Prólogo

Ela acordou com o vento frio na sua nuca.

Tudo estava escuro, indicando que era noite ainda. Lucy chateou-se. Odiava acordar durante a madrugada.

Calçou seus chinelos e levantou. Caminhou até a janela. A rua encontrava-se deserta e o único som que se ouvia era o oscilar das folhas amarelas de outono.

Lucy sentiu outra vez o vento frio na nuca. Mas como? O vento estava vindo do seu quarto!

Lucy assustou-se. Desde que se mudou para esta nova casa, há poucos dias, coisas estranhas vêm acontecendo. É como se tivesse mais alguém ali, alguém que insiste em amedronta-la.

? Tem alguém aqui, não é? Eu sei que tem! Quem é você e por que faz isso comigo? ? gritou, com voz plangente, pronta para desatar-se em lágrimas.

Não houve resposta. Nunca há. E a frágil Lucy Heartifilia sempre obtém mais pusilanimidade, a cada noite?

Mas ela não foge. Não desiste. Sua curiosidade é maior que seu medo, que seu sofrimento, que sua dor.

Lucy recompôs-se. Tentaria não chorar, apesar de tudo. Tinha bastante vergonha de demonstrar suas fraquezas.

Um ruído alto incomodou-a. A janela havia fechado sozinha.

Não é nada de mais?, pensava ela.

? Lu-cy? ? ouviu chamarem-na com uma voz rouca.

? Quem está aí? ? a pungente garotinha voltou a berrar; sem resposta novamente.

Todas as noites o sofrimento de Lucy é o mesmo. Ela suporta calada o terror de algo que até ela mesma questiona existir. Ela sofre...

Um pesadelo vivo.