Oi!
O enredo dessa fanfic é meio diferente, estranho, louco, sem noção, mas eu realmente gostei dele, e espero que vocês gostem tanto quanto eu ^^
O primeiro capítulo é um prólogo, por isso é curtinho.
Boa leitura!
Os trovões ecoavam por todo o apartamento enquanto relâmpagos iluminavam o céu. Os raios caiam com cada vez mais intensidade, chegando a um intervalo de menos de um milésimo de segundo entre um e outro. A tempestade piorava a cada minuto. Todas as noites eram marcadas por tempestades naquela época do ano, mas sem dúvidas, naquela noite em especial o tempo estava pior.
A cidade não enfrentava uma tempestade daquele porte fazia anos. As recomendações dos agentes da segurança eram de que todos permanecessem em suas casas e que deixassem as luzes e aparelhos eletrônicos devidamente desligados. Também era recomendado ficar longe das janelas, pois a intensidade dos raios estava muito alta.
A pergunta é: Eu obedecia a essas recomendações? Obviamente, não!
Permanecia sentada no sofá, em frente à janela da sala, com os braços apoiados na almofada e olhando para os raios que caiam e atingiam o alto dos prédios. Não me importava se as recomendações diziam para ficarmos afastados de janelas, gostava de observar as tempestades, por pior que fossem. O som dos trovões era tão alto que me fazia tremer. Não que eu sentisse medo, era um ato involuntário, o barulho alto fazia com que eu tivesse essas reações.
Morava no 25º andar, o último do prédio. Dali podia-se observar com perfeição a tempestade. Quando estava viva, minha mãe sempre me contava histórias envolvendo tempestades. Segundo ela, quando os raios começam a cair significa que o céu está revoltado e descontando sua ira, jogando-a na Terra, fazendo os humanos sentirem sua revolta.
Então, segundo sua teoria, o céu estava muito revoltado naquele dia. Justamente naquele dia... O dia em que completava dez anos que ela se fora; também o dia em que completaria trinta e oito anos se estivesse viva.
Minha mãe, Layla Heartfilia, morreu em um acidente de carro. Assim como eu, ela adorava tempestades, na verdade acho que herdei essa característica dela. Ironicamente, o que causou o acidente foi justamente um raio caído durante uma tempestade. O raio caiu muito próximo da estrada, a luz a cegou e ela perdeu o controle da direção. As últimas palavras que ouvi dela foram ?Eu volto logo, Lucy?, porém ela nunca mais voltou.
Claro, eu ainda tinha o meu pai, mas ele raramente me visitava. Morávamos em casas diferentes. Enquanto eu vivia em um apartamento próximo ao Empire State Building, em New York, ele permanecia viajando por todo o país, a negócios. Meu pai era um homem importante, dono de uma grande indústria de peças automotivas, amava seu trabalho mais do que tudo. Mantinha contato comigo principalmente através de ligações, sempre de duração curta, perguntando apenas coisas básicas, como por exemplo, como eu estava, se andava me alimentando bem, etc.
Éramos ricos, mas eu recusava o dinheiro de meu pai, apesar de ter sido ele a pagar pelo apartamento em que eu vivia. Gostava de me manter por conta própria, ter meu próprio dinheiro e ser independente. De dia, trabalhava em uma lanchonete de esquina, para pagar a faculdade; e à noite cursava arquitetura.
Olhar para a tempestade me lembrava dela, minha mãe. Do seu sorriso acolhedor, do seu abraço confortante, de suas palavras animadoras e de sua voz doce. Sem que eu percebesse algumas lágrimas escaparam dos meus olhos, aquelas pequenas gotículas de água que simbolizavam a saudade que eu sentia daquela que me trouxe ao mundo.
― Feliz aniversário, mamãe.
Sorri, porque tinha certeza de que seria isso que minha mãe iria querer que eu fizesse, que eu sorrisse ao invés de chorar.
Enxuguei as lágrimas com a manga da blusa e tentei expulsar aquelas memórias da minha mente. Precisava me distrair. Observar a tempestade, lembrar-me dela, não ajudava em nada a amenizar a saudade ― que ainda era muita, mesmo passados dez anos ―, muito pelo contrário. Poderia estudar e colocar a matéria em dia, porém não encontrava ânimo algum para fazer isso. Apenas olhar para os livros já me enchia de preguiça. A televisão e o computador não poderiam ser ligados tão cedo. Eu não era louca o suficiente para ligá-los enquanto uma tempestade daquelas caía. E dormir com o barulho dos trovões? Simplesmente impossível.
Mais um raio caiu, acompanhado de uma luz ofuscante. Fiquei esperando pela ensurdecedora explosão de um novo trovão. Bem, o trovão veio, mas não sozinho. Havia algo de muito diferente naquele. O prédio tremia com os barulhos, mas daquela vez foi muito mais forte, como se algo houvesse caído no terraço, bem acima do teto do apartamento. Algo grande e pesado.
