O Cajado da primavera

Tempo estimado de leitura: 7 minutos

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    Capítulos:

    Capítulo 2

    O descongelar de uma flor

    Mais um capítulo ^-^

    Segunda feira chegou e eu acordei atrasada para ir à escola, me arrumei rápido e desci as escadas correndo, meu pai estava tomando café e lendo o jornal, havia Waffles na mesa... Ah que tentação! Mas não podia me dar o luxo de comê-los porque estava muito apresada.

    --- Bom dia pai! --- Falei rápido pegando uma maçã. --- Tchau pai!

    Antes que ele pudesse abaixar o jornal para falar comigo eu já havia saído. Os primeiros flocos de neve e a brisa gelada começavam a aparecer, eu usava apenas um casaco, ao contrário de várias outras pessoas que andavam empacotadas antes mesmo de realmente nevar. Foi então que percebi o caminhão de mudança na casa ao lado, parece que finalmente alguém havia se mudado pra lá, a casa estava vazia há cerca de 6 meses, estavam descarregando e pelo visto meus novos vizinhos adoravam flores, o homem que parecia ser o dono da casa tinha uma aparência de 35 anos, era alto, cabelos castanhos, usava uma roupa de jardineiro e já ia montado o jardim, do caminhão desciam vários vasos de flores, elas eram realmente lindas. Percebi que havia passado tempo de mais observando quem havia chegado, precisava ir pra escola, fui correndo, não era tão longe da minha casa, mas também nem tão perto, quando cheguei fui logo beber água, eu estava atrasada cerca de 5 minutos e esperava não levar uma bronca, abri a porta da sala e as atenções se viraram pra mim, mas logo se desviaram para outra pessoa, havia um menino em pé junto com a professora, não era da minha turma, devia ser um novato.

    --- Desculpe-me pelo atraso professora Mary. --- Falei.

    --- Pode entrar Susan.

    Entrei e dei mais uma olhada para o garoto, ele não me era estranho, tenho certeza de que o conhecia de algum lugar, ele era um pouco mais alto que eu, tinha cabelo castanho levemente encaracolado e seus olhos eram verdes. Sentei em meu lugar no fundo da sala, encostada à janela. A professora pigarreou.

    --- Como eu ia dizendo... Esse será o novo colega de vocês, por favor, sejam educados e atenciosos com ele.

    Foi impressão minha ou ela olhou diretamente pra mim? Ah, qual é! Como se eu fosse mal educada.

    --- Vamos, não tenha vergonha querido. Pode se apresentar.

    O garoto trocou o peso do corpo de um pé para o outro se sentindo pouco á vontade com a atenção, mas começou.

    --- Me chamo William Pevensie, mas prefiro que me chamem apenas de Will. Tenho quinze anos, morava em Nova York, Brooklyn e então meu pai e eu resolvemos nos mudar para cá.

    A professora esperou se ele iria falar algo mais e então percebeu que não.

    --- Pode sentar-se no lugar vago ali no fundo da sala. --- Falou ela indicando o local.

    O lugar era ao meu lado. Ele se sentou e eu me senti um pouco desconfortável, ninguém nunca sentava ao meu lado, e era mais intrigante ser alguém que você acha que conhece.

    Foi um dia de aula normal, depois como sempre eu me levantei sem falar com ninguém e fui pra casa. No caminho o chão começava a ficar esbranquiçado por conta da neve, eu não sabia se gostava ou não do inverno, me sentia melhor, porém me fazia lembrar da minha mãe, que nunca sequer quis fazer contato comigo, apenas me abandonou com meu pai...

    --- Hey! Espere!

    Alguém gritou, era pra mim? Eu parei e me virei, era o garoto novo, Will, ele vinha correndo em minha direção, o que ele queria? Seja lá o que for ele parou do meu lado se curvou cansado de correr e então se endireitou. Eu fiquei olhando pra ele esperando que dissesse por que havia dito para eu o esperar, uma brisa gelada soprou sobre nós, ele estremeceu, eu continuei parada.

    --- Como eu desconfiava. --- Disse ele. --- O frio não te incomoda não é?

    Foi como um nocaute, como ele sabia? Ele estava apenas supondo? Eu tinha de lembrar quem ele era... Pensei nos lugares que eu já havia morado e s que já havia viajado com meu pai, mas então percebi que não era nenhum deles, pois estava começando a desconfiar de onde eu o conhecia.

    --- C. H. B. --- Falei. --- Estou certa?

    Will abriu um sorriso e assentiu. C. H. B. era a sigla do acampamento meio-sangue.

    --- Ufa, achei que você não me reconhecia. --- Falou ele aliviado.

    Na verdade, eu só o conhecia de vista.

    --- Você é a filha de Quione não é? --- Will perguntou enquanto continuávamos andando.

    --- Sim. --- Respondi. Eu era ?a? filha de Quione, porque ela não tinha nenhum outro filho (a), a não ser eu.

    Tentei lembrar de qual chalé ele era, mas não fazia ideia de qual. Resolvi arriscar perguntar.

    --- Você é filho de?...

    Will parou, abriu sua mochila e tirou um vaso. Que tipo de pessoa leva um vaso de planta dentro da própria mochila escolar?! Enfim, ele pegou um punhado de terra e colocou no vaso, depois olhou pra mim e me entregou, quando eu segurei percebi que começou a brotar algo... Uma flor! Ela ia crescendo lentamente até se transformar em...

    --- Um Lírio. --- Disse ele.

    --- Você é um filho de Perséfone, deusa das plantas... Das flores. --- Falei um pouco surpresa.

    Entreguei o vaso de volta, mas ele recusou.

    --- É seu. --- Falou ele. --- ?Susan: Pura como um Lírio?.

    Esse era o significado do meu nome.

    --- Uma flor do campo, para uma garota da neve, considere isso como um presente do seu novo colega de classe... E vizinho.

    Só agora havia percebido que já havia chegado em casa, e então fui ligando os pontos, o novo vizinho, as flores que haviam sido descarregadas hoje pela manhã, tudo ligava que ele era filho do novo vizinho. Ele se despediu e foi para a casa dele. Eu fiquei parada por alguns segundos analisando tudo o que tinha acontecido, e então entrei em casa, subi para o meu quarto e coloquei o Lírio na janela. Será que ele sobreviveria ao frio? Percebi que pela primeira vez havia ganhado um presente que não fosse do meu pai. Sentia uma boa sensação, será que eu teria conseguido... Meu primeiro amigo?


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