Complementary

  • Poon
  • Capitulos 5
  • Gêneros Amizade

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    16
    Capítulos:

    Capítulo 4

    Reita.

    Homossexualidade, Nudez, Sexo

    Suzuki (Pov)

    Aquele bendito barulho já estava me irritando, tateei em baixo do travesseiro em busca do meu celular, o que foi em vão, ele tem pernas não é possível. Abri os meus olhos encontrando a escuridão do meu quarto.

    Suspirei, parece que não fazem nem dez minutos que deitei.

    Levantei, saindo aos tropeços da cama e fui até a janela, abrindo-a, deixando que a pouca claridade do pôr-do-sol iluminasse meu quarto. Voltei até a cama e balancei a coberta, vi meu celular caindo no chão, peguei-o nas mãos e o visor estava piscando 18:00, desliguei-o, agradecendo mentalmente pelo silêncio.

    Todo dia era a mesma coisa, nunca o achava em meio as cobertas, acabava as sacudindo-as até ele cair, não sei como essa coisa não pifou até hoje.

    Espreguicei-me sentindo uma forte dor nas costas, o plantão de ontem foi - com o perdão da palavra - foda. Parece que metade da população feminina resolveu ter filhos ontem.

    Duas pacientes tiveram complicações no parto e foram para a sala de cirurgia. Meu horário de descanso foi por água a baixo.

    Sai do meu quarto indo em direção à cozinha, trombando com o Uruha que estava andando de um lado para o outro no corredor com o celular em mãos.

    ? Uru, o que foi? ? Perguntei colocando a mão em seu ombro, o fazendo parar de andar e prestar atenção em mim.

    ? É o Taka, ele não respondi minhas mensagens. ? Me olhou aflito.

    ? Ele deve estar ocupado, Shima. ? Falei indo em direção à cozinha.

    ? Você não entende, Akira. ? Falou me seguindo ? Se o Taka tropeça em uma pedra, ele me manda uma mensagem contando, nunca passamos mais de duas horas sem pelo menos trocar um sms e já faz três dias que ele não me manda nada.

    ? Às vezes ele perdeu o celular. ? Abri a geladeira pegando um suco, colocando em cima do balcão, fui até o armário e peguei um copo.

    ? Ele não me responde no facebook também. ? Contou aflito.

    ? Vocês brigaram? ? Perguntei colocando o suco no copo.

    ? Não.

    ? Já ligou para casa dele? ? Perguntei me virando para si.

    ? Já! Reita você não esta entendendo, eu já tentei de tudo! Whats App, Facebook, Sms, Twitter, Tumblr, liguei para o celular dele, mas só cai na caixa, na casa dele chama até cair, já deixei milhões de perguntas no Ask, tô quase tentando sinal de fogo. ? Disse desesperado, mexendo as mãos freneticamente em sinal de nervosismo.

    ? Tudo bem, não sei o que é metade das coisas que você falou... Mas continua tentando, se não conseguir entrar em contato, amanhã você falta aula e eu te levo na casa dele. ? Tomei um gole do meu suco ? Por mais que eu acho que você só esta fazendo tempestade em copo d'água.

    ? Obrigado Aki, mas eu realmente acho que aconteceu alguma coisa. ? Falou decidido, começando a roer as unhas.

    ? Se tivesse acontecido algo de muito ruim, já teriam entrado em contato, não acha? ? Ele assentiu receoso. ? Bom, eu preciso me arrumar.

    Deixei-o na cozinha e fui para meu quarto, abri o guarda-roupa escolhendo minhas roupas, peguei uma calça larga branca e uma camisa da mesma cor. Me vesti indo até o espelho arrumando o meu cabelo em um moicano, coloquei minha faixa, peguei meu celular, saindo do quarto.

    Passei pela sala, pegando meu capacete e as chaves.

    ? Uruha, estou indo. ? Gritei já na porta do apartamento, o loiro apareceu na sala comendo chocolate.

    ? Até amanhã Aki, tome cuidado. ? Assenti fechando a porta.

    Passei pelo corredor e parei na frente do elevador, apertei o botão para descer, quando abriu a porta uma senhora passou por mim com seu cachorrinho entre os braços. Minha vizinha Haruka, uma senhora já de idade.

    ? Bom trabalho, Suzuki-san. ? Desejou assim que me viu.

    ? Arigatou Haruka-san.

    Entrei na caixa metálica, apertando o botão da garagem, desci sozinho.

