― Não se lembra de nada? De onde veio, como veio, onde mora, nada? ― Natsu assentiu desnorteado. ― Ok, isso é um problema. Do que se lembra, exatamente? ― Perguntei.
― Só de ter acordado aqui, e do meu nome. ― Ele respondeu.
Um caso de amnésia, talvez? Acho que não, se fosse isso provavelmente também não se lembraria do seu nome, certo? Não sei, não entendia muito sobre doenças de perda de memória. Mas mesmo que esse fosse o problema, ainda não explicava como ele havia caído sobre o terraço do prédio. Aquele barulho e a rachadura com certeza haviam sido provocados por Natsu, afinal, nada mais os explicava. Mas como... ?
Natsu tentou novamente se sentar, e ao tentar se apoiar, gemeu de dor. O ajudei a pelo menos encostar as costas no canto do sofá. Devia estar desconfortável deitado daquela maneira.
― Disse para você ficar quieto. Com todos esses ferimentos é o melhor a se fazer. Não lembra nem ao menos de como os conseguiu? ― Ele negou.
― Já disse, não me lembro de absolutamente nada. Parece que há um grande vazio na minha mente. ― Seu olhar parecia perdido.
O que fazer com aquele garoto? Eu não fazia a mínima ideia. Suas roupas não possuíam bolsos onde ele poderia talvez estar guardando documentos e ele não se lembrava de onde vinha. Não podia mantê-lo no meu apartamento daquela maneira. Poderia ser perigoso. E se fosse algum ladrão ou coisa do tipo? E se fosse um procurado pela polícia buscando refúgio? Eu acabaria sendo indiciada por esconder um criminoso.
Sentei-me na mesa de centro, em frente ao sofá, enquanto pensava. Natsu continuava explorando o lugar com o olhar, olhando para mim em alguns momentos. Já havia até me esquecido da água que fervia para preparar o café quando ouvi o estômago de Natsu roncando.
― Está com fome? ― Perguntei a ele.
― Sim... Eu acho. ― Respondeu parecendo inseguro.
― Espere um pouco, vou trazer algo para você comer. ― Me levantei, indo até a cozinha.
De lá ainda podia observá-lo perfeitamente, já que ficava de frente para a sala e só havia uma pequena bancada dividindo os cômodos. Sentia-me mais segura assim, vigiando-o. Um pouco de precaução nunca é demais. Ele era um estranho que havia aparecido de forma mais estranha ainda, não confiava muito em Natsu, mesmo que este mal pudesse se mover devido aos seus ferimentos.
Enquanto o café ficava pronto, aproveitei para ligar para Erza e Gray. Precisava da ajuda deles, não poderia resolver aquela situação sozinha.
Aqueles dois eram meus melhores amigos, juntamente a Levy, uma colega da faculdade. Erza era uma garota ruiva de vinte anos. Apesar do jeito mandão e da impressão medonha que sempre passava quando alguém ousava irritá-la, era uma ótima pessoa, com um enorme coração, sempre disposta a ajudar os amigos. Já Gray possuía cabelos escuros, sempre bagunçados, não importando o quanto ele penteasse. Era um tanto quanto rabugento e às vezes pervertido, mas muito engraçado e também um ótimo amigo. Ambos eram meus colegas de trabalho na lanchonete. Foi lá que os conheci, minha estranha e maluca ?família adotiva?.
Eram nove horas da manhã em um domingo. Segundo Erza, cedo demais para receber qualquer ligação ou ser incomodada. Demorou a atender, e pensei que não fosse fazê-lo, porém logo sua voz soou no telefone.
― Alô? ― Eu ouvi sua voz embargada de sono do outro lado da linha.
― Erza, bom dia.
― Lucy? Tem ideia de que horas são agora? Espero que o motivo que te levou a me ligar seja no mínimo importante o suficiente para ter me acordado. ― Ótimo, ela estava irritada.
