Sete Chaves

Tempo estimado de leitura: 3 horas

    12
    Capítulos:

    Capítulo 6

    Noite longa

    Violência

    Desculpem pela demora, as provas consumiram todo o meu tempo. Cap. 6, espero que gostem!

    Foi quando senti uma mão suada segurar meu braço. Virei-me para olhar e percebi algumas lágrimas no meu rosto. Porque eu estava chorando? Ele era um bandido!

    - Alexi... Alexia. ? Raul acordou e sussurava baixinho ? eu... eu vou te dizer... o que fazer...

    Engoli em seco. Ele não iria a um hospital. E só restaria... eu.

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    Cap. 6

    Raul usou sua experiência de 3 anos na faculdade de medicina para me dizer o passo a passo de como eu faria aquela ferida que o atravessara parar de sangrar. Apesar de eu continuar achando que aquilo tudo seria um fracasso e que no final das contas ele iria ter de ir a um hospital, fui seguindo suas dicas.

    Ele às vezes parava de falar, cansado, ofegante. Várias vezes pensei que ele não ia conseguir terminar, e tive de me conter para o desespero não tomar conta de mim. Eu só tinha 17 anos, não queria que uma pessoa morresse em minhas mãos... Muito menos ele.

    Finalmente tudo parecia estar dando certo. Conti o sangramento e comecei a colocar os curativos. Com as forças que ainda o restavam, Raul inclinava o abdômen, para que eu pudesse passar a faixa.

    Eu sinceramente esperava alguma ajuda daquele bando de homens, comparças de Raul. Mas eles estavam completamente atônitos, olhando pra nós dois tentando conter o sangramento, e não faziam nada. Mas não dava tempo de me irritar.

    - Acab... acabou... Alexia. ? Raul sussurava, cansado.

    - Tem certeza? Não precisa de mais nada?

    Ele balançou a cabeça, negando. Pedi pra aqueles inúteis trazerem lençóis limpos pra colocar na cama. Enquanto isso, fui limpando as costas e o abdômen de Raul, ainda um pouco ensaguentados. A única criatura que ganhava dele era eu, estava ensopada de sangue dele. Meu pijama, meus braços, e até meu cabelo...

    - Voc... você é tão... lin... linda. ? Raul sussurou.

    - O quê? ? perguntei, incrédula.

    Ele sorriu, deu um longo suspiro e fechou os olhos. Chequei sua respiração, estava bem, só dormindo. ?Você é linda?, puf. Até parece. Vou relevar essa, e considerar que foi dita em um momento de delírio.

    Quando os homens chegaram com lençóis novos, pedi que o levantassem com cuidado, para tirar os sujos. Feito isso, me sentei no chão, ao lado da cama em que ele estava, exausta.

    - Vai passar a noite aqui com ele? ? Joel me perguntou.

    - Eu acho que nem vou conseguir dormir.

    - Quer um calmante? Eu já tomei um.

    Ri da situação que Joel se encontrava. De todos, ele era o que estava mais assustado com aquilo tudo.

    - Então eu acho que posso confiar em deixar você só com ele, né?

    - Por que eu, depois de tudo isso, ia matá-lo Joel?

    - Não sei. Mas se você fizer alguma coisa, eu...

    - Eu não vou fazer nada. Não sou louca.

    Joel saiu do quarto fazendo cara de desconfiado, mas eu sabia que aquilo era só pra me testar. Finalmente eu tinha voltado a mim, e vi minha situação. Eu precisava de um banho urgente.

    Já era uma e meia da manhã quando eu finalmente pude descansar. Deitei-me ao lado de Raul e fiquei observando sua respiração lenta, em contraste com a minha rápida e totalmente descompassada. Acho que deveria ter aceitado alguns comprimidos de Joel.

    Acordei com alguém falando no meu ouvido.

    - Alexia! ? Raul estava com o rosto tão próximo ao meu que... do nada senti como se estivesse tomando um choque.

    - Ah, você acordou. Tá bem? ? perguntei, olhando as horas. Eram 8h e 30min.

    - Por que você dormiu aqui comigo? ? ele estava sério.

    - Eu queria ver se... ia ficar tudo bem.

    - Porque você me salvou?

    Fiquei uns segundos pensando na resposta para essa pergunta. O que eu iria dizer? Ele tinha mandado me sequestrar, retirou-me de minha família, meus amigos, minha escola... Porque eu o salvei?

    - Eu não quero mais nenhum morto inocente nessa história. Bastou o seu pai. ? repeti com apenas uma alteração a frase que ele já havia me dito antes.

    - Eu sou inocente, Alexia?

    Agora ele olhava pra mim. E essa pergunta foi pior que a outra.

    - Eu não sei. Então... por via das dúvidas...

    Raul riu. E ouvir sua risada ecoar o quarto e ver seu largo sorriso me deu uma sensação boa. Isso me fazia arquivar os momentos de tensão de ontem à noite e ter a certeza que tudo valeu a pena.

    Os amigos dele começaram a entrar no quarto e fazer piadinhas.

    - Pronto paciente? A doutora já te deu alta? ? falou Fabrício, e a risadaria foi geral.

    Joel disse que o levariam pra outro local, e sairam carregando-o pelos braços.

    - Só foi o susto de ontem. Hoje eu cuido dele! ? Joel, que antes parcia um gatinho medroso, agora ria como quem tinha tudo sob controle.

    Fiquei sentada na cama olhando o meu primeiro paciente ser retirado da minha proteção. Eu queria que ele ficasse comigo mais tempo, mas não iriam deixar. O desespero da provável morte do líder foi só ontem mesmo.

    Antes de sair, Raul me olhou e sussurou algo que eu entendi como um...

    - Obrigado.

    Ri de canto pra ele.


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