    As portas abriram de novo quando cheguei ao subsolo, sai indo em direção a minha moto.

    Coloquei meu capacete subindo nela, dando a partida logo em seguida.

    Estava adiantado então fui sem pressa para o hospital, quando cheguei, estacionei a moto na minha vaga.

    Desci da moto, tirei meu capacete, indo em direção à entrada.

    ? Boa noite, Suzuki-san. ? Mari a recepcionista me cumprimentou quando adentrei o hospital.

    ? Boa noite. ? Respondi entrando no corredor, fui em direção ao armários, guardando meu capacete.

    Voltei a andar cumprimentando alguns pacientes conhecidos.

    Como ainda não era hora de bater o cartão, fui em direção a refeitório.

    ? Ué, chegou cedo hoje, Aki. ? Ouvi assim que entrei no refeitório.

    Procurei entre as pessoas que estavam ali, a voz conhecida, vi Ayame sentada em uma das mesas com um copo de café nas mãos, fui até ela e me sentei ao seu lado.

    ? É... Nem sei o que me deu hoje, acordei na primeira vez que o despertador tocou. ? Peguei o copo de suas mãos sem pedir autorização e tomei um gole.

    ? Ei, vai pegar um para você, seu folgado! ? Me deu um 'croque' na cabeça pegando o copo de volta.

    Ri debochado de sua expressão.

    Levantei-me e fui até a máquina de café que tinha no canto da sala, peguei um pouco para mim e voltei para a mesa.

    Ayame estava bocejando e lutando para ficar com os olhos abertos.

    ? Teve um dia cansativo, Aya? ? Perguntei, voltando a sentar ao seu lado.

    ? Uhum, estou tendo problemas com um dos meus pacientes. ? Se virou em minha direção com o semblante preocupado.

    Pelo longo dos anos de convivência que nós tivemos, eu sabia muito bem que ela só fazia esse tipo de expressão quando se tratava de uma criança, já que ela perdeu o filho quando ele tinha quinze anos, foi atropelado por um motorista alcoolizado.

    Sempre que é internado um adolescente, se lembrava do filho e por mais que o paciente seja um desconhecido, ela o tratava como se fosse o seu filho, até mesmo os terminais, sempre lutava até o último suspiro. Tentava de tudo para dar uma segunda chance para a criança, a chance que o filho não teve.

    ? Qual é o caso? ? Perguntei tomando meu café.

    ? Menino, dezesseis anos, foi espancado e, pelo que o homem que o trouxe me contou, foram cinco garotos. Desde que acordou, não fala com ninguém, nem mesmo com os pais. Não sei mais o que faço. Ele não quer se ajudar, não aceita ajuda, não toma os remédios, não come, estou dando medicação pela sonda, mas ele é tinhoso e arranca, esta ficando amarrado o tempo todo, não gosto desse tipo de medidas. ? Contou passando as mãos no rosto.

    ? Não fala? Já tentou chamar um psicólogo? ? Tentei achar uma solução.

    ? Ele não está em choque, só esta com raiva. ? Comentou, tomando um gole de café.

    ? Por quê? ? Bebi o meu também.

    ? Eu não sei, ele não quer falar.

    ? Qual é o nome dele? ? Perguntei, tomando o resto que ainda tinha no meu copo.

    ? Matsumoto Takanori.

    Meu sangue gelou, e engasguei, forcei o líquido a descer pela garganta e tive um ataque de tosse.

    ? Aki, está bem? ? Perguntou, dando tapas em minhas costas.

    Eu assenti.

    ? Que quarto? ? Perguntei me recuperando do susto.

    ? Você o conhece? ? Balancei a cabeça em sinal positivo.

    ? 501. ? Respondeu se levantando.

    Levantei-me, saindo em direção ao quarto com Ayame ao meu lado.

    ? Vocês são próximos? ? Me perguntou.

    ? Um pouco, ele é o melhor amigo do meu irmão mais novo, nós não temos muito contato, mas sinto que ele faz parte da família, sabe?

    Ela franziu o cenho preocupada, passamos pelos corredores em silêncio, por mais que aquela ruga de preocupação tivesse na testa dela, ela não me perguntou mais nada.

    ? Espera um pouco. ? Chamei sua atenção, quando passamos na frente do quarto de um dos meus pacientes.

    Abri a porta de vagar.