― E é, mas não posso falar pelo telefone. Poderia vir até o meu apartamento? ? Perguntei embaraçada e hesitante.
― O que aconteceu, Lucy? ― Perguntou com mais seriedade na voz. Erza sabia que eu não a incomodaria tão ?cedo? se não fosse realmente importante.
― Quando chegar aqui eu te explico. Te vejo em meia-hora, ok? ― Tentei ser breve.
Erza concordou com outro ?ok? e encerrou a ligação. O café já estava pronto e Natsu continuava sentado, apenas observando as paredes e a vista da janela. Eu ainda queria ligar para Gray. Dele eu precisava mais do que uma visita, mas também de um favor.
Ao contrário de Erza, o moreno atendeu de imediato a ligação.
― Oi, Gray. Tudo bem?
― Sim... ― Respondeu, estranhando a minha pergunta. Eu não costumava perguntar a ele se estava tudo bem. Nunca iniciava conversas assim, na verdade.
― Pode vir aqui? E trazendo algumas roupas suas. ― Perguntei, sendo direta.
As roupas de Natsu estavam em um estado tão ruim que mal podiam ser utilizadas. A camiseta de aparente cor branca, cuja coloração agora dividia espaço com manchas avermelhadas e com a sujeira, possuía buracos por praticamente todo o tecido. E a calça jeans azul não estava muito diferente desta.
― Roupas minhas? Para que precisa de roupas minhas? ― Indagou, estranhando o meu pedido repentino.
― Apenas traga-as. Por favor, Gray. Podem ser roupas velhas, não tem importância.
― Tudo bem, apesar de não ter entendido muito bem. Mas acho que sei o porquê de você querer as roupas...
Ele sabia? Mas como?
― Sabe? ― Perguntei desconfiada.
― Sim. Mas se sente tanta saudade do meu cheiro não precisa ficar com vergonha de admitir, pode dizer e eu levo as roupas borrifadas com o meu perfume. Assim não vai mais sentir saudade. ―Pude identificar o tom brincalhão em sua voz.
Deveria imaginar que se tratava de algo assim. Afinal, era o Gray, ele estava sendo apenas... Bem, o Gray.
― Apenas traga as roupas, ok? ― Disse, ignorando sua brincadeira.
― Tudo bem. Mas vai ter que me explicar o que aconteceu.
― Eu não preciso explicar. Você verá do que se trata com os seus próprios olhos.
Recoloquei o telefone no carregador e voltei a prestar atenção em Natsu. Não se lembrar de quem você é, seu passado, onde está sua família, quem são as pessoas queridas por você, deve ser uma situação muito ruim. Queria ajudá-lo, de certa forma. Não que isso eliminasse o medo que estava sentindo dele não ser o que aparentava, mas sentia pena.
Em uma bandeja de metal, coloquei duas xícaras com café ― uma delas para mim ― e bolachas e levei até ele.
― Obrigado. ― Agradeceu quando lhe entreguei a xícara. Levou-a aos lábios e fez uma careta quando ingeriu o líquido preto ― Isso é amargo.
― Sim, é café, afinal. Se quiser posso colocar mais açúcar.
― É amargo, estranho, mas é bom. ― Disse, tomando mais um gole de café. Se ele gostou, não deveria estar tão ruim quanto pensei que estaria. Eu era um completo desastre na cozinha, mesmo quando se tratava de coisas simples, como café.
― Nunca provou café antes? ― Natsu negou enquanto bebia mais, quase acabando com o conteúdo da xícara. ― Talvez você só não se lembre de ter tomado, já que perdeu a memória. Acho que seria bom te levar a um hospital.
― Não, por favor, não é necessário. ― Disse, parecendo muito assustado.
― Mas você está todo machucado. Por que não quer ir ao hospital?
― Eu estou bem, isso não é nada de mais. Não sei, só tenho uma má impressão sobre isso. Não preciso ir a esse lugar. Não quero ir.
