Escute Seu Coração

Tempo estimado de leitura: 3 horas

    10
    Capítulos:

    Capítulo 8

    Capítulo VIII

    Álcool, Linguagem Imprópria, Spoiler

    Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada e é ele quem enche os bolsinhos. Todos os outros personagens são criações minhas, eu não ganho nenhum centavo com eles, mas morro de ciúmes.

    ESCUTE SEU CORAÇÃO

    Chiisana Hana

    Beta-reader: Nina Neviani

    Capítulo VIII

    Rozan.

    Dez dias depois.

    (Mu) Eiri, chegou uma encomenda pra você. É do Hyoga.

    (Eiri, sem olhar para o pacote) Joga fora.

    (Mu) Eiri! Ele é o pai da sua filha. Você não pode fazer assim.

    (Eiri) Eu não quero saber o que ele mandou.

    (Mu) Eiri, deve ser alguma coisa para o bebê. Você tem que ver o que é.

    (Eiri) Então guarda aí. Depois eu vejo.

    Mais tarde, depois que Mu sai, Eiri pega o pacote e, descuidadamente, rasga o papel de embrulho. Dentro dele, uma caixa decorada, amarrada com um laço já um tanto amassado por causa da viagem. Preso ao laço, um bilhete escrito às pressas num pedaço do papel pardo.

    "Eiri, espero que qualquer mágoa que possa haver entre nós seja superada pelo bem da nossa filha. Comprei esses presentes para ela. O cartão que está dentro da caixa também é para ela. Por favor, guarde-o. Gostaria que ela o visse quando crescer."

    Eiri desfaz o laço. Sobre o conteúdo da caixa, um envelope. Ela o abre e retira o cartão que está dentro dele.

    "Oi, filha.

    Você ainda é só um grãozinho que está crescendo dentro da sua mãe, mas nem imagina o quanto seu pai pensa em você, nem o quanto ele o ama. Eu penso em você todos os dias, imagino seu rostinho, seu sorriso, seus olhinhos. Será que você vai ter olhos azuis como eu e sua vó? Imagino nós dois brincando juntos e essa é a melhor imagem que eu posso ter, pequenina. Este cartão é pra que você saiba que o seu paizinho a ama muito, muito, mesmo estando longe.

    Um beijão do seu pai

    Hyoga."

    Eiri se emociona e chora ao ler o cartão. Para ela, é inacreditável que Hyoga tenha escrito aquelas palavras para a menina. Justo ele que é sempre tão frio. Pensou que também ela tinha sua parcela de culpa no fracasso do relacionamento, já que não conseguia entendê-lo, e por isso limitava-se a tentar mudá-lo.

    Ela coloca o cartão sobre a tampa da caixa e começa a examinar seu conteúdo. São roupinhas brancas, com bordados delicados. Tira uma por uma da caixa e imagina um bebê loiro de olhos azuis vestindo-as. Mu retorna quando ela ainda está com uma das roupinhas nas mãos.

    (Eiri, chorando, mostrando uma das roupinhas a Mu) Hyoga mandou para ela.

    (Mu, abraçando-a) Acho que ela vai ficar uma graça nessa roupinha.

    (Eiri) Eu também acho. Ele também mandou um cartão. Quer ler?

    (Mu) Não. Isso é uma coisa entre vocês. Se ela quiser me mostrar quando crescer, lerei.

    (Eiri) Está bem.

    (Mu) Creio que ele mandará mais cartões. Que tal usar essa caixa para guardá-los?

    (Eiri) Ótima idéia! Erh... Perdi a noção do tempo olhando os presentes e acabei esquecendo de fazer o jantar.

    (Mu) Tudo bem. Não tem pressa.

    (Eiri) Então vou preparar alguma coisa.

    (Mu, beijando-a) Certo. Eu vou ver onde Kiki está.

    (Eiri) Quando o jantar estiver pronto, chamarei vocês.

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    Tóquio.

    Shun está ao telefone.

    (Shun) Ju?

    (Rose, antipática) Não, aqui é a Rose.

    (Shun) Chama a Ju, por favor?

    (Rose) Eu chamo, mas não se acostume. Não sou empregada.

    (Shun) Obrigado. (pensando) Chataaaaaaaaaaa!

    (June) Oi, Shun! O que foi?

    (Shun) Você ficou de vir pra cá mais tarde só que eu esqueci de avisar, estarei na aula de piano.

    (June) Piano?

    (Shun) É. Faço aula de piano todo sábado, Ju. Esqueci completamente de contar esse detalhe pra você. Semana passada não tive aula, acabei esquecendo de falar sobre isso.