    ? Posso entrar, Hajime? ? Perguntei com a cabeça para dentro do seu quarto.

    O menino de seis anos virou em minha direção sorridente.

    ? Pode sim, tio. ? Se sentou na cama, enquanto eu adentrava o quarto.

    ? Preciso de sua ajuda. ? Falei cobrindo minha boca com minha mão, como se tivesse contando um segredo.

    ? E o que é? ? Me perguntou cochichando, sorrindo sapeca.

    - Você tem um chocolate? ? Perguntei cochichando também.

    ? Tenho sim. ? Me respondeu.

    Ele tirou uma barra de baixo do travesseiro e me entregou sem nem mesmo perguntar para quem era.

    ? Arigatou. ? Falei pegando a barra.

    ? Sem problemas tio, vem me ver mais tarde? ? Me perguntou.

    ? Venho sim. ? Respondi me virando. ? Não vai comer muito chocolate antes da janta, mocinho. ? Falei antes de sair do quarto.

    ? Pode deixar. ? Ouvi antes de encostar a porta.

    Balancei a barra na frente de Ayame.

    ? Hajime é chocólatra.

    ? E por que pegou isso dele? ? Perguntou, cruzando os braços.

    ? Isso vai ajudar o Taka a falar. ? Expliquei, voltando a andar.

    ? Ele é chocólatra também? ? Franziu o cenho em duvida.

    ? Não, ele é guloso mesmo. ? Gracejei.

    Guardei a barra no bolso, quando chegamos ao quarto do Takanori.

    Coloquei a mão no trinco para abrir a porta, mas Ayame colocou sua mão por cima da minha me impedindo.

    ? Como você já o conhecia antes, eu tenho que te prever ele está com uma aparência horrível, então não demonstre espanto. A mãe dele ficou chocada quando o viu e depois que o horário de visita acabou ele desandou a chorar.

    Assenti me esperando para o pior e quando abri a porta, nada podia me preparar para aquilo.

    Ele estava amarrado no leito, com uma sonda no seu braço esquerdo, quando ouviu a porta abrir virou o rosto em minha direção, estava com pontos na sobrancelha e com um olho inchado e roxo que mal conseguia abrir, seu nariz estava em um formato estranho e inchado, provavelmente tinha quebrado.

    Sorriu em escárnio para mim, mostrando alguns cortes pequenos em seu lábio inferior.

    ? Quis ver a aberração também? ? Perguntou cínico.

    Um tom que era novidade vindo dele.

    Engoli em seco, o garoto que estava deitado ali não parecia nenhum pouco com o que eu conhecia.

    ? Aberração... Acho que errei de quarto, estou procurando um baixinho mal humorado. ? Respondi em humor, escondendo meu espanto.

    ? Tanto faz, é a mesma pessoa de qualquer forma. ? Fez bico, voltando ao seu normal.

    Suspirei aliviado e entrei de vez no quarto sendo seguido por Ayame.

    ? Como se sente? ? Ela foi em sua direção, colocando a mão em sua testa, medindo sua temperatura.

    ? Como você acha? Bem que não estou, não é? ? E lá estava o tom ácido de novo.

    Ela olhou para mim surpresa, indo contra toda a lógica daquele momento, sorriu, o que me fez franzir o cenho essa mulher deve ter trabalhado muitas horas seguidas e não está raciocinando muito bem.

    ? O que aconteceu com você Taka? ? Perguntei me sentando na sua cama.

    ? Fui atropelado por um caminhão e sai da minha cama. ?Tentou me empurrar com o braço livre da sonda, mas eu nem me mexi, o que fez com que ele desistisse de me tirar dali.

    ? Bom, vamos fazer assim, você responde as minhas perguntas e eu te dou isso. ?Tirei a barra de chocolate do bolso, e por mais que ele tenha feito um expressão de desdém, vi seus olhinhos brilhando.

    ? Por quê? Vai mudar sua vida se saber? ? Perguntou, olhando para direção oposta a minha e parecia se segurar para não chorar.

    ? Porque quem fez isso, não ficará impune. ? Ditei, tentando tocar em seu rosto, mas sua mão me repeliu.

    ? Eu não me importo. ? Falou, secando uma lágrima que caiu.

    ? Não parece que não se importa. ? Toquei sua mão. ? Me deixa ajudar. ? Sussurrei.

    Ele negou com a cabeça, percebi que seria mais difícil tirar respostas dele do que eu pensava, o chocolate nem de longe fez o efeito que eu esperava.

