Olá e prazer, seus lindos e divosos u-u Podem me chamar de Juh ou Senpai, daí é com vocês... menos "suh" JAMAIS Ò.Ó RUN. Continuando...
Queria avisar que essa não é minha primeira fanfic :3... mas essa é a minha terceira tentativa de escrever essa mesma fanfic ASDHUIADUIASDADUIASDHUI -.-' Estão tenham bastante paciência comigo por favor ^^'
Avisos:
× Plágio é algo inadmissivel, se eu ver ou saber sobre, não exitarei em denunciar. Caso queira usar algum personagem meu para si, comunique-se comigo.
× Planejo que essa fanfic seja muito longa... aviso para você, caso tenha preguiça de ler coisas que parecem não ter fim.
× O casal principal é RoguexLucy, contudo vai ter muitos outros casais também, que podem ser até mais intensos que o casal principal.
× Comentários alimentam minha vontade de escrever e me inspiram, estão todos são bem-vindos e penetram meu core o
Prólogo
Lá estava ela, dormindo tranquilamente. Mal ela sabia o que ela mesma tinha acabado de passar, mal ela e os outros presentes sabiam o que havia acontecido. Ninguém precisava saber de nada, e assim que era bom... ninguém ficando sabendo. Aquilo que aconteceu não era algo que precisava de ser lembrado, apenas esquecido. Esquecido para sempre das memórias de todos os vivos completamente. E era por isso que ela estava lá, dormindo... em um sonho profundo que duraria a eternidade.
* * *
- Papai, existe um "felizes para sempre" igual nos livros? - uma garotinha sorrindo segurava um livro de capa escura num canto sombrio e mal iluminado da sala. Fez-se silêncio. Repitiu - papai...? - Deu um passo para frente, e nesse momento a lua se moveu refletindo uma luz nebulosa que invadiu a sala por todos os cantos iluminando-a. Viu o vermelho encobrir seu pai e sua mente, não conseguiu se conter, gritou como todas as forças agarrando o corpo deitado no chão - PAPAAII!!!
Medo não era a palavra exata para descrever como eu me sentia sempre que acordava às manhãs, estava mais para... susto, desespero, angústia e mistério. Todas as manhãs eram assim, com esses sentimentos transbordando e um arrepio tenebroso percorrendo meu corpo. Mas o pior nem era isso, o ruim era ter que lembrar de todos os pesadelos com detalhes... tamanhos detalhes que parecia que você estava lá dentro.
Depois de acordar assustada, minha rotina era a mesma: Lavar o rosto para (tentar) esquecer os pesadelos, escovar os dentes, tomar uma ducha de água fria, prender o cabelo em um rabo-de-cavalo e finalmente pronta com uma roupa qualquer, ir para sala para receber as ordens de Jack.
Entrei na sala e percebendo que Jack não estava, fui correndo vasculhar os armários e a geladeira à procura de comida. Já se fazia dias que não comia café da manhã, e isso era um sofrimento... comida é algo tão feliz. Não entendo porque sou proibida de comer o que quero, mas tudo bem. Porque afinal... Jack sabe o que faz.
- O que a senhorita pensa que está fazendo? - Ferro - Não faça essa carinha... eu não mordo. - Ele exibiu aquele lindo sorriso de sempre, mas sabia que era apenas enganação. Já estava acustumada, aquele sorriso queria dizer: "Você está mais que ferrada".
- Gomenasaii Jack!
Ele deu um sorrisinho sarcástico para mim de lado e olhou bem ao nosso a redor. Tinha quase certeza que ele ia me mandar exercítar 500 flexões no chão da cozinha mesmo, até eu abrir a boca para falar merda.
- Eu juro que não roubo mais nada de você Jack!
O sorriso dele saiu do rosto e então fez-se silêncio. Ele estava furioso, não por eu ter tentado comer escondido, mas por outra coisa. Sempre que vejo ele assim sinto um medo súbito, por mais que saiba que ele nunca seria capaz de me machucar. Sua expressão estava obscura e sua voz ríspida:
- Para fora.
Sem nem pensar em responder, sai da velha cabana. Morávamos em uma cabana acabada, de madeira no meio de uma giganteca floresta. Isso tudo é minha casa, e pelo que me lembre nunca consegui ver ou ir além dela. Não que a floresta seja uma prisão, eu realmente a amo, o som dos pássaros, os animais que não nos encomodam, o som dos rios e a linda cachoreira que tem mais a diante. Tudo era muito lindo, mas ao mesmo tempo era muito assustador. Jack é o único que me entende nessas questões, por isso o amo tanto. Não conheço outro humano sem ser o Jack... isso se ele é humano.