    (June, desconfiada) Hum... é professor ou professora?

    (Shun, intrigado) Professora.

    (June) Posso ir com você?

    (Shun) Se você quiser, pode.

    (June, decidida) Eu quero. Passo aí na sua casa e vamos juntos, ok?

    (Shun) Ok, Ju. Até mais tarde.

    (June) Até, querido. (pensando) Deixa eu ver a cara dessa professora. Tomara que seja uma velhinha caquética. Não vou gostar nadinha se essa professora de piano for bonita.

    Mais tarde, na casa da professora de piano...

    (Eva) Boa tarde, Shun!

    (Shun) Boa tarde, professora. Esta é minha namorada, June.

    (June, esboçando um sorriso) Boa tarde... (pensando) Mas essa mulher não tem cara de professora de piano! Alta, magra, ruiva! Parece uma atriz de cinema de tão linda. E o Shunzinho tem aulas com ela toda semana! Preciso fazer alguma coisa! Já sei! Vou fazer essas aulas também. É o único jeito de ficar de olho nessa mulher.

    (Eva) Olá, June. Então vamos começar, Shun?

    (Shun) Sim.

    (June) Erh... professora, eu também gostaria de fazer aulas.

    (Eva) Ah, sim? Podemos começar depois do Shun então. O aluno seguinte cancelou as aulas. Aí vocês ficam com os dois horários.

    (June) Excelente! (pensando) Vou ficar de olho em você, sua danada. É bonita demais pra ficar sozinha com meu Shunzinho!

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    Rozan.

    (Mu, perto da cachoeira, aproximando-se de Kiki) O que é que há com você? Está melancólico. Nunca vi você assim.

    (Kiki) Estou normal, mestre Mu.

    (Mu) Ah, você sabe que não me engana. O que está acontecendo?

    (Kiki) Bom, eu não quero falar.

    (Mu) Então eu direi o que é. É a Eiri, não é?

    (Kiki) É. Estou me sentindo jogado de lado agora que ela está aqui. E ela não gosta de mim.

    (Mu) Que bobagem é essa de "ela não gosta de mim"? E você não está jogado! Logo vamos ter que voltar ao Santuário, preciso recomeçar o conserto das armaduras e você vai me ajudar. Tem que aprender as técnicas.

    (Kiki) Por mim, tudo bem. Melhor lá que aqui. Eu não gosto da comida que a Eiri faz. Se pelo menos Shunrei e Shiryu estivessem aqui...

    (Mu) Eu sei que você gosta muito da Shunrei, mas a Eiri é a minha namorada. Não estou pedindo pra você gostar dela, afeto não se pede. Apenas quero que vocês se dêem bem.

    (Kiki) Eu não implico com ela, implico?

    (Mu) Não, não implica. Continue assim, ok?

    (Kiki) Eu gosto de ver o senhor namorando, fico feliz. Mas eu sei que ela não vai com a minha cara.

    (Mu) Ela tratou você mal?

    (Kiki) Não. Ela só finge que eu não estou aqui.

    (Mu) Tudo bem, vou conversar com ela também. Relação cordial, certo? Agora vamos jantar. Nada de tristeza ou de cara feia.

    (Kiki) Está bem. Mestre, eu queria dizer uma coisa...

    (Mu) Sim?

    (Kiki) O senhor ficaria com raiva se eu pedisse a Shunrei e Shiryu para morar com eles?

    (Mu) Não, eu não ficaria com raiva. Mas não acho que seja uma boa idéia, Kiki. Eles acabaram de se casar.

    (Kiki) Eu não vou incomodá-los.

    (Mu) Depois conversaremos sobre isso, certo?

    (Kiki, triste) Está bem...

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    Santorini, Grécia.

    Último dia da lua de mel de Shiryu e Shunrei e eles não conseguiram encontrar Giorgos para confirmar a gravidez. O médico havia feito uma viagem de urgência por conta de um problema com a filha. Entretanto, com o passar dos dias a dúvida só diminuía. Shunrei se sentia realmente grávida, e a primeira coisa que faria ao voltar para Rozan seria confirmar tal fato.

    Os dois já arrumaram as malas e estão prontos para se despedir de Oia. Na recepção do hotel...

    (Kostas) Uma pena que já estejam de partida!

    (Shiryu) Sim, é verdade. Mas não se pode viver eternamente de férias, não é mesmo?

    (Kostas) Infelizmente.

    (Shunrei) Obrigada por tudo, senhor Kostas.

    (Kostas) Estamos às ordens. Boa viagem de regresso!

