Mais uma de suas desgraças

Não quero seguir

Por estradas já antes percorridas

É muito difícil encontrar portas que ainda não foram abertas

PAFT!

Lancei a porra do meu i-phone contra a parede e me levantei num salto de minha cama. Pensei em pegar os estilhaços do smarthphone, afim de conferir se o coitado tinha mesmo concerto, afinal não sou rico, mas antes de fazer isso, dardos sobre o criado mudo vieram em minhas mãos, para em seguida atingir em cheio todo o rosto daquela vaca rosa do inferno.

Contagem regressiva para a mudança de vida que é cedo para vir

Sua vida apenas começou!

Percebi que meu despertador também começou a tocar meu hino de vitória.

- Bom dia, bicinha revoltada.

Naruto adentrou no meu minúsculo quarto com uma escova enfurnada dentro de sua boca babada. Aff, eu não acredito que ele vai sujar a minha pia.

- Que dia você vai arrumar uma casa? ? perguntei indo de encontro aos cacos do meu celular. Já não basta a Tayuya que ficou aqui por meses? Humpf, eu mereço mesmo.

- No dia em que você não precisar de mim para sobreviver.

- Então pode sumir agora.

O folgado me ignorou, caminhando até a foto da estúpida irritante ? que tinha uns dez dardos sobre sua testa e boca. Abruptamente ele direcionou sua cara amassada e confusa a mim.

- Cara, isso está virando doença, não acha?

- Cala a boca.

Caminhei até meu guarda-roupa a procura da merda do meu um uniforme, enquanto o ouvia falar fiado.

- Tá certo que odeia a sua chefinha e tals, mas todos os dias, há quatro anos você faz esse mesmo mantra, sabe que ficar acertando dardos logo cedo na ?cara? dela não vai adiantar nada. Essa mulher tá é te deixando mais pirado do que já é.

Ok, quatro anos a acertando somente em uma foto é realmente insano. No mínimo eu deveria já ter cravado uma faca no pescoço dela e mudado a foto pra ferir ainda mais, mas tudo bem, um dia terei minha vingança, e finalmente a verei limpar o chão daquela porra de empresa com a língua.

Separei um traje profissional e fui tomar um banho. Aff, eu tinha que me deparar com o retardado do meu amigo escovando os dentes com uma das mãos ? até aí tudo bem ? e com a outra segurando o saco para fora da calça.

Franzi o cenho para ele.

- Ah, não, não vai tocar uma logo no meu banheiro, né? Lembre-se que eu não tenho empregada para limpar as porras que você faz Naruto, literalmente. ? ralhei com os dentes quase trincados, e tudo que ele fez foi sorrir para mim feito uma mocinha inocente.

- Calma, calminha, aê. Estou só conferindo se está tudo bem com o meu amigão.

- Fo-da-se. ? bati com a mão na perna. ? Argh, e para de segurar esse negócio nojento.

- Sasuke?! ? falou assustado.

- O quê?!

- Sempre desconfiei que você fosse veado, mas agora tenho certeza. Hahahahaha!

O idiota caiu na risada, não sabendo se ficava puxando a pele murcha do seu pinto, ou se escovava a privada da boca que só saía merda.

- Como se eu me importasse com sua opinião. ? adentrei dentro do box de vidro transparente e liguei o chuveiro, ainda tendo a maldita visão do inferno. Então certamente me virei para o lado contrário ao cara mais desmiolado de Los Angeles. ? Mas por que analisa tanto o seu brinquedinho?

- Hm, é que tenho de prevenir, né. Hoje irei fazer doação de sêmen.

Ah, então é isso. Me esqueci que esse idiota pervertido todo o ano vai em um clínica fazer uma doação de seus maus genes, só para ganhar revistas masculinas grátis. Tcs, e pensar que no passado eu também o acompanhei nessa loucura, só que meu método foi um pouco diferenciado. Lembro-me até hoje do maravilhoso boquete que uma enfermeira fez em mim antes de recolher toda minha sujeira.

Que vida miserável na qual eu fui ?fodidamente? posto, meu Deus. Moro em um apartamento mixuruca que cobra o olho da cara de aluguel e outras despesas; tenho que quase dar o rabo pra pagar minha faculdade - já que o falecido da silva do meu pai morreu e faliu me deixando desleixado sobre os estudos; sou obrigado a trabalhar em uma empresa infernal para ganhar um dinheiro a mais e suprir com minhas dívidas, fora manter vivo alguém especial... E pra completar minha desgraça, tenho que dividir o mesmo teto com o do meu amigo vagabundo que mudou da água para vinho e não vê mais sentido em sua patética vida. Na moral, eu devo ter vomitado e dançado o créu no pé da cruz pra tudo isso, só pode.

