Rose Kiss

Tempo estimado de leitura: 40 minutos

    12
    Capítulos:

    Capítulo 1

    Chegada

    Heterossexualidade, Spoiler, Violência

    Konnichiwa minna-san!

    Estou a começar este projecto. Acho que vai ser de longa duração pois tenho mais facilidade em escrever quando a história está inserida num "mundo de fantasia".

    Estou habituada a escrever apenas romance/shoujo, por isso esta é uma experiência nova para mim.

    Espero que gostem!

    ? E o teu nome é?... ? Perguntou-me o supervisor da central Europeia da Ordem Negra, Komui Lee.

    ? Ally Vincent, senhor. ? Respondi, educadamente.

    Tinha acabado de chegar à central Europeia.

    Sou uma Exorcista, só que não formalmente. Nenhum general me encontrou e, desde que nasci, tenho a inocência no meu braço direito. Ninguém me tinha ?descoberto? ainda. E porque é que vim parar aqui? Bem, para cumprir o meu único objetivo de vida: encontrar o meu irmão gémeo.

    Somos irmãos separados à nascença e o pouco que sei é devido aos meus sonhos premonitórios. O seu nome? Allen.

    ? Preciso que me acompanhes até à sala da Hevlaska.

    Segui-o para fora do seu gabinete e descemos até ao subsolo numa espécie de elevador levitante, onde encontrámos uma ?coisa? azul e gigante. As únicas partes visíveis do corpo dessa ?coisa? eram a cara e, o que parecia, ser o seu cabelo.

    ? Hevlaska, preciso que tires o resultado da sincronização da Ally.

    Espera? Hevlaska? Quando Komui disse que uma tal de Hevlaska ia examinar a minha sincronização com a inocência pensei que fosse uma mulher com aparência de enfermeira? Não uma coisa gigante!

    Com os seus cabelos/tentáculos, retirou os meus pés do chão e onde me tocava no corpo, aparecia luzinhas.

    Isto é repugnante? e esquisito?e assustador? e nojento e? já disse repugnante?

    Respirei fundo, preciso de me acalmar se quiser encontrar o meu irmão.

    ? Nível máximo de sincronização: 87% - Disse Hevlaska.

    ? Espera? Isto também fala?

    Olhei confusa para Komui. Sei que é preciso saber a sincronização que eu tenho com a inocência, mas não sabia ao certo para que é que tal servia.

    ? Quanto maior a sincronização, mais poder da inocência um exorcista pode usar, sendo assim, consequentemente, mais poderoso. ? Disse Komui como se lesse os meus pensamentos.

    Hevlaska colocou-me de novo no chão. Voltámos a subir pelo elevador, onde nos esperava uma rapariga de cabelos pelo pescoço que tinha mais ou menos a minha idade.

    ? Nii-san, trouxe o café! - Disse a rapariga.

    ? Lenalee-Chan! Como esperado da minha irmãzinha!

    Komui num abrir e pescar de olhos já a estava a abraçar. Desculpem, enganei-me, já a estava a sufocar. Síndrome de irmão mais velho, só pode.

    Lenalee, depois de se desprender do irmão, notou a minha presença e alguma coisa no seu olhar fez-me pensar que ela se assustou?

    ? Cabelo branco? Olhos cinzentos? Não, não pode ser? - Disse num sussurro assustado, cobrindo a boca com as mãos.

    Komui, num ato protetor, rodeou as costas de Lenalee com os seus braços.

    ? Sim eu sei. Nós os três precisamos de falar. Que tal mostrarmos o caminho do quarto à Ally? ? Percebi que ele tinha perguntas que mais ninguém podia ouvir, e talvez seja melhor serem só eles a ouvir o que tenho para contar.

    Mas algo por instinto não me cheirava muito bem? É normal que Lenalee me tenha reconhecido, afinal, eu e Allen somos gémeos e ele vive nesta sede da Ordem Negra? O que não gostei foi o seu olhar assustado? Como se fosse impossível ele estar ali à frente dela.

    Chegamos finalmente ao meu novo quarto. Era simples e pequeno. As paredes eram da cor do meu cabelo e os móveis eram de madeira. Tinha apenas uma cama encostada à parede e um roupeiro.

    Komui foi buscar uma cadeira (não sei de onde) e colocou-a à frente da cama.

    Após ter feito sinal para que eu e a Lenalee nos sentássemos na cama e de ter fechado a porta do quarto com uma chave, sentou-se na cadeira à nossa frente.

    Comecei a ficar nervosa. Não sabia se devia ocultar alguma coisa, e não sabia como eu própria ia reagir ao lembrar-me do meu passado.

