Boa leitura :3
Há 5 anos atrás, eu duvidava da existência de seres infernais. Tentava enganar minha carne, meu corpo, mas minha alma sabia da verdade. Estava apenas fugindo de uma responsabilidade em uma época de tempos difíceis, tanto que me acarretaram consequências que nunca imaginaria ter aos meus 13 anos. Agora, com dezoito, me encontro escravo de um ser de existência negada por Deus.
Após fazer-me aceitar sua proposta, Aoi, o vampiro que me privou da morte para que sofresse em suas mãos, se foi. Não sei quantos dias se passaram comigo ali, naquele cômodo fétido e úmido, no qual a luz não entrava.
_Mestre Aoi deseja que você esteja apresentável para nosso convidado._ Levantei meu olhar e encontrei Kai parado a poucos centímetros à frente. Essa foi sua primeira visita depois que Aoi saiu da propriedade.
_Para que me tornar apreciável sendo que a morte vira logo em seguida? Não percam tempo com suas escórias, sabes que irei morrer logo após terminar esta missão. Deus queira que isso aconteça, pois não suportarei ser humilhado por criaturas tão vis. Prefiro a morte._ Cuspi em seus pés.
Em um rápido movimento, Kai me levantara pelo pescoço, me suspendendo no ar.
_Não penses que irei aliviar sua dor, caro Ofi?los. Se depender de mim, você e seu amigo sofrerão em minhas mãos._ Apertava minha garganta, fazendo-me sufocar a cada segundo._ Irá fazer o que lhe mando, ou terá que ver seu caro comparsa sem um braço._ Jogou-me ao chão, fazendo assim com que eu puxasse o ar brandamente._ Se fizer alguma graça na frente de Mestre Aoi ou nosso convidado, sua punição não acontecera com você, mas sim com Akira.
Kai aproximou-se novamente e segurou meu rosto com brusquidão.
_Estamos entendidos?_ Perguntou.
_...Sim._ Respondi tentando refrear-me para que nenhuma lágrima escorresse e me humilhasse perante ele.
_Ótimo._Ditou e rapidamente soltou meus braços das correntes. Acariciei o local no qual as marcas do aperto eram visíveis e a dor começava lentamente a findar.
Assim que me levantei, ele puxou-me pelo cabelo até sairmos do local. Entramos em um grande corredor de pedras brutas e escuras que me eram gélidas ao toque, já que precisei apoiar-me nelas para não cair. Em seguida, entramos em uma área na qual algumas lamparinas estavam acessas. Conforme íamos andando, o som de murmúrios se tornavam cada vez mais audíveis, possibilitando-me constatar que ali se tratava de um calabouço.
_Por que há pessoas aqui?_Perguntei em um ímpeto de raiva._Não se contentam em matá-las tomando-lhes o sangue, agora querem apossar-se de reservas?
_Não sabes do que está falando! Se soubesse, garanto que estaria me pedindo desculpas, seu insolente! Além do mais... É mais prático termos nosso alimento estocado aqui, do que nos arriscarmos e perdermos nossas ?vidas? na mão de algum Ofi?los de verdade, já que você não passa da uma prole de um caçador que teve seu nome conhecido nas rodas de nossa sociedade impura, como você diz._ Kai terminara de dizer sorrindo cinicamente.
Meu pai fora um grande caçador enquanto ainda vivo. Era destemido por todos e não aceitava mortes em nossa vila. Nunca deixou faltar-nos alimento, e era ele quem os buscava fora dos campos de trigo que limitavam a parte segura de nosso vilarejo, aos demais locais do pais.
A medida que andávamos, vários olhares me eram direcionados, vindos das pessoas que estavam presas por detrás das portas de madeira, onde apenas uma abertura pequena na extremidade inferior e uma mais ao meio eram visíveis para a entrega de alimento aos prisioneiros.
_Onde está Akira?_ Perguntei tentando parecer mais calmo, porém me contorcia em ancia de vingança sobre aquele ser.
_Seu amiguinho esta bem, não se preocupe com ele... Por enquanto._ Riu assim que saímos daquele aglomerado de saletas fétidas e entramos em um corredor que levava a uma escadaria íngreme.
Subimos por ela e pude ver novamente o interior da casa onde dias atrás eu entrei procurando abrigo.
_Mestre Aoi deixou-me ordens quanto ao seu banho. Deixou vestes limpas e solicitou que eu lhe deixasse como um de nós, ou seja, deslumbrante._ Ditou sério enquanto me jogava dentro de um cômodo que descobri ser o banheiro. Haviam uma banheira localizada ao centro e um espelho já estilhaçado na parede ao lado da banheira.
