O caminho da redenção.

  • Finalizada
  • Starrukya
  • Capitulos 1
  • Gêneros Fantasia

Tempo estimado de leitura: 8 minutos

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    Capítulos:

    Capítulo 1

    Memórias perdidas, uma missão complicada.

    Sem memórias, eu sigo um grupo de jovens na mesma situação que a minha. Todos estão perguntando a si mesmos a razão de estarem neste lugar desconhecido. Aparentemente, possuem a mesma idade que eu - Quatorze anos - e os perfis são diversos. Alguns possuem aquele semblante mais inocente, de filho acostumado a ficar tanto tempo em casa, que desconhece a existência do demasiado mal no mundo em que se vive. Outros são mais maduros, mais espertos e até mesmo, é possível encontrar jovens que deixariam qualquer pessoa de boa fé distante dos mesmos, por precaução. De qualquer forma, não representam ameaça uns aos outros. Todos estão igualmente confusos e seguindo à favor da maré que se faz presente neste momento.

    Estamos nos dirigindo a um lugar que se parece mais com um internato. É enorme e imponente, com um estilo arquitetônico gótico. Suas paredes são brancas e em certos pontos, existem torres tão pontiagudas que, ao vê-las, sua visão automaticamente se projeta para os céus. Ao seu redor, vejo campos floridos e praças bem organizadas com fontes. Daquelas que se podem ver estátuas de anjos. Além disso, uma torre mais afastada contém um sino dourado. O dia está claro, apesar de que, não consigo enxergar o sol. É como se o dia estivesse meio nublado, mas por algum motivo, ele não está. Todo aquele cenário deslumbrante nos transmite paz no decorrer de nossa caminhada. Sim, todos nós estamos andando quase em fileira, para aquele lugar, como se algo dissesse que deveríamos ir para lá.

    De forma organizada, chegamos ao salão central. Lá, haviam vários balcões ocupados por pessoas de ambos os gêneros. Estes homens e mulheres parecem simpáticos, apesar de que tive a impressão que alguns demonstram simpatia porque estão seguindo ordens. Todos os jovens presentes estão esperando sua vez. Esperando serem atendidos para sabe-se lá o que o destino lhes reserva. Então, minha vez de ser atendida chegara. Ansiosamente, ajeito a minha postura e sou recebida pelo sorriso angelical da moça de cabelos encaracolados por detrás do balcão.

    - Seu nome, por favor?

    - É Leila. Leila Bittencourt.

    Agora, a moça permanece estática, me olhando bem nos meus olhos. A pupila dos seus olhos dilata-se nesse momento e sua íris chama minha atenção por conta de um brilho peculiar.

    - Me dê sua mão direita.

    Confesso que isso está me deixando um pouco assustada. Mas estranhamente não estou com medo. Não consigo entender o porquê dessa indiferença já que, não estou acostumada a ver fenômenos desse tipo. Enfim, eu dei a minha mão, que ficara sobre a dela, com a palma virada para cima. Nesse momento, ela usou o seu polegar para alisar a palma da minha mão. Uma das minhas sobrancelhas levantou-se e por fim, ela disse:

    - Entendo. Suba a escada central, siga pelo corredor à direita e entre na sala três.

    - Tudo bem.

    Subo estas escadas maravilhosas, típicas de um cenário de filme clássico. Legal, consegui encontrar o local onde posso ver dezenas de portas enfileiradas. Entro na sala três. Depois disso, sou surpreendida por um clarão. Agora estou num escritório branco, com estátuas de anjos como decoração. Uma mesa retangular se faz presente no local, e em sua superfície, pode ser visto um livro grosso de capa dura e cor marrom, somado a letras douradas e uma pena tinteiro. Entre mim e a mesa há uma cadeira aparentemente confortável e por detrás da mesa, uma poltrona enorme, virada para a parede oposta à da entrada. Subitamente, a poltrona se virou para a minha direção e um senhor, aparentando seus sessenta e cinco anos, começa a falar comigo de forma serena:

    - Olá! Leila Bittencourt?

    - Sim...

    - Por favor, sente-se.

    Sentei-me.

    - Muito bem, vamos ao seu caso. ? E abre o livro grosso - Você, enquanto presente em sua vida terrena, apresentou um bom histórico de comportamento... Vejamos, alguns sinais de rebeldia, mas nada muito grave. De qualquer forma, precisará passar por mais uma etapa antes de chegar àquele lugar.

    (...)

    - Então, está preparada?

    Estou apreensiva. Espera um pouco, vida terrena? Então estou... Morta?!

    - Leila?

    Levantei-me nervosa e comecei a falar de forma exaltada:

    - Isso significa que eu estou morta?! Eu não entendo, onde estou?! Quem é você?! São tantas perguntas, estou muito confusa!

    - Acalme-se, é normal que se sinta assim. Mas é verdade, você está morta. Morreu hoje a tarde, num acidente de carro. Você foi a única que morreu, por enquanto. Pode ser que outros familiares seus venham à óbito horas depois.

    Estou perplexa com a notícia.

