Xeque-mate, a virada

  • Finalizada
  • Aanonimaa
  • Capitulos 31
  • Gêneros Ação

Tempo estimado de leitura: 9 horas

    18
    Capítulos:

    Capítulo 13

    Décimo terceiro ato ? Momento crucial

    Álcool, Estupro, Homossexualidade, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo, Violência

    Décimo terceiro ato ? Momento crucial

    Lady Abel Oblivion Araghon

    Quando, repentinamente, Cloud ergueu-se, correndo com certa dificuldade em direção aos inimigos, tanto Brucios quanto Cornélius se desesperaram. O que ele ia fazer? O loiro mais velho gritou, alarmado, lembrando-se da ordem de Sephiroth, mas não havia para onde fugir: Cloud corria em direção aos inimigos como um escravo corre em direção à sua liberdade.

    Os dragões, ao ouvirem o grito de chamado do soldado, olharam na direção de seu mestre, atentos. As ordens dele eram absolutas. Eles a acatariam mesmo se ele desejasse que o mundo fosse destruído. Deviam total veneração e obediência a ele. Insana e inquestionavelmente.

    E a ordem veio, mentalmente: ?Liberem o caminho para a minha passagem!? E a ordem para seus soldados foi absoluta: ?Acompanhem-me!?

    Ao mesmo tempo em que os dragões voavam em círculo, abrindo caminho para Cloud ao empurrarem os soldados inimigos com suas caudas, os homens pularam para o lado de seu mestre, matando qualquer um que ousasse impedi-lo.

    Brucios e Cornélius avançaram sobre inimigos, focando-se em destruí-los. Se Cloud iria até Sephiroth, então precisavam, ao menos, estarem juntos dele. Poderiam ser perdoados, se mesmo que Cloud houvesse transpassado a barreira, estava sendo escoltado por eles.

    Esperavam que Sephiroth tivesse um pouco de misericórdia e não os punisse muito severamente.

    Cloud corria como um louco em direção ao Norte. Bem, não ao Norte exatamente, mas, considerando sua posição, corria para frente afoitamente. Sua meta era apenas uma: Sephiroth.

    Ele não queria pensar sobre o que sua águia dourada dissera. Não podia pensar no que ela contara. Lágrimas fugiam apressadamente por seus olhos, sendo mandadas para longe de seu rosto no momento seguinte, devido ao atrito entre seu corpo e o vento, que vinha contra si.

    Seus joelhos tremeram e seu corpo vacilou. Cloud tropeçou, rolando no chão, mas ergue-se usando um impulso rápido e preciso. Havia feito artes marciais desde muito cedo, quando aprendera a andar, falar e comer. Era essencial que ele fosse capaz de se proteger dos inimigos, mesmo que na época, as chances de alguém encostar em Cloud eram tão remotas quanto de uma pedra chorar.

    Sua vista estava embaçada, suas mãos suavam nervosas, seu ouvido reclamava do barulho do vento, seu nariz escorria por causa do choro e, em sua boca, um gosto amargo residia. Era o gosto do medo, do desespero, da afobação. Mesmo que seus cinco sentidos estivessem afetados, funcionando precariamente, seu sexto sentido estava afiado.

    Ele avisava que o som de um par de pés vindo em sua direção, a uma distância considerável, podia ser ouvido. E avisava a seus olhos que, mais à frente, uma descida íngreme exigiria mais de seus pés. A voz da consciência gritava em seus ouvidos, tentando acalmar seu coração, pedindo que ele fosse com calma. Dizia que tudo ficaria bem, e que seria pior se ele acabasse se machucando.

    Sephiroth ficaria bravo e não se perdoaria. Talvez criasse um alvoroço e mandasse punirem os dois soldados que não obedeceram sua ordem. Seu sexto sentido avisava que ele deveria preocupar-se primeiramente com sua vida, mas Cloud não o ouvia.