    (Shiryu e Shunrei) Obrigados!

    No iate, Shunrei e Shiryu estão sentados na proa. O barco se afasta de Santorini.

    (Shiryu) Vamos aproveitar a última visão desse mar...

    (Shunrei, pensativa) É... Shi, eu... eu estou ficando enjoada.

    (Shiryu, abraçando-a) Vamos para o quarto. Vou pedir para a Elli fazer um chá, que tal?

    (Shunrei, rindo) Vamos. Eu vou querer o chá, sim.

    (Shiryu, intrigado) Do que está rindo?

    (Shunrei, ainda rindo) Não percebeu? Eu não enjoei em nenhum dos outros passeios de iate, mas enjoei agora. É mais um sinal de que eu estou grávida, por isso estou enjoada, mas muito feliz.

    (Shiryu) Sabe que você tem insistido tanto que eu já estou acreditando mesmo na gravidez?

    (Shunrei) Pode acreditar. Eu tenho certeza.

    No quarto do iate...

    (Shiryu, acariciando os cabelos dela) Shu, já pedi um chá para Elli.

    (Shunrei) Obrigada, meu amor.

    (Shiryu, acariciando o ventre dela, sussurrando) Oi? Tem alguém aí dentro?

    (Shunrei, em tom infantil) Olá, papai! Eu estou louquinho pra conhecer você.

    (Shiryu, chorando) Eu também estou louco pra conhecer você, meu filhinho.

    (Shunrei, ainda em tom infantil) Mamãe e eu amamos você, papai.

    (Shiryu, chorando, beijando Shunrei) Eu também amo vocês.

    (Elli, batendo à porta) Com licença, senhores.

    (Shiryu, enxugando as lágrimas de alegria) Entra, Elli.

    (Elli) O chá, senhora. Fiz de camomila.

    (Shunrei) Obrigada, Elli. O enjôo já passou, mas eu aceito o chá.

    (Elli) Faz muito bem. Mais tarde, se sentir fome, preparo uma coisinha leve. Ainda temos algumas horas de viagem.

    (Shunrei) Obrigada, mais uma vez.

    (Elli) Esse enjôo só pode ser bebê, não é?

    (Shunrei )Sim!

    (Shiryu) Ainda não confirmamos com um médico, mas ela tem absoluta certeza. E agora, eu também.

    (Elli) Mulher sente essas coisas. Vai ser um bebê muito lindo! Que Deus proteja vocês e a Virgem lhe dê um parto tranqüilo.

    (Shunrei, abraçando-a) Obrigada, Elli. Vou torcer muito para você se acertar com aquele moço de quem você falou.

    (Elli) Obrigada! Vou sentir muito sua falta. A senhora é uma grande amiga.

    (Shunrei) Eu também vou sentir sua falta. Gostei de você desde o primeiro instante.

    (Shiryu, entregando um papel a Elli) Nosso endereço na China. Escreva quando quiser.

    (Elli) Obrigada, senhor.

    (Shunrei)Anote seu endereço e telefone também. Não quero perder o contato.

    (Elli, escrevendo o endereço) Quem sabe eu possa visitar o bebê quando ele nascer?

    (Shunrei) Claro! Nós mandaremos buscar você!

    (Elli) Agora descanse, senhora.

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    Tóquio.

    Casa de Agatha. Ela acaba de sair e as meninas aproveitam as horas de folga sem a treinadora para uma baguncinha básica.

    (Angélica, com a escova de cabelo na mão) Solta o som! (cantando) Tropical the island breeze! All of nature wild and free! This is where I long to be: La isla bonitaaaaaaaaa!

    (Violet) Agora é a minha vez! Eu faço o melhor cover da Madonna! Ela é loira como eu! Solta o som, Celina! (cantando) Papa don't preach, I'm in trouble deep. Papa don't preach, I've been losing sleep. But I made up my mind, I'm keeping my baby, oh, I'm gonna keep my baby, mmm...

    (Celina) Parem com essa palhaçada. Essas músicas são horríveis!

    (Angélica) Ei, veja lá como fala da Madonna! Ela é a nova estrela do momento, sabia?

    (Celina) Estrela? Pra mim ela é só mais uma cantora que vai durar dois verões e pronto.

    (Violet) Cala a boca! Madonna é uma deusa! Ela ainda vai ser muito, muito, muito famosa!

    (Celina) Deusa? Humpf! Vocês não sabem o que é música de verdade!

    (Angélica, irônica) E o que é música de verdade?

    (Celina) U2! Bono Vox é um deus!

    (Rose) Aquele irlandês ridículo? Faz-me rir.