    - Então, estamos no Palácio do Juízo Final. Esse é o lugar para onde as almas dos mortos se dirigem depois da morte. Eu sou apenas um dos responsáveis por conduzir o destino daqueles que morreram. E você tem uma chance de ir para o lugar mais almejado entre o mundo dos mortos. Basta aceitar a missão.

    - E por acaso eu preciso mesmo aceitar uma missão que se sabe lá o que acontecerá comigo? Eu não quero ficar aqui, preciso voltar ao meu mundo!

    - Sinto muito, mas isso é impossível. Não se pode reviver alguém. Seu tempo na terra acabou. E você não tem outra escolha a não ser aceitar a missão. Basta dizer sim. E assim, direi tudo o que precisar ser dito. Não se preocupe, eu não estou tentando te enganar.

    Sinceramente, não tenho realmente outra escolha. Estou abismada, cara, e quanto à minha família? Eles não podem ficar sem mim... Estou olhando para o chão, perplexa. Mas não podia parecer um peso morto o tempo todo, então dei minha resposta:

    - Tudo bem, eu aceito.

    Estou vendo um sorriso pretensioso nesse momento, no rosto do velho ? Muito bem, pense que por um momento, você poderá voltar à vida, só que com outro nome e não conseguirá ser reconhecida por ninguém. Mesmo que sua aparência seja a mesma, mas somente aqueles que possuem os olhos dos anjos poderão te ver como a antiga Leila Bittencourt. E tudo que você tem a fazer é dar um livramento à alguém, com ajuda do poder de cura que eu lhe darei.

    - Livramento? Como assim?

    - Oras, você só precisa salvar a vida de alguém, impedir que aconteça uma morte.

    - Ah, entendo. Mas pode ser qualquer pessoa?

    - Não, terá que ser uma pessoa em especial. Aquela que eu determinar.

    Então, por um momento poderei colocar os pés naquele mundo novamente, com poderes especiais e ainda salvarei a vida de alguém. Parece engraçado ou... Sei lá! Não é como se eu tivesse muita escolha, não é mesmo?

    - Tudo bem, eu aceito. É só isso mesmo?

    - Só. Mas tem algumas restrições. Você não pode contar à ninguém que está morta, até porque ninguém acreditaria. Além disso, a partir do momento em que você sair dessa sala, você não será mais a Leila Bittencourt, e sim, Nº 38468900385. Claro que esse nome na terra não será cabível, então terá que ser outro. Ficará a seu critério escolhê-lo.

    - Certo. E quem será a pessoa que irei salvar?

    - Seu pior inimigo.

    Ahm?

    - É verdade... Terá que salvá-lo. Essa missão também é um teste. Só pessoas de coração puro conseguirão perdoar os seus inimigos a ponto de livrá-los da morte. Pode parecer fácil aceitar nesse local, mas quando voltar à terra, suas lembranças voltarão. Isso porque seu cérebro passará a funcionar com mais eficiência. E lá, conseguirá lembrar quem é a pessoa que deve salvar.

    Fiquei pensando por um momento, mas acabei aceitando, com cara de que não estava muito afim.

    - Pense pelo lado positivo: Poderá rever seus familiares...

    (...)

    - O problema ? Continuou ele - É que eles não te reconhecerão.

    Isso não me parecia tão bom, mas okay.

    Nesse momento, meu corpo transfigurou-se.

    (...)

    Divano...

    Divano Me...

    Divano Messi...

    Divano Messiah!

    Divano Messiaah!

    Senti como se estivesse ouvindo essa música, enquanto meu corpo transfigurava-se. Radiante.

    Encontro-me sozinha. Diria que estou acordando nesse exato momento.

    Será que tudo foi um sonho?

    Minha dúvida acaba quando vejo no jornal de hoje, numa pequena mesa ao lado da minha cama. Faço um esforço para pegá-lo e fico perplexa com a notícia estampada em uma das páginas:

    ?Família é assassinada em acidente de carro na região do centro?

    E na descrição, havia escrito:

    ?Um acidente de carro, causado por Emmanuel Silva, de trinta e oito anos, causou a morte de uma jovem e deixa mais quatro feridos. Emmanuel era um conhecido da família Bittencourt, possuía problemas psiquiátricos e sua relação com a mesma não era amistosa. Segundo parentes e amigos das vítimas, Emmanuel já havia ameaçado a família de morte. E ontem pela tarde, fez com que o carro em que dirigia se chocasse contra o carro da família. Leila Bittencourt de quatorze anos não resistiu e morreu a caminho do hospital. Os demais, incluindo Emmanuel se encontram feridos.?.

    Gelei nesse exato momento.

    Lembrei-me do desgraçado que era meu pior inimigo. E de todo o aborrecimento que ele já havia feito não só a mim, mas toda a minha família passar. Era um antigo amigo do meu pai. Não era muito certo da cabeça e por isso tomava medicamentos. Depois que a sua esposa morreu, deixou com que a doença tomasse conta. Depois disso, passou a fazer a vida das pessoas mais próximas um inferno.

    Senti um amargo na garganta ao perceber qual era minha missão... Naquela manhã de quinta-feira.

    Salvar ou não salvar? Mas eu não tenho muita escolha... Ou tenho?

    E porque justamente ele? Não existem pessoas mais dignas de serem salvas? Porque não minha família, e sim ele?

    -Droga.


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