Ajuda.

A Chuva realmente dificultou minha chegada até Kai. Tive que me abrigar várias vezes sobre toldos de lojas ou até mesmo entrar em algumas delas para que não corresse perigo exposto aos relâmpagos e raios.

Finalmente ao chegar, entrei rapidamente e andei até a recepção.

_Ele esta na sala dos professores. Estão lhe dando água com açúcar agora._ Uma senhora me informou assim que entrei.

_Obrigado._ Respondi e segui o caminho pelo qual ela havia me indicado.

O corredor era repleto de folhas com os mais variados desenhos infantis que se possa imaginar, transformando o ambiente em algo receptivo para aqueles que visitavam a escola.

Aproximei-me da porta e então bati. Alguns segundos depois uma mulher abriu e eu pude ver Kai sentado em uma cadeira pouco mais a frente.

Assim que Kai me viu, pulou e correu até mim me abraçando. Agachei-me e então lhe fiz olhar em meus olhos.

_Está tudo bem agora. Eu vim buscar você. Vai ficar tudo bem Kai. Não vou a nenhum lugar..._ Eu ditei para os olhinhos lacrimejados.

Kai chorava agarrado em meu pescoço, enquanto eu o abraçava e ditava palavras doces para acalmá-lo. Levantei juntamente com ele em meus braços e sentei em um banco perto da saída, onde havia um jardim coberto me possibilitando ver a chuva lá fora. Lentamente, ele ia se aconchegando mais e, depois de alguns minutos, dormiu em meu colo.

_Com licença._ Escutei uma mulher me chamar, a mesma era uma senhora já com cabelos grisalhos e usava óculos de grau.

Ela sentou-se ao meu lado no banco em que decidi esperar a chuva diminuir para assim sair com Kai. Conforme se ajeitou, ela acariciou os cabelos de Kai, que repousavam sobre meus braços.

_Kai é uma ótima criança. Precisa ver os desenhos que ele faz. Todos têm você de alguma forma._ Ela sorriu._ Ele te representa em tudo, até em uma tartaruga. Acredita que ele disse que aquele era você quando acordava na segunda feira. Disse que você é ?lento? na segunda.

Eu ri. Kai realmente era uma criança linda. Tinha bom comportamento, e uma imaginação fértil.

_É, realmente pareço uma em segundas feiras._ Respondi sorrindo e acariciando o rostinho que continuava afundado em meu peito.

_Acredito que ele o considera muito. Nunca vi alguma criança que admire tanto um irmão._ A senhora falou._ Está fazendo um bom trabalho, Kouyou.

Olhei para ela. Certamente o caso sobre meus pais fora lhe informado.

_Obrigado senhora, mas sinto que Kai precisa de mais, mais do que eu... Mas não quero perde-lo. Não quero e não posso. Sem ele nada me resta. Kai é minha única família e eu, a dele._ respondi.

_Tudo tem um porque na vida, meu jovem. A vida nos derruba para que possamos nos levantar mais fortes._ Dessa vez, ela acariciou meus cabelos._ Você é um irmão, pai e mãe que muitos nem chegam a ter.

Acenti para ela sorrindo. Não demorou muito para que ela entrasse em uma sala e assim, eu e Kai ficamos sozinhos ali.

Decidi vestir a capa em Kai para que fossemos embora. Repousei seu pequeno corpo no banco e assim que o vesti, levantei e o peguei novamente no colo fazendo com que sua cabeça ficasse apoiada em meu ombro. Ele não acordou para meu alivio, já que tinha pavor de chuva.

Peguei sua mochila e a coloquei por dentro da capa em seus braços, em seguida, rumei para o portão. Comecei a andar rapidamente, antes que a chuva piorasse ou Kai acordasse.

_Kou!_ escutei uma voz chamar poucos metros atrás. Olhei na direção desta e para minha surpresa Ruki saia de um carro esportivo na cor prata e gritava acenando com a mão._Vem logo!

Caminhei até ele ainda surpreso e sem entender. Ao me aproximar, pude ver que era Yuu quem dirigia. Parei na hora.