Tsc, Naruto e eu somos dois fracassados. Quer dizer, eu ainda não sou tanto quanto ele, mas estou quase lá. Quase, pois antes de ir para o inferno, levarei a culpada de a minha vida estar assim.

Terminei meu banho e ao passar enrolado em uma toalha do banheiro até o quarto, não vi mais o loiro engraçadinho analisando o pobre do seu pintinho murcho.

Me vesti em um roupa social, calça preta unida a camisa branca, e me calcei em um típico sapato de velho - aqueles pretos e lustrados. Caminhei até minha escrivaninha abaixo da janela, catei minha mochila preta, meus projetos em uma pasta azul marinho, meu terno e por último a chave da minha lata velha...

(...)

Cheguei até a porra da empresa, estacionei meu bagaço enlatado, também conhecido por ?quiném?-carro, e rumei para dentro do segundo inferno na terra, por que o primeiro era a minha vida, sem dúvidas. Se bem que eu não tenho como sair de dentro de um inferno para entrar em outro, então, digamos que... agora estou na sala do próprio capeta.

No decorrer do caminho segurando o meu café instantâneo que peguei com a boba alegre da Tenten, sempre ouvia as mesmas coisas das funcionárias e funcionários de toda a merda da Haruno Beauty.

As funcionárias sempre suspiravam, me elogiando como se eu fosse o sonho de consumo da vida delas - só na cama é claro. Duvido que as metidinhas a ricas fossem ter um caso sério com um pé rapado que nem eu. Já dos funcionários, eu ouvia as típicas previsões certamente corretas. E quer saber quais são?

?É hoje que o Uchiha vai morrer.?

?Coitado, o filhinho de papai virou o capacho da Haruno.?

?Não sei como é que ele aguenta aquela megera.?

?Olheiras de sono, Uchiha?? Não, olheiras de comer a tua mulher na noite passada... E por aí vai.

Mal me sentei à mesa de minha sala particular, e a loira metida à gostosa, o que eu não posso negar, já tinha entrado sem permissão, me lançando aquele olhar sério e estranhamente sem malícia.

- O que você quer Ino? ? indaguei mal a olhando nos olhos. Meus trabalhos salvos no meu PC tinham mais relevância.

- Primeiro um bom dia, não acha?

Larguei a mão do mouse e a entrelacei na outra, em seguida apoiei meu queixo sobre elas.

- Deixa eu te dizer uma coisa. Quando o meu dia está péssimo, não me convêm dar falsos cumprimentos a alguém. ? subi meu olhar das belas pernas até o rosto desdenhoso. - Então se eu realmente lhe desejar um bom dia, saiba que ele estará sendo maravilhoso, o que me convém nesse momento. Satisfeita?

Ela cruzou os braços desdenhosamente e caminhou até mim.

- Oh, então seus dias estão sempre péssimos, né totó da Sakura?

Juro que segurei para não insultá-la audivelmente, mas me controlei.

- Exatamente. ? desvencilhei dela e voltei a me focar no monitor.

- Bom, mas o que eu vim fazer aqui é te convocar a comparecer na sala da minha grande amiga. ? a porra da sua grande amiga. Ótimo. ? E sugiro que vá logo. ? ouvi o barulho do salto alto chocar-se com o chão e quando dei por mim, a boca da vagabunda já estava colada em minha orelha. ? Hoje ela está de TPM.

Tagarela, Puta e Mal amada?

- Ok. ? suspirei e com o projeto que eu tinha passado noite refazendo em mãos, me dirigi até a sala da chefa mais surreal de toda a face da terra.

Quando as portas de vidro se abriram, adentrei no cômodo amplo e explicitamente iluminado tanto pela luz natural do sol quanto pela das luzes fluorescentes. Logo atrás da mesa em formato de uma lua, lá estava ela, de pé, vestida em sua típica roupa preta e cafona; cabelos curtos e presos em um rabo de cavalo e pra completar toda a discórdia, o óculos de moldura escura cobrindo seus olhos verdes que nem o da filha. Outra chata que nem a mãe.

Confiante de tudo, me aproximei da mesa e deixei a pasta azul marinho sobre esta.