    Quer dizer, confiava plenamente em seu sexto sentido, mas, naquele quesito, não podia. Não abandonaria Sephiroth nem se estivesse impossibilitado de andar. Arrastar-se-ia pelos cotovelos até onde quer que ele estivesse, engolindo pó como fora o castigo da serpente, dado por Deus, por ter induzido à Eva o fruto da árvore do conhecimento.

    Não importava! Destruiria montes, muralhas, lutaria contra exércitos, com soldados, venceria a morte, a dor e o mundo apenas para poder ajudá-lo, no mínimo vê-lo uma última vez.

    Seus pés delicados demais para seu gosto doíam. Arfava de cansaço, amaldiçoando os deuses por terem o criado com um corpo tão pequeno, tão frágil; odiava-se. Tudo em si era horrível. Desde sua voz muito baixa e suave até os traços de seu corpo que tanto caracterizavam-no. Preferia, mil vezes, ter um corpo robusto e uma voz grave a ser o símbolo da fragilidade de um corpo pequeno e uma aparência enganosa.

    Era como a serpente, discreta e astuta, maleável, mas fatal; possuía escondido naquela aparência enganosa um veneno mortífero.

    Trincou os dentes, odiando aquela comparação. Não podia acreditar que comparara-se a uma víbora. Engoliu em seco, correndo ainda mais rápido. A situação de Sephiroth na fronteira estava deixando-o louco. Louco de preocupação, de dor, de culpa. Queria ir lá, abraçá-lo. A águia grunhiu de modo estranho em sua mente, aconselhando ? era apenas um servo ? que ele não se aproximasse de onde ela ? e ele ? estavam porque a situação estava ficando cada vez pior.

    Diante daquilo, Cloud decidiu que agora, mais do que nunca, deveria chegar à fronteira. Era uma questão de vida ou morte.

    Nunca havia sentido aquilo, quer dizer, já sentira algo parecido, mas exatamente aquilo? Nunca. Naquele dia pensara que nunca encontraria ninguém mais importante do que ela?

    Cloud caminhava a passos lentos pelo Jardim Principal de Avalanche, distraidamente. Aquele era um dia de regozijos, festas, comemorações, alegrias. Cloud não estava com humor para juntar-se aos outros naquele instante.

    Isso não quer dizer que ele estava de mau humor, irritado ou algo do tipo. Não, sempre muito gentil e dócil, Cloud havia sido criado para ser paciente e passivo, mantendo sempre a imagem de um guerreiro pronto para o combate, sem que nada pudesse afetá-lo.

    E era assim que ele se portava.

    Só que, naquela noite, sentia uma sensação estranha. Um misto de expectativa e receio que, sabia muito bem, vinha de seu sexto sentido. Aquilo preocupava-o. Muita pouca conexão possuía com aquela habilidade, ou talvez não houvesse ocasiões em que ela se manifestasse.

    Vivia bem, estava sempre rodeado de pessoas e seguro, mas, por algum motivo desconhecido, faltava algo. Não, não estava reclamando de sua vida, mas sentia falta de companhia. Não possuía amigos, não tinha uma namorada. Apenas seus pais.

    Amava-os do fundo de seu coração, mas era como se parte crucial de si faltasse.

    Procurara por todos os lados, mas nada encontrara. Era de cortar o coração, mas havia deixado a questão de lado, porque, no fim, era Cloud Strife e possuía responsabilidades.

    Parou ao lado de uma macieira, pegando uma fruta da árvore e levando aos lábios, dando uma mordida e voltando a caminhar. Observava as rosas, gardênias, peônias, até que o jardim acabou, revelando uma pequena área com grama, cujo centro era reinado por um enorme pomar. Cloud encantou-se, aproximando-se da árvore a passos largos, enfeitiçado por ela.

    Ao aproximar-se o suficiente, ouviu um leve canto. Intrigado, diminuiu o passo, continuando em uma caminhada silenciosa.

    O canto em uma voz suave revelou-se em uma bela moça, que, sentada ao pé da árvore, brincava distraidamente com um pequeno pássaro amarelo.

