoalhar em convulsões preocupantes.
A cada mínimo barulho ao seu redor Cloud se espremia mais contra si mesmo, e maior era a dor que sentia. Queria que o chão o tragasse. Que o engolisse e que ele não pudesse ver ou ouvir mais nada. Seria tão bom? Odiava guerras. Só em pensar que elas poderiam acontecer sentia engulhos.
Apertou os olhos, só queria que tudo aquilo acabasse. Aos poucos o som ao seu redor foi diminuindo, até tornar-se um pequeno zunido aos seus ouvidos e depois apenas o silêncio. O choro foi diminuindo, exacerbando os soluços e os arrepios que perpassavam seu corpo. Mas Cloud não estava mais lá.
Sua mente abandonara o corpo. Nem sequer seu sexto sentido seria capaz de fazê-lo ver, ouvir ou sentir o que acontecia ao seu redor. Não viu quando Sephiroth foi golpeado no ombro, não viu quando o General acertou a lateral do estômago de Rufus. Não viu nada. Não queria ver. Só queria descansar e relaxar, poder ficar em paz?
? Cloud querido? ? uma voz feminina, suave e madura preencheu seus ouvidos.
Cloud estava encostado contra uma rocha, repousando serenamente. Estava em estado de semiconsciência, entre o estar dormindo e o não estar. Franziu o cenho. Uma luz suave encobria seu corpo, fazendo-o sentir-se vivo.
Era um calor gostoso e não tardou em deixá-lo muito satisfeito interiormente. Era como se ela o aconchegasse e limpasse todos os seus pensamentos.
? Vamos, abra os olhos e veja o que acontece ao seu redor.
Ele não queria abrir, não queria perder aquela deliciosa sensação? Mas foi obrigado a abri-los, lenta e levemente.
À sua frente podia ver uma mulher bonita, de pele morena, cabelos castanho claro e olhos verdes muito claros ? como uma folha de árvore jovem. Suas roupas eram azuis como o céu e seu sorriso era carinhoso e manso. Mas o brilho em seus olhos indicava vivacidade.
? Qu-Quem é você? ? perguntou suavemente, coçando os olhos.
Onde estava? Cloud se perguntou, mas não teve tempo de fazer mais nada, pois, segurando-o pela mão, a mulher puxou-o para cima como se fosse uma pluma, leve e livre, voando para o alto como se fizesse aquilo todo dia.
Cloud alarmou-se, debatendo-se, mas ela apenas ria, uma risada grave e contagiante e, diante dela, o rapaz perdeu todas as suas barreiras. Sorriu, deixando-a levá-lo cada vez mais alto, até que deu-se por satisfeita e parou, inclinando-se para baixo com um olhar preocupado.
Sendo impossível evitar, Cloud acompanhou seu olhar, e o que viu devastou-o.
O que via lá embaixo era a guerra. Homens brigando, matando uns aos outros, matando como se aquilo fosse natural. Enquanto ela observava tudo aquilo, seu rosto ia tornando-se cada vez mais pálido.
? Você? não gosta de guerras, não? ? questionou ele de modo retórico.
? Não? Como poderia ver aqueles dos quais cuido, que criei com tanto zelo, matando-se uns aos outros? ? perguntou tristemente.
Cloud arregalou os olhos, não acreditando no que ouvia. Como? Não podia ser! Será que ela era?
? Cloud, o motivo daquela batalha é você. ? o comentário sério, acompanhado por olhos suaves que fitaram-no sem recriminação, mas com piedade, fê-lo engolir em seco. ? Não é sua culpa, claro. Você é tão inocente quanto uma árvore nessa história, foi a vítima de uma grande maldade. Mas eu não gosto de guerras, meu filho. Eu ouvi a sua oração. Aquelas almas estão sendo guiadas devidamente, e obviamente as que forem libertas de seus corpos nesta batalha também serão, mas, oh!, é tão triste vê-los nesse estado?
E os olhos gentis voltaram-se para baixo, Cloud fez o mesmo, observando tudo aquilo com preocupação.
Quando Sephiroth caiu de joelhos, arfando, depois de receber um golpe na perna, Cloud gemeu, aflito, sob os olhos atentos da mulher ao seu lado. Queria tanto poder estar lá para ajudá-lo, para salvá-lo e protegê-lo. Voltou a si ao ouvir o leve riso dela.
? É engraçado. Há poucos minutos você pedia avidamente para ser retirado dali, mas agora quer voltar ? comentou simpática.