Kai me deixara ali no chão e então fora encher a banheira. Depois de feito, ele me ordenou que entrasse na água. Como permaneci nú durante todos esses dias, apenas entrei e deixei a água correr por meu corpo.
Enquanto me molhava para que a poeira e a lama saíssem de meu corpo, Kai olhava-me reencostado ao espelho.
_É realmente um desperdício não usufruir de seu corpo. _Estremeci ao ouvir tal frase._ Deve agradecer ao mestre por não deixar que seus outros subordinados te toquem._ Ditou e aproximou-se, agachando perto a mim.
_Não devo nada a alguém como um de vocês. Não sou tolo a ponto de pensar que ele fizera isso para meu bem. Ele quer algo intacto para executar seu desejo. Depois disso sei que serei mais um brinquedo nas mãos sujas e impuras de vocês. A única coisa que espero é que cumpram sua palavra em relação a Akira. Ou pagarão por tentarem me enganar.
Kai fechara sua expressão e rapidamente fizera com que meu corpo afundasse na água. Tentei me libertar, mas sua força era maior devido ao meu estado físico ainda critico pelo ferimento há pouco tempo curado.
_Não pense que deixarei tomar-me meu lugar. Será um lixo perante nossa sociedade e se Aoi quiser brincar com você, garanto que não será por muito tempo, já que ele sempre terá a mim como um de seus preferidos. Depois disso, quando mandarem te executar, saiba que farei de tudo para que sua morte não chegue tão facilmente..._ Ditou e assim que terminou, permitiu que meu corpo submergisse.
Minha respiração era compassada e meu ódio por ele se tornara maior. O primeiro a ser morto, depois de lorde Shiroyama, será Kai.
_Pagara por cada ameaça que me faz agora, criatura pútrida._Respondi entre dentes.
Kai riu.
_Suas ameaças não me valem em nada já que estou com seu amiguinho. Pense bem antes de tentar algo, porque quando estiver começando, saiba que seu amigo já estará sangrando.
Depois de sorrir cinicamente, ele deixou-me terminar meu banho.
As vestes eram compostas por uma calça de couro negra, uma blusa vitoriana branca, onde havia um cordão ao meio do peito para que fizesse a junção de ambas as partes da gola, um coturno também negro e por ultimo, um sobretudo negro também em couro.
Kai, assim que me vira vestido, colocara as correntes em meu pulso e então me fez segui-lo para outro cômodo. A sala principal.
Dias atrás, ela era composta por moveis velhos e empoeirados, mas agora o ambiente, ainda escuro, era decorado por moveis de carvalho e tapeçaria da mais fina lã. A lareira acesa deixava ondas de calor pelo local, fato que estranhei já que vampiros não sentiam as mudanças climáticas ocorridas em sua volta.
_Espere aqui._ Kai ordenou, depositando a outra extremidade da corrente em um gancho de ferro maciço.
Odeio admitir, mas por mais que quisesse sair e fugir dali com Akira, aquelas correntes eram demais para um humano como eu.
Kai fora em direção as cortinas grossas e, para minha surpresa, as abril minimamente. Ao contrario do que se era esperado, sua pele, a qual era exposta aos raios solares, não sofreu alteração.
Começo a pensar que agora não estava mais lidando com simples vampiros. Sem duvida, havia algo diferente. Vampiros queimam quando expostos ao sol. Mas kai...não.
_Mestre acabara de chegar._ Olhou em minha direção e fechou as cortinas._ Comporte-se, ou sofrerá as consequências.
Andou até mim e me colocou sentado em uma das poltronas do local.
Depois de alguns minutos, a porta principal fora aberta, me surpreendendo ao ver que Aoi também não sofrera nenhuma alteração a exposição solar.
_Bom trabalho, Kai._ Aoi falou olhando para mim.
Depois de sua entrada, um ser encapuzado entrará logo após. Aoi Abrirá espaço para ele e então fechou a porta deixando o cômodo novamente escuro.
Lentamente, o ser coberto fora tirando o capuz.
_Seja bem vindo, senhor._ Kai dissera respeitoso para a criatura._Bem vindo, mestre._ Direcionou sua atenção a Aoi.
Agora, sem as vestes que cobriam seu pequeno corpo, pude ver perfeitamente sua face.
_ Ruki?_ Perguntei surpreso.
E agora, meu mundo tornava-se cada vez mais obscuro.