    Cloud encantou-se por ela no momento em que a viu. Seus cabelos castanhos eram longos e estavam presos em um rabo-de-cavalo, e seus olhos azuis brilhavam gentilmente. A pele clara era banhada pelo sol que transpassava as janelas abertas do Jardim.

    Ela era como um belo anjo e, quando sentiu-se observada, virou o rosto, olhando para Cloud minutos antes de sorrir abertamente.

    Cuidado!, gritou seu sexto sentido, tentando chamar sua atenção, mas o rapaz estava muito ocupado fitando aquela que seria a dona de seus futuros pensamentos. E também a Senhora de seu destino.

    Absteve-se apenas a observá-la de longe, mas quando o pássaro voou para longe ela fitou-o com alegria, chamando-o para sentar-se ao seu lado. Cloud andou até ela e sentou, um pouco longe, olhando para a paisagem que se estendia até o limite do Jardim.

    Passaram minutos apenas sentados um ao lado do outro, observando aquela linda paisagem. O canto de alguns pássaros nas árvores, borboletas multicoloridas voavam baixinho, pousando em algumas flores; aquele era o cenário ao redor deles.

    O Jardim era um local sagrado em Avalanche. Era cuidado por floricultores experientes, vários especialistas em plantas faziam experiências ali, espécimes raras eram cultivadas e reproduzidas, seja para o local, seja sob encomenda. Vários empresários, nobres, intelectuais e políticos investiam naquele ambiente. Era um espaço público que cativava a população. Havia vários eventos, principalmente os da virada de Estação, que eram comemorados nos arredores e dentro do Jardim Botânico.

    ? Este local é como uma casa para mim ? sussurrou a moça.

    ? Meu pai doa uma boa quantia para a manutenção deste local ? comentou Cloud, orgulhoso por saber que o investimento valia a pena.

    ? O meu também, a meu pedido. É sempre muito bom ver a satisfação nos olhos das pessoas que visitam o Jardim ? disse ela sorrindo.

    ? Sim, principalmente as crianças. Elas estão sempre felizes em ver um local tão bonito, e se surpreendem com as plantas raras que são mantidas aqui. Sou sempre a favor das visitas escolares e educativas. É bom que as crianças amem a natureza, ou ao menos saibam de sua importância e a respeite ? a voz séria dele contradizia com a expressão suave.

    ? Sim, também acho. Este Jardim me é muito importante?

    Depois dessa afirmação, os dois prosseguiram conversando sobre o local, sua importância e sobre as pesquisas feitas ali. Cloud estava gostando muito da companhia dela, mas, ao dar uma olhada breve no relógio em seu pulso, sobressaltou-se, levantando-se e limpando a roupa, avisando-a que teria que retirar-se, que seu tempo ali acabara e que fora muito prazeroso conversar com ela.

    Rindo, a moça acenou afirmadamente, dizendo que ficaria mais um pouco e aproveitaria do sol da tarde antes de voltar aos seus afazeres. Sem olhar para trás, Cloud caminhou até o caminho aberto entre as árvores que rodeavam a pequena colina, pegando o caminho de volta para a entrada do Jardim. Seu coração batia em um ritmo um pouco mais rápido do que o normal e Cloud soube, naquele momento, que gostara muito daquela moça, mas que nem chegaria a saber seu nome.

    Mas ele estava errado, pela primeira vez em sua vida.

    Cerca de um mês depois, onde Cloud, em seus momentos livres, pegava-se pensando na bela moça que encontrara no Jardim, um encontro inesperado aconteceu. Ele caminhava a passos firmes em direção ao pequeno café perto da biblioteca na avenida principal. Ao chegar ao local, escolheu uma mesa na calçada escondida do sol e pegou o cardápio, lendo-o rapidamente antes que um garçom se aproximasse.

    Pediu uma xícara de café e uma torta de atum, observando quando o homem se afastou e atendeu, em uma mesa próxima da entrada do café, uma dupla de moças que sorriam para ele, insinuando-se sutilmente, sendo retribuída pelo garçom com um sorriso sedutor.