? Eu? ? Cloud não sabia o que dizer, seu olhar intercalando entre ela e a batalha entre os generais.
? Eu, a Mãe Natureza, te tirei de lá por pedido seu. Embora ache que o máximo que poderia acontecer com você naquele momento era ser morto por algum soldado, já que estava tão transtornado ? explicou ao ver como as sobrancelhas dele uniam-se em confusão.
? Eu? não gosto de guerras ? contou corando, desviando os olhos. Mas ela fê-lo olhá-la, segurando o queixo pequeno dele com suas mãos gentis.
? Eu sei, minha pobre criança. Nunca se esqueça que fui eu quem te criou. Você sempre foi muito especial para mim, cada detalhe de você foi feito com tanto carinho e amor que você tornou-se um belo rapaz. Mas o mal sobrevém àqueles que possuem o bem dentro de si. Talvez tenha sido um erro criá-lo com tanto zelo, mas a obra final, este belo homem à minha frente, causa a mim imenso orgulho.
? Isso é? ? começou ele, mas parou ao vê-la sorrir levemente, como uma mãe que sabe quando o filho é inocente de uma travessura.
? A decisão de pôr um fim em tudo isso está em suas mãos, minha criança ? disse ela, voltando a olhar para tudo o que acontecia na Terra.
? E-Em minhas mãos? ? questionou confuso, voltando a olhar para baixo.
Suas mãos suavam de apreensão, enquanto, lá longe, Sephiroth atacava Rufus com um golpe rápido, acertando-o no braço que segurava a espada, fazendo-a ir ao chão. Do outro lado Cid caia no chão, inconsciente, e Zack ia ao seu encontro, atacando Rude, o Coronel de CI. Tudo aquilo fazia Cloud ficar cada vez mais tenso.
Lágrimas de aflição escorreram por seu rosto, indo em direção ao chão, mas não durando dez segundos no ar, desfazendo-se em um pó cintilante e brilhante que voou na direção dos homens que batalhavam ferozmente.
? O que eu posso fazer? ? perguntou, mas ao não ter resposta fitou-a, vendo seu olhar de incompreensão. ? O que eu posso fazer para ajudá-los?
? Quer que essa guerra acabe? ? sou sorriso era aliviador.
? Sim, não há sentido na guerra. Há menos ainda em criá-la por minha causa. Não posso deixar que isso continue, que matem ou se firam de tal modo, como se fossem meros fantoches. Todos eles são seres humanos, não deveriam ter que ir à luta. Entendo perfeitamente os motivos de haver um exército, mas não aceito que criem guerras deliberadamente em uma época em que o poder político é o suficiente para resolver os problemas de um país com outro ? disse Cloud, convicto.
? Sim, compreendo ? comentou ela radiante, sabia como aquele rapaz pensava, afinal, havia estado com eles desde muito antes de seu nascimento.
? E alguém precisa acabar com isso. Não deixarei que mais inocentes sofram por causa de um General irresponsável. Tempestade terá que me perdoar, mas seu melhor exército precisa receber melhores modos ? sua expressão tornava-se cada vez mais fechada enquanto Cloud fechava o punho e rangia os dentes, imaginando se o Governo de Tempestade sabia da ação de seu exército.
? Muito bem, meu garoto, mas como pretende detê-los? ? perguntou a Mãe Natureza, conhecedora do Universo.
Cloud manteve-se quieto, mas seus olhos voaram para a cena lá embaixo. Várias emoções como tristeza, melancolia, pavor, trauma, resignação e outros sentimentos suaves e já conhecidos visitavam sua mente e seu coração.
Ele ficou vários minutos lá, pensativo, observando, planejando qual seria seu próximo passo. Precisava fazer a escolha certa. Mas, antes, precisava ter em mente qual era o seu objetivo maior.
Impedir a continuação da guerra? Salvar Sephiroth? Manter o exército Final Fantasy? Mandar o exército Cães do Inferno de volta para sua casa? Colocar ordem em tudo aquilo?
Seus olhos brilharam de compreensão quando ele passou-o por todos aqueles seres humanos abaixo de si. Enxergou o único modo de acabar com aquilo e, mesmo não gostando muito, suspirou, erguendo os olhos para a mulher e pronunciando com voz firme:
? Matando Rufus Shinra e deixando seu exército inconsciente ? decretou Cloud.
Sorrindo suavemente, a mulher aproximou-se dele, certa de que realmente havia criado aquele rapaz para salvar aquela geração.
? Exato ? pronunciou a Mãe Natureza seu ultimato.