Liandan

  • Finalizada
  • Kiia
  • Capitulos 12
  • Gêneros Ação

Tempo estimado de leitura: 4 horas

    16
    Capítulos:

    Capítulo 12

    Epílogo

    Álcool, Drogas, Linguagem Imprópria, Mutilação, Nudez, Violência

    Alguns dos personagens citados neste Epílogo pertencem a DarkMichan (Secret, Itsuno e Cerberus).

    Sentia um suave farfalhar de folhas sobre sua cabeça.

    - I-tsu-no.

    Já deveria ser a sexta vez que ela o chamava, mas havia preferido ignorar. Era muito mais fácil permanecer de olhos fechados, a mente longe e presa no passado, em um passado que sequer tinha certeza de ser real.

    - I-tsu-no.

    Tudo bem, você venceu, pensou. Abriu os olhos e a encarou. Ela sorria com a face por cima da sua, enquanto ele não demonstrava qualquer emoção para aqueles olhos azuis, que assumiam um tom esverdeado... Esverdeado como os cabelos curtos dela. Esperou que ela ficasse ereta a sua frente para sentar-se na grama. Estivera cochilando sob a sombra da árvore. Cochilando? Essa não era a palavra certa a ser empregada... Viajando. Essa sim descrevia melhor o que estivera fazendo nos últimos minutos. Minutos? Havia se passado tão pouco tempo assim? A sensação que tinha, era a de que se passaram horas, dias, meses e por fim anos, mas ele sabia que tudo não passara de lembranças. Não suas memórias, mas os momentos preciosos de pessoas conhecidas, ainda que não se lembrasse de certas pessoas que se mostraram para ele.

    - O que foi? ? murmurou enquanto esfregava os olhos.

    - Mandei ela te acordar. ? Nada gentil como sempre. A voz da outra garota soou entediada. Olhos em tom de abobora, assim como os longos cabelos em chiquinhas.

    - Com o que estava sonhando, Itsuno? ? Indagou a de cabelos verdes, seu nome era Secret. Não, claro que não era o nome verdadeiro, mas era assim que a chamavam.

    - Sonhando? ? O irmão se juntou a conversa, Lihn. ? Puff. E esse ai tem cérebro pra isso? ? zombou com um sorriso no rosto, os demais o ignoraram.

    Voltou seus olhos pelo parque. Deparou-se com Evil, a ruiva sentada com um raposo branco no colo. O animal era Yuu, não possuía nada contra ele, mas de todos era com menos se relacionava, o raposo sempre se mantinha distante, evitando ao máximo sequer contato visual, mas agora que parava para pensar, Yuu evitava igualmente os irmãos, Katsu, o mais velho e Lihn, o mais novo, cujo possuía ódio por seu ser. O ser branco e felpudo o fitou por alguns segundos, sério como sempre, depois desviou o olhar para qualquer coisa sem importância. Fez o mesmo sem se importar com o excêntrico Yuu. Avistou os irmãos, Lihn sentado em outra parte do gramado com um picolé de uva em mãos, enquanto Katsu dava uma informação qualquer para duas garotas que o haviam abordado. Por fim, deparou-se com Secret que ainda o olhava com um sorriso no rosto.

    - Não sei. ? Disse simplesmente.

    Secret pareceu desapontada, suspirou e olhou alto, na direção da árvore que os dava sombra.

    - Acha que ele está falando a verdade, Cerberus?

    Itsuno acompanhou o olhar, deparou-se com um homem de cabelos cinzentos, olhos claros, roupas escuras e pesadas, uma personalidade nada amigável. Estava deitado sobre um dos galhos, parecia ocupado com algo e pouco disposto a dar atenção à verdinha. Este olhou em suas direções, por fim deu de ombros e voltou a ler um livro velho qualquer.

    - Chato. ? Secret lhe mostrou a língua. Era uma verdadeira criança apesar da idade já ter ultrapassado os cem anos.

    Eram um grupo grande, nada comum ou discretos, mesmo em um país onde a diferença era algo comum. Após dias cansativos, dias com missões suicidas, eles mereciam descanso, dizia Evil, a suposta líder do bando, e agora lá se encontram, aproveitavam, ainda que a própria Evil não lhe permitisse dormir mais, o tal dia de folga.

    Deixou-se cair novamente no chão gramado, o céu era parcialmente oculto pelas folhas esverdeadas, mas ainda se encontrava especialmente lindo naquele dia, nuvens passeavam pelo céu, como se dançassem ao som da suave melodia do vento, as cores vivas lhe davam um novo animo, não, não para manter-se acordado, mas ao contrário, lhe davam animo para mergulhar novamente na terra dos sonhos, continuar a reviver aqueles velhos tempos, ainda que jamais tenha sido protagonista de todos aqueles dias.

    Por um segundo, por um mísero segundo fechou seus olhos e pode vê-lo. Ainda podia vê-lo brandir sua espada contra o inimigo, mesmo ferido ainda permanecia de pé, lutaria até o fim por aquilo que acreditava, e assim o fez, pensou.

    - Itsuno, levante-se! ? Ralhou uma das vozes femininas.

    Suspirou, prevendo um chute na panturrilha, mas nada fez, sabia que se fizesse, provocaria a ira de Evil, piorando sua situação, e de qualquer forma o chute não foi forte, era apenas a forma dela dizer ?Acorde flor do dia?.

    - Vamos logo, estou com fome e não confio em vocês para deixa-los sozinhos aqui. ? Revirou os olhos aquela de cor laranja.

    - Quero comprar doces. ? Cantarolou Secret com um sorriso infantil estampado na face.