    Cloud suspirou, pegando do bolso de seu paletó a revista semanal de Avalanche, abrindo na seção de economia, negócios e transições interestaduais. Seus olhos correram rápidos pelas letras relativamente pequenas e simples ? grande parte do público daquela parte da revista eram homens.

    Ao ir à seção de esportes, seus olhos foram captados por uma foto colorida em uma página de fofocas ? muito diferente da página que lera antes, tendo vários cores e letras chamativas. A foto mostrava um Reverendo importante que vinha de outro Estado para uma reunião com vários homens de negócios.

    Cloud conhecia mais ou menos aquela visita surpresa, ou melhor, sabia do que eles pretendiam falar. Aliás, ao pensar em sua agenda para a semana seguinte, lembrava-se brevemente de umas mudanças complicadas por causa de uma reunião repentina. A agenda de seu pai também havia sofrido alterações.

    Voltou a olhar para a foto, talvez a culpa fosse daquele visitante excêntrico. Deu de ombros, afinal, um ou outro, não importava. No fim uma reunião havia sido cancelada por causa de outra, não é como se Cloud houvesse perdido algo importante.

    Folheou a revista à procura da seção de esportes e, ao encontrar, viu com o canto dos olhos o garçom trazer seu pedido. Tomava o primeiro gole de seu café enquanto lia a revista atentamente quando uma voz doce interrompeu-o:

    ? Com licença.

    ? Sim? ? perguntou ele erguendo os olhos, vendo, com muita surpresa, a moça que encontrara no Jardim fitá-lo com simpatia, parada ao lado de sua mesa.

    ? Parece que nos encontramos novamente ? comentou alegremente ?, você se importaria se eu sentasse aqui? ? perguntou apontando para a cadeira de frente para Cloud.

    ? Não, claro que não. Fique à vontade ? exclamou ao apontar, dando de ombros, para o local vazio. Abaixou a mão para servir-se da torta que pedira quando ela chamou a garçom, pedindo um bolo especial do dia e suco de laranja.

    ? Não imaginei encontrá-lo novamente, muito menos aqui. ? confessou ela quando o garçom afastou-se. ? Adoro esse café e conheço o chef, sempre que posso vendo aqui. Foi uma incrível coincidência.

    ? Muita. Eu estava esperando a liberação de algo na Biblioteca Nacional quando decidi vir aqui. As tortas, chá e café daqui são muito bons ? elogiou ao levar outro pedaço da torta à boca, oferecendo um pedaço a ela, que negou veemente com a cabeça.

    ? Não gosto de atum, nem de café. ? seu nariz pequeno torceu-se ante o cheiro forte e levemente amargo que provinha da xícara sobre a mesa. ? Está conferindo os eventos do mês? ? perguntou risonha, apontando com o queixo para a revista. Cloud corou levemente, desconcertado.

    ? Estava me atualizando sobre os jogos ? respondeu apontando para a página de esportes aberta ?, não ando podendo acompanhar mais avidamente.

    ? Eu estava brincando! ? exclamou ela rindo graciosamente. ? Mas é que os resultados também estão nos jornais, o que é mais comum de ser alvo da atenção dos homens ? observou, explicando o motivo de seu julgamento.

    ? Eu aproveitei para ver a seção de economia e negócios ? explicou ele dando de ombros.

    No fim ambos riram da situação, achando-a engraçada. Alguns olhos curiosos fitavam-nos, sejam das pessoas que passavam na rua, sejam das que estavam sentadas no café. Nem Cloud nem a moça ligaram.

    ? Desculpe minha falta de modos, eu sou Aerith ? apresentou-se assim que o garçom deixou seu pedido na mesa, depois de um pequeno silêncio.

    ? Sou Cloud, prazer. ? respondeu com o mesmo tom divertido, ocultando o sobrenome, assim como ela fizera deliberadamente. ? Veio à cidade fazer compras, se me permite perguntar? ? questionou educado.