Parei de apreciar a floresta e me voltei a Jack que me encarava impaciente. Ele parecia muito zangado, na verdade ele sempre fora meio nervosinho, mas era poucas as vezes que ele ficava desse jeito: Com aparencia sombria e forçando a mandíbula, que fazia aparecer uma veia no rosto. Ele odiava quando fazia isso, esse tique dele que dizia ser de apenas parvos, pois era algo que você fazia sem comandar, e tudo que é impulsivo de algum jeito era errado para ele.
Me tirando dos meus pensamentos, ele agarrou meu braço fortemente me fazendo arfar e até cair de joelhos no chão de dor. Ele realmente estava estressado, ele nunca me machucava, só o fazia quando cometia algo muito errado.
- Nunca mais faça isso... - Ele sussurrou no meu ouvido.
- Fa-fazer o que? - Gemia de dor, e percebendo que estava me machucando ele afrochou a mão, me fazendo soltar um suspiro de alívio. Ele voltou um pouco a lúcidez dele normal, mas ainda me encarava com ar de reprovação.
- Você tem que aprender uma coisa, e essa coisa você jamais pode esquecer em toda sua vida - continuou ele sussurrando no meu ouvido de maneira assassina, tinha dado ênfase na palavra jamais e deu na nunca - Nunca, mas nunca mesmo prometa algo que você sabe que não pode garantir que irá comprir. Entendeu?
E com isso ele me soltou, sinbilou com os lábios um pequeno "Desculpa" quando eu passei as mãos em cima das marcas vermelhas que ele me deixou nos pulsos. Parecia que ele estava decepcionado com ele mesmo pelo ato, e sem mais nenhuma palavra virou de costas e entrou nas profundesas da floresta até eu perdê-lo de vista.
Era normal ele me ensinar coisas, Jack é como um pai... Não. Parece mais com um irmão mais velho, já que ele é tão novo quanto eu. Sou mais nova que ele, mas acho que a diferença de idades entre a gente não é muita, mas o suficiente para ele ser bem mais experiente na vida do que eu. Ele em um dia qualquer me ensinou que devemos sempre ser honrados, mas hoje ele ensinou algo parecido usando a violência. Não era típico dele, talvez tivesse lembrado alguma lembrança ruim do passado como sempre fazia... ele deve estar se sentindo só. Melhor eu esperá-lo voltar para confortá-lo.
Cabisbaixa caminhei até o balanço improvisado que eu e Jack fizemos à um ano e meio atrás, era um tronco bem grosso e curto amarrado em uma corda que era presa em uma das árvores. Sentei no tronco e deixei a brisa fazer o trabalho de me refrescar, era tão bom aqui... por alguma razão nunca tive curiosidade de ir além dessa floresta, por mim estava tudo bem só eu, Jack e a mãe natureza... Porém, sempre senti que alguma coisa estava errada ali. Parecia que... não sei. Só sabia que era algo muito errado, me causava arrepios.
O tempo foi passando, talvez... três horas? Não sabia. Estava esperando Jack voltar fazia muito tempo, tanto é que o sol da manhã já tinha ido embora, e agora estava mais quente. Obvio que não era tão quente assim por conta da copa das árvores, que tampavam o sol e deixava o ambiente fresquinho, mas mesmo assim, estava mais quente que o resto do dia. E nessa hora que vinham os mosquitos, ou seja, hora de trocar de roupa.
Uma das coisas que Jack me ensinou foi que mosquitos adoram roupas escuras, e bem... acho que com minha roupa atual eles iriam fazer uma festa em mim. Outra coisa que mosquitos amam é suor, pois deixa o ambiente úmido. Entrei em nossa cabana, troquei de roupa e decidi fazer uma caminhada. Peguei um pedacinho de papel, uma pena, tinta, e escrevi uma mensagem caso Jack voltasse e não me encontrasse.
Sai apenas com um canivete, caso algum animal maluco queira me atacar, algo que acho meio impossível ou então um intruso: nunca se sabe o que pode acontecer. E claro, uma garrafa de água. Pretendia fazer uma caminhada curta, por isso poucos recursos. Acho desnecessário me preocupar em me perder, pois acho que já conheço quase toda a floresta. Menos suas extremidades, que Jack sempre pede para ficar longe.