Podia ter sido um raio que havia atingido o prédio. E se fosse, isso seria muito ruim. Um raio poderia começar um incêndio, e se fosse isso, todos os moradores estariam em perigo. Movi meu olhar para cima, olhando para o teto. O lustre balançava e perto dele parecia haver uma rachadura, porém não podia ter certeza, estava escuro demais.
Ainda bem que eu sempre guardava na primeira gaveta da cômoda ao lado do sofá uma lanterna, para casos de emergência, como aquele. Estendi a mão, abri a gaveta e a peguei, torcendo para que as pilhas ainda funcionassem. Ao apertar o botão a luz acendeu. Ótimo, estava funcionando.
Direcionei o feixe de luz para o teto, para o lugar onde antes pensei ter visto a rachadura no gesso. Realmente, havia algo de muito estranho ali. A rachadura não fora coisa da minha imaginação. Ela existia, era recente e muito grande.
Talvez... Talvez eu devesse checar o que era aquilo. Algo havia caído no terraço, isso era certeza, e se tivesse sido um raio e este houvesse começado um incêndio e alguém descobrisse rapidamente, haveria tempo suficiente para todos saírem do prédio e se salvarem.
Era loucura sair em um tempo como aquele. Eu correria sérios riscos ao ir até o terraço, me expor à tempestade. Mas minha curiosidade estava me corroendo por dentro. Isso e a possibilidade de um incêndio que poderia matar a todos.
Estava decidido, eu iria até lá. Os outros moradores contavam comigo ― e minha curiosidade também ―. Vesti uma capa de chuva, peguei a lanterna e subi as escadas que levavam ao terraço. Destranquei a porta que dava acesso àquela parte do prédio e girei a maçaneta, abrindo a porta.
A chuva atrapalhava minha visão. Estava intensa demais. Os ventos também eram muito fortes, tanto que, mesmo antes de sair da parte coberta, minha capa de chuva já estava completamente molhada.
Quando consegui finalmente enxergar melhor o que estava a frente, vi algo que realmente me surpreendeu. A chuva podia estar enganando-me, mas ali, no meio do terraço, parecia haver um garoto caído.
Aproximei-me mais, cautelosamente. Mesmo com a capa de chuva eu estava ficando encharcada. Estava com medo, pois ali em cima eu ficava totalmente vulnerável e exposta aos raios. Podia morrer. Qualquer pessoa normal não teria feito uma loucura como aquela. Mas se o que estava no terraço era realmente um garoto, precisava chegar até ele. Não era só a minha vida, era a dele também.
Ao me aproximar pude confirmar: Era realmente um ser humano caído ali. Um garoto que estava em péssimo estado. Estava desacordado. Ferimentos marcavam a maior parte de seu corpo. Pernas, braços, torso. Suas roupas estavam surradas, sujas e rasgadas. Eu não fazia ideia de como ele fora parar no terraço do prédio, estando no estado em que estava, mas não podia mesmo deixá-lo.
Ele era pesado, mas com muito esforço consegui carregá-lo até o meu apartamento. Possuía estatura mediana, estranhos cabelos rosados e músculos bem definidos. O deitei no sofá, sem me importar se iria molhar o estofado. O garoto respirava, então ainda devia estar vivo. Pensei em chamar uma ambulância, mas nem o celular nem o telefone funcionavam. O jeito era esperar que ele acordasse.
Assim como ele, eu estava encharcada. Não poderia tomar banho naquele momento, não com aquela tempestade, então apenas me enxuguei com uma toalha e vesti roupas secas. Bem que tentei dormir, mas de jeito nenhum conseguia. Os trovões antes já eram motivo suficiente para não conseguir, com um estranho em casa então. Minha preocupação tirou completamente o meu sono.
Quem era aquele garoto? Como ele fora parar ali, no terraço de um prédio tão alto? Como conseguiu todos aqueles machucados? De onde vinha? Muitas perguntas rondavam a minha mente, e por mais que eu pensasse, não conseguia encontrar as respostas. Passei a noite no chão da sala, em claro, esperando que ele acordasse a qualquer momento.
Na manhã do dia seguinte a tempestade já havia cessado, apesar do céu continuar muito nublado e de uma fina garoa ainda cair. Eu estava muito cansada, ficar acordada durante a noite inteira não foi uma experiência agradável. Preparei um café, para quem sabe assim despertar um pouco.
A água já quase fervia quando o estranho se moveu. Abandonei o fogão o corri até ele, impedindo-o de se sentar.
― Ei, você está muito machucado, é melhor continuar deitado.
― Onde... Onde eu estou? ― Perguntou assustado e desnorteado, olhando para todos os lados do apartamento, analisando o local.
― Está tudo bem. Você está na minha casa. Eu te encontrei e te trouxe para cá. Qual é o seu nome?
Demorou um pouco para responder, ainda estava se situando. Quando voltou a falar, parou de olhar para as paredes e fitou os meus olhos.
― Natsu.
Natsu. Ok. Eu já sabia ao menos o seu nome.
― O que aconteceu com você, Natsu?
― Eu... não me lembro. Não me lembro de nada
♪