    - Hey, Katsu, vamos logo! ? Ralhou Evil atirando uma pedra na cabeça do lobo em forma humana. Ele estava tão entretido conversando com as duas garotas, que nem ao menos notou a aproximação da pedra que lhe atingiu em cheio a testa.

    Itsuno observou seus companheiros se afastarem, levantou-se e deu alguns passos em frente, mas ouviu uma voz conhecida. Parou. Os olhos arregalaram-se levemente. Não acreditava no que ouvia.

    - Ulric, pare, pare! ? Apesar dos pedidos, continuava a rir.

    Virou-se na direção do som, deparou-se com uma jovem de cabelos castanhos, pele clara e olhos negros típicos de japoneses. Ela se encontrava nos braços de um homem de cabeleira loura e olhos claros, ele ria divertindo-se da situação, pois com a mulher deitava em seus braços, ele a rodopiou por alguns instantes, até finalmente cansar e coloca-la no chão.

    - Lobo Idiota. ? Devolveu sorrindo. Aquele denominado de Ulric retribuiu o sorriso.

    - Claro, mas sou seu idiota, florzinha de merda. ? Ele beijou a testa dela.

    Miraini?

    Observou ela passar a mão nos cabelos de Ulric, não se lembrava da cor ser aquela.

    - Sabe, gosto do seu cabelo assim, com a cor original. ? Ah, agora entendia o porque dos fios loiros.

    - Sério? ? Riu. ? gostava mais do cabelo escuro, de onde venho, é comum demais ser loiro. ? Fez uma careta.

    - E não é comum demais viver no Japão e ter cabelos negros? ? Ele deu de ombros.

    - Mãe, pai! ? Uma vozinha, desconhecida aos ouvidos de Itsuno surgiu correndo na direção do casal. De pele clara, olhos inocentes escuros e os cabelos claros do pai, segurava a mão de um homem mais velho, de aparência cansada, mas que insistia em sempre sorrir para a pequena. Uma pequenina raposa negra acompanhava a jovenzinha pelo campo, com seus olhos negros atentos a todo e qualquer movimento da criança.

    Mitsuki Chi? Ela havia falecido, tinha certeza disso, os ferimentos eram muito profundos quando a encontraram, mas pelo visto o espírito dela estava preso a Ulric por afeto.

    - Divertiu-se Yuki? - Miraini abaixou-se recebendo a criança de braços abertos. Esta, por sua vez soltou a mão do senhor e correu ao encontro da mãe. ? Desculpe por fazer você cuidar da Yuki, Knox-san.

    O pai de Ulric? Nunca o havia visto, mesmo no tempo que ficou disfarçado do próprio rapaz.

    - Não há problema. ? Riu. ? Sabe que adoro passar meu tempo com ela. Mas sabe, se me permite dizer, fico muito contente que tenham se casado. ? Sorriu. ? Veja bem, nunca vi Ulric ficar tanto tempo com uma garota!

    - Pois é. ? Foi à vez de Miraini rir, já Ulric não parecia nada confortável com o rumo da conversa. ? Ele simplesmente me abraçou do nada um dia na entrada do colégio, e dois dias depois estava me pedindo em namoro. Muito persistente. ? fez uma careta. ? Já estava de saco cheio disso, até que quando a semana estava no fim, o desafiei para uma partida de kendo, se ele vencesse aceitaria sair com ele, se perdesse nunca mais me procuraria. Ele estava tão cheio de si aquele dia... ? Sorriu. ? Eu realmente pensei que ele venceria, mas no último instante, escorregou para trás me dando a vitória, patético. ? Gargalhou com a lembrança. ? Mas o sorriso dele naquele instante... Acho que foi ai que comecei a gostar desse idiota.

    Quem diria, Ulric perdendo uma batalha para conquistar o coração de uma moça? Era algo hilário de se imaginar.

    - Nunca me contou sobre isso. ? Alfinetou Klaus, o avô da pequena Yuki.

    - E nem ficaria sabendo se dependesse de mim. ? Desviou os olhos irritado, estava visivelmente encabulado, o que causou risadas.

    Ainda incrédulo, simplesmente não conseguia acreditar no que seus olhos lhe mostravam. Trocaram algumas palavras e Miraini junto com a criança, ainda em seu colo, partiram acompanhadas de Klaus, porém Ulric ficou. Em algum momento, Itsuno reparou que Ulric o encarava. Permaneceu por alguns segundos ainda o fitando, e por fim, sorriu, um sorriso de agradecimento, sem exageros. A pequenina Mitsuki Chi estava em seu ombro esquerdo, sempre tão pequena... O rapaz acariciou a cabeça da raposa, consciente de sua existência. Seus lábios se moveram, mas não havia som, não era preciso, ele sabia bem o que aquilo significava. Obrigado. Itsuno assentiu com a cabeça, e ficou assistindo enquanto o outro partia ao encontro de sua família.

    Não saberia dizer se aquele era de fato o Ulric Knox que uma vez conhecera, poderia espiar as lembranças do rapaz para saber do que se tratava aquele cumprimento, mas não o fez. Não importava. O que importava era que havia finalmente felicidade na existência do Knox. Agora com Ulric livre de suas amarras, não existia mais algo para mandar-lhe no destino ou ditar as regras, caminhava agora com suas próprias pernas.

    - Itsuno, ande logo! ? Gritou Secret já ao longe.

    Caminhou então na direção daqueles que o aguardavam. Tudo havia mudado em pouco tempo, mas estava feliz, ainda que não parecesse, com aquelas mudanças, pois agora tinha a confirmação para aquilo que sempre acreditara, não existe destino, cada um traça seu próprio caminho. Agora compreendia tudo, Liandan não havia surgido para comandar a vida daqueles que uma vez conhecera, mas sim para por fim ao início incerto, e começar a história de um final correto.

    Liandan - The End


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