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A atriz esperou na portaria e em poucos minutos sua empresária chegou. Ela entrou no carro e se encolheu no assento.
?Vim o mais rápido que pude. O que aconteceu?
?Vamos logo, Hinata-san.
?Você está bem? - perguntou preocupada
?Apenas me tire daqui ? ela pediu suplicante
Hinata obedeceu sem pestanejar e pisou fundo no acelerador, ela olhou para o lado e viu a amiga olhando para a janela com uma cara inexpressiva e indecifrável. Estava em transe mas não parecia ser por algo triste ou doloroso, vez ou outra ela parecia estar contendo uma risada, em seguida parecia estar a ponto de chorar.
?Afinal, você está triste ou feliz?
?Acho que só estou apaixonada- ela suspirou cansada
A empresária deu um riso aliviada com a resposta, não iria insistir ela parecia estar precisando de um momento só para ela. Devia ser o que ela não havia lhe contado no telefonema anterior. Devia se tratar do ensaio fotográfico, ela pensou.
?Eu descobri tudo, Hinata-san ? ela disse convicta
A empresária entendeu na hora, depois disso nada mais foi dito nem comentado. Permaneceram em silêncio até chegarem ao apartamento. Hinata estava explodindo de dúvidas por dentro, se ela sabia por que pedira para ir embora repentinamente? Se o amava porque não ficava logo com ele já que era recíproco? Kyoko saiu do carro e não olhou para trás ao dizer:
?Por favor não diga nada a ele. Quero estar pronta para quando der minha resposta amanhã - e se retirou com pressa.
Ela chegou ao aposento, jogou a bolsa sobre a mesa e se enclausurou em seu quarto. Durante todo aquele tempo como ela nunca adivinhara? Tantas indiretas, claro que todos seus colegas sabia e ela não, afinal ela era o referencial em questão. A ajuda ao interpretar kuon, na vez em que acidentalmente o confundira com Corn, ou mesmo com a entrevista e o parentesco com Hinata, como pôde ser tão aérea? Uma atriz, colega de trabalho, quatro anos mais nova, estudante na época, reversiva ao amor, reguladora de deus hábitos alimentares, altamente distraída e crente do mundo encantado, havia sido ela desde o início. Por isso ele sempre desconversava ao dizer que amava alguém, obviamente ele a amava e não podia dizer por causa de suas tendências mágicas e inexperiência amorosa. Se ela se decepcionara? E alguma vez ele a desapontara? Sim, ela havia sofrido muito ao descobrir-se apaixonada e ficar suportando a idéia dele gostar de outra, mas aí que estava, nunca houve outra, ela quem inicialmente não era recíproca. Quanto ao fato dele ser Corn era outra prova de que ele estava sempre zelando por ela, se dedicando a cuidar dela. Sobre kuon era outra coincidência extraordinária, ele era o filho legítimo de kuu, o que o tornava seu sogro, ou seja, ele seria oficialmente o pai que havia proposto ser. Ela começou a chorar de alegria, qualquer sofrimento passado lhe valeu para chegar àquele ponto, era uma privilegiada por compartilhar de seu amor. Como antes houvera incerteza? Nada podia ser mais certo do que estar ao seu lado, principalmente após aquele beijo. Levou a mão aos lábios, ainda podia senti-lo dominando sua boca e despertando um desejo até então escondido. Ela reconheceu que não era paranóia, apenas sua dependência querendo se manifestar, seu amor finalmente livre para guiá-la a felicidade, sem ser incomodada pelo rancor de um ódio por fim exterminado. Ficou realizada consigo mesma, depois de tantas desavenças e desvarios estava em paz, pronta para o amor, maravilhada para continuar sua vida e era tudo graças a ele.
Ela sorriu emocionada, nunca antes havia se sentido tão satisfeita e afortunada, toda aquela alegria chegava a ser inquietante e não seria algo efêmero. Era irrefutável que só tendia a se acentuar, sua felicidade e seu amor por ele.