― Tudo bem, você fica aqui, então.
Natsu aparentava ter a mesma idade que eu, ou algo aproximado. Porém, parecia uma criança quando falava. Uma criança com medo de hospitais.
― Obrigado. ― pegou uma bolacha da bandeja e a mordeu, mais calmo ― Você ainda não me disse o seu nome.
― É Lucy. ― Eu respondi sem pensar.
― Lucy... É um nome bonito.
― Obrigada. Natsu também é. Se eu não me engano significa ?verão? em japonês. Você por acaso é japonês? ― Fiquei curiosa.
― Eu não sei.
Ah, claro. Ele estava sem memória, como poderia saber?
Natsu terminou de comer e me agradeceu novamente. Enquanto esperava por Erza e Gray, arrumei a cozinha, deixando-o sozinho novamente. Quer dizer, não totalmente, já que estávamos ainda praticamente no mesmo cômodo. Ele não parecia se importar muito com isso, se distraia observando a paisagem da janela.
Pouco mais de meia-hora depois a campainha tocou: Erza e Gray.
Sai do apartamento ao invés de deixá-los entrar. Precisava falar com eles antes que vissem Natsu.
― Oi. Ainda bem que vocês vieram.
― É, nós viemos. Mas ainda não sabemos por que nos chamou. Comece a explicar, Lucy. ― Disse Erza, autoritária como sempre.
― Eu vou, eu vou.
― Nossa. Você está com uma cara horrível, Lucy. O que aconteceu? ― Perguntou Gray. Ele estava certo. Eu estava mesmo horrível. Passar a noite em claro não me fez bem.
― Longa noite.
― Farra com uma tempestade daquelas? E nem me chamou? Que tipo de amiga é você?!
― Claro, como se tivesse sido isso o que aconteceu. Mudando de assunto, trouxe as roupas que eu pedi?
― Sim, estão aqui. ― Respondeu, mostrando a sacola que trazia em mãos.
― Por que você pediu para que o Gray trouxesse roupas dele, Lucy? Pergunto novamente, o que aconteceu? ― Erza estava ainda mais séria. Começava a me dar medo.
― Tudo bem. Vejam.
Abri completamente a porta. Os dois espiaram com demasiada curiosidade, notando Natsu sentado no sofá. Ao que parecia, ele não notara minha ausência, já que continuava olhando para a janela.
― Hmm... Eu não sabia que você era esse tipo de pessoa, Lucy ― Disse Gray, com uma expressão maliciosa no rosto que denunciava tudo o que ele quis dizer com aquela simples frase.
― Nossa, você é selvagem hein... ― Erza comentou ao ver o estado das roupas do garoto. Pelo modo como falara, parecia realmente acreditar que o que aconteceu fora o que Gray insinuou.
Dei um tapa nos braço dos dois, corando dos pés a cabeça. Não tinha pensado que essa era a conclusão mais óbvia que poderiam tirar.
― Não é nada disso! O nome dele é Natsu. Ele meio que caiu no terraço durante a tempestade, ontem à noite. Bem, acho que caiu, tudo indica que sim. Enfim, isso não importa tanto. A questão é: Eu não sei o que fazer com ele e por isso preciso da ajuda de vocês. Perdeu a memória, não se lembra de onde veio, nem de nada. O que eu faço? Não posso simplesmente expulsá-lo da minha casa no estado em que está.
― Ele... caiu? ― O olhar de Erza estava tão confuso que eu não sabia se ela duvidava das minhas palavras, da minha sanidade, ou se apenas queria confirmar se ouviu corretamente.
― É. Estranho, eu sei. Parece loucura? Sim, mas é verdade. Ele não quer ir ao hospital, mesmo estando todo machucado. Não possui documentos. E caiu em cima de um prédio no meio de uma tempestade! Olhem, eu não sei como isso é possível, não sei nem se ele está falando a verdade. Suspeitei no começo de que pudesse ser um fugitivo, um ladrão, sei lá, mas ele tem esse olhar perdido no rosto quando fala, confuso. Se está mentindo, então mente muito bem.
