Na Fronte.

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    Capítulo 1

    Na fronte.

    Boa leitura o/

    As ruas juntamente com a cidade estavam destruídas. Graças aos bombardeios diários a, antes gloriosa, Londres estava destruída. Havia fogo por toda a parte. As casas queimavam e gritos eram ouvidos de todos os lados. A fumaça e fuligem tomavam conta de toda a peça, não era possível ver nada a sua frente. Usando sua farda da Marinha Real Inglesa o marujo Elliot Taylor andava confuso pelas ruas destruídas. Os cabelos pretos estavam cobertos de fuligem e os olhos azuis cintilavam o dançar das chamas. Estava a caminho do porto quando Londres foi bombardeada, o bombardeio mais feroz. Mesmo sabendo que não devia ter restado nada, continuou na direção do porto, na direção do navio que o esperava.

    O mar estava mais fúnebre que o normal, estava vermelho. Navios queimavam e outros afundavam. Nada tinha restado. Alguns marujos tentavam se salvar agarrando-se a pedaços das embarcações. Entretanto o mar é frio e cruel, tirava a força dos bravos homens que tentaram defender seu país. Elliot os viu morrer, os viu abandonar a vida com um sorriso no rosto, tarefa comprida. Morreram com honra. Nem o sol ousou aparecer para dar esperança aos que ainda tentavam sobreviver. Era para o marujo Elliot Taylor estar lá também, mas tinha se atrasado.

    O homem sentou-se no cais e ficou olhando o horizonte. Estava calmo demais apesar da situação que se encontrava. Foi quando ouviu alguém chamar.

    - Ei! Garoto!

    Outro marujo, não, era o Segundo Tenente que deveria estar em casa naquele dia. Carregava consigo duas Lanchester ? submetralhadora exclusiva da Marinha Real Inglesa. Trajava apenas a calça da farda e uma blusa branca, mais os coturnos novos. ? Taylor!

    Elliot levantou-se e bateu continência assim que o homem aproximou-se. ? Senhor.

    - O que fazia sentado ai? Temos que correr, estão precisando de nós! ? assim que terminou jogou uma das armas pro outro. ? Pegue.

    - Onde o senhor conseguiu isso? ? perguntou olhando incrédulo.

    - Segredo. ? sorriu maroto. ? Vamos!

    O soldado apenas seguiu seu superior não sabendo direito para onde iam. Chegaram a uma área que antes era cheio de prédios residenciais. Agora não tinha mais nada, apenas destroços. Uma enorme nave os esperava lá. Estava com a pintura lascada por causa dos eventuais combates contra os nazistas. Não era comum ver uma daquelas em uma situação normal. Normalmente os ingleses viam Spitfire sobrevoando suas cabeças e não naves.

    - Não fique ai admirando, entre logo. ? ordenou o Segundo Tenente.

    - Mas e os Spitfire?

    - Eles não são mais eficazes meu amigo, precisamos de algo melhor.

    Taylor assentiu e entrou na nave. Seu interior era diferente de qualquer outra aeronave que teve a oportunidade de entrar, começando pelo fato de caber mais de duas pessoas em seu interior. Havia vinte e cinco pessoas, entre pilotos, soldados e apoio. Com os dois eram vinte e sete.

    - Espero que não sintam saudades da água. ? comentou sorridente o comandante da BlackStar 5. ? Sejam bem vindos, pelo visto não sobreviveram muitos. ? comentou tristonho.

    Foram dadas novas roupas para eles, a farda do Exército Especial Aéreo. Não era muito diferente da aeronáutica, só mudava a cor. Porém Elliot negou dando a desculpa que a única coisa que tinha sobrado era aquelas roupas e não queria abandoná-las. Ninguém insistiu para trocar de roupas, todos ali tinham perdido suas casas e sabiam como ele estava se sentindo.

    Com as ordens do comandante os dois pilotos ligaram os motores e levantaram voo. A nave era silenciosa e nem parecia que estavam muito rápido. Podia andar normalmente, não tinha nenhum balançar ou solavanco. Os tripulantes tomaram seus postos e começaram a monitorar o espaço aéreo.

    - Senhor. ? Taylor chamou a atenção do Segundo Tenente.

    - Me chame pelo nome, me chame de Henry. Não é mais necessária toda essa formalidade. ? censurou.

    - De onde veio essa aeronave? É diferente.

    - Também me perguntei isso quando a vi pela primeira vez. Não foi essa que vi e sim a sua irmã a BlackStar 4, bela nave. ? comentou. ? Depois da Primeira Guerra, acharam que era necessária a criação de formas melhores de defesa. Então cientistas de todo o país começaram a desenvolver protótipos de uma nova tecnologia. A primeira BlackStar levantou voo num descampado, mas caiu uma hora depois matando seu piloto. ? sua voz se entristeceu, porém logo voltou ao timbre normal ? A segunda não falhou, porém não era suficientemente rápida, essa foi melhorada e dela foram feitas mais três. Cada uma com uma melhoria aqui e ali. ? concluiu.

    - Estamos na mais forte delas, certo? ? indagou depois de ter ponderado por alguns minutos.

    - Isso mesmo.

    Ano: 1944

    Eles estavam sobrevoando as fronteiras da França. A viagem foi parcialmente tranquila devido ao dispositivo de camuflagem. No caminho travaram algumas pequenas batalhas aéreas onde saíram vitoriosos. A BlackStar 5 precisava de reparos, alguns se seus canhões tinham sido danificados, assim como o radar.