    (Celina) Bono não é ridículo!

    (Violet) Tá, tá, não briguem. Você quer fazer cover do Bono?

    (Celina, gritando) Não! Eu quero casar com ele!

    (Rose) Aff... Vamos continuar a brincadeira que é melhor.

    (Angélica) É. Ei, June, não quer participar?

    (June, pensativa) Não, Angie. Vou só olhar, ok?

    (Violet) Vai, Lily! É sua vez.

    (Rose) O quê que a magrela vai fazer? Imitação do pedestal do microfone?

    (Violet) Cala a boca, imbecil! Não ouve essa chata, Lily. É sua vez. O que você quer dublar?

    (Lily) Hum... Já que a Celina não quer dublar U2, eu vou dublar os Beatles!

    (Rose) Beatles? Aff...

    (Celina) Cala a boca! Você não entende de música. Bota o disco, Angélica!

    (Lily, cantando) And anytime you feel the pain, hey, Jude, refrain. Don't carry the world upon your shoulders. For well you know that it's a fool, who plays it cool, by making his world a little colder.

    Todas, exceto Rose, se emocionam. É como se Lily estivesse dizendo o que sente. Violet a abraça.

    (Violet) Que lindo, mana! Você foi demais!

    (Lily) Obrigada, mas não precisa dizer que foi bom só pra me agradar.

    (Violet) Não é nada disso.

    (Celina) Agora vamos aos votos! Eu voto na Lily, porque ela tem bom gosto.

    (June) Eu voto na Angie.

    (Rose) E eu voto na Violet porque ela se parece mais comigo.

    (Angélica) Assim não vale! Deu empate!

    (Violet) Vale sim! Nós três ganhamos! Vamos comemorar! Que tal fazermos pipoca?

    (Todas)mEbaaaaaaaaaaaa!

    Enquanto as meninas se divertem, Agatha está num café perto de casa.

    (Agatha, pensando) Droga. Não consigo tirar aquele grego da cabeça. O que aquele homem tem que tanto me fascina? Eu nunca tinha ficado assim. Nem pelo pai da minha filhinha. Eu preciso rever aquele grego danado, ou pelo menos falar com ele. É. Eu vou engolir o orgulho e ligar para ele. Isso mesmo.

    Agatha paga a conta e volta pra casa. As meninas estão espalhadas pelo chão da sala, comendo pipoca e vendo um filme. A treinadora passa por elas sem nada dizer e vai para o quarto, onde Chaos dorme tranqüilo, aconchegado entre as cobertas. Com o telefone em mãos, ela respira fundo, e disca o número que Saga havia lhe dado. De tanto olhar aquele pedaço de guardanapo onde ele rabiscara o número, já o tinha decorado.

    (Agatha) Saga?

    (Kanon) É o irmão dele. Eu vou chamá-lo. Um momento.

    (Agatha, pensando) Nossa. A voz é igualzinha. Estremeci quando ele falou.

    (Saga) Alô.

    (Agatha, nervosa) Ehr... oi... é a...

    (Saga) Agatha. Reconheci sua voz. Como vai?

    (Agatha) Muito bem. E você?

    (Saga) Também vou bem. A faculdade me dá muito prazer.

    (Agatha) Ah, que bom. Está mesmo gostando do curso?

    (Saga) Estou. É realmente o que eu esperava. E você o que tem feito?

    (Agatha) O de sempre. Treino as meninas, cuido delas. Elas dão um certo trabalho, mas eu gosto. É como se elas fossem minhas filhas.

    (Saga) Sei. E o gato?

    (Agatha) Chaos está bem. O folgado está dormindo na minha cama.

    (Saga) Hum... Eu gostaria de estar no lugar dele.

    (Agatha, sem jeito) Ah, Saga... Você sabe que eu gostaria que você estivesse aqui.

    (Saga) Quando vai aparecer por aqui?

    (Agatha) É um convite?

    (Saga) É. Um convite e um desejo.

    (Agatha) Eu adoraria, mas não sei. Acabo de mudar para o Japão. Quem sabe nas férias?

    (Saga) E isso demora?

    (Agatha) Sinto muito, mas creio que sim.

    (Saga) Eu quero tanto vê-la outra vez.

    (Agatha) Eu também quero vê-lo, Saga. Quero muito. Mas agora não será possível...

    (Saga) Olha, todos por aqui acham que eu sou maluco, então como todo bom maluco, não costumo fazer coisas sensatas. Qualquer dia surpreendo você batendo à sua porta.

    (Agatha, rindo) Eu vou adorar.

    Continua...


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