― Ok, vamos falar com esse tal de Natsu. ? Gray se pronunciou.
Adentrou o apartamento, indo direto até o garoto. Eu e Erza o seguimos. Seus passos chamaram a atenção de Natsu, que parou de olhar a janela para fitar o moreno parado à sua frente, com os braços cruzados.
― Oi... ? ― Cumprimentou Natsu, o que saiu mais como uma pergunta.
― E aí? ― Gray perguntou rapidamente, com um tom relaxado.
― E... Aí? ― Repetiu confuso, franzindo a testa.
― Então você caiu no terraço do prédio, não é? ― Disse Gray, levantando uma sobrancelha.
― É... Eu acho. ― Natsu tinha um olhar pensativo.
― Como? ― Segundos eram os intervalos entre uma pergunta e outra de Gray.
― Não faço ideia.
― Não, é? Tem certeza disso? ― Gray perguntou desconfiado.
― Tenho... Eu acho. ― Ele olhou para Gray.
― Acha? Como pode achar que tem certeza?
― Eu... não sei. ― Natsu respondeu desviando o olhar.
Sobre Gray: Ele era um completo desastre falando com Natsu. Parecia uma espécie de investigador fazendo todas aquelas perguntas, enquanto deixava o garoto ainda mais confuso. Não ajudava em absolutamente nada.
― Gray, pare. ― ordenei ― Precisamos achar um jeito de descobrir quem é o Natsu, para que ele possa voltar para sua casa, e não deixá-lo pior do que já está.
― Lucy tem razão, Gray. Olhe a cara do garoto, está assustando-o dessa maneira. ― Erza me apoiou.
― Só estava tentando ajudar. ― Ele respondeu, colocando as mãos para cima num ato de rendição.
Como ajudar Natsu? Era essa a questão. Talvez, em algum lugar, alguém estivesse procurando por ele, preocupado com a situação do garoto, com como ele poderia estar. Talvez já tivessem até mesmo comunicado a polícia sobre o seu sumiço... É isso!
― Gray, você tem um primo que trabalha na polícia, não tem? ― Gray acenou positivamente. ― Acha que ele poderia checar se o Natsu está na lista de desaparecidos? ― Perguntei empolgada.
― Posso pedir a ele. ― Gray me respondeu.
― Ótimo! Natsu, você se lembra qual é o seu sobrenome? ― Me virei para Natsu.
― Dragneel. ― Ele respondeu com convicção pela primeira vez.
Sabia seu nome completo, ao menos. Isso já seria de grande ajuda.
― Você deveria mesmo ir a um hospital, Natsu ― disse Erza ―. Não é apenas por causa de todos esses ferimentos, mas também para investigar sua perda de memória.
― Eu não quero ir, por favor. ― Ele tinha um olhar pidão.
― Tudo bem. Não vamos te obrigar a nada. Só acho que seria o melhor a se fazer. Poderia te ajudar. Me deixe ao menos cuidar dos ferimentos, então. ― Erza sugeriu.
Ela era muito boa quando se tratava de primeiros socorros e coisas do tipo. Muito melhor do que eu, com certeza.
― Gray, ajude o Natsu a trocar de roupa. ― Ordenei ao meu amigo que havia se acomodado confortavelmente na poltrona ao lado do sofá e ligado a televisão. Sem a permissão da dona do apartamento.
― Eh? Por que eu tenho que ajudá-lo? ― Começou indignado. Gray era o típico amigo folgado que fazia o que queria na casa dos outros e reclamava quando lhe pediam um favor.
― Natsu não consegue nem se mexer direito, acha que conseguirá fazer isso sozinho? ― Perguntei o encarando.
