Gary Stu

  • Masumi
  • Capitulos 4
  • Gêneros Drama

Tempo estimado de leitura: 28 minutos

    16
    Capítulos:

    Capítulo 1

    Começo de uma nova vida

    Violência

    Por que sempre que finalmente nos adaptamos a certa coisa, o destino se encarrega de mudar tudo? Não... A culpa certamente não é do destino, aliás, ter pensado nessa hipótese me fez sentir tão ridículo... Está claro que a culpa é minha, sujeito sem sorte...

    Cho ? Noriko, ajude seu pai com a mudança!

    Ken ? Não precisa, essa foi a última caixa.

    Ao que se pode perceber, minha família se mudou, de novo. Alias, nós os Sasaki vivemos de mudança, a ultima foi ano passado. Justo quando eu fiz amigos.

    Ken ? Isso cansa! Em pensar que ainda tenho que montar os móveis...

    Cho ? Noriko, vá ao mercado e compre algo para comermos...eu ajudarei o seu pai.

    Noriko ? Onde fica o mercado?

    Cho ? Eu não sei, mas deve ter algum aqui perto. Só não demore!

    Isso é tão entediante... Mas suponho que minha nova vida na cidade grande seja mais interessante...

    Eu caminhei cerca de 2 quadras, a vista era a mais chata possível: prédios e mais prédios. Finalmente avistei um mercado, arquitetura simples porém de muito bom gosto. Entrei, deparei-me com diversos tipos de pães, doces e salgados.

    Atendente ? Olá! O que você procura? Eu posso ajudá-lo!

    Noriko ? Eu vou querer aqueles salgados. Apenas isso.

    Atendente ? OK! Aqui está!

    Noriko ? Obrigado.

    Atendente ? Eu que agradeço! Volte sempre!

    Sai do mercado antes que tivesse de ficar conversando com aquela garota. Ainda era cedo, onze horas da manhã... Não demorei a chegar em casa.

    Ken ? E então, achou o mercado?

    Noriko ? Sim... Aqui está.

    Cho ? Parece estar delicioso! Vamos nos sentar, a cozinha já está montada.

    Todos em especial o meu pai, estavam com fome.

    Ken ? Agora sim, posso trabalhar!

    Cho ? Noriko, por favor, vá abrindo aquelas caixas...

    Aquele dia pacato demorou uma eternidade para acabar. Ao menos a casa estava pronta antes das sete da noite. O tédio, meu companheiro. Jamais me abandonara, e naquela noite, enquanto eu estava sozinho no meu quarto, não seria diferente.

    Ali, sentado na minha cama, de frente para a janela, olhando atentamente a lua, comecei a imaginar como seria o dia de amanhã. Ainda estamos em uma sexta feira, portanto ainda tenho o sábado e o domingo pela frente. Fechei a cortina da janela, e encostei a cabeça no travesseiro, logo comecei a pensar... Amanhã eu devo aproveitar o dia para conhecer mais a cidade, ou pelo menos a minha rua. Perdido em meio a meus pensamentos, adormeci.

    O dia hoje está fresco, não é necessário um casaco. É um daqueles dias perfeitos para uma caminhada, como eu havia pensado ontem. Tratei de me vestir e fui a cozinha.

    Cho ? Bom dia, Noriko. Sente-se, já lhe sirvo o café.

    Noriko ? Obrigado. Onde está o pai?

    Cho ? Ele foi trabalhar, só volta as oito da noite... Mas ele tem folga amanhã, nos domingos ele não trabalha.

    Noriko ? Hmm... Mãe, posso dar uma caminhada?

    Cho ? Mas é claro! Peço apenas que retorne antes das oito, que é quando jantaremos.

    Noriko ? Certo, estarei antes das oito.

    Despedi-me de minha mãe, e sai porta á fora. Olhei para os lados, não sabia para onde iria.

    Fui à mesma direção de quando tive que comprar o almoço. Havia muitas pessoas na calçada, e o dobro de carros na estrada. Fui seguindo sempre em frente, algumas quadras caminhando e resolvo virar a esquina. Deparo-me com uma vista um tanto que inesperada: um lindo parque, com direito a um lago e árvores com folhas amareladas, típicas do outono.

    Resolvo sentar-me num banco de frente para o lago, esse lugar é perfeito, será aqui onde encontrarei refugio para minhas idéias... O tempo passa sem que eu perceba, quando dou por conta dos meus atos, já são sete horas da noite. Apresso-me, saio correndo sem importar-me sobre o que os outros pensarão de mim.

    Quando estou quase chegando à minha rua, ouço um grito, vindo de uma rua próxima de onde eu estava. Não é problema meu, não me importa a razão de alguém ter gritado no meio da rua as sete da noite. Continuei alguns passos, porém sou perturbado novamente por aquele grito, dessa vez mais alto, pude perceber pelo timbre que se tratava de uma garota.

    Talvez eu me arrependa de ir até lá, afinal prometi a minha mãe que estaria em casa antes das oito... Mas me arrependerei mais ainda, se não ao menos matar essa curiosidade, o que está acontecendo naquela rua?

