Reita... Entre 1984 e 1985 era o nome mais falado em todo o Japão. Em jornais, revistas, nas ruas, esquinas, grandes avenidas. Por onde se passava ouvia-se falar dele.
Reita, ou o ?estuprador de Tokyo?, foi o criminoso mais perigoso da história do Japão.
As vitimas que sobreviveram ao estupro retratam, com medo, a frieza e falta de compaixão do estuprador. Descrevem Reita como um homem de aproximadamente 1,75 metros de altura, cabelos loiros espetado na forma de moicano com uma mecha em seu olho esquerdo e usava uma faixa cobrindo o nariz e, ás vezes, até a boca.
A equipe do 48° Batalhão de Tokyo é que investigava o caso. Suzuki Akira era o investigador principal. Todos os consideravam to ?bondoso? que todo dia ganhava um pedaço de bolo da Mikoto-san, ou bombons das meninas do colégio próximo ao batalhão, ou qualquer outra coisa que as pessoas de seu bairro achavam que pagaria o ótimo trabalho do excepcional policial. Mal as pessoas sabiam o quão ?bondoso? Akira era.
Voltando a Reita - como se nunca tivéssemos parado de falar dele-, o estuprador agia na calada da noite, se aproximando de adolescentes de 12 a 16 ano. Levava-as para um parque deserto na periferia da cidade.
Permita-me, caro leitor e juizes, de aqui transcrever o trecho que se repetia em todos os casos relatado por sobreviventes:
?Reita: Vamos brincar de estupro?
Vitima: Não!
Reita: É assim que se começa!?
Essas vitimas relatam o episódio com medo. Dizem que o sorriso sádico do criminoso parecia ter vindo de um personagem do pior filme de serial killer.
Assim como em outros casos, a exemplo do caso Kira*, colocaram ?Reita? como pseudônimo do investigado.
Foi numa noite de verão, daquelas quentes com uma garoa fina e o ar abafado, que descobriram Reita. Ele estava próximo a uma rodovia, entre uma placa, arvores e mato, junto a Oni, uma estudante muito amiga do policial Akira, o protetor. A garota de voz angelical e corpo virgem, mostrando sinais atenuados da puberdade, não sobreviveu ao ?ataque?. Fora mais uma vitima de Reita, que assim que descoberta sua identidade, foi preso e levado ao 48° Batalhão de Tokyo, o mesmo que trabalhava, e lá passou 20 longos e agonizantes anos trancado numa cela.
Antes de tudo, permita-me caros juizes e leitores de me apresentar. Suzuki Akira, ou como toda a população japonesa me chamou nesse período, Reita. Chame-me como preferir, como achar mais... Conveniente!
~* Nameless Liberty *~
20 anos sem ver a luz direta do Sol. Foram 20 anos sem viver em sociedade. 20 amos numa cela... Em 20 anos muita coisa mudou na cidade. Parece que ninguém mais se lembra de mim, e muito menos do que eu fiz.
Do outro lado da rua há uma praça, onde crianças pré-puberbas brincam, inocentemente. Instantaneamente lembrei-me de meu passado, e uma vontade quase incontrolável tomou conta de meu ser. Caros juizes e leitores, se não fosse pelo quase acredito que nunca mais veria o Sol além da pequena janela com grades da cela onde passei os últimos 20 anos.
Tentando tirar essa idéia tão tentadora da cabeça, me dirigi ao orelhão na esquina da praça, próximo ao tentador parquinho. Observando essas ninfas brincarem -sim, ninfas, pois crianças são criaturas tão belas que acredito serem encarnações desses seres mágicos, me atiçando com sua beleza inigualável e tomando conta de meu ser, atraindo-me e afogando diante de seu enorme prazer. E tendo essa ?vertigem? pedi à telefonista que me transferisse para a linha de Suzuki Naomi, minha irmã. Assim que passada a ligação a pedi para me buscar.