    ? Quero saber que tipo de relação tens com Allen Walker ? disse Komui.

    ? Sou a sua irmã gémea? - Dizer isto em voz alta era difícil para mim, que não sei lidar bem com a pressão.

    A face de Komui não revelava nada, nem um sinal de emoção. Queria saber o que ele estava a pensar, mas não consegui.

    Assustada e nervosa, olhei fixamente para o colo, fechando as mãos sobre este, fazendo com que os meus longos cabelos brancos caíssem para a frente.

    ? Muito bem, quero ouvir mais?

    Era esta a parte em que eu teria de contar o meu passado? Mas é doloroso, muito doloroso? Apertava os dedos contra a palma da mão, numa ânsia de soltar toda a dor que sentia naquele momento, e talvez as mãos fechadas e apertadas conseguissem libertar essa dor.

    ? Eu e Allen somos irmãos separados à nascença? Eu fui acolhida por uma família de camponeses, a família Vincent. Por isso é que tenho esse apelido. Mas há dois anos?

    As lembranças daquela noite não queriam sair da minha cabeça. Quando mais me lembrava, mas os meus olhos ficavam preenchidos com lágrimas que queriam sair. Mas não podiam. Eu tinha que ser forte, afinal sou irmã do meu irmão, o Destruidor do Tempo.

    Senti a mão de Lenalee pousar sobre a minha como que a dar-me força para continuar. Acalmei-me e deitei tudo cá para fora.

    ? Há dois anos a minha família foi morta por Akumas. Foi nesse instante que o meu braço direito ?despertou?. Mexia-se sozinho para lutar contra os Akumas, como se tivesse vida própria. Mas eles estavam acompanhados pelo Conde do Milénio. E depois quando o vi, mesmo não sabendo o que ele era, enchi-me de tanta raiva que, sem pensar, tentei atacá-lo, mas levei uma pancada tão grande que só me lembro de acordar no dia seguinte. Sozinha, sem família nem nada onde me pudesse amparar, não sabia para onde ir. A minha sorte foi ter encontrado um padre que me acolheu até encontrar um novo destino. Só que a partir daí, comecei a ter sonhos esquisitos e foi aí que conheci o meu irmão. Ele aparecia nos meus sonhos a falar comigo, a dizer quem era, em que consistia os Exorcistas, a Inocência, os Akumas? Foi até nos meus sonhos que ele me disse como chegar aqui. Não sei se é ele que tem esta capacidade de comunicar, ou se é uma coisa minha. Depois do meu primeiro contacto com Akumas, os nossos encontros tornaram-se mais frequentes, a minha habilidade como Exorcista melhorou. Só que? Para além dos meus sonhos também tenho outra capacidade peculiar. Os meus olhos são especiais. Eles conseguem ver um ponto fraco de um Akuma. Penso que é por ter atacado o Conde e a inocência ter feito uma reação qualquer? E o Allen? Sabem alguma coisa sobre ele? ? Levantei a cabeça para obter uma resposta do Komui e reparei que a expressão de Lenalee enegreceu. Bem me parecia, alguma coisa se passava com ele.

    ? Lenalee, querida, porque não vais ver se o Reever precisa de ajuda? ? Disse Komui.

    Lenalee assentiu com a cabeça e saiu do meu novo quarto com uma expressão triste.

    ? Não queria que a Lenalee ouvisse, é um assunto delicado para ela? - Justificou Komui. ? Mas a verdade é que ele fugiu da Ordem e agora é tratado por nós como um inimigo. Há três meses atrás, o Kanda, um exorcista nosso, atacou-o e o contacto da inocência com Allen fez com que o Noah dentro dele despertasse. Ele agora deve estar a sofrer a transformação para o ?Décimo Quarto?.

    Não conseguia pensar racionalmente. Não pude acreditar que o meu irmão era um Noah. Mas acima de tudo não pude acreditar que abandonaram um ?Nakama? quando ele mais precisava. Não pensei no meu irmão como um traidor mas sim como alguém que estava a ser castigado pelos crimes da Humanidade.

    Antes que o meu corpo conseguisse fazer transparecer a raiva que sentia, disse:

    ? Peço desculpa Komui, mas a viagem foi longa e cansativa, preciso de descansar, não me leve a mal?

    ? Claro, boa noite Ally. ? Disse, fechando a porta atrás de si.

    Sentada, com os joelhos junto ao peito, a raiva transformou-se em água cristalina que saia dos meus olhos e, no meio das lágrimas, o sono chegou.


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