- Vê se ficou excelente, apesar de você não saber nada sobre embalagens, mas já que dá uma de sabichona e quer se meter no setor onde não é chamada, aí está. ? torci meu pescoço leste oeste, massageando-o com uma mão. ? E vê se anda rápido, perdi quase toda a minha noite refazendo a merda desse projeto que a sua equipe mais cagada ainda fez. ? falei sem delongas, e ela sem se estressar como o de costume se sentou na confortável cadeira estofada, passando a ler meu projeto milionário.

A Haruno Beauty-LTDA atua no ramo da beleza estética e também desenvolve cosméticos e produtos inovadores para garotinhas mal comidas que querem retirar espinhas dos rostos, ou para mulheres de pele enrugada que tentam reverter os sinais da idade, fora outros...

E como estou cursando administração empresarial mais focada na área de Marketing - e sem querer me gabar - sou um aluno exemplar, estagio como gestor de marketing na HB, inclusive trabalhando, forçadamente, de designer gráfico feito um escravo para a putinha da minha chefe, já que sua esquipe de produção nunca a agrada, e isso não é porque a tal equipe faz as coisas erradas, é porque a Haruno gosta de me foder mesmo. Para se ter uma ideia, fui obrigado a revisar milhões de projetos dela, apenas para sentir o gostinho da humilhação provinda de sua boca imunda.

Subi a manga do meu terno e constatei que já se passaram mais de vinte minutos desde que a peste-rosa passara a ler os documentos.

Suspirei impaciente mais uma vez. Cocei meu queixo. Massageei minha testa. Umedeci meus lábios. Coloquei inutilmente minha franja para trás. Troquei o peso das pernas. Mordi meu polegar. Senti a amostra de um infarto. O sangue esquentando. Minha visão ficando turva...

- Que tipo de profissional você é?! Não é possível que até agora esteja tentando entender essa merda!

Droga, droga! E droga!

Acabei me descontrolando e me exaltando com ela. Tcs, é hoje que minha mãe morre.

Vi a silhueta da cabeça dela se erguer para mim por trás da forte luz do sol que provinha da vidraça.

- Finalmente você disse algo inteligente. ? oh, ela voltou a falar. Só espero que não volte a ser a maritaca que estou acostumado a presenciar. Isso me irrita profundamente. ? Isso está uma merda.

- Hm, você só pode está brincando comigo. ? de olhos fechados me aproximei mais da palhaça e colei minhas palmas sobre a mesa de vidro, sendo que, na verdade, eu queria soca-la até transformá-la em pó. ? Eu dei o meu melhor para que o design dessas embalagens ficasse descentemente pronto. Não é possível que não dê crédito pra sua própria equipe. ? a encarei com raiva. ? Não é justo você começar com suas idiotices logo agora. Sabe muito bem do processo tedioso que uma embalagem tem antes de ser desenhada, então faça-me o favor e aceita a porra desse projeto! ? ralhei, e fodas para a demissão. Mentira.

Sorridente, ela retirou seus óculos e aproximou sua face da minha.

- Está me julgando mal. Qual é, acha que eu fui a melhor da turma à toa? Acha que eu me tornei a presidente dessa organização só porque meus pais são donos dela. ? acho. ? Acha que a HB cresce por livre e espontânea vontade? ? Não, ela cresce graças a mim e a outros profissionais aos quais você não dá valor, desgraçada! ? Não! A Haruno Beauty cresce graças a minha competência de pegar as merdas que você aprova, para avalia-las e procurar melhorá-las. Agora pegue esse projeto de embalagens distorcidas e dê o seu melhor, U-chi-ha Sa-su-ke. ? fez questão de silabar meu nome ameaçadoramente. Tsc, coitada, o que ela poderia me fazer? Cuspir em mim? Me deferir tapinhas frágeis?

Finalmente ela calou-se enquanto eu travava uma luta interna, para não estapeá-la na cara e ter meu gordo salário diminuído a nada, pois mesmo que eu a torturasse viva, provavelmente ela não me despediria. Por quê? Longa história. Só posso resumir que a cadela do cabelo rosa dedica a sua vida a vingar-se de mim, como se eu fosse o culpado pela maldita mal comisse dela.

- Qual é, não vai superar isso, Sakura?

- Nunca!

Sorri pretencioso tamborilando meus dedos sobre um papel, e quando foquei neste, vi que era um convite de casamento. Oh, eu daria tudo para ver o coitado do noivo dela lhe dizendo um grande e alto ?não?.

