Dia dos Namorados, o dia em que todos ficam agitados e loucos para sair para entregar chocolates para a pessoa amada. Eu sinceramente detesto esse dia, pois as garotas ficam agitadas demais para entregar seus chocolates para os garotos da Turma da Noite e quem tem que segurá-las? Euzinha claro.
Mas meu Dia dos Namorados não começou assim. Assim que abri a porta do meu quarto hoje de manhã encontrei duas garotas com os olhos arregalados e brilhando de alegria que gritaram meu nome, me assustaram e eu quase caí no chão.
- Yuuki, você vão deixar a gente ver os garotos hoje não vai? ? uma delas perguntou super animada.
- Por favor Yuuki, diga que siiiim ? a outra implorava.
- Farei tudo organizadamente ok? ? respondi.
As garotas gritaram de alegria de tal maneira que quase fiquei surda e depois saíram correndo para contar às outras amigas.
No caminho para a aula, encontrei Zero no lugar em que costumava encontrá-lo sempre e me lembrei para quem daria um chocolate hoje. Claro que não lhe dei uma indireta, apenas dei o mesmo sorriso de sempre para ele e ele me retribuiu com aquele sorriso torto e insignificante maravilhoso.
Durante a aula ouvimos as garotas cochicharem para quem entregariam seus chocolates hoje.
- Hoje as coisas ficaram bem difíceis de controlar ? disse Zero com um suspiro.
- Pois é ? suspirei também e fiz uma cara triste ? Por isso odeio o Dia dos Namorados.
Quando a aula acabou, saí com Zero mas comecei a andar mais rápido que ele.
- Aonde vai com tanta pressa Yuuki? ? Zero perguntou.
- Aaaam... preciso resolver algumas coisas com meu pai ? dei um sorriso enorme para Zero - Tchauzinho! Até mais tarde.
Quando cheguei fui até a cozinha e comecei a preparar o chocolate. Foi um completo desastre, pois haviam restos de tentativas de chocolate em meu rosto, em meu avental, em todo lugar, mas chocolate nenhum conseguia aparecer. Acredito que a melhor coisa que eu já tenha cozinhado foi o yaksoba. De repente meu pai aparece na cozinha.
- O que está tentando fazer Yuuki?
- Tentando mesmo. Eu quero fazer um chocolate mas acho que não consigo.
Meu pai começou a rir.
- Venha, eu te ajudo.
Meu pai começou a me ajudar a cozinhar, acabou que ele fez todo o chocolate enquanto eu apenas o moldei e o coloquei numa caixinha enfeitada. Pelo menos isso eu sabia fazer.
Mais tarde, fui organizar as meninas para a entrega de chocolates. Eu as dividi em grupos, cada grupo correspondia a um dos garotos da Turma da Noite. Quando os garotos chegaram, os grupos se desfizeram e todas começaram a correr em direção ao garoto que queria. Tentei segurá-las ao máximo mas elas me empurraram tanto que acabei caindo nos braços de Aidou.
- Eu sabia que um dia você correria para meus braços Yuuki.
Me soltei dos braços de Aidou rapidamente.
- O que você tem aí para mim?
- Nada! O que tenho aqui é para outra pessoa.
Me virei e saí de perto dele. Acabei desistindo de segurar as garotas. Elas investiam toda a força que tinham em mim.
Mais tarde, na hora da vigia, fui para a fonte do ?jardim-floresta? e fiquei observando a água cair.
- Yuuki?
Olhei para trás e vi Zero.
- Yuuki eu...
Me levantei.
- Sim?
- Yuuki eu sei que... sei que você odeia o Dia dos Namorados mas... ? ele parecia meio sem jeito.
Zero colocou a mão no bolso da calça e tirou de lá um ursinho de pelúcia cor de rosa com os olhinhos pretos brilhantes e com um lacinho vermelho sangue no pescoço, nas mãos do ursinho havia uma caixinha vermelha com detalhes rosas onde deviam estar os chocolates. Fiquei completamente paralisada ao ver o ursinho, eu não conseguia acreditar que Zero me daria um presente de Dia dos Namorados.
- Yuuki? Tudo bem?
Eu o abracei bem forte e super feliz.
- Obrigada Zero.
Ele me abraçou docemente e pela sua voz e seu jeito de me tocar, senti que Zero deu um breve sorriso.
- Por nada Yuuki. Espero que goste.
Demorei um tempo para soltá-lo e então me lembrei que tinha um presente para ele também. Parei de abraçá-lo e colocquei a mão em meu bolso.
- Tenho algo para você também ? mostrei para ele a caixinha, era algo super simples em comparação ao que ele me dera mas...
- Obrigado Yuuki.