    ? Não exatamente. ? disse sorrindo, colocando um pedaço do bolo na boca, gemeu de satisfação. ? Vim comprar um presente para alguém ? respondeu depois de mastigar o bolo e beber um gole de seu suco.

    ? Interessante. Bem, para mim não é, já que não é meu aniversário ? brincou fazendo-a rir.

    ? Não, não é, e também não é um presente de aniversário, mas sim de agradecimento. ? explicou enquanto via Cloud acabar o café e a torta de atum e chamar o garçom. ? Já está partindo?

    ? Quer que eu vá? ? questionou divertido, fitando-a profundamente nos olhos.

    ? Não! ? exasperou-se, mas depois sorriu, recompondo-se. ? Quer dizer, você vai pedir a conta?

    Quando o garçom aproximou-se, não trazendo a conta como ela achara, mas com o bloquinho em mãos, soube que havia se precipitado e corou, atraindo a atenção dos dois para si.

    ? Gostaria que você trouxesse uma xícara de chá de limão e uma torta de limão. ? pediu Cloud, o rapaz assentiu sorrindo e saiu. ? Eu sempre como algo salgado e depois algo doce ? explicou.

    Os dois permaneceram quietos por um tempo, observando a paisagem, as pessoas que movimentavam as ruas. E quando Cloud consultou o relógio, Aerith riu dele.

    ? Vai sair correndo como a Cinderela quando o ponteiro indicar meia-noite? ? perguntou ela zombeteira.

    ? Muito engraçado. ? retrucou ele fingindo mau humor. ? Você veio à cidade apenas para comprar um presente?

    ? Sim. Eu encontrei uma amiga que estava indo provar seu vestido de noiva e acompanhei-a, mas a intenção era apenas comprar o presente. ? explicou bebericando seu suco. ? E você só veio por causa da Biblioteca Nacional?

    ? Oh não, eu vim inicialmente levar uma carta que seria mandada com certa urgência para o destinatário, também queria vir aqui e espairecer um pouco. Passei na biblioteca sem muito interesse, e então avisaram-me que um livro que eu havia requerido havia sido devolvido.

    ? Sério? Mas, se ele havia sido devolvido, então por que não está na biblioteca? ? questionou interessada.

    ? O Senhor que cuida da limpeza levou-o por engano consigo quando foi buscar um outro livro. A bibliotecária disse que ele não demoraria a voltar, então eu resolvi esperar.

    ? Esse livro é tão importante assim? ? questionou Aerith interessada.

    ? Para fazer a verdade, não. ? Cloud suspirou. ? Eu vim encontrar um amigo, mas ele precisou adiar nosso encontro para as três horas ? consultou o relógio, eram duas horas e quarenta minutos. Bebeu um gole generoso de seu chá, esbaldando-se da torta de limão.

    ? Por isso você está consultando tanto o relógio? ? sua voz era divertida.

    ? Ele não dispõe de muito tempo. Na verdade eu nem devia estar aqui, relaxado. Há muito trabalho para ser feito, principalmente com a aproximação da primavera ? disse Cloud preocupado.

    ? Está se referindo à agitação por causa do Casamentos Arranjados, não? ? comentou, mas ficou tão apreensiva quanto Cloud.

    ? Você também está na linha de fogo, né? ? questionou ele, rindo nervoso. ? Não consigo entender o raciocínio desses anciões! Querem casar os jovens a qualquer custo!

    ? Sabe Cloud, eu soube que os Reverendos estão se reunindo com a intenção de criar casamentos arranjados interestaduais? ? ela disse, continuando ao ver o choque no rosto expressivo dele. ? Eu estou muito preocupada. Poderia muito bem me casar com alguém de Avalanche do meu nível social, fui criada ciente disso, mas casar-me com alguém de outro Estado? Pior: e se eles tentarem me casar com alguém de Tempestade?