Em 20 minutos -um tempo um tanto quanto clichê- minha irmã surge em frente à delegacia junto a um garoto baixinho, de cabelo castanho claro e trajando vestes escuras. Minha irmã não mudara muito desde a última vez que a vi. Continuava com seu cabelo comprido, preso num coque. Sempre com o semblante serio e roupas casuais.
-Er... Boa tarde imouto! - me pronunciei o mais simpático possível.
-Boa tarde, Akira. -me respondeu secamente - Vamos para um lugar... - olhou para a praça- menos sádico, se assim posso dizer.
-Claro...
-Este é meu filho-fez um sinal para o pequeno se apresentar.
-Suzuki Akira-san, me chamo Matsumoto Takanori, prazer em conhecê-lo. - Fez uma pequena reverencia com a cabeça.
Entramos num tradicional Mercedes japonês vermelho e fomos ao que parecia ser sua casa. Em todo o percurso permanecemos calados, apenas ouvindo um CD que Takanori havia colocado.
Paramos em frente a uma grande mansão. Na pequena placa dourada próximo as grandes barras de metal do portão indicava ?Família Matsumoto? escrito em uma caligrafia caprichada. A casa, embora majestosa com seus 2 andares e seu enorme jardim, era, por fora, totalmente em estilo japonês.
Por um instante houve um rangido e, então, o pesado portão se abriu. Adentrando na propriedade dos Matsumoto-san pude ver o trabalho do jardineiro ao cuidar de um bonsai. No meio do grande jardim havia uma belíssima fonte. Tudo naquele jardim possuía um grande ar de majestosidade: desde a rala grama, as perinhas no caminho, as flores, até mesmo o fio de água que cortava o caminho, o pequeno lago de carpas e até mesmo a fonte.
Descemos do carro e entramos numa espécie de varanda, onde trocamos os sapatos. Naomi abriu a porta e pude perceber o quão bem de vida ela era agora. Todos os móveis eram modernos, com pequenos detalhes do velho Japão. Indicou-me um dos sofás brancos para me sentar.
-Takanori, vá para o quarto. Preciso falar a sós com seu tio.
-Tudo bem okaasan. - Fez uma pequena reverencia e se retirou, subindo a escada prateada que ficava adiante da sala de jantar.
-Akira, as coisas mudaram muito desde que foi preso. Há dois anos nossa mãe lutou bravamente contra um câncer de mama, mais o diagnóstico foi tardio demais para um tratamento e ela faleceu a 2 meses, com a esperança de te ver solto. Nosso pai -fez uma pausa- Nosso pai foi linchado pela população no dia em que foi condenado, e não resistiu... Ele foi morto pelo que você fez! - praticamente gritou nessa última frase.
- Otoosan... Me perdoe! - Sussurrei.
- Depois de 6 meses da morte de nosso pai me casei com o atual dono da Matsumoto, a grande empresa de materiais escolares. Kaito e eu conversamos e concordamos que você poderia ficar aqui por uns 2 meses, até conseguir arrumar um emprego. Isto é, se você conseguir com esse passado nojento. Enquanto fica aqui terá que ajudar Takanori. Levará e buscará ele da escola, além de ajudar na lição de casa e em tudo que ele precisar. Mais não vai achando que vão ficar tão sozinhos assim. Estou de olho em você Suzuki Akira! Se alguma coisa acontecer com meu pequeno por sua causa, vou jogar você atrás daquelas grades novamente até o último dia de sua vida, nem que seja a última coisa que eu faça! - seu tom era áspero, provando o quão verdadeira eram suas palavras. Isso provocava um arrepio nas minhas espinhas, tão grande que eu nunca o sentira em minha vida. - Concorda?
-Não tenho escolhas... - Naomi olhou fixamente nos meus olhos antes de me ordenar:
-Suba para o quarto de hospedes que preparamos para você... Subindo as escadas, é a segunda porta à esquerda.