- Ok. ? rapidamente peguei os papeis espalhados sobre a mesa dela e os lancei na lixeira próxima a porta, em seguida me virei para a criatura ressentida novamente, mantendo minhas mãos presas para baixo de minha cintura. ? O que você quer que eu faça? ? falei em tom objetivo. Odeio enrolações.

Ela deu de ombros.

- Não sei. Você que gosta de bancar o sabichão por aqui. Me surpreenda, Sasuke. Ah, e principalmente a estrela desse produto.

Sim, te surpreendo enforcando seu pescocinho até ele ficar com as marcas dos meus dedos. Porra! Meu dia não podia está pior.

- Te surpreender, né?

Ela sorriu com os olhos. Um sorriso debochado a meu ver.

- Sim.

- Ótimo. ? Quando eu ia me virar e sair pela porta logo atrás de mim, ela me chamou, então fique estático no mesmo lugar e na mesma posição. ? O que mais você quer? Que eu também te sirva um antidepressivo em uma bandeja? ? sorri torto, mas meu sorriso logo se desfez quando ela se expressou raivosa.

Caralho, isso não é bom sinal. Mas o que esperar de bom vindo logo dela, não é mesmo?

- CALA A TUA BOCA! Até agora eu estou tentando me manter paciente com você e seus deboches. ? vi seus olhos brilharem um pouco mais, mesmo eles estando cobertos por uma fina lente transparente. Será que ela ia cho-chorar? Não, ela não faria isso na minha frente. Não mais. ? Não me trate como aquela garotinha do passado, seu cretino! Agora eu... ? fungou, com certeza tá segurando o choro. ? Eu tenho você em minhas mãos e posso te humilhar o quanto eu quiser, seu merda! Fique calado! ? ela continuava a dizer asneiras só fazendo doer ainda mais meus tímpanos. ? Ah, quer saber, você tem exatamente três dias para me trazer embalagens convidativas e plausíveis que se referem à cantora Hinata. Não ouse atrasar um segundo sequer, caso contrário... ? ajeitou os óculos na cara lavada e voltou a focar no monitor ao seu lado. ? Será demitido.

Ri suavemente.

- Você continua brincando.

- Eu tenho cara de palhaça pra brincar contigo?

- Já sabe a minha resposta.

- Dois dias, Sasuke. ? droga. ? Dois dias para me entregar o novo design. ? Isso é quase impossível. ? E dessa vez eu quero uma apresentação em slide para todos os gestores da empresa. Não vou revisar seu projeto antes. Vamos ver o que os demais falarão da sua incompetência.

Mas lá no fundo isso não me importava. Eu tirava de letra em fazer novas embalagens de perfumes para putas gastadeiras, ainda mais com minha pesquisa mercadológica toda pronta. O que me preocupava era o ?demitir?. E lógico que eu estaria. Porra, ela nunca falou em demissão. Não comigo. Inferno, não posso ser demitido logo agora que o estado da minha mãe se agravou.

Aff, então é isso. Eu estou na beira do precipício e não posso cair?

Tudo bem, Sakura. Você não perde por esperar. Não pense que eu passei todos esses anos, suportando humilhações, desgastando meu tempo, perdendo a minha vida social, me controlando para não socar um repórter na cara ? coisa que não deixou de acontecer ? vasculhando cada canto dessa empresa... À toa. Meus dias de glória logo virão, e mal posso esperar para ver os Harunos na sarjeta, principalmente você sua infeliz!

- Hei, o que você está esperando para sair daqui? ? me despertei com a irritante voz dela... ? Sua presença me causa ânsias de vômito! ? que agora se tornou fria e invulnerável.

Muitos poderiam falar que Sakura era bondosa, amável, feliz ? coitados, estão completamente enganados ?, mas para mim ela sempre será a pessoa mais chata e odiada da face da terra. Não consigo ver um lado bom nessa criatura que só fode com minha vida.

- E a questão é, eu me importo? ? me virei rente à porta. ? Daqui a dois dias será surpreendida, Rosadinha. ? virei meu rosto em direção a ela que se demonstrou corada. Seria meu primeiro não insulto? Ou o apelido que dei a ela na segunda ou terceira série? ? E logo em breve, mais ainda. ? sorri minimamente ao ver a confusão tomando conta de seus traços faciais e fui cumprir com os meus deveres nessa droga de lugar.