    Corro até a tal rua, quando começo a ouvir a voz de um homem, diminuo o ritmo dos meus passos, cautelosamente me escondo atrás de uma parede. De onde eu estava, tinha uma perfeita visão daquela cena. Havia uma garota chorando, não pude ver exatamente como ela é, mas pude notar que estava ferida. Um homem a estava assaltando, e da maneira como a tocava, deduzi que queria algo a mais do que simplesmente seus pertences.

    Meu coração acelerou, senti um frio na barriga. Medo? Talvez, o que eu devo fazer? Não estou em condições de ir até lá e lutar contra o assaltante, isso seria expor minha vida de maneira desnecessária, me recuso a morrer por alguém que não conheço. Mas se eu não fizer algo, e essa garota ter um fim trágico... Não terei mais noites de sono tranqüilas. Com as mãos trêmulas, pego meu celular, e ligo para a polícia. Em questão de segundos sou atendido, falando em um tom de voz baixo, para não ser ouvido pelo assaltante, explico a situação e o local, e a voz do outro lado me garante que policiais estão sendo enviados ao local. A garota tentava defender-se das mãos do assaltante, que continuava a tocá-la. Se era atordoante para mim que de longe apenas observava, não imagino o que seria para ela. A cada segundo que se passava, eu sentia mais medo, medo de acontecer algo com aquela garota. Eis que o assaltante saca uma arma do bolso traseiro da calça, e a põe na barriga da garota.

    Assaltante ? E agora, vai me ignorar? Vai me negar?

    Garota ? Não me toque com essas suas mãos imundas!

    Ao dizer isso, ela empurrou o assaltante, fazendo com que a arma deste caísse. Ela aproveita que ele está caído para fugir, porém é surpreendida por um tiro na perna. Pude perceber, por aquele olhar de raiva, que o assaltante desta vez não pouparia sua vida.

    Por instinto, impulso, corri rapidamente até ela, e a envolvi em um abraço, como se a protegesse. O que diabos estou fazendo!?

    Garota ? Q-Quem é você?

    Noriko ? Cale a boca!

    Eu estava com medo, muito medo, e isso era deprimente para mim. O sangue da perna dela, já havia manchado minha roupa, eu agora mais do que nunca estava com medo. Estava convicto de que iria morrer ali, junto de uma desconhecida... Ela me encarava, eu fazia o mesmo.

    Assaltante ? Vamos, digam alguma coisa! Ou já posso mata...

    Um único disparo, fechei meus olhos no momento em que o ouvi.

    Garota ? Uma sirene!?Você chamou a policia?

    Noriko ? S-Sim, eu...

    Senti uma mão sobre o meu ombro. Eu estava assustado... Não tive coragem de olhar quem era.

    ??? ? Fiquem tranqüilos, sou da Policia. Fomos avisados de um assalto... Vocês estão bem?

    Noriko ? E-Eu estou, mas ela foi baleada na perna!

    Policial ? Deixe-me vê-la.

    O Policial examina rapidamente a garota, e garante que ela ficará bem, perdeu muito pouco sangue. Venham conosco até a delegacia, por favor. Disse olhando para uma policial, que nos aguardava dentro de um carro.

    Noriko ? Não vejo necessidade de eu ir até a delegacia, afinal quem está ferida é essa garota.

    Eu disse tentando me levantar, o policial estende-me a mão, meu orgulho besta faz-me recusar, demoro alguns minutos, mas ergo-me sozinho. Olho o relógio, oito e meia. Eu poderia jurar que horas haviam se passado desde que resolvi checar essa rua. Foram meros trinta minutos...

    Saio correndo para casa, sem dar satisfações a ninguém, olho uma única vez para trás, e vejo o rosto da garota que eu tentei proteger, não muito longe dela, o corpo do assaltante estendido no chão...

    Não demoro a chegar em casa, são nove horas em ponto, minha mãe olha para mim com um olhar um tanto que de indiferença, envergonho-me.

    Cho ? Noriko, onde você esteve esse tempo todo? São nove horas, o combinado era as oito.

    Noriko ? Eu estive em um parque, nada mais.

    Jamais diria a ela que quase morri na tentativa de ajudar alguém num assalto. Ela talvez nem acreditasse em minhas palavras... Trocamos olhares, palavras não foram ditas naquela noite. Quanto a meu pai, não o vi, de certo estava dormindo, trabalhar o dia inteiro deve ser exaustivo.

    Sem ao menos jantar, fui para meus aposentos, nem troquei de roupa, apenas encostei a cabeça no travesseiro, virei para a parede e fechei os olhos, estava pensando em tudo o que havia me acontecido hoje... Foi tudo tão surreal, sempre pensei que essas coisas aconteciam em filmes, ou com os outros, mas nunca comigo, o que mais me decepcionou, foi o medo que senti, e a ação involuntária do meu corpo...

    O que estaria acontecendo com aquela garota, será que a verei novamente? Não que deseje isso, é apenas curiosidade... A mesma curiosidade que colocou minha vida em risco. Talvez seja melhor que nunca mais a veja, caso contrário outra tragédia pode me acontecer...


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