Rosae vermillus - O clã das rosas vermelhas

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    Capítulo 25

    Ad agendum - Para agir

    Violência

    A noite mal começou, e já estava do lado de fora dos portões da casa do velho Pedro. Me incomodava ficar ali, esperando que Karen se recuperasse das feridas causadas por minha culpa. Fazia dias que ela se curava no porão e diferente de mim, não se regenerava tão rápido.

    Já não pensava tanto na vingança que enfim completara. Minhas preocupações momentâneas não giravam em torno de objetivos ou novas convicções, agora que não restava nada. Tudo em que pensava era que tinha sido egoísta ao envolver Karen e ter deixado as coisas chegarem a tanto.

    Ficar ao seu lado e contribuir com meu sangue era o mínimo que poderia fazer mas Lúcius me repreendeu por agir sem pensar. A verdade era de que meu próprio sangue estava enfraquecido. Precisava sair para caçar. Karen dependeria do sangue ralo que constava em nosso estoque, a maior parte de humanos e um pouco de vampiros que Lucius cedeu gentilmente quando pedi. Mesmo assim o progresso era lento, paciência não era meu forte.

    A brisa gelada não me fazia mal algum, era reconfortante como um abraço. A lua não dava as caras, mesmo assim havia estrelas aqui e ali. Era mais do que eu poderia pedir, precisava sair um pouco sozinho.

    Vi pessoas trabalhando em restaurantes e bares. Um entregador de pizza passou pelo canto da lombada em velocidade com sua moto. Uma garotinha fazia birra segurando a mão de seu pai, aparentemente por ele não ter deixado ela brincar em alguma coisa no parque de diversões que estava na cidade. Olhei na direção dele e vi a roda gigante com luzes coloridas, pessoas girando felizes.

    Então vi alguém conhecido em frente a entrada de uma boate. Estava apoiado na moto custom, fumando um cigarro e observando com atenção algo na rua. Seu moicano impecável não estava à mostra desta vez mas o reconheci de imediato pela postura mesmo usando aquela touca. Me aproximei sem deixar que notasse minha presença, ao menos tentei.

    Antes que pudesse alcançá-lo Natan me fitou de esguelha. Sua expressão ameaçadora, implacável, mesmo contra alguém capaz de lhe arrancar a cabeça usando as mãos nuas.

    - Você por aqui vermezinho... soltaram você pra brincar? Lucius está ficando mole.

    - Não sou prisioneiro de ninguém - disse em resposta, mais para convencer a mim mesmo.

    Natan desviou o olhar novamente para um carro estacionado do outro lado da rua. Olhei e vi alguns homens encostados no Sedan vermelho. Riam e seguravam copos de cerveja mas não bebiam. Conversavam num tom baixo e suspeito, do tipo que não me dava vontade de saber o assunto.

    - O que está fazendo Natan?

    Ele deu uma tragada no cigarro e me olhou por um segundo, não mais do que isso. Parecia não querer perder de vista os homens do outro lado da rua.

    - Eu estava lá dentro da boate, dez minutos atrás. Aqueles caras me chamaram a atenção. Tinham acesso vip na boate e vi quando dois deles levaram garotas para um canto e fizeram mais do que dar uns amassos.

    Fiz cara de quem entendeu tudo errado e Natan ficou desapontado e irritado.

    - São vampiros seu imbecil! Malditos sangue-sugas como você! - disse ele ríspido.

    - Tem certeza? - falei tentando perceber algo diferente enquanto os fitava de longe. Usei meu faro e não pude detectar mais do que o cheiro de sangue que ainda estava presente no hálito dos vampiros, mas não consegui distinguir os vampiros dos humanos por perto, estava mais fraco do que havia imaginado.

    - As garotas foram seduzidas, sugadas e abandonadas sutilmente. Fizeram parecer que estavam se pegando no escuro mas eu vi as presas de um deles. As garotas ficaram sentadas ali no bar, com olhar vidrado e desorientadas tempo suficiente para que os malditos saíssem dali dando risadas. É assim que as coisas são na vida noturna, vermezinho...

    - Entendi... e o que acontece agora?

    - Isso depende... você quer brincar? Vou mesmo sem você.

    Eu ri. Natan estava realmente me convidando para aquela festa, talvez não me odiasse tanto quanto pensei. Aceitei e ficamos de prontidão, não demorou muito e os estranhos pegaram a estrada. Partimos atrás deles, um capacete reserva na garupa serviu bem. Não precisava daquilo mas era bom esconder meu rosto ao me envolver em problemas. Oficialmente, ninguém sabia onde ''Leandro'' estava.


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