Nunca entendi porque Jack quis me isolar do mundo, mas sabia algumas coisas básicas do mundo de fora. Tipo... eles desmatam nossa casa só para fazer móveis ou outras coisas inúteis, eles matam nossos amigos da floresta para comer, eles não valorizam a honra, são corruptos, são egoístas, eles matam-se entre si e muito mais... Mas também sei que eles não tem só defeitos. Porém Jack só gosta de falar dos defeitos deles, parece que ele tem nojo da própria raça. Mas apesar de todos os defeitos Jack é...
Não consegui concluir o pensamento, pois ouvi um som... um som familiar. Parei para ouvir e segui de onde ele vinha, até que finalmente consigui destinguí-lo melhor. Era um gemido de dor baixinho, só consegui ouvir ao longe por causa de minha audição aprimorada, e como tinha dito era familiar. Em outras palavras, Jack estava machucado em algum lugar escondido e sozinho.
Sem pensar duas vezes segui o som em silêncio. Atrás de um arbusto vi ele ao longe, na margem do rio que atravessa a floresta. Ele estava... deixando piranhas rasgarem sua pele. Conheço ele, isso era um auto-castigo por ter me machucado e por ter lembradado de alguma coisa que não lhe agrada e não devia. Jack realmente é cheio de mistérios, e nunca perguntei nada a ele, já que o mesmo prefere guardar as lembraças dele para ele mesmo. Pisei em uma folha sem querer, e assim como eu ele tem a audição apurada, ou seja, fui flagrada.
- O que você quer? - Ele tirou do rio e escondeu nas costas a mão dele que estava ensanguentada do seu próprio sangue. Falou mantendo a voz séria e rígida, mas estava um pouco chorosa, parecia que ele queria que alguém o abraçasse ou o ajudasse e isso me bastou para eu avançar. Dei mais um passo na direção dele - Dê mais um passo pirralha, e se arrependa de ter cometido.
- Pirralha? Qual a finalidade desse novo apelido? - ele não respondeu, pela primeira vez vi ele de um jeito diferente. Sempre o vi como um general, aquele que dá ordens e é temido, e também como um pai, o que ensina e se preocupa com você. Mas dessa vez ele estava diferente... parecia... uma criança? Não. Inofencivo? Talvez. Ele me encarou mas logo desviou o olhar, claramente com vergonha de ter me dado tal apelido tolo. Como ele estava sem graça aproveitei o desvio de atenção e dei mais alguns passos enquanto falava - Se arrependa de ter cometido? Você está me ameçando? Sei que não seria capaz de fazer nada contra mim...
- Deixe de ser convencida garota - ele se virou, e se assustou ao perceber que já estava próxima dele. Ele fez uma expressão repugnante no rosto, como quisesse cuspir no próprio rosto - o que te garante que eu não irei te machucar? o que te garante que eu não sou o bonzinho da história? Você não me conhece... não sabe nada sobre mim. Posso ser bandido sabia? Posso te enganar, ou te machucar... Eu sou...
O cortei gritando - Meu salvador! - estava já a um passo de distância dele, com todas as forças gritei - Será que se esqueceu? Se não fosse por você, eu estaria morta! ou pior... estaria sozinha se sobrevivesse! - ele me encarava incrédulo, nunca gritei com ele. Deixei lágrimas cairem enquanto berrava - Não me importo quem você seja... por mesmo que eu não te conheça por inteiro, conheço essa parte que sempre está comigo, e digo: É o suficiente! Você sempre se preocupou comigo desde o dia que me encontrou, você me trata como um objeto frágil... sempre querendo me indurecer, e nesse processo você se mostra divertido, durão e terno! Sempre está comigo, sempre me ensina, me protege, cuida de mim... Como posso duvidar algo de você? Mesmo se você for o cara malvado eu irei te ajudar, mesmo se for necessário ser má e encarar problemas! Entenda por favor? Você é meu héroi! Não me importo quem você seja contanto que esteja comigo. Repito novamente, conheço essa parte de você quando está comigo e digo: Por tudo isso que amo vo-!
Não pude terminar a frase, fui sufocada por um abraço. Ele me puxou para seu peito e me calou completamente. Era uma surpresa, ele nunca demonstrava afeição física, sempre fora no máximo um aperto de mão ou um tapinha nas costas. Como me calei e me acalmei pude perceber que ele sorria, ele começou a falar com uma voz calma e terna:
- Xiii... Não diga mais nada. Obrigado, por tudo. Sabia que que foi um erro me apegar a você... - Ele continou sorrindo e me abraçando não deixando eu argumentar também - Olhe para você... você nunca poderia ter dito o que falou... pois olhe só o que você causou em mim... Nunca, nunquinha, pensei que em algum dia alguém poderia me aturar e gostar de mim como você gosta, e sabe o pior de tudo? estou amando tudo isso. Esse é meu maior pecado, por isso tenho que me tornar responsável por ele. Perdão por tudo que acontecer a seguir, e lembre-se... faço tudo pelo seu bem.