Segui o caminho indicado. O corredor era extenso, devia ter umas 10 portas diferentes. A cerâmica do vidro era branca, enquanto as paredes possuíam uma tonalidade bege claro. Entrei na possível porta e me deparei com um quarto enorme. As paredes eram beges mais escuros do que ao do corredor, enquanto os móveis eram todos tabaco. O piso era de madeira marrom, e a roupa de cama branca com detalhes cinza... Havia uma mesa com duas cadeiras enfrente a uma pequena varanda. A mesa possuía um tampo de vidro e um bonsai enfeitando-a. O Guarda roupa era embutido, com portas de espelho. Grande o suficiente para um casal. Havia também um sofá de 2 lugares e uma TV grande de LCD e um DVD. A vista da varanda dava ao jardim lateral. Possuía a mesma magnitude do de entrada.
Fechei a porta de iro da varanda e deitei na cama, fitando o teto. Imerso em tudo o que ocorrera hoje, um pensamento me assombrara: será que eu estava arrependido de tudo o que eu fiz? Meus pensamentos foram interrompidos por Takanori.
-Minha okaasan me disse que se eu precisasse de ajuda de ajuda na lição de casa podia pedir a você... -disse timidamente
-Claro! No que seria?
- Posso entrar? - A empregada perguntou, abrindo uma pequena fresta. - O café da tarde já esta pronto my lord!
-Vamos! - Takanori me puxou.
Com a leveza de um gato, Takanori desceu a escada aos saltos. Voltamos a sala com 2 ambientes e nos sentamos na parte da salde jantar. A mesa estava cheia de bolos, sucos, geléias, pães, etc.
-Okaasan, Akira-san esta me ajudando na lição! - dizia com os olhos brilhando
-Hum, que bom! Er, oniisan, depois do lanche, poderia me ajudar a tirar a mesa? - praticamente impôs
-Claro! Takanori-kun, não precisa de tanta formalidade, pode me chamar de Akira mesmo!
Passamos o café conversando assuntos banais. Ao terminar, Takanori se retirou para seu quarto.
- Akira, preciso ter uma conversa com você....
- E sobre o que seria ?
- Não quero que conte para Takanori sobre seu passado.
- Mais e se ele me perguntar onde eu estive nesses últimos 20 anos?
- Diga que estava no exterior!
- Você sabe que uma hora ele vai descobrir... - Naomi abaixou a cabeça.
-Eu sei... - escutei um soluço - Mais não quero que ele saiba ainda...
-Naomi estava... Chorando? Desde que tínhamos 7 anos eu nunca a vi chorar! A abracei e ficamos ali, o resto da tarde, nos consolando e questionando sobre essa liberdade sem nome.
--Nameless Liberty--
*Kira: Sim, é uma alusão a Death Note!
-Okaasan, Akira-san esta me ajudando na lição! - dizia com os olhos brilhando
-Hum, que bom! Er, oniisan, depois do lanche, poderia me ajudar a tirar a mesa? - praticamente impôs
-Claro! Takanori-kun, não precisa de tanta formalidade, pode me chamar de Akira mesmo!
Passamos o café conversando assuntos banais. Ao terminar, Takanori se retirou para seu quarto.
- Akira, preciso ter uma conversa com você....
- E sobre o que seria ?
- Não quero que conte para Takanori sobre seu passado.
- Mais e se ele me perguntar onde eu estive nesses últimos 20 anos?
- Diga que estava no exterior!
- Você sabe que uma hora ele vai descobrir... - Naomi abaixou a cabeça.
-Eu sei... - escutei um soluço - Mais não quero que ele saiba ainda...
-Naomi estava... Chorando? Desde que tínhamos 7 anos eu nunca a vi chorar! A abracei e ficamos ali, o resto da tarde, nos consolando e questionando sobre essa liberdade sem nome.
--Nameless Liberty--
*Kira: Sim, é uma alusão a Death Note!