― Mas por que eu e não você?! Não vou ajudar um homem a se trocar! ― Ele teimou.
― Pare de ser chato e ajude, Gray!
― Lucy, eu não acho que isso seja mesmo necessário... ― Tentou dizer Natsu, porém acabou sendo ignorado por todos nós.
― Vocês dois são muito moles ― Erza nos interrompeu e pegou a sacola de roupas das mãos de Gray sem muita paciência ―. Deixem que eu mesma faço isso.
Ninguém ousou questioná-la. Conhecíamos muito bem as consequências que aguardavam a quem fizesse isso; e definitivamente não as queríamos.
Enquanto Erza ajudava Natsu e cuidava dos machucados que ele possuía pelo corpo ― aparentemente não sem muito sofrimento para o garoto, já que Erza possuía um jeito muito ?delicado? de fazer as coisas ― e Gray assistia à televisão, eu tentava buscar por novas informações sobre aquele estranho de outra forma: A internet.
Ao olhar para o meu notebook, colocado sobre a mesa de dois lugares que eu usava para fazer as refeições diárias, foi que a ideia surgiu. Talvez se eu buscasse pelo nome de Natsu em um buscador online algum resultado surgisse. Alguma rede social que pudesse nos dizer quem ele era ou algo parecido.
Não tive muita sorte, entretanto. A pesquisa não encontrou nada que correspondesse àquele nome. Nem mesmo uma única coisa que pudesse nos ajudar.
Era tão estranho. O modo como ele apareceu e como parecia não haver nem sinal de sua existência no mundo. Mesmo que não fosse em uma rede social, seu nome deveria estar disponível na rede. Mas não havia nada. Absolutamente nada.
Quem sabe tivéssemos sorte com o primo de Gray e ele descobrisse algo sobre Natsu. Estava torcendo por isso.
Quando o fim da tarde chegou, Gray e Erza se prepararam para ir embora. Nós três havíamos passado o dia tentando forçar Natsu a se lembrar de algo, porém parecia haver uma barreira impenetrável separando suas memórias dele. Não se lembrou nem de um detalhe sequer. Apesar disso, meus amigos foram de boa ajuda para mim, pelo menos já fazia uma mínima ideia do que poderia fazer.
― O que irá fazer com relação a ele, Lucy? ― Gray me perguntou antes de ir.
― O que posso fazer? Irei deixá-lo ficar aqui até estar melhor. Não posso manter nós dois, meu salário mal dá para mim. Mas também não posso mesmo abandoná-lo, não nesse estado.
― Podemos te ajudar ― disse Erza ―. Acho que você tem razão, ele não parece mesmo estar mentindo. E se é assim, não podemos deixá-lo.
Gray concordou.
― Obrigada, pessoal. ― Agradeci sorrindo.
Despedi-me uma última vez deles e voltei para dentro de casa. Natsu estava sentado no sofá, observando o vidro da mesa de centro. Sentei-me ao seu lado, mas mesmo assim ele continuou fitando o vidro.
― Como está se sentindo? ― Perguntei hesitante.
― Confuso, muito confuso. Eu quero me lembrar, mas por mais que me esforce não consigo, e isso é frustrante. ― Finalmente olhou para mim. Coloquei minha mão sobre a dele, que estava sobre o seu joelho, tentando confortá-lo.
― Eu prometo que irei te ajudar a recuperar a memória, Natsu. ― Sorri, tentando passar confiança.
― Mesmo? ― Ele perguntou, inocente.
― Sim. E até lá, pode ficar aqui.
― Obrigado, Lucy. Você é uma boa pessoa. ― Ele sorriu timidamente.
Era a primeira vez que sorria desde que o encontrei. E o sorriso dele era muito bonito. Eu queria mesmo fazer algo por Natsu, para que pudesse recuperar as lembranças. Queria ajudá-lo, da maneira que fosse.