Assim que terminou de falar deixou uma lágrima cair ainda sorrindo. Me levantou um pouco e me deu um beijo. Foi uma surpresa, nunca imaginei uma relação assim com ele, mas essa não foi a maior surpresa. A maior surpresa foi que o beijo não era doce, era amargo, como se fosse algum tipo de despedida dolorosa. Assim que me toquei no que poderia ser, abri os olhos correndo, entretanto já era tarde demais. Minha visão ficou turva e embassada... logo tudo foi se escurecendo, e a última coisa que vi foi a imagem de Jack chorando no meu colo amargamente.
* * *
Não lembro de quanto tempo passou ou lembro de ter sonhado alguma coisa. Só lembrava de Jack chorando e dando um sorriso dolorido, e depois disso mais nada.
Abri os olhos e vi que estava em uma espécie de porão, escuro, úmido e sinistro. Tentei me levantar. Inútil, meus membros não obedeciam os meus comandos, provavelmente estava drogada. Sem muitas opções explorei o lugar com os olhos.
Era um lugar subterrâneo, uma caverna talvez, havia uma escada que dava em algum lugar em cima. A espécie de sala estava cheia de caixas com rabiscos estranhos em cada uma delas e aranhas infestavam o lugar de teias. Das escadarias vinham um única fresta de luz que iluminava muito mal o local. Olhei para mim mesma, ainda estava com a mesma roupa de quando me troquei, talvez fosse noite do mesmo dia.
Ouvi o som de passos vindo da escada, Jack me ensinou que se você não conhece o inimigo, você não deve o enfrentar, e foi isso o que fiz. Fingi que ainda estava dormindo, na mesma posição de antes.
Os passos se aproximavam e meu coração acelerava. A pessoa se aproximou de mim e pegou meu queixo. Sacudiu minha cabeça impaciente e "acordei" para ele abrindo os olhos. Para minha maior surpresa e alívio, a pessoa não era um inimigo, e sim Jack.
- Dormiu bem? - Jack sorriu para mim e eu ia responder, porém ele pôs o dedo indicador nos meus lábios - Sem mais palavras, você já falou muito por hoje. Vou te transferir daqui, e vamos para meu quarto.
Assenti. Nunca fui ao quarto de Jack, mas o que me intrigava era o porquê dele ter me deixado ali em baixo. Ignorei minha curiosidade e esperei pacientemente ele subir as escadas, descê-las com as chaves para tirar algo que havia acabado de notar nos meus pulsos: correntes. Quando ele as tirou, percebi novamente que ainda não conseguia andar ou mexer os membros. Eles pareciam pesados demais para mim.
- Jack, porque não consigo me mover?
- Depois te explico pequena - ele me pegou no colo e começou a me carregar para fora da caverna.
- Por que me chama de pequena? - Sempre quis perguntá-lo, e como estava em silêncio aproveitei.
- Porque... - ele parecia pensar de verdade - acho que te chamo assim só para me sentir diferente de você, e também você é pequena. - Ele observou brincalhão - Olhe para você... você deve ter quantos anos? 15? 14?
- Você também é pequeno se for assim! - Eu protestei fazendo bico involuntário.
- Na, na, ni, na, não... - ele se divertia com isso, sorria olhando para frente - Eu tenho 17 e vou fazer 18, ou seja... sou bem mais velho que você - Assim que ele acabou de falar, parou em frente a porta do quarto dele dentro da cabana - Chegamos.
Ele abriu a porta e entramos em um quarto parecido com o meu, paredes de madeira, chão com tatamis e poucos móveis. Ele me repousou cuidadosamente na cama dele e se abaixou no chão tirando um dos tatamis.
- O que Jack está fazendo? - Perguntei curiosa.
- Tirando tatamis.
- Jura? - fiz minha voz sínica.
Ele me ignorou e continou o que estava fazendo.
- Pronto.
Embaixo dos tatamis havia uma porta que abre para cima, como uma passagem secreta. Ele puxou a tampa da porta e escadarias apareceram. Antes que eu pudesse perguntar qualquer coisa ele me pegou no colo e falou:
- Vamos para o meu laboratório. Sem perguntas. - Assenti e descemos até o final da escaderia em silêncio.
A escadaria era apertada, fria e úmida. Se fosse em qualquer outro caso ficaria assustada com tanto suspense, mas como era Jack, sabia que ele não faria mal algum à minha pessoa. Pelo menos é o que eu acho...
