Nossos heróis agora seguiam por uma estrada deserta. Aproveitaram um carro que estava largado na cidade e assim encurtaram o caminho, Dan dirigia tranquilo enquanto Karen olhava a paisagem e Ravena dormia no banco de trás. Uma musica dos Beatles tocava no rádio, não era lá o que Karen e Dan gostavam de ouvir, mas era calma o suficiente pra fazer Ravena dormir profundamente. Karen tinha um olhar meio perdido... Foi quando falou.
- Este mundo é tão confuso... Do inferno ao paraíso... Tanta morte e destruição pelo que?
- Hum? Do que está falando Pequena?
- O que Cratos fez a cidade... O que dá a ele autoridade de dizimar uma cidade e transformar ela em um inferno?!
- Ele é filho de Estige e Palas, irmão de Zelo, Nike e Bia. É praticamente um Deus, sucessor de Ares, Deus da Guerra. Isso que dá autoridade a ele. ?Disse Dan friamente-
- Só por que ele é filho de um Deus ele pode destruir uma cidade inteira? Então eu posso sair e destruir tudo?!
- Karen, aonde quer chegar?
- Eu não acho certo o mundo imortal suprimir o mundo mortal... Quer dizer... Toda aquela destruição e os Deuses não fizeram nada! Segundo a mitologia, Cratos é leal a Zeus, então por que Zeus não interferiu?!
- Karen... Os Deuses não podem fazer tudo. Eles são ocupados demais pra lidar com o mundo mortal diretamente... É pra isso que servem os heróis, pra manter o equilíbrio entre o mundo mortal e o imortal.
- Então foi por isso que deixaram todos eles morrerem? Por que estávamos por perto?
- Não leve a mal, mas os Deuses não interferem nesse tipo de coisa... Eles apenas mandam os seus filhos fazerem o serviço. É por isso que muitos Meio-Sangue se revoltam contra os seus pais...
- É, eu sei que revolta é essa! Dois dias como Semideusa e já to por aqui com os Deuses!
- Karen... ?Acordando- Por que ta gritando...?
- Indignação...
- Ela ta indignada com o ?descaso? dos Deuses pra vida mortal, Poça.
- Entendo... Karen, meu pai, Alfeu, estava presente o tempo todo na batalha. Como acha que uma filha de um Deus menor como eu teria tanto poder sozinha?
- Você simplesmente treinou no Acampamento Meio-Sangue oras!
- Não Karen. Nossos pais estão sempre de olho na gente, nos ajudando quando estamos em perigo. Meu pai teve muitas irmãs Náiades, mas ele cuida de todas elas muito bem. Quando Cratos me acertou na primeira vez eu pedi ajuda a ele e ele me ajudou. Eles não interferem diretamente, mas sempre que um filho precisa eles estão prontos pra ajuda-los... Na maioria das vezes...
- Humpf... Deuses idiotas...
- Não diga isso Karen, eles literalmente jogam pragas!
- Ah Dan, não seja pessimista assim!
- Ele ta certo Karen!
- Dane-se...
No rádio começou a tocar ?Smooth Criminal?. Dan curtiu o som e acelerou o carro entrando em uma floresta. Karen voltou a olhar a paisagem de fora, agora com um sorriso. Abriu um pouco o vidro pra sentir aquele ?cheirinho de vida? e o vento da noite. Dan acelerou mais ainda e por algum motivo quando a musica parou o carro também começou a parar.
- Hum? Hey Ladrão, por que parou? Acabou a gasolina?
- Não... Ainda tem gasolina. Deve ser algum problema no motor... Karen eu disse que os Deuses jogavam praga!!!
- Eu não fiz nada!!!
- Aff, esqueçam isso e vamos andando...
Os 3 saíram do carro e começaram a andar. A floresta era muito escura e sombria o que provocou um pouco de medo em Ravena, essa instintivamente buscou a mão de Dan. Ele ficou meio sem jeito mas entendeu. Karen era a única que estava gostando do momento. Aquela floresta era o tipo de lugar que ela gostava, cheia de arvores, grama verdinha, muitos tipos de plantas diferentes e um ar gostoso, natural. Queria sair da estrada e seguir floresta adentro, mas não era seguro deixar o Dan e a Ravena sozinhos de noite...
- Esse lugar é sombrio...
- Vamos somente seguir pela estrada, é melhor...
- Eu bem que queria me aventurar na floresta...
- Karen, é perigoso se aventurar em florestas a noite, tem animais e pior ainda, monstros! E é tão escuro...
- Tem medo do escuro, Ravena?
- Não! Eu só... Não gosto de lugares escuros... ?O estomago ronca- Estou faminta...
- Bem que seria bom comer algo mesmo. Tem comida ai Pequena? Infelizmente só temos cubinhos de ambrosia e néctar, isso é perigoso se comer muito e só deve ser usado em emergências.
-?Acho que não posso contar sobre minhas frutinhas na mochila e aquele néctar deve ser o mesmo que eles tem...? ?pensou Karen- Não, não tenho nada. Posso me aventurar na floresta e buscar algo... ?pega a lanterna na mochila- Volto logo, me esperem aqui.
- Pequena espera, você não vai a lugar nenhum sozinha! Ainda mais em uma floresta, ta cheio de animais e além disso tem coisas que não se pode comer ai!
- Qual é Dan, eu sou filha do Deus da Natureza. Além disso, me dou bem com animais e sempre gostei de botânica, por isso eu sei muito bem reconhecer coisas comestíveis em uma floresta.
- Aff... Se você vai eu também vou, já que sou seu mentor. Poça, espere aqui, Karen e eu voltamos em breve.
- Nem pensar que eu vou ficar aqui sozinha! Vamos os 3!
- Ta bom medrosa, vamos! ?acende a lanterna e vai correndo pela floresta-
- Espera! ?Corre atrás de Karen-
- Não me deixem sozinha! ?Corre atrás dos dois-
Os 3 correram pela floresta até entrarem bem fundo. Pararam um pouco e Karen começou a farejar o ar e começou a correr de novo, parando logo, apontou a lanterna pra uma arvore mostrando algumas maçãs maduras. Colocou a lanterna na boca e subiu para colhe-las, quando desceu voltou com alguns galhos meio podres, os quebrou e colocou juntos com algumas folhas caídas no chão.
- Vamos fazer uma fogueira e passar a noite aqui.
- Que?! Ta louca Karen?
- Está ficando tarde Poça, acho que a Karen tem razão. Moramos em um acampamento, lembra? As vezes temos que acampar do lado de fora.
- Tudo bem... Vamos fazer uma fogueira.
- Claro. Sinto o cheiro de mais coisas aqui perto. Dan, acenda a fogueira, eu já volto.
- Não se afaste muito. 5 Minutos depois eu vou te procurar. ?Pega um isqueiro na mochila e começa a queimar algumas folhas secas e as coloca no meio dos galhos-
- Entendi. Até. ?Vai procurar alimentos-
Karen adentrou um pouco a floresta pegando ervas e frutos comestíveis. Mal sabia ela que estava sendo observada...