    Suspirei tocando minha faixa, ver ele ali me fez lembrar quando era eu no seu lugar.

    ? Taka... ? Chamei receoso, mas ele continuou olhando na direção oposta, entrelacei nossas mãos em um ato tão atípico de mim, para passar algum tipo de confiança e por mais surpreso que ele tenha ficado não me olhou.

    ? O Kou não te contou porque eu uso essa faixa, né? ? Ele negou com a cabeça ? Bom... Quando eu era mais novo, eu não tinha muitos amigos ? Abaixei a cabeça e fitei nossas mãos com vergonha do meu passado, mas era uma boa causa afinal. ? E sempre fui ?zuado? na escola. Teve um dia que uma das líderes de torcida se declarou para mim, o que foi uma surpresa pensei que eu fosse invisível para as meninas na época, enfim... No outro dia, o boato estava rolando solto no colégio, um dos garotos do time gostava dela, ele não gostou muito das fofocas e chamou alguns amigos para me baterem depois da aula, fui pego de surpresa, não teve muitas coisas a se fazer, apesar de eu ser grandão e ter machucado um pouco os garotos eu sai com o nariz quebrado, comecei a usar a faixa pra esconder o machucado, e mesmo depois que tinha sarado, acabei pegando o costume de usá-la. ? Senti o Taka apertando sua mão contra a minha, levantei o olhar vendo que ele me encarava interessado.

    ? Mas ficou com a garota? ? Me perguntou.

    ? No final das contas, eu tinha dispensado a menina. ? Falei sorrindo amarelo, ele me lançou um meio sorriso.

    ? Azarado. ? Gracejou rindo.

    ? Não tenho culpa se sou lindo. ? Comentei, me vangloriando.

    O que fez ele rir mais ainda. Me concentrei naquele sorriso, por mais que ele tivesse com a boca toda machucada, achei lindo. Era fofo o jeito com que seus olhos se fechavam e apareciam ?ruguinhas? na lateral. Meu peito se aquecia em saber que a culpa de seu sorriso era eu e que ele era lançado a mim.

    ? Toshio Hiroki. ? Sua voz me tirou do meu transe.

    ? Hum?

    ? Foi ele que me deixou assim, Toshio Hiroki. ? Repetiu abaixando a cabeça, e foi minha vez de apertas nossas mãos, tentando transmitir apoio.

    ? Por quê?

    ? Porque eu fiquei em primeiro lugar do Ranking, e ele em segundo. ? Me respondeu, o estranho é que dentro de mim um pedacinho estava contente em saber que isso não era por causa de garotas.

    ? Ele vai ter o castigo que merece. ? Taka levantou o olhar, aflito.

    ? Não se preocupe, ele não vai se aproximar de você novamente, não tão cedo pelo menos. ? Ayame finalmente se pronunciou, e nós dois olhamos em sua direção confusos.

    ? No mesmo dia em que você foi internado, ele também foi ? Explicou.

    ? Motivo? ? Perguntei.

    ? Atropelamento. ? Vi Taka olhar surpreso em minha direção.

    ? Bom, mas assim que ele se recuperar ele vai pagar pelo o que fez. ? Falei convicto.

    Olhei nossas mãos ainda juntas, acabei vendo o relógio em meu pulso, levantei em um pulo assustando eles.

    ? Ai meu Deus, estou atrasado. ? Levantei indo em direção a porta, mas voltei assim que me dei conta que ainda segurava a barra de chocolate.

    ? Depois eu trago mais. ? Falei entregando a barra para ele, e seus olhinhos brilharam em expectativa.

    Quando estava prestes a sair do quarto escutei o Taka me chamando.

    ? Sim? ? Olhei para ele.

    ? Não conta nada para o Kou, ? Me olhou esperançoso.

    ? Mas nem pensar, o Uruha já esta quase abrindo um buraco dentro do apartamento de tanto ficar andando de um lado para o outro preocupado com você.

    ? Eu não quero que ele me veja assim, estou horrível. ? Falou com a voz carregada de culpa.

    ? Ayame, ele está feio? ? Perguntei olhando para ela.

    ? Nem um pouco. ? Ditou convicta.

    ? Na minha opinião, você continua lindo ? Falei piscando um olho, vi seu rosto corar e ouvi minha amiga rir antes de fechar a porta.

    Suspirei, estou prevendo uma noite longa pela frente.


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