    Elliot estava sentado na sua mais nova cama, olhando para os coturnos gastos, quando foi chamado. Estavam chegando perto da área de combate. A missão da BlackStar 5 era libertar a França. Um apito estava sendo tocado por um soldado que corria pelos corredores da nave, chamava todos os que estavam em seu horário de descanso. Naquela situação eram necessários todos os tripulantes, até mesmo Elliot que não sabia atirar com os canhões de plasma da nave ? mesmo com o tempo que morou na BlackStar ainda não tinha tido a oportunidade de aprender.

    - Precisamos de apoio terrestre! Onde estão os soldados franceses?! ? gritou o comandante. - Preciso de alguém lá em baixo! ? vociferou.

    - Eu vou. ? Taylor saiu da porta que dava entrada ao centro de comando. ? O que preciso fazer?

    - Tem certeza rapaz? ? o outro assentiu então o comandante começou a explicar ? A BlackStar precisa pousar, em menos de meia hora estaremos levantando voo de novo. Nenhum nazista pode nos ver, você entendeu? Mate qualquer nazista que se aproximar.

    Antes de pular num paraquedas, foi dito para que fizesse um risco na sua identificação. Caso não desse para ser pego ou morresse, os inimigos não podiam ficar sabendo da sua identidade. Feito isso, ele pegou o para quedas e pulou. Tinha levado consigo apenas a Lanchester e munição, mais nada. Era um bom atirador.

    (Em uma fazenda no interior da Inglaterra, um pai e seu filho caçavam um servo para o jantar. O garoto tinha dez anos e já carregava uma espingarda consigo. Naquele dia aprenderia a atirar.

    - Olhe aqui. ? mostrava o pai ajoelhado ao lado do menino à mira da arma ? Assim que tiver mira você dispara, entendeu?

    O menino assentiu e foi se esconder atrás de uma moita para esperar a caça. Deitou no chão e viu seu pai ir um pouco mais pra frente, entretanto ainda ficando do seu lado. O dia estava ensolarado e terrivelmente quente, ficar ali estava sendo uma tortura, mas ele persistiu. Logo o servo deu as caras, estava distraído. O menino levantou-se silenciosamente ficando sobre os joelhos. Mirou com toda a calma que podia ter no momento e quando tinha perfeitamente a mira da cabeça do servo, ele atirou.

    O bicho caiu no chão morto.

    - Parabéns filho! ? exclamou o pai).

    Elliot aterrissou perto de um prédio que estava metade destruído, porém ainda parecia forte para aguentar alguém. Soltou-se do para quedas e o escondeu em um buraco ali perto. Agachado ele entrou no prédio e levantou-se. Com a Lanchester em punhos pronto para atirar em quem encontrasse pelo caminho, Elliot chutou a porta de um dos apartamentos e escondeu-se ali. Olhou pela janela que tinha próximo notando que estava cheio de nazistas ali e aparentemente nenhum deles viu quando saltou. Ótimo.

    Mesmo estando com o dispositivo de camuflagem ligado, era possível ver o deslocamento do ar provocado pela velocidade das hélices da BlackStar. Alguns dos soldados que estavam na rua notaram essa diferença no céu e logo soaram os alarmes. Taylor não ficou apenas observando, logo começou o que tinha vindo fazer ali.

    Mirou no que estava exatamente no local onde a nave pousaria. ?Menos um?, contou. Menos dois, menos três, menos quatro. Ele foi localizado, não ficaria para sempre incógnito. Dois nazistas entraram no prédio procurando pelo atirador. Elliot não estava mais no apartamento de antes. Enquanto os dois subiam, ele descia pelas escadas de emergência que ainda estavam ali. Novamente escondeu-se e voltou a atirar. Matou quem estava ali, mais os dois soldados que procuravam por ele.

    A missão foi completada, a BlackStar pousou e os reparos foram feitos. Entretanto, os nazistas já tinham pedido reforços e ele logo chegou. O comandante da nave não podia atirar naquela região, então novamente outra missão foi subentendia por Taylor: livrar o caminho pra BlackStar levantar voo.

    Agora ele não ligava mais para sua vida já que sabia que não poderia escapar daquela investida suicida. Elliot adentrou em outro prédio e subiu até onde pôde. No começo da rua era possível ver dois tanques e soldados ? que ele não se interessou em contar quantos ? vindo naquela direção.

    - Você vai morrer e ninguém se lembrará de você, porque você não existiu na guerra. ? sussurrou lembrando-se que raspou seus dados da medalha de identificação.

    Apoiou a Lanchester no para peito e atirou. Sua mira estava melhor que o normal, pois mesmo com os alvos estando muito longe ele estava acertando. Até que ele virou alvo do tanque de guerra. O tiro acertou em cheio o andar que Elliot se encontrava. Destroços voaram para todos os lados e o barulho foi extremamente alto. Os nazistas quando chegaram ao prédio não encontraram o corpo de Elliot, porém era impossível escapar do tiro. Caso escapasse, teria morrido por causa dos destroços.

    Elliot Taylor ficou conhecido como o ?soldado fantasma?. Alguns diziam que o viram atirando contra o inimigo em vários locais da França. Outros que ele tinha morrido em algum buraco e esmagado por um tanque. Entretanto não era possível saber qual era a história verdadeira. Nem mesmo os tripulantes da BlackStar 5 sabiam do paradeiro de Taylor.


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