_Entra logo!_ Ruki veio até mim e kai e me empurrou para que eu entrasse no carro, no banco traseiro. Em seguida ele entrou também e fechou a porta, fazendo com que apenas os ruídos da chuva fossem ouvidos minimamente. Antes de qualquer coisa, olhei para Kai e o ajeitei em meu colo. Suspirei.

Olhei finalmente para Ruki que agora estava apoiado e olhava para nós no banco de trás.

_Como ele está?_ Perguntou preocupado.

_Foi só um susto. Vai ficar bem._ respondi.

_Estava preocupado. Você não chegava mais..._ Ruki ditou manhoso.

_Mas não precisava incomodar o senhor Yuu, Ruki..._ Eu disse enrubescendo.

_Ele não me incomodou. Na verdade fui eu quem propus vir te buscar... Também fiquei preocupado, você saiu apressado nessa tempestade... Algo poderia ter acontecido._ Yuu falou pela primeira vez, enquanto já manobrava o carro em direção as ruas.

Fiquei em silêncio. Fora uma atitude gentil, mas não podia tirar da cabeça a possibilidade daquele homem ainda um completo desconhecido, ser algum psicopata e ao invés de querer ajudar-nos e levar Ruki até nós, na realidade querer nos fazer mal.

O caminho até a biblioteca fora calmo. Kai ainda dormia e acordou poucos minutos antes de chegarmos.

_Bom dia dorminhoco._ Falei olhando para ele que estranhava o local onde estava._ Já estamos chegando à biblioteca.

_Nii-san..._ Ele se encolheu em meu colo com vergonha por perceber que Ruki e mais alguém estavam o observando.

_Tudo bem Kai, o Yuu é amigo!_ Ruki respondeu animado para meu pequenino, que olhou acanhado para Yuu que sorriu ao olhar pelo retrovisor.

_Olá, pequeno chibi._ Yuu cumprimentou.

_Oi..._ Kai respondeu vermelhinho.

Eu aproximei meu rosto do seu e dei uma pequena mordida em sua bochecha, fazendo-o rir.

_Nii-san!_ Ele repreendeu ainda rindo da cócega que provoquei em seu rosto.

_Chegamos._ Yuu avisou.

Estacionou seu carro esportivo em uma das vagas em frente à entrada e virou-se para mim.

_Precisam de algo? Se quiserem, levo vocês até a farmácia._ Perguntou olhando de mim para Kai.

_Não, obrigado..._Comecei, porém me impediu.

_Só Yuu._ Sorriu ao propor seu nome.

Sorri.

_Obrigado, Yuu._ Terminei.

_De nada, Kouyou.

Ruki fora o primeiro a sair e assim, ele abriu a porta traseira e estendeu os braços para Kai, que aceitou e fora em seu colo. Logo em seguida, entraram na biblioteca. Estava saindo, quando Yuu me imopediu.

_Gostei de conhecer você, Kouyou. Se importaria se eu viesse mais vezes te ver?_ Perguntou.

_T-Tudo bem...É sempre bom ter um amigo._ Respondi gentil.

_Sim. Até logo, kouyou._ Ele despediu-se me olhando.

_Até._ Sai do carro e corri para dentro da biblioteca.

Vi o carro se distanciando pelo vitral. Yuu realmente era um homem gentil.

_Kai já está na ala infantil. Esta lendo um livro de patinhos._ Ruki apareceu logo atrás de mim, me dando um susto.

_Ruki! Pare de ser tão Silencioso em suas aproximações..._ Repreendi ainda assustado.

_Mas é engraçado!_ Respondeu travesso.

Revirei os olhos e segui até o balcão.

_Não deveria ter feito Yuu me buscar. Mal o conhecemos. E se ele fosse alguém querendo te fazer mal? Agora sei que não é, mas poderia ser._ Repreendi._ E quem ficou aqui enquanto você foi me buscar?

_Senhora Yuki chegou mais sedo e eu expliquei a situação. Ela me deixou ir com Yuu, já que ele não sabia onde ficava a escola.

_Ok, mas da próxima vez, não aceite carona de estranhos Takanori.

Depois de ver como Kai estava, fui finalmente terminar de organizar os livros que ainda estavam me esperando.