    Cloud suspirou, lá estava o preconceito se revelando. O maior medo das pessoas de Avalanche era ter que deparar-se com alguém de Tempestade. Só o ato de citar o nome do Estado vizinho já deixava os presentes inquietos.

    ? Não se preocupe, eles não fariam isso com você ? Cloud exclamou tentando confortá-la, tendo ciência de que, para isso, até mesmo ele seria retirado da lista de possibilidades dela.

    ? Você não está com medo? ? perguntou Aerith impressionada.

    ? Eu não diria medo, mas estou receoso. ? confidenciou dando de ombros. ? Não me importo em me casar com alguém de Avalanche, Tempestade, do Deserto ou de Cascatas. Mas queria conhecer minha esposa antes. Saber como ela é, poder desenvolver confiança entre nós. Não gosto de coisas incertas, como uma noiva desconhecida.

    ? Sem dúvida, casar com alguém de Cascatas seria ótimo. Embora eu não goste da ideia dos anciões? ? comentou fazendo uma careta que provocou um risinho em Cloud.

    ? Espero que, um dia, tal evento seja, enfim, derrubado ? disse Cloud desanimado, comendo rapidamente sua torta.

    ? Quem sabe daqui alguns anos? ? confirmou ela animada.

    ? Está com pressa em ir embora? Se quiser, seria uma honra ter sua companhia enquanto vou buscar o livro na biblioteca. Podemos conversar sobre como incentivar os jovens a irem contra o Casamentos Arranjados ? brincou piscando para ela, que deu um risinho satisfeito.

    Logo ambos saíam juntos do café, depois do rapaz pagar a sua conta e a dela, alegando que um cavalheiro devia, ao menos, pagar a conta na primeira vez, fazendo-a rir ainda mais ao lembrá-lo de que aquilo não era um encontro.

    Sim, não era um encontro, e Aerith parecia não estar interessada daquele modo nele. A primavera estava chegando e ambos estavam na idade de se casarem. Seria muito bom ? pelo menos para ele ? se sua esposa fosse ela. Os casamentos arranjados eram cancelados se os jovens se casassem com alguém de sua livre escolha.

    Cloud pensou no quão bom poderia ser ter aquela beldade ao seu lado. Ela era linda, amável e inteligente, tudo o que Cloud buscava em uma companheira. Seus modos eram graciosos e ela parecia ser de alguma família tradicional. Bem, a família de Cloud paterna era tradicional, e seu pai era conhecido e respeitado em Avalanche.

    Mas parecia que Aerith não sabia. Embora ela parecesse interessada em casar-se com alguém de seu nível ? ela citara levemente ?, não parecia interessada em subir de nível. Ela não parecia saber que Cloud pertencia à Elite de Avalanche. E isso deixava Cloud ao mesmo tempo intrigado e receoso. Ela tratava-o bem, mesmo sem conhecê-lo, mas como reagiria diante de seu sobrenome?

    Cloud não sabia, e talvez não possuísse coragem o suficiente para arriscar. Era melhor manter as coisas como estavam naquele momento. Sim, havia encontrado-a naquele lugar por acidente. Um acidente delicioso, mas pura coincidência. Depois de um mês sem vê-la, encontrá-la daquele modo apenas mostrou o quão longe estavam um do outro. Talvez nem voltassem a se ver.

    Seria melhor, sim, muito melhor, pensou desanimado. Manter as aparências era primordial, e Cloud sabia que seu avô, o líder dos anciões, liderava os eventos Casamentos Arranjados e, com toda a sua influência, arrumaria para o neto a melhor noiva dentre todas.

    Pensar naquilo irritava-o, mas como o próximo Strife na linhagem, tinha por obrigação manter a família estruturada e na liderança do comércio de Avalanche. Com 19 anos, era a hora de arcar com as responsabilidades e os pesos de pertencer à sua família.

    Foi com resignação que segurou a mão de Aerith ao guiá-la para dentro da biblioteca, sabendo que estavam mais longe um do outro do que nunca.


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