Zero pegou o presente e minha mão junto, me puxou para perto dele e me abraçou bem forte. Ficamos um tempão nos abraçando. Depois Zero afastou um pouco seu rosto de meu corpo e ficou me olhando. Nós nos olhamos nos olhos durante um longo tempo, a face de Zero se aproximava da minha, seus lábios se aproximavam dos meus, Naquele momento senti que aquele seria o melhor Dia dos Namorados da minha vida.
- Não. Acredito.
Pisquei duas vezes rápidas como se tivesse acordado e olhei para onde a voz vinha. Era Aidou .
- O que foi agora Aidou? ? perguntei meio sem paciência pois ele havia estragado o melhor momento da minha vida.
- Eu não acredito que você gosta dele.
- Isso não é da sua conta.
- Você sabe o que ele é?
- Claro que sei.
- Sabe no que ele irá se tornar? Sabe que ele se tornará um Level E?
- Um Level E?
- Sim. Um monstro sem sentimentos e seu único desejo será beber sangue, só isso. Ele pode te matar sabia?
- Zero nunca faria isso, ele nunca se tornaria um Level E, eu nunca deixaria. E por que está se importando comigo agora? Você nunca se importou comigo, com o que eu faço ou o que eu deixo de fazer.
- Não sou eu Yuuki. É Kaname.
- Então diga para Kaname que eu não quero que ele tome conta de mim mais. Já sou bem crescidinha e não preciso de ninguém cuidando de mim. Se eu quero me matar o problema é meu. Diga a Kaname que não quero mais seus cuidados, estou farta de tudo isso!
- Tem certeza que quer que eu diga isso Yuuki?
- Certeza absoluta Aidou.
- Você é quem manda.
Depois disso, Aidou saiu e suspirei furiosa.
Na hora de dormir, não consegui dormir. Fiquei pensando em Zero como um Level E, eu não conseguia imaginá-lo dessa forma. Fiquei observando o ursinho que Zero me dera e então me levantei e fui até o quarto de Zero.
- Zero, posso entrar?
- Claro.
Entrei e Zero estava na cama.
- Te acordei?
- Não, eu não estava conseguindo dormir mesmo.
Dei uma leve e breve risada.
- Eu também não consigo dormir. Eu pensei em ficar aqui. Posso?
- Aaam... claro ? ele disse sem muita animação.
Me deitei ao lado de Zero e fiquei olhando para o teto, não consegui dormir novamente. Virei de lado e disse para Zero:
- Zero, quer beber meu sangue?
- O que? ? ele perguntou assustado.
- Pode beber, estou percebendo que você quer isso. Você está inquieto e seus olhos estão vermelhos.
- Desculpe por incomodá-la.
- Não está me incomodando, pode beber.
Zero tentou de tudo para não beber, mas eu sabia que ele queria e eu simplesmente não me importava com isso. Zero se virou em cima de mim, me olhou nos olhos, veio descendo até meu pescoço e me mordeu. Suas mordidas já não doíam mais, eu me sentia mais tranqüila quando ele fazia isso e eu não sabia explicar o porquê. Coloquei uma mão em sua camisa e de repente meus olhos começaram a se fechar lentamente até que não consegui segurá-los e eles se fecharam por completo.
No outro dia de manhã, abri meus olhos e vi zero dormindo. Ele era tão lindo, tão perfeito. Fiquei olhando todos os detalhes de seu rosto. Ele era meu cantinho de alegria. Zero acordou assustado.
- Yuuki.
- Estou aqui.
Ele olhou para mim assustado, deitou ao meu lado e se acalmou.
- Achei que estava atrasado para te encontrar. E você me assustou essa noite.
- Por que?
- Achei que tivesse te matado ? ele fez carinho em meu rosto e desceu sua mão até onde mordeu. ? Desculpe Yuuki.
- Tudo bem ? coloquei minha mão em cima da dele. - Não doeu nada. Você me acalmou e eu consegui dormir.
Matamos aula naquele dia.
Mais tarde meu pai me avisou que Kaname queria me ver. Como Aidou dava as notícias depressa. Fui até o Dormitório da Lua para encontrá-lo. E fui recebida por Aidou.
- Yuuki, você por aqui.
Aidou tentou parecer surpreso.
- Acho que Kaname quer vê-la. Venha comigo, te levarei até ele.
Suspirei e segui Aidou até um escritório. Kaname estava sentado em uma cadeira, olhando para a janela, de costas para mim. Aidou saiu e fechou a porta, me deixando lá dentro com Kaname.
- Mandou me chamar Kaname?
- Sim ? ele se virou para mim. ? Quer dizer que não quer mais meus cuidados.
- Kaname... não é exatamente isso. É que... eu não quero Aidou me seguindo o tempo todo, não quero ninguém me vigiando o tempo todo, quero viver a minha vida.
- Yuuki ? ele disse como um alerta -, você não sabe nem da metade da história.
- História? Que história?