Ao chegar ao chão, estava já quase dormindo por conta da longa caminhada. Assustei-me com o branco, abri melhor os olhos e vi que tudo era branco. Bancadas, cama, materiais científicos, macacões, luvas... tudo. E também era primeira vez que ia a algum lugar assim. Me contive para não perguntar nada.
Jack me repousou em uma das camas brancas, e colocou uma espécie de avental branco com uma máscara de rosto também branca. Pegou uma injeção e pôs um líquido estranho que eu não consegui indentificar a cor dentro, depois se aproximou de mim. Tirou a máscara da boca e sorriu de canto.
- Pequena, queria te agradecer por tudo que fez por mim... acho que mudei um pouco por causa de você, o que é uma coisa péssima - ele deu uma risadinha seca - mas eu no fundo gostei.
- O que foi Jack? Você está me assustando - eu tremia, não de medo mas de frio, aquela sala estava arrepiando todos os pelos da minha nuca. Ignorei o frio - O que tem nessa siringa? você vai me dar um remédio? estou doente?
- Calminha... Você confia em mim? - eu assenti hesitante - ótimo. Estão eu te afirmo: Tudo o que eu fiz e tudo que eu vou fazer por você é para seu bem.
- Eu sei disso.
- Menina convencida você hein... - ele riu da própria fala e depois voltou ao normal - quem mando eu criar você assim né? Hahah, mas mesmo assim me orgulho de você, pequena.
- Obrigada...
Fez-se silêncio e ele adotou uma feição mais séria e rígida, mas conseguia olhar por trás dela, era triste e chorosa. Ele estava na verdade muito magoado e eu queria abraçá-lo, mas não podia me mover.
- Isso que faz você não se mover é uma droga - Ele respondeu meus pensamentos - te dei naquela hora na margem do rio... É para você não se mover... Acho que deve ter percebido isso, né? - Ele deu um sorriso de canto hesitante - Por favor, me perdoe.
- Pelo q... - Não pude terminar a frase, senti uma agulha perfurar minha pele. Assim que a dor passou olhei para o rosto de Jack, ele parecia que estava tomando a agulhada por mim, sua feição de dor estava bem pior do que a minha. Minha voz saiu fraca quando tentei falar - Ja-Jack... o que você vai fazer? Po-Por algum motivo não sinto medo...
Ele deu aquele sorriso lindo de sempre, mas dessa vez, sem nada por trás - Você lembra? Lembra de quando eu salvei você? - ele passou a mão no meu cabelo incoinsciêntemente - Você não sente medo pois nunca dei motivo para você me temer... e nunca vou dar. Eu sou a pessoa em quem daria a vida por você, sempre pode confiar em mim... - ele dizia tudo devagar e calmamente, estava meio tonta, devia ser por causa do líquido esquisito da injeção.
- Se posso confiar em você... - tossi meio sem jeito, ele me segurou e me ajudou - você poder me dizer o porque disso tudo...? - minha voz era tão fraca que parecia que ia desaparecer.
- Claro... - Ele sorria de canto, parecia que queria chorar - Mas antes quero que você tente se lembrar quando a salvei e...
Não conseguia mais ouvir a voz dele, o remédio ou qualquer coisa que seja aquela droga que ele enfiou no meu braço fez efeito, e não consegui enxergar e nem ouvir mais nada. Deixei-me levar pelas lembranças que ele pediu para que lembrasse, entrei naquela assustadora e linda lembrança.
* * *
Um desastre. Sim, vejo chamas, corpos e sangue... vejo tudo, mas nada me vê. Sou invisível para todos, ninguém realmente olha para mim e nem quer. A solidão preencheu meu coração que não conseguiu mais ver luz, e agora não satisfeito, pintou minha escuridão de vermelho. Alguns sentem pena de mim, mas mesmo assim todos me julgam... porém alguém ao menos sabe quem eu sou?
Uma menininha vestida de sangue se mantinha de pé, não havia mais ninguém ali, só os corpos depois de mortos deitados no chão, o cheiro de sangue deles ainda era fresco e a noite junto com a escuridão encobriam tudo à volta. Se podia ver contruções, enfeites, árvores e as pessoas, tudo destruido. Tudo que uma vez fora bonito agora não passava de um bando de cinzas.
Montado em um burro um garoto desceu correndo e fora ao encontro com a menina. Correu com todas suas forças, antes dela desabar no chão. A menininha sorriu para o garoto e assim que fez caiu. O garoto a segurou, a abraçou e por fim uma fumaça encobriu os dois.